QUEM SOMOS NÓS

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Somos uma organização marxista revolucionária. Procuramos intervir nas lutas de classes com um programa anticapitalista, com o objetivo de criar o Partido Revolucionário dos Trabalhadores, a seção brasileira de uma nova Internacional Revolucionária. Só com um partido revolucionário, composto em sua maioria por mulheres e negros, é possível lutar pelo governo direto dos trabalhadores, como forma de abrir caminho até o socialismo.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Reunião: RIO para a Unificação das Lutas (02/10), 18h na UERJ


O Coletivo Lênin se soma à convocação dessa reunião para tentar reverter a fragmentação dos movimentos. O evento no Facebook é esse aqui.


UNIR EM UMA SÓ LUTA TODOS QUE ESTÃO NAS RUAS JÁ!!!!!

Nosso objetivo é fazer uma reunião com todos que estejam nas ruas e compartilhem da mesma preocupação que nós estamos tendo que é ter um calendário unificado que seja aglutinador e potencializador das lutas e greves que estão acontecendo no estado do Rio de Janeiro. 

Black Blocs PRESOS
Cadê o Amarildo?
Povo do Rio no OCUPA CÂMARA 
Trabalhadores da Educação Municipal em GREVE
Trabalhadores da Educação Estadual em GREVE
Educação no OCUPA ALERJ
Trabalhadores da Rede Municipal de Educação de Niterói em GREVE
Estudantes no OCUPA GAMA FILHO
Trabalhadores Bancários em GREVE
Indigenas no OCUPA ALDEIA MARACANÃ

>> Proposta do governo federal de LEILOAR NOSSO PRÉ SAL dia 21/10!!!

VAMOS BUSCAR A UNIDADE!! TODAS AS LUTAS SÃO NOSSAS LUTAS!!!

Pra além desse calendário achamos fundamental o respeito as opiniões divergentes. Temos a certeza da importância que todos tem na construção dos processos em curso. Todos os lutadores são bem vindos. Sejam estes anarquistas, socialistas, comunistas, militantes de partidos, black blocs, anonymous, midialivrista, que estejam na FIP, no Fórum de Lutas, que participe de páginas na internet, de ações diretas, de ocupações, associações ou sindicatos.

Queremos também iniciar a discussão da realização de um ENCONTRO NACIONAL que reúna todos os lutadores que estejam nas ruas desde a jornada de junho, e que este processo seja potencializador no sentido de darmos um salto de qualidade nas mobilizações em nosso país.
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sábado, 21 de setembro de 2013

Greve na Educação: redes estadual, municipal e FAETEC (Denise Oliveira)


Reproduzimos aqui a postagem da companheira Denise Oliveira, que está participando da greve da educação.


Greve na Educação: redes estadual, municipal e FAETEC

Desde junho, o Brasil vem sendo sacudido por vários protestos. As primeiras manifestações se deram por conta de mais um aumento nas passagens de ônibus.Mas, logo ficou claro a insatisfação generalizada com toda sorte de imposições que os governos neoliberais dos diversos estados da federação, e o governo pseudo dos trabalhadores vem imputando aos 180 milhões de brasileiros.

As manifestações gigantescas foram absorvidas pela mídia, e tão logo os governos do RJ-SP  retiram o aumento das passagens, as manifestações se acalmaram. Acalmaram nada! Saiu das ruas a massa acéfala que diz amém a tudo que a mídia burguesa diz. Mas permaneceu na rua, a militância organizada que nunca se cansa de lutar. E é neste contexto que em 08 de agosto a rede estadual e municipal de educação declaram greve por tempo indeterminado, e no dia 10 a rede FAETEC  engrossou o cordão dos educadores indignados.

Por que estamos em greve há 40 dias? Porque temos no RJ um governo tanto na esfera municipal como estadual, fascista, neoliberal ao extremo, que não respeita a população que deveria dirigir, que não respeita seus funcionários, que fecha escolas de forma arbitrária (até o presente momento 130 escolas em todo estado foram fechadas). Por que temos tanto na figura da senhora Claudia Costin (secretária municipal de educação), quanto na figura do senhor Wilson Risolia (secretário estadual de educação), dois ferrenhos inimigos da educação, da população, verdadeiros criminosos, pois ao negarem o acesso a uma educação pública de qualidade aos que não podem pagar escolas privadas, fazem destas crianças e adolescentes, alvo fácil para o subemprego e marginalidade.
  
Não estamos em greve apenas por reposição das eternas perdas salariais, mas por que não aceitamos a meritocracia como forma de bônus salarial, não aceitamos que a Fundação Roberto Marinho, Seninha e outras sejam a portadora da pedagogia.  Afinal, somos professores e temos formação pedagógica para realizar nossas aulas de forma autônoma.

Não queremos e não aceitaremos que governos criminosos continuem assassinando pessoas negras moradoras das  comunidades, como o caso do Amarildo na Rocinha, a Chacina da Maré, os ataques constantes da comunidades de Manguinhos, que nada tem de pacificadas. Não queremos uma polícia covarde, que em nome de acatar ordens, mata, espanca, usa gás lacrimogêneo e spray de pimenta em passeatas como foi no Grito dos Excluídos e em todas as manifestações de junho,julho e agosto. Inclusive batendo em professor em greve, como do dia 04 de setembro dentro do prédio da antiga SEEDUC, e no dia 11.09 quando ocupamos e montamos acampamento na porta da Alerj.

Queremos negociar pautas como: o fim do fechamento das escolas, o fim da otimização de turmas (junção de uma turma em outra acarretando perda de carga horária ao professor e superlotando a turma existente), queremos que um professor com uma matrícula trabalhe em uma única escola, queremos dignidade e respeito aos funcionários das escolas. Queremos uma educação digna e de qualidade.

