QUEM SOMOS NÓS

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Somos uma organização marxista revolucionária. Procuramos intervir nas lutas de classes com um programa anticapitalista, com o objetivo de criar o Partido Revolucionário dos Trabalhadores, a seção brasileira de uma nova Internacional Revolucionária. Só com um partido revolucionário, composto em sua maioria por mulheres e negros, é possível lutar pelo governo direto dos trabalhadores, como forma de abrir caminho até o socialismo.

sábado, 29 de dezembro de 2012

Reitoria da USP aproveita as férias para atacar os movimentos!


Fontes: PCO e SINTUSP

Reproduzimos aqui uma notícia dos companheiros do PCO e, logo depois, a declaração do SINTUSP. No recesso de final de ano, muitas organizações dão um intervalo no seu funcionamento e muitos militantes vão viajar. Por isso, precisamos mais ainda de DIVULGAÇÃO do que está acontecendo, e de SOLIDARIEDADE com os companheiros.


Covardia da burocracia universitária
Rodas derruba espaço estudantil na véspera do natal (PCO)

Espaço estudantil, antigo canil, é derrubado nesse sábado a mando de João Grandino Rodas. Como de costume ele ataca nas férias para tentar impedir a resistência

23 de dezembro de 2012

Nessa sábado, dia 22 de dezembro o espaço dos estudantes, canil, foi derrubado. Esse é mais um ataque de Rodas à organização dos estudantes.

As férias são escolhidas para fechar espaços, expulsar estudantes e demitir funcionários. A laje construída no prédio dos cursos de Ciências Sociais e Filosofia da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas) fechando um espaço dos estudantes foi construída nas férias.  O objetivo foi impedir o acesso ao porão local de atividades dos estudantes.

Em 2011, dia 17 de dezembro, foram eliminados (termo da ditadura militar em que o aluno não pode mais ter nenhum vínculo com a instituição) seis estudantes.

O pretexto para a destruição do local é a construção da “nova eca”. A comunidade universitária não tem sequer o conhecimento do que serão estas obras. Os critérios e prioridades evidentemente não são os da maioria da universidade como é possível constatar no caso da reforma da ECA (Escola de Comunicação e Artes) e Instituto de Relações Internacionais, que serão construídos onde estão os barracões, local em que ocorrem atividades culturais e encontro de grupos como o Núcleo de Consciência Negra.

Esses núcleos não serão deslocados para outro lugar, mas foram simplesmente expulsos.
O espaço dos estudantes localizado na ECA, o Canil, local que foi abandonado pela burocracia universitária e os estudantes ocuparam para fazer atividades culturais e debates. A ocupação foi realizada no dia 3 de maio de 2006. Sua demolição chegou a ser iniciada em 2010, mas foi impedida por um grupo de estudantes.

Desta vez Rodas conseguiu demolir o local. Circulam poucos estudantes nesse período e a notícia só foi divulgada após a sua destruição.

Os estudantes reivindicam o “fora Rodas” assim que este foi indicado.

Ele foi colocado no cargo mesmo sendo o segundo na lista feita pelo Conselho Universitáiro. Rodas foi indicado para privatizar a USP e todos os seus passos comprovam este fato. Ele demitiu funcionários, expulsou estudantes, lacrou e demoliu espaço dos estudantes.

Rodas tentar quebrar a resistência dos estudantes único setor capaz de barrar seu plano de colocar a USP nas mãos da iniciativa privada.


Comunicado à imprensa sobre resultado dos processos contra estudantes e trabalhadores da USP (SINTUSP)
 
 
Hoje (21), a Reitoria da USP soltou comunicado em seu site (http://www.usp.br/imprensa/?p=27261) informando o resultado dos trabalhos das Comissões Processantes nos casos da ocupação do Bloco G, em 2010, e da ocupação da Reitoria em 2011. As punições sugeridas pelas Comissões Processantes vão de repreensões por escrito até suspensões de 15 dias. Até o presente momento, nenhum estudante ou funcionário foi intimado individualmente, portanto não temos informações de quantos estudantes e funcionários serão punidos.

Também na manhã de hoje ocorreu reunião das entidades representativas das 3 categorias da USP (professores, funcionários e estudantes) com a Reitoria da USP para exigir que não houvesse nenhuma punição, onde o Reitor João Grandino Rodas afirmou apenas que acataria o parecer das Comissões Processantes. Diante deste comunicado da Reitoria a Diretoria Colegiada Plena do Sindicato dos Trabalhadores da USP exige a revogação imediata de toda e qualquer punição a estudantes e trabalhadores em vista de, como denunciamos desde o início, a Reitoria e o governo do estado de São Paulo terem patrocinado processos e sindicâncias autoritários e inquisitoriais que à luz do direito democrático são viciados e passíveis de nulidade.

