quarta-feira, 16 de março de 2011

A Desmoralização da Liga Espartaquista e seu Apoio à Ocupação do Haiti

Desintegração no “Período Pós-soviético” 

A Liga Espartaquista Apóia as Tropas Americanas no Haiti!

[Este é um artigo publicado originalmente por Samuel Trachtenberg em 15 de fevereiro de 2010. A tradução para o português   foi realizada pelo Coletivo Lenin em fevereiro de 2011].
  
A devastação desencadeada pelo recente terremoto no Haiti atraiu consideravelmente a atenção do mundo, com a situação das massas haitianas ganhando enorme simpatia entre amplos setores da população dos EUA. A urgência imediata da situação e as ilusões de muitos americanos na boa fé de Obama deram ao governo dos EUA uma oportunidade de justificar a sua ocupação militar desse país em nome de supostamente ajudar o seu povo.
  
Enquanto no passado situações similares levaram muitos na esquerda a também perderem suas estribeiras e apoiarem intervenções militares imperialistas, do apoio dos seguidores de [Tony] Cliff à presença das tropas britânicas na Irlanda do Norte no fim dos anos 60, à chamada do Partido Socialista dos Trabalhadores [SWP] dos EUA para que fossem mandadas tropas para Boston no meio dos anos 70, ou o generalizado apoio à intervenção imperialista na guerra civil da Bósnia em meados dos anos 90, parece que dessa vez quase todos na extrema esquerda reconheceram o raciocínio imperialista do governo americano para a ocupação do Haiti e saíram em oposição. Quase todos na extrema esquerda, a não ser por uma surpreendente, se não completamente chocante exceção.
  
Na edição atual do seu jornal, a Liga Espartaquista (SL) dos Estados Unidos declarou:
  
“O exército dos Estados Unidos é a única força no mundo com a capacidade – caminhões, aviões, navios – de organizar o transporte de qualquer comida, água, apoio médico e outras provisões que estejam chegando à população do Haiti. E ele está fazendo isso na típica maneira porca do imperialismo dos EUA. Nós sempre nos opomos às ocupações dos EUA e da ONU no Haiti e em todo lugar – e pode ser que seja necessário chamar pela retirada deles do Haiti no futuro próximo – mas nós não iremos chamar pelo fim de tal abastecimento enquanto as desesperadas massas haitianas o recebem em mãos.”
  
“O Horror do Terremoto no Haiti: Imperialismo, Racismo e Fome”
Workers Vanguard #951 , 29 de Janeiro de 2009
  
Ninguém proclamando uma compreensão marxista do imperialismo, ou mesmo somente algum conhecimento de história recente, teria qualquer dúvida sobre as ambições em última instância predatórias por trás de qualquer intervenção imperialista no estrangeiro. A situação no Haiti não oferece nenhuma questão nova que seja diferente de intervenções “humanitárias” anteriores (para as quais a SL no mínimo se opôs à presença das tropas imperialistas, quando não sempre chamando por sua derrota militar) que pudesse possivelmente ser causa justificada de legítima desorientação. O artigo da SL até mesmo reconhece:
  
“Enquanto 'socialistas' reformistas como a Organização Socialista Internacional (ISO) e o Partido Mundial dos Trabalhadores (WWP) pedem para que os Estados Unidos ofereçam ajuda sem exercer o poderio militar americano, nós não temos tais ilusões. De fato, as forças americanas no Haiti fizeram da 'segurança' uma prioridade mais alta do que garantir ajuda. Enquanto muitos aviões carregando suprimentos aterrissaram no aeroporto de Porto Príncipe, que está agora controlado pelas forças americanas, outros foram criminosamente desviados já que os EUA deram prioridade de aterrissagem aos seus aviões carregando pessoal militar.”
  
Tendo sido amplamente percebidas, a obstrução pelas forças armadas americanas dos suprimentos desesperadamente necessários e a sua repressão contra o povo haitiano só deveriam tornar a situação ainda mais óbvia, mesmo para aqueles guiados por uma compreensão empírica puramente imediata.
  