A greve continua....e continuará até que sejamos ouvidos, respeitados e tratados como cidadão pagante de inúmeros impostos, que acabam sempre alimentando a sanha incontrolável de um governo corrupto, cercado de “empreendedores” , que só pensam em suas contas na Suíça.

A GREVE CONTINUA, CABRAL A CULPA É SUA!

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sexta-feira, 13 de setembro de 2013

O maior Gritos dos Excluídos que já aconteceu no Rio de Janeiro! Uma vitória da frente única antifascista!



          Durante toda a semana passada, durante a organização do Grito dos Excluídos e em outros fóruns da esquerda, como o Fórum de Lutas do Rio, muitas organizações avaliavam que manifestantes de extrema-direita iriam aparecer no desfile de 7 de setembro. Os mesmo saudosistas da ditadura, militaristas e coxinhas em geral que apareceram nos dias 18 e 20 Julho pra atacar a esquerda com o "anti-partidarismo" , estavam agitando "o maior ato da história". De certa forma, houve um lado positivo, porque empurrou as organizações e movimentos de esquerda do Rio, e em outras capitais, a se unirem no grito. E o resultado, no Rio, foi que mais ou menos 3 mil pessoas participaram, o que foi a maior quantidade de manifestantes na cidade desde a criação do Grito.
Faixa com o tema do Grito dos Excluídos 2013,
Av Presidente Vargas, centro do Rio de Janeiro .
Enquanto a gente estava na concentração, os companheiros da FIP mais uma vez aplicaram a sua política divisionista, e fizeram um ato com cerca de 300 pessoas, que saiu da Avenida Passos até o desfile, onde eles abriram cartazes com fotos dos militantes mortos pela ditadura. A polícia, para manter a ditadura olímpica na cidade, reprimiu e prendeu dezenas de pessoas, mostrando que não tolera nem mesmo que as pessoas levantem cartazes publicamente.
Nós Coletivo Lênin, no Grito do Excluídos, saímos meio-dia junto com os companheiros do PCB e Reage Socialista-Coletivo Fundador e perto dos companheiros da LER-QI e da LQIB, logo atrás da FIST e do PSOL. Felizmente até mesmo o PSTU, que durante a semana vacilou com medo da direita, compôs em peso o Grito. E por ultimo estavam fechando na parte de traz do ato os militantes da Kizomba e da DS/PT.
Aí aconteceu a grande surpresa do ato: a base da FIP e o Black Block reconheceram a necessidade de unir a esquerda contra os fascistas, e se somaram ao Grito! Quando eles chegaram, todos nós começamos a cantar "A esquerda se unificou/ Está na rua o povo trabalhador". Infelizmente, os companheiros do MEPR não romperam com a sua concepção sectária, e não foram para o Grito, mesmo com a maioria da FIP participando dele.
Perto da estátua do Duque de Caxias, genocida e assassino da Guerra do Paraguai e patrono do Exército do Brasil , algumas pessoas que estavam no Black Block tentaram jogar tinta na estátua, e a PM, como sempre, veio com toda a truculência pra descer a porrada usando bombas de gás lacrimogêneo (cada vez mais fortes) e de efeito moral. Nós, do Coletivo Lênin, achamos que, se a intervenção tivesse sido planejada junto com o comando do ato, poderia ter acontecido com muito mais segurança, evitando que a manifestação quase tivesse se dispersado. Por isso é que defendemos que o Black Block se centralize pelo comando dos atos e que não atue como um grupo destacado e por vezes isolado.
Depois da violência policial, o ato se dividiu em dois, separado pela barreira de PMs. O PSTU, que na plenária do Fórum de Luta do Rio, antes do Grito, disse que não iria porque avaliava que os fascistas iam massacrar os manifestantes, foi a vanguarda do recuo, voltando atrás várias ruas, enquanto o comando do ato viabilizava a continuidade do ato. Nós ficamos na linha de frente junto com os companheiros do PCB e da UJC, gritando pras pessoas avançarem, até que o problema foi resolvido e a polícia teve que se retirar.
Quando chegamos na estátua do Zumbi, alguns militantes anarquistas colocaram a bandeira negra no lugar da bandeira verde-amarela da Casa de Orleans e Bragança, que foi um simbolismo para rejeitar o nosso Estado racista que sempre massacrou e continua massacrando as lutas do povo.
Diferente do que todos pensaram, o 7 de setembro foi uma derrota imensa para a direita tradicional e a extrema-direita. Depois de ficarem um mês tentando convocar manifestações, inclusive com o apoio da mídia empresarial, não conseguiram colocar quase ninguém na rua. Isso reflete o esvaziamento da tática golpista pela grande maioria da classe dominante e a retomada da hegemonia das manifestações pela esquerda, a partir da formação de frentes antifascistas.
O nosso desafio, agora, é encontrar maneiras de trazer de volta dezenas de milhares de pessoas para as ruas, sem abandonar as reivindicações históricas do movimento, sem cair no apartidarismo, que é totalmente reacionário, e dando um conteúdo claramente socialista ao movimento.