Apesar de todo o vergonhoso processo, neste momento a Reitoria pune para não desmoralizar seu falso discurso de que os estudantes e funcionários da USP eram “vândalos”. Se a Reitoria, depois de toda a sanha persecutória não pode cumprir seus objetivos de demitir e expulsar os estudantes e funcionários que lutaram contra a ocupação policial na USP, foi devido à campanha democrática, política e jurídica, que levamos adiante, contando com o apoio ativo e militante de intelectuais, juristas, professores e personalidades.

A tarefa do movimento agora é não aceitar nenhuma destas novas punições e continuar na luta pela reintegração dos 8 estudantes expulsos, pela reintegração imediata de Claudionor Brandão (diretor do Sintusp), pela retirada de todos os processos contra estudantes e trabalhadores e pelo fim da perseguição política na USP, contando com personalidades, juristas, professores, intelectuais, estudantes, trabalhadores, entidades, movimentos sociais e de direitos humanos que estiveram ao nosso lado nessa luta contra a perseguição política na USP e pela anulação de todas as punições, pois aceitá-las seria sancionar que na universidade, o legítimo direito de manifestação e luta política dos estudantes, funcionários e professores sejam considerados “crimes de opinião” como nos tempos da ditadura militar, bem como o continuar exigindo a revogação do famigerado decreto do regime militar que dá guarida a esse regimento disciplinar autoritário, que a Reitoria utiliza para fundamentar os processos e sindicâncias que ainda vigoram contra estudantes, funcionários e toda a Diretoria de nosso Sindicato.

Diretoria Colegiada Plena do Sindicato dos Trabalhadores da USP

Contato: Diana Assunção (11-981988469), Neli Wada (11-9748822760) e Magno de Carvalho (11-989354529)
 
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sábado, 22 de dezembro de 2012

Apostila sobre a história do trotskismo no Brasil


Essa é a apostila que vamos usar no nosso minicurso sobre história do trotskismo no Brasil, que vamos fazer em janeiro. O objetivo não é esgotar o assunto, e sim abrir a discussão, por isso o formato em tópicos e as perguntas. Se você quiser participar, entre em contato pelo nosso email.






História do Trotskismo no Brasil


Pergunta para discussão:
Por que devemos estudar esse tema? Qual é a utilidade desse estudo para o CL hoje?


Proposta:
Vamos dividir a história das correntes trotskistas em sete ciclos, de acordo com os períodos históricos, mostrando quais são as questões principais e como elas foram respondidas pelas organizações.


1° Ciclo: 1927-1945

A burguesia industrial começa a luta pelo poder, contra o acordo do “café com leite” (MG-SP), dos latifundiários e exportadores. Isso leva à revolução de 1930, que coloca Vargas no poder. A partir de 1937, Vargas dá um golpe e ganha poderes ditatoriais (Estado Novo). 

O PCB é formado em 1922, a partir de anarquistas que seguiram o exemplo da revolução russa. Quando o PCB é reconhecido pela IC, em 1928, já é no contexto do stalinismo. Em 1922, acontece também a primeira revolta tenentista, expressando a revolta das camadas médias urbanas contra a república velha. A partir daí, o PCB começa a defender o protagonismo da pequena burguesia (e, depois de 1934, da burguesia nacional) na atual etapa da revolução brasileira.

A primeira org trotskista brasileira é o GBL (grupo comunista Lênin), formada em 1927 por Mário Pedrosa e João Costa Pimenta, entre outros, como seção brasileira da Oposição de Esquerda Internacional. Depois, o GBL vira LCI (Liga Comunista Internacional).

A LC ganhou controle de parte do trabalho sindical do PCB, sendo maior que o partido em SP, onde dirigia principalmente a federação dos gráficos. Eles também tentaram ganhar para o leninismo o próprio Prestes, que chegou a escrever um manifesto muito influenciado pela LCI, mas logo depois ele entrou no PCB.

Durante a revolução de 1930, em que a linha do PCB foi abstencionista, a LCI interviu defendendo a assembleia constituinte. E o foco principal da luta política da LCI foi o antifascismo, com o episódio da Batalha da Praça da Sé (1934), que destruiu a influência dos integralistas nas ruas.

Depois da repressão contra a ANL (a LCI tinha criticado o programa etapista da ANL e a sua ilusão na aliança com a burguesia nacional), em 1935, a LCI foi destruída. Logo depois, se reconstituiu como POL (partido operário leninista), já na ditadura Vargas.  Em 1939, se funde com a dissidência de SP do PCB, dirigida por Hermínio Sachetta, formando o PSR (partido socialista revolucionário). A ruptura do Schachtman em 1940 (que Mário Pedrosa apoiou) levou à crise o PSR. O Mário Pedrosa, em 1946, fundou o PSB.


