No dia 24 de fevereiro, após uma greve de fome de 85 dias, morreu em Cuba o preso Orlando Zapata Tamayo. Orlando estava preso desde de 2003 e era considerado por organismos internacionais como “dissidente político” por, supostamente, participar do movimento chamado “La Primavera Negra”, série de prisões realizadas contra opositores ao governo Fidel Castro durante a primavera de 2003.
Naquele ano, foram presas 75 pessoas soba a acusação de “atentar contra a segurança do Estado”, por terem difundidos idéias contrárias ao regime cubano. Os governos da União Europeia e o então Papa João Paulo II condenaram as prisões. Algumas fontes indicam que a repressão de 2003 foi fruto da exaltação dos ânimos por parte dos defensores do chamado “projeto Varela”, que pretendia implementar maiores liberdades democráticas em Cuba.
Há, porém dúvidas sobre se Zapata realmente participava desse movimento. Embora seja considerado “preso político” pela Anistia Internacional, algumas fontes dão conta de que ele foi condenado por crime comum em um processo diferente daquele que condenou os 75 envolvidos na defesa do “Projeto Varela”. Zapata teria sido condenado, não por ser um agente da CIA, mas por haver praticado crime de assalto de rua, que nada teria a ver com política.
De acordo com esas versão, uma vez detido, Orlando Zapata teria se beneficiado do status de “preso político” que os Estados Unidos conferem a qualquer cidadão cubano preso que se declare opositor ao regime. Assim, pôde contar com o apoio das agências internacionais de direitos humanos. É conhecido, por exemplo, o caso de familiares de presos políticos que recebiam dinheiro de ONGS e até de grupos terroristas sediados em Miami.
Não está claro se Orlando Zapata era preso político ou preso comum. Porém, o fato de sua morte ocorrer horas antes de Lula desembarcar na ilha, fez a oposição de direita (DEM, PSDB) cobrar do Governo Lula um pronunciamento oficial condenando as restrições às liberdades democráticas existentes em Cuba.
Nós do Coletivo Lênin não apoiamos o Governo Lula e sabemos que o mesmo se trata de um projeto de conciliação de classes que, além de inúmeras concessões aos exploradores, faz vistas grossas ao massacre que sofre o MST, por exemplo. Porém, nós não reconhecemos à oposição de direita ao Governo nenhuma autoridade moral para falar em democracia. O DEM e o PSDB abrigam setores sociais que, durante vinte anos, mamaram nas tetas da ditadura brasileira e também alguns dos agentes diretos das perseguições a militantes e comunistas no Brasil entre os anos de 1964 e 1985.
O Brasil é o único país da América Latina que resiste a investigar crimes cometidos por seu regime militar. E o DEM e PSDB, que são agremiaçãos políticas que abrigam filhotes da ditadura, são terminantemente contra a apuração dos crimes cometidos pelos militares. Além disso, esses mesmos partidos, com o apoio da Rede Globo e da Revista Veja, são contrários à libertação do preso político Cesare Batisti, que continua encarcerado em Brasilia e também se calam sobre as torturas existentes na base militar americana de Guantanamo e sobre a prisão política de cinco cubanos nos Estados Unidos. Portanto, esses partidos, juntamente com a imprensa burguesa, são mais do que hipócritas quando se apresentam para falar em defesa de liberdades democráticas em Cuba.
Repudiamos o discurso retrógrado desses partidos de filhotes da ditadura e da imprensa burguesa e somos contra a libertação dos presos políticos participantes de movimentos pró-democracia em Cuba. Assim, não choraríamos a morte de nenhum de seus participantes. A bandeira das liberdades democráticas é a forma que o imperialismo americano se utiliza para desmantelar o Estado Operário Cubano. Por isso, associado ao bloqueio econômico, os EUA apoiam e financiam tais movimetnos em Cuba.
Defendemos que Raul Castro derrubado por uma Revolução Política que transfira todo o poder aos Comitês de Defesa da Revolução é um importante passo para o socialismo. Porém, Raul castro derrubado pelo imperialismo é a contra revolução que triunfa. Por esse motivo, somos taticamente contra as liberdades democráticas em Cuba. Qualquer defesa das “liberdades democráticas” em Cuba como um fim em si mesmo é, nesse momento, uma contribuição à contra-revolução.
A única saída para o impasse no qual Cuba se encontra, entre a burocracia do PC e as presões dos Estados Unidos, é a construção de um Partido Revolucionário de trabalhadores cubanos, com maioria de negros e como seção da Quarta Internacional reconstruída. Esse partido deverá dirigir uma Revolução Política que derrube a burocracia do PC e construa um governo direto dos trabalhadores cubanos.
O Coletivo Lênin
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