Por isso, nós do Coletivo Lenin, mesmo com as manobras burocráticas do PSTU e os rachas de alguns setores anarquistas e do MEPR pra FIP, temos priorizado a manutenção do Fórum de Lutas do Rio, que nos últimos 2 anos tem organizado o conjunto da esquerda do Rio nas lutas que aconteceram em 2012 e 2013, e convocamos grupos, coletivos, partidos e indivíduos militantes da esquerda para construir e fazerem do Fórum de Lutas um espaço amplo de organização das lutas sociais no Rio de Janeiro para o próximo período até a Copa de 2014.
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Sobre o Programa Mais Médicos

Medico cubano  vaiado e chamado de "escravo" por médicas brasileiras 
O Programa Maios Médicos, do governo federal, vem sendo alvo de duras críticas, principalmente pelos conselhos de medicina em uma feroz defesa da reserva de mercado para os profissionais brasileiros.
À vinda dos médicos estrangeiros, principalmente cubanos, as entidades profissionais de médicos brasileiros sustentaram que seria descumprir a lei permitir que eles atuassem no Brasil sem prestar o revalida, exame de reconhecimento do diploma estrangeiro. Associado a isso, foram colocadas diversas dúvidas sobre a capacidade desses profissionais.
No Brasil, a medicina é uma profissão elitizada, geradora de status e, consequentemente, reservada quase que exclusivamente para estudantes da elite.  Para sustentar esse status, uma estrutura social e jurídica utilizada constantemente para filtrar o acesso aos cursos de medicina e também ao exercício da profissão. Tanto é assim que hoje é mais fácil para um pobre cursar medicina na Bolívia ou em Cuba do que cursar medicina no Brasil. Porém, o revalida é uma barreira para que esses excluídos da profissão elitista possam exercer a profissão.
O Revalida é um exame aplicado sem calendário definido, com alto grau de desorganização e questiona sobre temas tão “rodapé de página” que, de acordo com teste realizado pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo, menos de 3% dos médicos formados no Brasil conseguiriam aprovação. É na verdade, um engodo para se manter uma reserva de mercado nas mãos da elite que pode estudar de forma integral durante quase dez anos sem precisar trabalhar e nem se preocupar como próprio sustento.
Porém, o pior ainda estava por vir. O ódio de classe e de raça explodiu quando chegaram ao Brasil os primeiros médicos cubanos. Para a elite racista do Brasil, médico deve ser uma profissão exclusiva para quem não tenha “cara de empregada doméstica”, como afirmou a jornalista Michelina nas redes sociais. Ou seja, para os brancos. A burguesia reacionária quicou quando viu centenas de médicos negros chegarem ao Brasil para atuar e, não por coincidência, começou a dizer abertamente que o Brasil estava importando escravos, um inegável insulto aos trabalhadores cubanos.
Além de tudodisso, há nessa campanha um forte perfil anticomunista. O pavor da elite é que a vinda dos médicos cubanos deixe ainda mais escrachado que a expropriação da burguesia em Cuba e a planificação da economia criou condições para se criar uma medicina muito desenvolvida e fazer avançar todos os indicadores sociais.  Para isso, a elite já está armada com a campanha da ditadura da grande imprensa oligopolizada e também com um programa dos Estados Unidos, que oferece facilidades para os médicos cubanos que desertarem da brigada de solidariedade.
O Programa dos Estados Unidos oferece entrada livre em território americano, permissão para exercer a profissão nos Estados Unidos e diversas outras facilidades para que médicos desertores das brigadas de solidariedade cubana. Porém, esse programa tem sido um grande fracasso, pois dos mais de 80.000 médicos que cuba já enviou ao mundo desde 1996, menos de 2% desertaram. Um número insignificante, se levarmos em conta que o programa conta com aparato do governo americano, centenas de funcionários e apoio da grande mídia burguesa de todo o mundo. Porém a ditadura da grande imprensa, que filtra as informações que lhes convém, está sempre a postos para fazer um grande alarde em torno de um único profissional que decida ir para os Estados Unidos.
No Brasil, se um dos médicos desertar, espera-se que a Rede Globo dê a isso uma grande repercussão. É uma cortina de fumaça para tentar desviar o foco e não debater os avanços da saúde cubana e o exemplo que as brigadas de solidariedade são para o mundo.  Isso já ficou evidente em diversas situações como, diante da falência do sistema de saúde americano, os bombeiros que adquiriram doenças respiratórias nos resgates das vítimas do 11 de setembro de 2001, tiveram que viajar até Cuba para conseguirem atendimento médico e remédios. Igualmente, quando houve um surto de varíola no Brasil, em 1986, foram as vacinas cubanas que possibilitaram controlar a situação.
A pseudo-esquerda (PSTU e algumas correntes do PSOL) que, frequentemente , defende as mesmas posições que o imperialismo e a burguesia tentando argumentar com uma suposta “defesa dos trabalhadores” anda afirmando que é contra o programa mais médicos por defender direitos trabalhistas. Isso é uma falsificação. Nós somos contra os pesquisadores do CNPQ não terem direitos trabalhistas, mas nem por isso somos contra os programas dos quais esses pesquisadores participam. Além disso, existem diversos aspectos que permanecem da Revolução de 1959 que fazem com que em Cuba existam mecanismos para se evitar o aprofundamento de desigualdades sociais, a formação de profissões elitizadas e o fortalecimento da burguesia. São situações que a pseudo esquerda jamais se esforçará para entender.
Nós reconhecemos que o Mais Médicos é uma pequena concessão do governo aos moradores do interior do Brasil que o Brasil dos grandes centros não conhece, e que esse programa não resolverá os problemas estruturais da saúde brasileira. Porém, a contradição entre ou o Mais Médicos ou resolver os problemas estruturais não existe, e é um artifício utilizado pela direita e pseudo esquerda para atacar o programa movidos por motivações inconfessáveis.
Defendemos sim o Mais Médicos, e para alem deste programa defendemos que haja bolsas para o curso de medicina com o objetivo de sustentar os filhos de trabalhadores para que eles possam exercer a dedicação integral que o curso exige. Reivindicamos também uma forte ampliação de vagas nos cursos de medicina como parte de um projeto pela ampliação e universalização (com o do vestibular!) das universidades publicas em todas as regiões do país , principalmente naquelas onde há carência de médicos, com a aplicação de cotas raciais de acordo com o percentual da composição étnica de cada região.
Dessa forma, a falta de médicos para o atendimento da população trabalhadora no interior do Brasil e nos grandes centros urbanos está ligado diretamente à elitização do ensino público superior da escola de medicina, entre outras carreiras profissionais como engenharia e direito, e também à péssima qualidade da educação básica e média nas escolas publicas de todo o Brasil que é onde estão a maioria dos filhos da classe trabalhadora, e que a solução  para a falta de médicos será:
· Estatização de todos os hospitais e universidade privadas e ampliação dos hospitais públicos;
· Utilização de 100% dos recursos do Pré-Sal para saúde,educação e moradia;
· Pela fim do vestibular, com universalização e ampliação das universidades.
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[Espaço Socialista] Siria: Nem bombardeio e nem intervenção do imperialismo! Por uma alternativa socialista dos trabalhadores contra o Governo Assad!

