segunda-feira, 28 de março de 2011

Por um Programa Transitório para a questão energética!

por Paulo Araújo

A tragédia japonesa após o terremoto/tsunami e o acidente com energia nuclear, que começou no último dia 12 de março e já fez mais de 10 mil vítimas, expõe (como se ainda precisasse) a grande enganação que é a defesa da energia nuclear como "alternativa" contra o aquecimento global. Isso é defendido inclusive por ONGs ecológicas como o WWF.

Mesmo que em curto prazo a energia nuclear tenha um custo-benefício melhor que as termelétricas e hidrelétricas, ela cria um problema muito maior a longo prazo: o que fazer com os resíduos, que levam centenas de milhares de anos para perderem a radioatividade?
Por isso, nós do Coletivo Lênin defendemos o uso da energia nuclear em relação às outras formas mais poluentes, mas acreditamos que ela não é uma resposta para o problema energético. Outras formas de energia que não geram complicações (como a energia eólica, a energia solar e o hidrogênio combustível) poderiam ser expandidas desde já, reduzindo a dependência com relação ao petróleo e à energia de fissão nuclear. A única razão que impede isso é o controle energético dos países pelos grandes monopólios do petróleo e outras fontes de energia poluentes, que não podem aceitar perder espaço no mercado. No movimento de massas, defendemos que o lucro das empresas petrolíferas seja usado para financiar fontes renováveis de energia, o que ataca diretamente um dos monopólios mais importantes do capitalismo. Usar os lucros das petrolíferas e outras indústrias poluentes para expandir o uso de energia solar, eólica e hidrogênio combustível sob controle dos trabalhadores, assim como investir em pesquisas por novas alternativas! 


Também defendemos o direito dos países dependentes (como o Irã) e os estados operários deformados (China, Cuba, Coréia do Norte e Vietnã) a utilizarem a energia nuclear, inclusive a posse de armas nucleares para seus fins políticos, como impedir uma intervenção imperialista. Defendemos  que os países imperialistas tenham o seu arsenal nuclear, que é usado para impor pressão sobre os países periféricos, destruído. O arsenal nuclear da Coréia do Norte, por exemplo, é um dos poucos fatores que impedem uma ofensiva do imperialismo para retomar o território perdido pela burguesia desde o início da década de 1950.
Felizmente, o acidente nuclear de Fukushima não teve as proporções de Chernobyl, na URSS em 1986. Chernobyl foi provocado pela defasagem tecnológica e falta de manutenção do reator, que já tinha sido construído às pressas para cumprir as "metas" do plano quinquenal e, assim, garantir o "estímulo econômico" dos burocratas que geriam o país, sem nenhuma preocupação com as reais necessidades da classe operária soviética.
Nas economias planificadas burocraticamente, como era a URSS, não era o mercado que  orientava a produção, mas a casta burocrática que comandava o país. Por um lado, isso trazia a vantagem de reduzir a precarização do trabalho e a perda de condições dos trabalhadores (inclusive de segurança), já que esses Estados asseguravam um nível de vida relativamente alto como uma conquista da expropriação da burguesia. Por outro, esse controle burocrático impedia uma renovação tecnológica dos equipamentos, principalmente devido à regulação irracional da economia realizada pelas burocracias. Até mesmo no capitalismo ocorre uma renovação tecnológica (ainda que com o objetivo de maximizar os lucros). Defendemos hoje os Estados Operários ainda existentes por acreditarmos que a expulsão da burguesia do controle de Estado é uma grande conquista. Ao mesmo tempo, o controle de um grupo de burocratas sobre a produção só pode causar tragédias econômicas e catástrofes como Chernobyl.  Por isso, somente o controle operário da produção pode tornar a planificação racional e eficaz.
Uma das poucas correntes da esquerda que têm seção no Japão é o Secretariado Unificado da Quarta Internacional (SU). Apesar de todas as nossas críticas a este grupo (veja Pela Reconstrução da Quarta Internacional), divulgamos aqui a campanha que a seção japonesa está fazendo, como medida concreta de solidariedade de classe com os trabalhadores do Japão:

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