Programa gera teoria, que gera programa
  
Ainda assim, o fato de a SL reivindicar o marxismo os forçou a tentar uma explicação teórica racional para o que é, no fundo, um “impulso” oportunista. Argumentar contra este impulso oportunista através de citações de O Estado e a Revolução de Lenin, ou Oportunismo e a Arte do Possível de Rosa Luxemburgo nessas circunstâncias, seria portanto estender a questão além do necessário. No entanto, mesmo em seus próprios termos, os argumentos levantados tem uma lógica política, que vai muito além da situação imediata no Haiti, que deveria estar causando ondas de choque em qualquer um com a mais remota aspiração socialista dentro do desmoralizado grupo da SL.
  
No curso de denúncias contra o Grupo Internacionalista (IG) de Jan Norden [cuja seção no Brasil é a Liga Quarta Internacionalista do Brasil – LQB], que publicou uma declaração sobre o Haiti antes deles, a SL argumentou:
  
“A desagradável realidade que o IG nega é que (a) mesmo antes do terremoto, não havia virtualmente nenhuma classe operária no Haiti; (b) logo após o terremoto, não apenas o Estado estava 'largamente reduzido a escombros', mas também estava assim a sociedade como um todo, incluindo a população desesperada e sem posses; e (c) há um poder militar no Haiti que está longe de estar 'reduzido a escombros', que é o imperialismo dos EUA.”
  
“O IG exige que todas as forças dos EUA e da ONU se retirem,  como se a atual presença militar dos EUA no Haiti tivesse o objetivo de suprimir um levante popular [...] O IG está cinicamente brincando com retórica, jovialmente despreocupado com o fato de que, no mundo real, se a política que eles reivindicam fosse implementada, ela resultaria em mortes em massa por inanição.” (ênfase do original)
  
A afirmação de que, mesmo antes do terremoto, não havia virtualmente nenhuma classe operária no Haiti tem muitos paralelos com o argumento stalinista sobre a China em 1927 onde, proporcionalmente falando, dificilmente a classe trabalhadora era mais desenvolvida do que no Haiti, na Bolívia ou em muitos outros países que a SL está descartando para propósitos revolucionários. Mas, ainda que hipoteticamente verdade, e que as visões de Trotsky sobre a Revolução Permanente precisassem ser reajustadas ou limitadas, como a SL está implicitamente argumentando, Marx (em sua correspondência com os revolucionários russos) e a Terceira Internacional de Lenin no mínimo tentaram mapear uma estratégia revolucionária viável para tais cenários, entendendo que seu destino final residia na vitória das revoluções nos país capitalistas avançados. No entanto, assim como a Segunda Internacional, os “marxistas” na SL argumentam em contrário:
  
“A amarga verdade é que as desesperadas condições do Haiti hoje não podem ser resolvidas dentro do Haiti. A chave para a libertação do Haiti reside na revolução proletária através do hemisfério, na qual a mobilização do considerável proletariado haitiano refugiado pode prestar um papel central.”
  
Isso deixa os revolucionários haitianos com poucas opções a não ser esperarem passivamente serem socorridos pelas lutas revolucionárias em outros países ou então emigrarem. Qualquer um dos meios deixaria as massas haitianas como um todo e suas lutas em completo abandono, caso a SL tenha algum interesse na questão. Como os revolucionários deveriam se orientar, por exemplo, com relação às lutas passadas (e futuras) como o “descontentamento de massas que retirou 'Baby Doc' Duvalier do poder”? Será que esse evento, de acordo com a SL, teve alguma importância no grande esquema que ela propõe?
  
Apontar para a verdade no fato de que o destino final do Haiti (por sinal de qualquer país, por mais economicamente desenvolvido que seja) reside, em última instância, na vitória da revolução mundial é usado pela SL como um mecanismo para abandonar a estratégia da Revolução Permanente de Trotsky (ou qualquer outra estratégia revolucionária alternativa) para a maior parte do Terceiro Mundo. É claro, a SL não está fazendo uma reavaliação teórica séria, com todas as consequências políticas consistentemente levadas adiante, mas sim uma racionalização do seu atual clima de desesperança e acomodação.
  