Estamos reproduzindo a  declaração dos companheiros do Espaço Socialista sobre a Síria, com a qual temos acordo sobre a caracterização das frações políticas no país e com as demandas políticas dos trabalhadores frente a guerra e as intenções do imperialismo, e também com a crítica à política pró-imperialista e traidora PSTU/LIT. A declaração pode ser lida diretamente no site dos camaradas: http://espacosocialista.org/portal/?p=2384
--Coletivo Lenin--

Siria-ninos-asesinados-por-mercenariosPrimeiro, não caracterizamos que há uma revolução na Síria, mas que o país vem experimentando uma guerra civil, parte do processo de rebeliões populares iniciado com a Primavera Árabe. Processo que apresenta várias contradições e ainda está em aberto, mas que varreu várias ditaduras como no norte da África, Tunísia, Líbia, Egito e que vem transbordando importantes mobilizações em países próximos.
No caso da Síria, o ditador local, Bashar Al Assad, apostou e deu a cartada na divisão étnico-linguística e religiosa para conter militarmente uma disputa política. Convocou a minoria xiita e cristã a lutar contra, segundo o ditador, uma luta que seria dos sunitas contra as outras religiões minor
itárias (o próprio Bashar é aulaita). Com isso, o conflito sírio deixou de ser apenas político e social, uma luta “pura” da classe trabalhadora e da população em geral contra uma ditadura (instalada em 1970 por Hafez Assad, pai do atual ditador), e ganhou componentes étnicos e religiosos.
Segundo, nesse conflito militar pelo controle do Estado Sírio, travado entre setores armados que se baseiam nas diversas comunidades étnico-linguísticas e religiosas e organizadas em torno do Exército Livre da Síria – organização militar de oposição ao regime – há dissidentes do regime (mas que são coniventes com os crimes praticados anteriormente pelo regime), islamitas fundamentalistas, liberais seculares e até grupos ligados a Al Qaeda.
Portanto, entendemos que a luta política avançou para um conflito armado com características de guerra civil. E com essa situação os interesses deixaram de ser exclusivos da classe trabalhadora síria e passaram a ser de setores da burguesia em disputa pelo controle do aparato estatal.

Por uma política de independência de classe

Nessa luta, a classe trabalhadora síria não tem nenhum lado que represente os seus interesses e reivindicações. O que está em disputa entre Assad e a oposição burguesa militar é quem vai melhor explorar os trabalhadores e manter a apropriação das riquezas naturais do país.
Também não podemos secundarizar a relação política que os grupos que compõem o Exército Livre da Síria mantêm com as ditaduras da região (Arábia Saudita, Bahrein e outros) e com o imperialismo, sobretudo o estadunidense. Há ainda os interesses de potências militares, como a estadunidense e a israelense, que preparam o caminho para a intervenção no Irã ou para pressionar a burocracia estatal iraniana a se submeter aos interesses desses países, como o do reconhecimento do Estado de Israel.
Somos a favor da derrubada do ditador Assad, por meio da mobilização dos trabalhadores e da população em geral. Entretanto, os diversos grupos armados que combatem a ditadura de Assad não representam uma alternativa política para os trabalhadores sírios e o povo em geral.
Não identificamos nesses grupos qualquer elemento progressivo ou revolucionário pelo fato de lutarem contra Assad. Ao contrário, tendem a se degenerarem em facções armadas que buscam impor pela força seus próprios projetos. Não se subordinam aos organismos dos trabalhadores, à democracia operária, aos processos de decisão coletiva que possam ser o fundamento para a substituição do atual Estado por outra forma de poder.
Ao invés disso, muitos desses grupos, por conta de sua ideologia fundamentalista, querem instalar regimes ao estilo do Talibã, impondo a lei islâmica (sharia) sobre as regiões “libertadas”, com especial destaque para o recrudescimento da opressão sobre as mulheres.
A possível presença de setores “progressistas” nessa aliança também não pode ser motivo para qualquer tipo de apoio à guerra desenvolvida pelo Exército Livre da Síria. Nos conflitos em que estão envolvidos setores da burguesia a posição dos revolucionários deve ser a de chamar os trabalhadores a se constituírem enquanto força independente de seus inimigos de classe, ou seja, devem intervir no processo com o objetivo de transformar esses conflitos em guerras revolucionárias, guerras contra todos os setores da burguesia.
Assim, o nosso chamado é para que todas as forças políticas da esquerda síria intervenham no processo organizando a classe trabalhadora de forma independente da burguesia e do imperialismo. Na esquerda brasileira, além de campanha contra o bombardeio e/ou intervenção imperialista, também precisamos fazer uma ampla campanha de apoio e solidariedade aos trabalhadores sírios.

