Em julho de 2007, enquanto muitos comemoravam a abertura dos Jogos Pan-americanos, manifestações ocorriam em diversos locais do país (e aqui não nos referimos às vaias pequeno-burguesas ao Presidente Lula, que fizeram coro com a direita criticando a corrupção e etc). O motivo de tais manifestações? Enquanto os Governos Federal, Estadual e Municipal desembolsavam R$3,78 bilhões com construção de estádios, esquemas de segurança, carros oficiais e por aí vai, a população pobre das favelas do Rio de Janeiro, que não por acaso é de maioria negra, sofria ainda mais com a repressão policial. Para garantir a segurança dos visitantes e a “boa imagem” do país perante a mídia internacional, os Governos chegaram a criar uma “Guarda nacional” para patrulhar a cidade durante o evento. Isso sem falar dos outdoors espalhados pela Av. Brasil e demais vias onde passariam as delegações do Pan e que tinham o claro objetivo de “esconder” os morros da cidade.
Agora, com o anúncio de que o Rio irá sediar as olimpíadas de 2016, devemos nos preparar para mais uma onde de intensa repressão. Os gastos previstos são R$28,8 bilhões e não há porque duvidar que uma boa parte desse dinheiro será destinada para a segurança. Porém, o que para alguns é “segurança”, para muitos outros é repressão: são os famosos caveirões subindo os morros, são as “pacificações” feitas pela PM, que têm como resultado dezenas de mortes de inocentes, são as execuções diárias que não constam nas estatísticas, e por aí vai... Só para se ter uma idéia, o Governo do Estado já declarou uma meta de “pacificar” 42 favelas até 2010!
A falta de ação da esquerda
Tudo isso tem a ver com uma política implementada pelo Estado de criminalização da pobreza, ou seja, tratar a pobreza como “caso de polícia”. A maior expressão dessa política tem sido a “Operação Choque de Ordem”, de Eduardo Paes. Tal operação é responsável, entre outras coisas, pela eliminação de ocupações de sem-teto, remoção de mendigos, etc. Para piorar, os poucos que se propõe a implementar alternativas à essa política são as ONGs com seus programas artísticos e culturais, que buscam oferecer à juventude das favelas uma alternativa através de companhias de teatro, danças, oficinas de artesanato e etc. Agora cabe uma pergunta: onde entram as organizações de esquerda nessa história? É simples, elas não entram. A institucionalização da esquerda, com sua adaptação à democracia burguesa e suas estruturas parlamentares (isso para não falar daquelas, como o PSTU, que praticamente não vivem fora dos sindicatos) impede a maioria das organizações de ter uma política coesa para a periferia.
Uma resposta revolucionária
Como defensores de um programa revolucionário, nós do Coletivo Lenin não podemos ignorar a existência da população negra e pobre dos morros, favelas e ocupações. Pelo contrário, devemos elaborar uma política que compreenda não só a defesa física e militar dessa população, como também o avanço de sua consciência de classe. O primeiro passo para tal deve ser a criação de assembléias comunitárias, que atuem como fóruns de discussão e ação dentro da comunidade, para organizar politicamente os moradores e também implementar autodefesas armadas para combater as milícias, o tráfico e a repressão do Estado.
Porém, sem um combate eficaz contra o sistema capitalista, as possíveis vitórias serão temporárias: assim que os trabalhadores diminuírem suas mobilizações, o Estado voltará a atacar com tudo. Apenas organizando os setores mais explorados da classe trabalhadora, como os negros e as mulheres é que poderemos resistir ao avanço da barbárie (as crises econômicas sucessivas, a matança da juventude, etc.) e avançar rumo a uma revolução socialista. E essa organização da classe trabalhadora passa pela construção de um Partido Revolucionário de trabalhadores, que ao invés de lutar por cargos em sindicatos ou nas câmaras parlamentares, lute pelo socialismo. O socialismo, porém, só pode ser vitorioso se existir em nível internacional, do contrário será constantemente atacado pelas potências capitalistas, como em Cuba ou na ex-URSS. Para concretizar a revolução mundial faz-se necessária a refundação da IV Internacional, o Partido Mundial da Revolução.
- Pela construção de assembléias comunitárias nos morros, favelas e ocupações;
- Nenhuma confiança na polícia repressora do Estado; pelo direito à autodefesa da população negra e pobre;
- Pela construção do PRT e pela refundação da IV Internacional como instrumentos para enfrentar o avanço da barbárie e lutar pelo governo direto dos trabalhadores!
QUEM SOMOS NÓS
- Coletivo Lênin
- Somos uma organização marxista revolucionária. Procuramos intervir nas lutas de classes com um programa anticapitalista, com o objetivo de criar o Partido Revolucionário dos Trabalhadores, a seção brasileira de uma nova Internacional Revolucionária. Só com um partido revolucionário, composto em sua maioria por mulheres e negros, é possível lutar pelo governo direto dos trabalhadores, como forma de abrir caminho até o socialismo.
sábado, 10 de outubro de 2009
Rio 2016: A repressão na periferia e a ausência da esquerda
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