Se, mais uma vez hipoteticamente falando, não houvesse nenhuma classe operária no Haiti, fosse industrial, rural ou de qualquer outro tipo, então isso significaria que não haveria também classe capitalista suficientemente desenvolvida, fosse nativa ou estrangeira. Isso levanta algumas questões sobre a natureza da economia haitiana. Também, exatamente quais interesses de classe o Estado haitiano estava defendendo? Denunciando outros na esquerda por seguirem Aristide de maneira oportunista, a SL comete um deslize ao citar uma declaração antiga que diz que Aristide iria “desempenhar o papel de instrumento de camuflagem para a burguesia haitiana” (“Haiti: Avalanche Eleitoral de um Pastor Radical”, WV número 517, 4 de janeiro de 1991)
  
Deixando de lado a questão da estrutura de classes do Haiti, o que a SL, após a sua atual posição, propõe que as massas haitianas defendam, se não figuras burguesas populistas como Aristide? Ela obviamente não está chamando pela formação de um partido trotskista no Haiti, com qualquer estratégia que seja, como uma alternativa. Os stalinistas ofereceriam às massas haitianas a sua estratégia de duas etapas, é claro. Qual seria a resposta da SL?
  
A SL aponta que em 2004 “Nós mostramos que a ocupação do Haiti pelos EUA também representava um perigo para o Estado operário deformado cubano, assim como para o proletariado militante da República Dominicana, que divide com o Haiti a Ilha de Hispaniola (veja 'Haiti: Fora Tropas dos EUA e da ONU!', WV número 821, 5 de março de 2004).” Esses perigos subitamente desapareceram? A defesa da revolução cubana não começa mais em Porto Príncipe (para parafrasear o antigo slogan da SL)?
  
A SL escreve ainda mais além:
  
“Para liberais desapontados com a política da administração Obama no Afeganistão e no Iraque, o terremoto no Haiti foi visto como uma oportunidade para os Estados Unidos mostrarem uma face benévola. Isso foi ecoado pelos incentivadores reformistas um tanto desiludidos de Obama, como a ISO e o WWP. A ISO exige que 'Obama imediatamente interrompa a ocupação militar do Haiti' enquanto chama os Estados Unidos a 'encherem o país com médicos, enfermeiros, comida, água e material de construção' (Socialist Worker online, 19 de janeiro). Da mesma forma, uma declaração de 14 de janeiro no Workers World Website exige 'a remoção de todas as tropas de combate da ONU' enquanto defende que 'todos os bônus de executivos das instituições financeiras que receberam dinheiro do pacote de ajuda econômica sejam doados ao Haiti'.”
  
“A noção de que o imperialismo americano pode ser pressionado para servir às necessidades dos oprimidos, e não às dos seus próprios interesses de classe, mostra ilusões sem limites nos bons préstimos da voraz classe dominante americana. Reformistas como a ISO e o WWP levantaram chamados em protestos contra a guerra americana no Iraque, exigindo que houvesse uma mudança na prioridade dos gastos do governo americano, passando da guerra para os serviços sociais como educação. Mas a dominação neocolonial e o enriquecimento são inerentes ao imperialismo e nenhuma quantidade de pressão e súplica pode mudar isso.”
  
Mas se “a noção de que o imperialismo americano pode ser pressionado para servir às necessidades dos oprimidos” mostra “ilusões sem limites”, então por que a SL não está se opondo à ocupação militar dos Estados Unidos no Haiti? Obviamente a SL não acredita que isso seja uma ilusão, já que ela é a favor de que as tropas permaneçam precisamente porque afirma que elas estão servindo às necessidades imediatas dos oprimidos. Em que outras partes do mundo o imperialismo americano pode prestar ajuda? Mais estritamente aquelas que a SL afirma não possuírem uma classe operária nativa mensurável, como o Afeganistão? Ou talvez ainda mais amplamente através da história? O argumento dos seguidores de Cliff sobre a Irlanda do Norte em 1969 parece muito similar ao da SL hoje:
  
“O fôlego fornecido pela presença das tropas britânicas é curto, mas vital. Aqueles que chamam pela retirada imediatas das tropas antes que os homens atrás das barricadas possam se defender estão chamando por um extermínio que irá atingir primeiro e mais duramente os socialistas.”
  