Contra Assad e as ações imperialistas: uma saída dos trabalhadores

A guerra civil entre esses grupos e a ditadura de Assad resultou em mais de 100 mil mortes e um número ainda maior de feridos, desabrigados e centenas de milhares de refugiados que emigram para os países vizinhos em condições extremamente precárias, precipitando uma nova catástrofe humanitária na região.
Os métodos de luta da ditadura e de seus opositores se equivalem em termos de barbárie, desde o uso de atentados com carros-bomba e franco-atiradores que matam a esmo até, como vimos nas últimas semanas, armas químicas contra a população civil, que ambos os lados acusam o outro de haver usado.
Os bombardeios com armas químicas serviram de justificativa para que o imperialismo se apresentasse como defensor dos “direitos humanos” e finalmente tivesse a coragem de falar em intervenção militar na Síria. O governo Obama já anunciou o bombardeio como punição ao ditador Assad pelo uso de armas químicas contra a população civil.
O governo Assad sempre teve contradições com o imperialismo e com Israel em particular, servindo também como suporte para a resistência palestina do Hizbolla no vizinho Líbano, juntamente com o Irã, mas isso nunca avançou para qualquer tipo de anti-imperialismo ou de enfrentamento consequente ao Estado racista de Israel. Agora, o imperialismo quer forçar uma “saída negociada” da ditadura Assad e a constituição de algum tipo de “governo estável” no país, dócil aos seus interesses e que não seja contra a intervenção no Irã.
Entretanto, o governo estadunidense não tem a correlação de forças, nem interna nem externamente, para realizar uma intervenção direta com tropas terrestres na Síria. O fracasso dessa estratégia no Iraque e no Afeganistão, ainda que não tenha levado a uma derrota completa e categórica do imperialismo, impede que esse método seja usado agora. O mais provável é a intervenção por meio de bombardeios, como no recente conflito líbio e na guerra da ex-Iugoslávia nos anos 1990, abrindo caminho para o avanço terrestre da oposição militar.
Posicionamos-nos contra o bombardeio e a intervenção armada do imperialismo, qualquer que seja, pelos Estados Unidos ou por seus aliados europeus. Não aceitamos nenhum tipo de interferência imperialista em qualquer país, e não nos iludimos com a ideia de que a vitória dos grupos armados sustentados pelo imperialismo trará algo novo para o povo sírio. Ao mesmo tempo, não podemos de forma alguma compactuar com a ditadura de Assad e considerá-lo um defensor do povo sírio.
Também não vemos no Exército Livre da Síria qualquer alternativa que sirva aos interesses dos trabalhadores. É armado, financiado e apoiado por várias ditaduras, por parte do imperialismo ou por fundamentalistas. Ao assumir o poder logo adotará medidas com o mesmo caráter das de Assad: manter a exploração dos trabalhadores.
Defendemos uma alternativa política dos trabalhadores sírios, independente da burguesia e do imperialismo, que supere as diferenças sectárias entre os grupos étnico-linguísticos e religiosos presentes na população. Que se constitua em organismos de poder baseados na democracia operária e no controle dos trabalhadores. Que rejeite o fundamentalismo religioso e a opressão das mulheres. Esses organismos somente podem se constituir com a perspectiva da superação dos fundamentos que provocam a própria divisão da população em classes e setores oprimidos, ou seja, da perspectiva de superação do capitalismo. Enquanto se luta para constituir essa alternativa, devemos nos posicionar veementemente contra a intervenção e o bombardeio imperialista, mas sem nenhum tipo de apoio ou subordinação à ditadura de Assad.
Parte importante dessa política, e como nosso dever, apelamos à classe trabalhadora do mundo – e principalmente nos países em que as burguesias fazem parte do plano de ataque e intervenção na Síria – que organizem ações de apoio e solidariedade à classe trabalhadora síria, de forma independente. Ação fundamental para derrotar as ações do imperialismo.
Fora o imperialismo da Síria! Contra os bombardeios!
Abaixo a ditadura de Assad!
Fora o imperialismo do Oriente Médio!
Pela vitória da Primavera Árabe e pela queda das ditaduras da região!
Contra as ideologias fundamentalistas! Contra a opressão das mulheres!
Contra os métodos terroristas e o massacre da população civil!
Por uma alternativa socialista dos trabalhadores!

Um Debate: O posicionamento de organizações de esquerda no Brasil

A posição adotada pela LIT e pelo PSTU em nome de lutar contra a ditadura de Assad de chamar uma ampla unidade militar que, obviamente, inclui os mesmos governos imperialistas – que promovem todo tipo de guerra contra os povos do mundo – não condiz com os interesses da classe trabalhadora.
Ao reconhecer que a Coalizão Nacional Síria “reúne diferentes forças políticas da oposição burguesa e com forte influência dos distintos governos imperialistas” e que a “vitória contra Assad exige a mais ampla unidade de ação militar” e que por isso são “a favor dessa unidade e de unir todos os esforços para o triunfo do povo sírio nesse combate” (Correio Internacional p. 22.) deixa de lado a fundamental unidade e interesses da classe trabalhadora, pois, como dissemos, a maioria desses grupos são armados, financiados e apoiados por várias ditaduras, por parte do imperialismo ou por fundamentalistas.
Outra posição equivocada da LIT/PSTU: “Somos a favor da exigência a todos os governos o envio de recursos militares à resistência para que ela possa efetivamente ser capaz de contrabalançar ao armamento…” Correio Internacional p. 21. Ou seja, significa que “todos os governos” – petroditaduras, imperialistas, etc. – enviem armas para o que chamam de resistência armada. Ora, alguém em sã consciência acha que os países imperialistas não vão cobrar a fatura de todo o “apoio” que estão dando para o exército Livre da Síria e a Coalizão Nacional?
Em política o que se escreve tem mais importância do que se fala. Não sabemos se a LIT/PSTU se deu conta de que estão propondo uma aliança militar com o imperialismo para lutar lado a lado com forças inimigas históricas do proletariado. A justificativa – de se contrabalançar ao poderio militar de Assad – é muito questionável porque no século XXI se contrabalançar ao poderia militar de um Estado quer dizer armamento pesado, como mísseis, foguetes, bombas pesadas e de alto poder de destruição. São exatamente essas armas que os Estados Unidos devem utilizar no bombardeio e que acabarão com a vida de milhares de trabalhadores, sempre as principais vítimas.
Não podemos aceitar que em nome de derrubar um governo a classe trabalhadora se renda ao poderio bélico de nenhum país imperialista.
Espaço Socialista, Setembro de 2013.


