sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Dossiê IV ConFIST - Parte 4

O que queremos que a FIST seja? (panfleto distribuído ao longo do ano nas ocupações da FIST)

Desde julho, o Coletivo Lênin está apoiando as ocupações da FIST.
Para nós, o movimento é muito mais do que simplesmente ocupação.
Por isso, queremos mostrar nesse texto as nossas propostas para a FIST.


Nossas diferenças com a atuação dos companheiros André e Louro

A direção atual da FIST (André de Paula e Louro) tem se esforçado muito pra organizar as ocupações e a parte jurídica. Estamos juntos com eles em tudo o que podemos ajudar. Apesar disso, temos críticas em relação à atuação deles.
Primeiro (e mais importante): os dois companheiros costumam pressionar as ocupações para elas participarem dos movimentos. Às vezes, até mesmo falam que vão deixar de dar o apoio jurídico se as pessoas não se comprometerem a irem nas passeatas.
Para nós, as pessoas devem ir nessas atividades porque entendem a importância delas e querem lutar politicamente. A pressão obriga as pessoas a participarem do movimento, mas à força. Por isso, somos contra esse método.
Em vez disso, queremos fazer exibição de vídeos, cursos, palestras, debates etc., para podermos mostrar para as pessoas a necessidade de lutar contra o sistema e os Governos.
Outro problema muito grave é a dependência que existe entre a FIST e o SINDIPETRO (sindicato dos trabalhadores da Petrobrás). Não só somos contra o sindicato mandar na FIST só porque empresta dinheiro para as ocupações fazerem reforma e etc., como também somos radicalmente contra a exploração absurda que o sindicato faz dos ocupantes. Ouvimos muitos moradores contarem que já ficaram quase 12h debaixo do sol
distribuindo panfleto para no final do dia receber uma merreca e ainda ter que aturar desaforo de sindicalista preconceituoso. Isso tem que parar imediatamente!

Segundo: os companheiros André e Louro falam que devemos ser todos contra os Governos que colaboram com os empresários. Isso é certo, porque todo Governo assim (um exemplo é o governo Lula) mantém a exploração dos trabalhadores, mesmo fazendo pequenas mudanças aqui e ali.
Mas apesar disso, eles defendem o governo de Hugo Chávez na Venezuela, como se ele fosse capaz de acabar com a exploração, o machismo e o racismo, ou seja: transformar a sociedade da Venezuela em socialista.
Nós entendemos que os Estados Unidos têm feito de tudo para desgastar e derrubar Hugo Chávez. Mas, mesmo assim, Chávez tem governado com os empresários. Quando os trabalhadores vão além do que ele tem a oferecer, ele reprime as greves, manifestações e lutas em geral.
Por isso, achamos que a Venezuela está na mesma situação de todos os outros países capitalistas, onde a economia funciona para dar lucro. E assim, é preciso uma revolução armada, feita pelos trabalhadores organizados em assembléias, para começar a passagem para o socialismo, tanto no Brasil quanto nos outros países. Apenas no socialismo não existirá mais a exploração feita pelos patrões. Somente se os trabalhadores tomarem o poder é que poderemos ter uma economia voltada para uma vida melhor e não para o bolso dos poderosos.

Terceiro: para nós, a FIST deve incluir pessoas de todas as religiões, assim como os que não têm religião. Mas algumas vezes, os jornais da FIST têm textos católicos ou declarações a favor da Igreja. Para nós, isso acaba dividindo os sem-tetos. Somos a favor da completa separação entre o movimento e as religiões.

Quarto: A FIST, por sugestão dos companheiros André e Louro, tem participado da Assembléia Popular e da Campanha pela Petrobrás 100% estatal. Para nós, esses movimentos são apenas uma forma de pressionar o Governo Lula a adotar medidas nacionalistas.
Fora que, além de criar ilusões em Lula, mesmo se a Petrobrás fosse 100% estatal nada iria mudar na vida dos trabalhadores. Isso só aconteceria se a Petrobrás (e as outras empresas) fossem controladas por quem trabalha nelas e não tivessem objetivo de dar lucro, mas sim de servir à sociedade.
Nós não fazemos essas críticas porque somos contra o André e o Louro. Ou porque a gente ache que eles têm que sair da FIST. O nosso objetivo é dar um conteúdo contra o sistema para todas as atividades da FIST. Sem uma luta contra o capitalismo, nem mesmo a moradia vai estar garantida.

A FIST precisa de um programa contra o capitalismo!

Em dezembro, vai acontecer mais um congresso da FIST. Esse é o melhor momento para discutir qual vai ser a atuação da FIST no ano que vem.
Para nós do Coletivo Lênin, a FIST não pode ser só um movimento que reúne as ocupações para resolver os seus problemas de estrutura.
Achamos que o movimento sem-teto é uma parte importante do movimento de todos os trabalhadores.
Por isso, ele deve ter um objetivo político.
Não estamos dizendo que a FIST deve servir para fazer política eleitoral. Muito pelo contrário, ela deve ajudar na luta dos trabalhadores contra o capitalismo, o Estado e os governos.
Por isso, ela deve ter bandeiras de luta que mostrem a necessidade de uma nova sociedade. Por exemplo:

- Apoio ao movimento sindical para lutar contra o desemprego! Redução da jornada de trabalho para 36 horas sem redução de salários! Contra as demissões! Ocupar sob controle dos trabalhadores as empresas falidas!
- Contra o racismo, o machismo e o preconceito contra os homossexuais! Salário igual para trabalho igual!
Creches públicas para todos! Contra a violência à mulher! Legalização do aborto! Mesmos direitos para os casais homossexuais!
- Contra a polícia racista, o tráfico e as milícias! Pelo direito à autodefesa contra grupos racistas e jagunços que matam sem-terras e sem-tetos!
- Ocupação sob controle das assembléias de sem-terra e sem-teto de todas as terras e moradias fora de uso!
- Solidariedade com os trabalhadores do mundo inteiro!Pela derrota da ocupação brasileira no Haiti! Em defesa de Cuba! Contra as tentativas de golpes na Venezuela e em Honduras!
- Oposição dos trabalhadores à Lula e à direita! Lutar para criar um partido revolucionário dos trabalhadores. Em vez de lutar para eleger deputados e ter cargos em sindicatos, esse partido deve servir para lutar por uma revolução socialista, que crie um governo direto dos trabalhadores!
Se você concorda com nossas críticas e propostas, junte-se a nós!

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