Socialist Worker, 11 de setembro de 1969
  
Finalmente, que atitude iria tomar a SL na circunstância de uma luta dos haitianos para retirar as tropas americanas do seu país? Iria a SL simplesmente se abster de chamar pela derrota do imperialismo dos EUA como eles fizeram no Afeganistão em 2001, chamar para que as vidas dessas tropas fossem salvas como eles fizeram no Líbano em 1983, ou possivelmente ainda pior, especialmente sob a luz desse papel benéfico que a SL afirma que as tropas estão desempenhando nesse momento?
  
Num informe sobre a sua décima terceira conferência nacional, elaborado para preparar os leitores para uma possível futura expulsão de Rachel Wolkenstein e sua base de apoio no Comitê de Defesa Partidário [que realiza ações em defesa do preso político americano Mumia Abu Jamal], a SL afirma:
  
“As pressões do período ajudaram a gerar tentativas de achar uma maneira de 'ficar rico fácil', ou seja, de liquidar nosso programa revolucionário, proletário e internacionalista para se associar a forças maiores, hostis à classe trabalhadora e ao nosso propósito revolucionário”.
  
“Dias de Cão do Período Pós-Soviético”
WV #948, 4 de dezembro de 2009
  
Parece um pouco perverso denunciar os críticos internos por se “associarem” a “forças maiores, hostis à classe trabalhadora” (o grupo bastante pequeno e sincero, ainda que em muitas ocasiões politicamente errado, de ativistas de Mumia Abu Jamal, muitos dos quais sem dúvida ainda têm uma posição sobre o Haiti melhor que a da SL) quando a “força maior” a qual se está associando é a sua própria burguesia.
  
Por quê?
  
Perguntas têm sido levantadas por muitos sobre os possíveis motivos por trás da mais recente posição da SL. Alguns afirmam que é uma tentativa da liderança da SL de encontrar um modo de se diferenciar artificialmente do restante da esquerda. Reclamações da base da SL sobre as dificuldades de se diferenciarem de outros grupos de esquerda desde a queda da URSS tem, de fato, sido frequentes. Outros acreditam que, no contexto de seu recente estremecimento interno, a liderança da SL esteja usando a questão organizativamente, como um teste de lealdade. Aqueles que foram bem sucedidos em passar no teste da SL mostram que a sua verdadeira lealdade ao doentio culto é organizativa, ao invés de expressar qualquer pretensão que a SL tenha sobre revolução socialista. Por último, o IG inferiu que a SL realizou um mergulho diante de uma histeria chauvinista. Enquanto a SL certamente realizou tais mergulhos no passado, como sua assustada reação ao 11 de Setembro e à guerra do Afeganistão em 2001, nenhuma atmosfera similar existe em relação ao Haiti nesse momento.
  
Como elaborado de maneira mais completa numa polêmica anterior [IG: Programa de Transição de Trotsky ou Bússola Política de Robertson, 6 de maio de 2009, disponível em inglês no site do Reagrupamento Revolucionário], a SL baseou praticamente toda a sua existência durante os anos 1980 na questão da defesa da URSS. No velório da sua queda, eles construíram uma visão de mundo sob a qual, assim como previamente todas as questões eram vistas sob o prisma da defesa da União Soviética, hoje todas as questões são vistas através do estreito prisma da sua morte. Não é mais apenas a crise subjetiva de liderança que atrasa as lutas da classe operária, mas uma nova circunstância objetiva onde a questão de tomar o poder de Estado se coloca fora da agenda histórica por uma razão ou por outra.
  
Aqueles que desistem da classe operária são forçados a procurar por salvação em outras forças sociais. Durante os anos 1980, numa desorientação simétrica à de hoje, as visões e medos extremamente exagerados da SL sobre os “perigos dos anos Reagan” combinados com o desmantelamento de suas frações sindicais, os levou a enxergar os stalinistas soviéticos e seu exército e poderio econômico como protetores dos ataques do imperialismo. Hoje, a URSS não existe mais e Cuba não pode agir como um substituto suficiente na região. A recente crise no Haiti e a reação da SL são, no fundo, uma expressão do fato de eles terem desistido da classe operária e, por conclusão, de terem desistido de si mesmos.
  