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terça-feira, 10 de setembro de 2013

Egito: um golpe é um golpe é um golpe!

Nós copiamos no título a frase da escritora Gertrude Stein ("uma rosa é uma rosa é uma rosa"), da mesma forma que os Panteras Negras fizeram a versão deles ("um policial é um policial é um policial"), também pra defender uma posição que deveria ser óbvia. Na verdade, isso é mais um sintoma da regressão da consciência da classe trabalhadora, e das tentativas da esquerda de rebaixar o seu programa, para não se "distanciar" das massas.
Todos os que lêem jornal ou notícias na Internet podem verificar que, depois de uma manifestação de milhões de pessoas pela queda do presidente Muhammad Morsi, a cúpula das Forças Armadas egípcias deu um golpe e derrubou o primeiro presidente eleito da história do país, em 30 de julho. Morsi era da Irmandade Muçulmana, organização fundamentalista islâmica, que tomou várias medidas impopulares contra os trabalhadores e as mulheres, além de ter votado uma constituição autoritária, em apenas um ano de mandato.
Tudo isso acontece numa situação de alta da inflação, que transformou o Egito no país com o maior número de greves do mundo esse ano, uma quantidade comparável com a do Brasil na década de 1980. Ao mesmo tempo, a Irmandade durante todo esse período lutou contra o movimento de mulheres (uma das expressões mais gritantes do machismo na sociedade egípcia são os estupros e ameaças sofridos pelas mulheres manifestantes) e homossexuais, e atacou fisicamente as religiões minoritárias, principalmente os cristãos coptas (um rito oriental que faz parte da Igreja Católica).
Quando os militares derrubaram Morsi, era evidente o significado da ação: um golpe preventivo para impedir que os trabalhadores fizessem isso com as próprias mãos, caso em que poderiam ser tomadas medidas radicais contra as instituições da ditadura de Mubarak, que não foram desmanteladas quando ele caiu em 2011. Também era óbvio que os militares iam destruir todas as formas de oposição, pra que os trabalhadores na rua não derrotassem o golpe.
Infelizmente, a regressão da consciência provocada pelo fim desastroso da URSS e pelo discurso de "fim do comunismo", fez com que os trabalhadores egípcios, em grande parte,apoiassem o golpe. As manifestações contra o golpe, que tinham que ser apoiadas, foram quase que todas da Irmandade Muçulmana. No dia 14 de agosto, a exército mostrou serviço massacrando mais de 800 militantes da Irmandade, e começando a reprimir as greves à bala.
Os apologistas do imperialismo como os Revolucionários Socialistas e o PSTU
Isso foi o que aconteceu de acordo com os meios de comunicação empresariais e alternativos do mundo inteiro. Parece que aconteceu diferente no mundo imaginário de algumas organizações de extrema-esquerda que acabaram apoiando a política dos militares.
O pior caso foi da única organização marxista revolucionária egípcia, os Revolucionários Socialistas, que fazem parte da IST, a corrente internacional do SWP inglês e da corrente Revolutas do PSOL. Desde 2011, eles apoiaram todas as ilusões dos trabalhadores egípcios, chegando ao extremo de chamar voto no Morsi nas eleições passadas! Em 30 de julho, eles usaram a mesma desculpa dos golpistas e falaram que o exército derrubou Morsi para realizar a "vontade popular". Agora, depois do massacre, parece que eles perceberam que o governo atual é uma ditadura... até eles se iludirem com outra coisa.
Aqui no Brasil, o papel do PSTU tem sido de capitulação total. A declaração (http://www.pstu.org.br/node/19547) do PSTU precisava ser lida várias vezes, porque a argumentação mudava ou se invertia várias vezes no texto. Mas o principal da posição do PSTU é o seguinte: a derrubada do Morsi representa uma "segunda revolução" (ou seja, eles consideram a derrubada do Mubarak uma revolução, mesmo sem organismos de dualidade de poderes nem armamento dos trabalhadores), em que o Exército teve que intervir para tirar o presidente e preservar o regime.
A conclusão disso é que o retorno de Morsi seria reacionário e, por isso, o PSTU defende a proibição da Irmandade Muçulmana e é contra os atos que denunciam o golpe. Se eles são contra o assassinato dos militantes da Irmandade, é por uma questão de pacifismo, porque todas as medidas repressivas do Exército eles apoiam. Dessa forma, o PSTU, que enche a boca pra falar de democracia, não defende as medidas democráticas mais básicas no caso de um golpe, ou seja, lutar contra a perseguição política da oposição ao regime.
