quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Dossiê IV ConFIST - Parte 1

Matéria no Jornal do Brasil sobre a FIST e o Coletivo Lênin!

E a minha casa, onde está?
Autor(es): Thaila Frade
Jornal do Brasil - 14/12/2009



RIO - A construção de moradias pelo Governo Federal, como prevê o programa "Minha Casa, Minha Vida", lançado em fevereiro, foi o alvo de uma série de indagações feitas pelos participantes do IV Congresso da Frente Internacionalista dos Sem-Teto (Fist), realizada ontem na sede do Sindicato dos Petroleiros, no Centro do Rio. O encontro, que reuniu movimentos sociais e moradores de diversas ocupações no Rio, levantou uma polêmica sobre as novas condições de moradias cariocas propostas por ações implementadas pelo prefeito Eduardo Paes.

– Estamos passados pela preparação da cidade para a Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016 e isso está sendo usado como desculpa para esse choque de ordem que querem promover. Mentiras, tudo não passa da especulação imobiliária – defendeu o representante do Coletivo Lênin, Cristiano Tavares.

O coro foi reforçado pelo engenheiro Antônio Louro, ligado à Fist.

– Trata-se de uma intervenção das grandes imobiliárias no sentido de ocupar o espaço para vendê-lo, enquanto os trabalhadores são expulsos sem ter para onde ir. Elas vão massacrar quem estiver na frente. Estamos defendendo o povo que precisa e vive do Centro da cidade – disse.

O dirigente da Frente, o advogado André de Paula, afirma que o deficit de moradias no município do Rio é até mesmo superior ao número de desabrigados na cidade.



Prédios com função social

– Centenas de prédios abandonados não cumprem sua função social. Nossas ocupações dão essa função social a esses prédios. Não podemos ficar parados diante de um problema social grave, como é a falta de moradia.

Entre os participantes estava Miriam Murthy, líder da ocupação Quilombo das Guerreiras, que há três anos ocupa um prédio abandonado do Docas do Rio de Janeiro na Região Portuária da cidade. Ao todo, 50 famílias moram no local e foram procuradas para se cadastrarem no projeto do governo federal.

– Querem nos dar um terreno atrás da Cidade do Samba onde já existe uma ocupação, serão 150 apartamentos ao todo, mas só acredito vendo – explicou a invasora, que administra um prédio que, segundo a organização, tem uma função social.

– Melhoramos as condições da área que era abrigo de assaltantes que corriam para o prédio. Hoje temos um regimento interno que não permite brigas, drogas, prostituição ou qualquer tipo de atividade ilícita. Nossas crianças contam com uma biblioteca, aulas de reforço, capoeira e queremos colocar o auditório que existe lá para funcionar – orgulha-se.



A Frente Internacionalista dos Sem Teto é uma organização fundada em 2005 e atualmente conta com seis ocupações no Rio e mais uma em Niterói, que foi incorporada ontem pela Frente.

– Viemos unir forças para lutar por melhores condições. Somos 34 familias que foram retiradas pela Prefeitura de Niterói em uma ação fraudulenta– denunciava a representante das ocupações do bairro de São Domingos, em Niterói, Fernanda Carlinda.

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