Wohlforth e Robertson
  
Ao menos de alguma forma parece que o líder da Liga Espartaquista, Jim Robertson, chegou aos mesmos resultados, embora com velocidade diferente, que seu antigo arqui-inimigo Tim Wohlforth. Além do fato de que ambos começaram como oposicionistas ao giro do Partido Socialista dos Trabalhadores (SWP) ao revisionismo pablista no começo dos anos 60, e que ambos tragicamente acabaram liderando cultos burocráticos anti-trotskistas, parece que Jim Robertson está agora finalmente chegando às visões de Wohlforth sobre um imperialismo “humanitário”.
  
Um artigo de 1995 da SL, intitulado provocativamente (e sem intenção humorística) “Wohlforth: Quem é Esse Cadáver Fedorento?” (Spartacist #52, outono de 1995), declarou que “Jovens navegando pela internet podem estar se perguntando quem é esse maníaco solto no ciberespaço dando vivas de 'Bom Trabalho!' às forças da OTAN bombardeando os Sérvios-bósnios...” Wohlforth também estendeu seu apoio para a “humanitária” intervenção imperialista em outros países na época, como a Somália (que pelos atuais critérios da SL também não tinha classe operária e, talvez em retrospectiva, merecesse a benevolência imperialista) e, coincidentemente, o Haiti. Robertson ainda não é tão abertamente grotesco, ele tem seguido os passos de seu arqui-inimigo a um ritmo mais lento. Sendo bastante velho, é provável que ele morra antes que o alcance. Mas talvez as pessoas navegando na internet devam se fazer a pergunta (com a inflexão cômica e o encolher de ombros apropriados) “Jim Robertson: quem é ESSE cadáver fedorento? E POR QUE ele apóia o envio de tropas americanas para ocuparem o Haiti?”
  
Um navio que afunda
  
O informe da décima terceira conferência nacional da SL em alguns momentos soa quase como um auto-obituário. Após reconhecer que “Nós talvez não tenhamos uma perspectiva imediata” a SL proclama que sua “tarefa central” é “armar o partido programática e teoricamente, da publicação de Spartacist à manutenção do arquivo do Comitê Central, a Biblioteca de Pesquisa Prometheus, e a realização de todo tipo de formação política ao longo de nosso trabalho”. Em outras palavras, preservar o legado de Jim Robertson para futuros arquivistas.
  
Esse é o resultado lógico de abandonar, implícita ou explicitamente, a revolução socialista como uma perspectiva realista para nossa época. Então um líder pode estabelecer um horizonte mais baixo a partir do objetivo “realista” de usar a organização para manter e preservar o seu legado pessoal como “nota de rodapé na história”.
  
Essa evidente desmoralização, um drástico corte no número de membros, o estremecimento com Rachel Wolkenstein e o mais recente mergulho durante uma questão internacional contemporânea e fundamental indicam que a SL é um navio que afunda e há grande percepção interna desse fato, por todas indicações.
  
Em sua transformação de um grupo de propaganda revolucionário para um culto sectário, a SL não apenas destruiu muitos revolucionários em potencial, mas também conseguiu recrutar pessoas tendo como base seu antigo legado, uma pequena minoria que ainda não abandonou subjetivamente suas aspirações revolucionárias. A liderança do Grupo Internacionalista nunca fez um balanço político honesto da história da SL e do papel que eles desempenharam nela. Também não o fez, de forma semelhante, a liderança da Tendência Bolchevique Internacional (particularmente em relação às questões envolvendo Bill Logan, mas também sem dúvida com relação ao seu atual burocrata chefe, Tom Riley) e, após um promissor início, ela tem seguido com incrível velocidade pela sua própria “Estrada para Rileyville” por mais de uma década agora (veja “A Estrada para Fora de Rileyville”, de Samuel Trachtenberg, 25 de setembro de 2008). Nenhum desses grupos merece qualquer confiança política.
  
Enquanto a nave-mãe está naufragando, e seus rebentos permanecem estagnados sob suas próprias lideranças geriátricas permanentes, nós apelamos para que discutam conosco todos aqueles genuinamente interessados em avançar (em oposição ao que na realidade é apenas “preservar”) tudo que havia de revolucionário no legado da Liga Espartaquista.

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