Acreditamos que nem mesmo o próprio Nahuel Moreno (o dirigente que criou a corrente internacional do PSTU, a LIT) defenderia isso, já que a CST/PSOL, que também é morenista, denunciou o golpe claramente.
No caso dos companheiros do Espaço Socialista, de quem reproduzimos a declaração (http://espacosocialista.org/portal/?p=2143) no nosso blog e no jornal, a posição deles é umabstencionismo diante do golpe, declarando que os dois lados são burgueses sem fazer uma distinção tática como prioridade do movimento proletário em combater politicamente e militarmente as frações burguesas golpistas e depois combater militarmente Morsi e os fundamentalistas da Irmandade Muçulmana.
Além disso, eles não defendem as liberdades democráticas para os militantes da Irmandade Muçulmana, enquanto dizem que a solução para o Egito é o socialismo. Ou seja, defendem a estratégia correta pelo socialismo, no entanto sem têm tática nem política transitória concretas para o movimento operário egípcio, como forma de organizar as lutas e alcançar o socialismo. Como não é a primeira vez em que isso acontece (foi o mesmo caso na Líbia e na Síria), queremos discutir essa questão com os companheiros.
Qual o caminho para derrotar o golpe?
A luta imediata contra o golpe é a tarefa central para os trabalhadores egípcios, e nós vamos participar de todas as atividades de solidariedade internacional que forem realizadas. O governo da Irmandade Muçulmana foi uma catástrofe para os trabalhadores, mas os militares mostraram que não vão tolerar nem as mínimas liberdades democráticas conquistadas com a rebelião popular de 2011.
Por isso, lutando militarmente contra o golpe numa frente única com a Irmandade ou outros setores burgueses, devemos manter a luta política permanente contra eles dentro da frente, e defender a necessidade de que os trabalhadores organizados em seus partidos e sindicatos estejam na linha de frente da luta contra a ditadura.
Isso significa que, mesmo que a gente concorde com grande parte da posições do PCO sobre o golpe no Egito, nós somos contra a palavra de ordem, que eles usam, de "retorno de Morsi". Como já falamos quando aconteceram os golpes em Honduras e no Paraguai, se o movimento for capaz de derrubar uma ditadura nas ruas e com os métodos de luta da classe trabalhadora, ele também é capaz de formar um governo dos trabalhadores.
Mas, é claro, o caminho para isso ainda é muito longo. O Egito nunca teve um partido operário de massas. Mas, ao mesmo tempo, está vivendo um ascenso de greves gigante. Nessas condições, a melhor forma de dar expressão política às lutas é através da formação de um partido operário independente.
Essa foi a política defendida no Brasil no final da ditadura por organizações como a CS (que hoje é o PSTU), a DS e O Trabalho, no processo de formação do PT, mas desgraçadamente não teve o seu complemento necessário: a luta para que esse partido tenha um programa revolucionário. Se os revolucionários egípcios fizerem o mesmo, na melhor das hipóteses vai surgir um partido reformista, que vai se degenerar conforme for entrando na estrutura do Estado (qualquer semelhança com PT, PSOE, PSF e etc, não seria mera coincidência).
E, hoje, um programa revolucionário para o Egito deve defender medidas contra a inflação e o desemprego, como:
reajuste salarial mensal de acordo com a inflação!
redução da jornada de trabalho sem redução de salários!
Além de medidas contra a opressão das mulheres:
formação de autodefesas contra estupradores!
legalização do aborto!
revogação de todas as leis baseadas da Charia (lei religiosa islâmica)!
E de defesa das minorias religiosas:
Separação entre Estado e religião!
Autodefesas contra a violência fundamentalista contra igrejas cristãs!
A partir da luta pelas reivindicações que será possível dar uma orientação revolucionária ao nascente movimento dos trabalhadores egípcio. A luta contra o golpe tem que ser uma escola para a luta pela revolução socialista, que é a única forma do povo egípcio alcançar a sua libertação, pela qual tem lutado permanentemente desde 2011.
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[Espaço Socialista]Rejeitar as saídas Burguesas. Nem Mursi, nem os Militares! Prosseguir nas greves, ruas e Praça até conseguir realizar uma saída dos trabalhadores!

