domingo, 17 de janeiro de 2010

DECLARAÇÃO POLÍTICA DO COLETIVO LÊNIN SOBRE A SITUAÇÃO NO HAITI

Na terça feira, dia 12 de janeiro, o Haiti foi sacudido por um forte terremoto. O número de mortos, entre 100 e 200 mil, é semelhante ao do bombardeio atômico de Hiroxima. Milhares de pessoas ficaram desabrigadas e outras milhares continuam desaparecidas. As buscas por sobreviventes sob os escombros é uma corrida contra o tempo, pois as pessoas soterradas não conseguirão sobreviver por muitos dias.

O Haiti foi vítima de um golpe militar que derrubou um governo de frente popular similar ao de Lula, no Brasil. Na resistência, várias organizações políticas passaram à luta armada contra o golpe e chegaram a controlar localidades importantes do país. Com o objetivo de esmagar a luta armada, a ONU enviou tropas para o Haiti sob a liderança do Brasil com a desculpa de derrotar “gangues”. Assim, a luta haitiana, que poderia evoluir para uma revolução, caso surgisse um Partido Revolucionário no Haiti, vem sendo esmagada dia a dia pelas armas do exército brasileiro que ocupa o país já há 6 anos. Junto com o Exército, foram para o Haiti diversas organizações políticas de direita, como o “Viva Rio”, que, sob a desculpa de “ajuda humanitária” tentavam convencer a população a não aderir à luta e, em troca por dia sem luta, oferecia um prato de comida.

Por isso, não somos como a mídia brasileira, que dá mais destaque aos soldados mortos (pelos quais não choramos, porque estavam lá matando o povo haitiano) do que à catátrofe provocada pelo racismo ambiental (já que as mortes só tiveram essa dimensão porque a população negra do país é obrigada pela miséria a viver em favelas). E denunciamos o racismo e a opressão religiosa do Cônsul do Haiti no Brasil, Gerge Samuel Antoine, que atribuiu a tragédia ao fato da população “mexer com macumba”.

No momento, a ONU, os EUA e o Brasil tomaram posse de toda a infraestrutura do país, com pretextos “humanitários”. Confiar na ONU para “socorrer” o Haiti é o mesmo que doar remédios para os EUA enviarem para o Iraque! Somos pela formação de comitês de desabrigados, para reassumir o controle do país e a luta contra os efeitos do terremoto, inclusive possíveis epidemias. E pela solidariedade de classe de todos os trabalhadores ao povo haitiano.

A construção de um governo direto dos trabalhadores no Haiti era condição essencial para o país superar a enorme pobreza que a burguesia e o imperialismo impuseram àquele país. Se a luta haitiana tivesse evoluído para um governo direto dos trabalhadores com a expropriação da burguesia, o país teria melhores condições para enfrentar catástrofes naturais como essa. Por isso, o combate à resistência haitiana pelas armas do Brasil, faz do subimperialismo brasileiro um dos responsáveis diretos pelas milhares de mortes causadas pela precária estrutura que o país tinha e que o deixou despreparado para enfrentar esse tipo de calamidade.

A CONLUTAS, que procura divulgar ações no Haiti, nunca deu apoio material à resistência armada que o exército brasileiro esmagava naquele país. Pelo contrário, no seu Encontro de Negros e Negras chegou a rechaçar a palavra de ordem “Armas, Comida e Remédios para a resistência Haitiana”. Da parte da esquerda reformista, pode ser que o caos instaurado faça algumas organizações procurarem mais argumentos para negar a existência de uma resistência política armada. Da parte do governo, após o terremoto, a burguesia brasileira tem uma desculpa para manter as tropas naquele país. Nelson Jobim, que há poucos dias ameaçou instigar uma crise política, caso fossem investigados os crimes dos militares durante a ditadura, declarou que o exército brasileiro ficará no Haiti por, pelo menos, mais cinco anos com um possível aumento do número de soldados.

Mais do que nunca, é necessário dar apoio incondicional ao povo haitiano e fortalecer sua luta pela sobrevivência e contra a opressão. Por isso, o coletivo Lênin defende que as entidades de massas do Brasil (CUT, UNE, MST) e também aquelas que possuem influência minoritária (Conlutas, Intersindical) se aliem em uma campanha classista de apoio aos nossos irmãos trabalhadores.

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