Estamos Reproduzindo a nota do Espaço Socialista sobre o golpe militar no Egito. Embora tenhamos desacordo sobre a tática e tarefas do movimento operário para a luta de classes neste país(http://coletivolenin.blogspot.com.br/2013/09/egito-um-golpe-e-um-golpe-e-um-golpe.html), acreditamos que os companheiros destrincharam corretamente as frações burguesas em luta pelo poder, e estrategicamente defendem o socialismo e um governo dos trabalhadores egípcios como único horizonte viável para a saída da crise no Egito.
                                   http://espacosocialista.org/portal/?p=2143

Nota do espaço Socialista sobre o golpe militar no Egito:
O Egito foi o país onde os avanços e limites da chamada Primavera Árabe se expressaram com maior nitidez.
Os reflexos da crise econômica mundial agravaram a falta de perspectivas e de futuro para metade da juventude egípcia, combinados ao ódio a uma ditadura corrupta e pró-imperialista de décadas, fizeram com que milhões se rebelassem para derrubar o governo de Mubárak, aliado do imperialismo, com grandes enfrentamentos de rua, greves de categorias de trabalhadores, mostrando a tendência do próximo período que é de acirramento da luta de classes, com ascenso e rebeliões populares e sociais. Mas ao mesmo tempo, fruto de anos de estabilidade política e de dominação esse movimento despertou sem uma alternativa socialista em sua consciência e organização. Isso impediu que os trabalhadores e a juventude pobres assumissem o poder e permitiu que a luta das massas pudesse ser utilizada pelos dois setores: Irmandade muçulmana e setores imperialistas em sua disputa pelo poder. O Exército atua tanto como repressor, buscando acima de tudo preservar a “ordem” – leia-se os contratos do setor de serviços (turismo) e de extração dos recursos naturais (petróleo).
Desde o início o Exército tem tido o papel de intervir para controlar, reprimir e impedir que as lutas possam romper a dominação capitalista e imperialista do país. Sua importância econômica é enorme, controlando cerca de 25% do PIB do país além de deter poderes simbólicos, históricos, políticos e econômicos com um alcance pouco comum, que o converteu na coluna vertebral do país e em um dos grupos de poder econômico mais importantes do mundo. Sua hierarquização rígida e sua proximidade com o imperialismo estadunidense são indiscutíveis.
A eleição de Mursi pela Irmandade Muçulmana expressou num primeiro momento a falta de alternativas da classe trabalhadora e da juventude, colocando no poder uma organização também de direita, que pretendia a islamização do Estado e da sociedade, apesar de expressar contradições com o imperialismo. Representava setores da burguesia local e outra forma de manter a dominação sobre os trabalhadores. Utilizando sua maioria no parlamento, fez aprovar uma Constituição que pretendia proibir as greves, limitar as organizações de trabalhadores e estudantes (amplamente desenvolvidas pós queda de Mubárak) e avançar para ataques contra as mulheres e direitos democráticos da juventude.
Por outro lado, Mursi buscou desde o início um governo de convivência com o Exército e com o capital no Egito, evitando mexer em qualquer dos pilares de dominação do país como por exemplo na questão do turismo e dos recursos naturais (petróleo). Assim, não só não resolveu nenhum dos problemas sociais que estavam na base da Primavera do Egito como pretendeu avançar em uma outra forma de dominação e opressão sobre os trabalhadores e a juventude, utilizando-se de uma das possíveis interpretações da religião islâmica.
As massas, entre eles os setores laicos e de esquerda, não suportaram e não aceitaram ter seus objetivos traídos desta forma e foram novamente aos milhões para as ruas e para a praça Tahrir, exigindo a queda de Mursi. Evidentemente, setores burgueses inclusive pró-imperialistas da era Mubarak participaram desse movimento, vendo na queda de Mursi uma forma de retomar sua posição de controle.
Novamente o Exército interviu, dando um prazo para que o governo encontrasse uma saída de estabilidade. Findo o prazo, o Exercito deu um golpe retirando Mursi e nomeando O chefe da Suprema Corte Constitucional, Adly Mansour, como um governo interino.
É importante entendermos que o golpe tem o objetivo não de realizar as demandas sociais e políticas das massas acampadas na praça e em movimento nas ruas. O objetivo é conseguir justamente o oposto: desmobilizá-las e reprimi-las enquanto buscam uma saída de estabilidade para que tudo fique como está. Isso pode se dar por eleições, que referendem um nome de confiança da burguesia ou mesmo pela Suprema Corte. Mas o Exército permanece como o verdadeiro guardião da propriedade privada e dos interesses capitalistas no Egito e o principal inimigo dos trabalhadores no próximo período.
Assim, não podemos “comemorar” o golpe dos militares como se fosse expressão apenas do movimento de massas. Se por um lado só foi possível pela mobilização das massas e superficialmente realizou essa vontade (com a retirada de Mursi), por outro, os militares e a Suprema Corte assumiram o controle visando a desmobilização, e inclusive a repressão dos setores tanto da Irmandade muçulmana, mas também das lutas dos trabalhadores , visando derrotar o movimento. Enquanto isso, apresenta a saída da reação democrática, ou seja, tentam encontrar um nome que possa ser respaldado por eleições (fraudadas, se necessário).
É preciso aproveitar a energia de esquerda a partir da saída de Mursi para seguir, mas ruas e na Praça, rejeitando o golpe e o poder nas mãos dos militares e da Suprema Corte, que possuem ligações e interesses afins com o imperialismo e ao mesmo tempo lutar pelas demandas sociais e democráticas dos trabalhadores, como direito de associação irrestrito, direito de greve, de imprensa própria, etc, para ir com isso gestando uma alternativa própria de poder própria dos trabalhadores.
Não às saídas da burguesia e do imperialismo! Nem Mursi, nem o Exército e nem a Suprema Corte!
Por uma alternativa dos Trabalhadores!
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domingo, 1 de setembro de 2013

Grito dos Excluídos: precisamos repetir a frente única antifascista neste 7 de Setembro!



Várias manifestações saudosistas da ditadura, militaristas, patrioteiras e fascistas estão sendo convocadas pela Internet para o dia 7 de setembro. Eles querem aproveitar o desfile para continuarem o que não conseguiram fazer em junho: esmagar as forças de esquerda e expressar todo o seu ódio de classe contra os trabalhadores, com todo seu racismo e seu machismo. 

São os mesmos que atacam a corrupção real e imaginária do governo do PT, silenciando sobre os escândalos de FHC e dos militares. Que fazem campanhas mentirosas e sensacionalistas contra o aborto e defendem o Estatuto do Nascituro. Que se surpreendem quando as médicas cubanas parecem "empregadas domésticas" (= são negras). Que difamam o deputado do PSOL, Jean Wyllis, porque ele defende os mínimos direitos democráticos para as pessoas homossexuais. Em junho, a maioria das organizações de esquerda tiveram os seus militantes feridos por essa laia que persegue e criminaliza os movimentos populares. 

Agora, a ameaça direta é contra o Grito dos Excluídos. A nossa manifestação, durante vinte anos tem denunciado a dependência do Brasil diante do imperialismo, e tem levantado as bandeiras de todos os movimentos. Ela certamente vai ser vista como alvo pelos fascistas que vão desfilar seus atos odiosos no 7 de setembro, debaixo da bandeira verde e amarela da Casa de Orleans e Bragança e do hino dos senhores de engenho e latifundiários.

Por isso, chamamos a todas as organizações de esquerda, sindicatos, movimentos populares e estudantis a organizarem no Grito dos Excluídos de 2013 novamente a frente única antifascista que fizemos em junho, que ajudou a expulsar os coxinhas dos nossos atos! 

Vamos tomar as ruas do Centro, mais uma vez, levantando as reivindicações dos movimentos! E esmagando o gigante fascista antes dele acordar! No Grito dos Excluídos, levantaremos um programa socialista para resolver as contradições sociais do Brasil:


- Legalização do aborto! Contra o Estatuto do Nascituro! Libertação da mulher pela revolução socialista!
- A favor dos médicos cubanos! Taxação das grandes empresas pra criar universidades de medicina acessíveis ao povo!
- Transporte público, com tarifa zero, ecológico e sob controle da população!
- Contra o extermínio da juventude negra! Pelo fim da PM!
- Revolução agrária! Terra para quem nela trabalha, controlada coletivamente!
- Pela derrota do subimperialismo brasileiro! Tropas fora do Haiti! Expropriação das multinacionais brasileiras pelos países em que operam!
-Expropriação das multinacionais no Brasil pelos trabalhadores!
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