2° Ciclo: 1945-1953

Um grande movimento democrático derruba a ditadura varguista, levando a um novo período democrático. No começo, o PCB é legalizado, com um programa completamente reformista de “união nacional”, chegando a eleger Prestes como senador, e tem 300 mil filiados. Já em 1947, Dutra coloca o partido na ilegalidade.

O PSR intervém, principalmente contra o peleguismo do PCB nos sindicatos, em defesa da frente única e das comissões de fábrica. Mas a crise da IV Internacional leva à dissolução do PSR, em 1958 (Sachetta participou do congresso de 1951 e foi contra Pablo, porque achava que a URSS e os países do Leste Europeu eram capitalistas de Estado). A partir daí, a seção brasileira da IV passa a ser o POR(T) (partido operário revolucionário trotskista), enquanto Sachetta funda a LSI (liga socialista internacionalista), com uma dúzia de militantes, que se considerava luxemburguista.


3° Ciclo: 1953-1968

Esse é o período do nacionalismo burguês no movimento de massas (O petróleo é nosso, reformas de base, a eleição do Jango), até o golpe de 1964. Depois de um curto período insurreicional (mas ainda etapista), de 1950 a 1958, o PCB passa a apoiar o trabalhismo como a fração da burguesia que poderia fazer a revolução democrática.

A partir de 1953, o POR(T) representou no Brasil as posições do BLA (Birô Latinoamericano do Secretariado Internacional de Pablo e Mandel), e de seu dirigente, J. Posadas. Houve uma capitulação cada vez maior a setores nacionalistas pequeno-burgueses (por exemplo, em 1963, o POR(T) exigiu que Brizola “rompesse com a burguesia pra tomar o poder”), o que levou a uma crise crescente no partido.

Apesar de tudo, o POR(T) teve o mérito de ter uma política para o movimento camponês, construindo as Ligas Camponesas no Nordeste, e defendendo a revolução agrária e o justiçamento dos latifundiários, contra toda a tradição do trotskismo brasileiro que, desde a LCI, via o campo como essencialmente capitalista, negando a questão camponesa. O POR(T) também participou dos Grupos de Onze, criados pelo Brizola para resistir ao golpe militar. 

No final desse ciclo, surgiram duas organizações revolucionárias não-trotskistas, a POLOP e o PCBR, que negavam a revolução por etapas e a via pacífica para o socialismo. Na formação do PCBR estava também o grupo de Sachetta, que na época já se chamava MCI. Da POLOP surgiu o POC (partido operário comunista), que foi a seção brasileira do SU depois de 1968, quando Posadas rompeu com o SU. Essas organizações, por causa da defesa da luta armada, cresceram muito mais que os grupos trotskistas da época, pelo menos até a segunda metade da década de 1970.


4° Ciclo: 1968-1978

São as dissidências do POR(T) que vão limpar o nome do trotskismo brasileiro. A Organização Comunista 1° de maio (SP), a Fração Bolchevique Trotskista (RS) e Dissidência do POR de Pernambuco resistiram a partir de 1968, à capitulação do POR aos nacionalistas, sempre criticando a guerrilha (que era a opção da maioria esmagadora da vanguarda) e intervindo no movimento sindical. Todos eles defendiam a reconstrução da IV internacional e se alinhavam internacionalmente com o lambertismo.

Em 1976 (quando a luta armada já tinha sido derrotada em todo o país), esses grupos se fundem e formam a OSI (organização socialista internacionalista), com mais de 2 mil militantes em plena clandestinidade, que foi a maior org trotskista brasileira até então. Ela defendia a assembleia constituinte como palavra de ordem contra a ditadura, e a formação de sindicatos paralelos à estrutura controlada pelo Estado. No movimento estudantil, formaram a Libelu (liberdade e luta) a maior corrente estudantil da época.

Ao mesmo tempo, surge em 1973, no exílio no Chile, o grupo Ponto de Partida, que se implanta no Brasil a partir de 1976, e que vai formar depois a Convergência Socialista.


5° Ciclo: 1978- 1989

Esse ciclo é marcado pelo ascenso generalizado que durou por todo o período, e que gerou o PT, a CUT e o MST. Podemos dizer que, em geral, todas as organizações se construíram por dentro do PT, e se adaptando a ele.

As correntes que se reivindicavam trotskistas do período foram:

- DS, seção brasileira do SU, que defendia o “PT estratégico” (=transformar o PT em partido revolucionário), o que a levou a estar no PT até hoje. A DS foi a corrente que mais incorporou as preocupações dos “novos movimentos sociais”, como o feminismo, o ecologismo, libertação gay, movimento negro etc.

- O Trabalho, seção da IV Internacional lambertista, que considera que estar no PT é parte da política de frente única operária. OT, ao contrário da DS, é obreirista e se constrói somente nos sindicatos e movimento estudantil.

- CS (convergência socialista), morenista, tem uma política de entrismo no PT, que a leva algumas vezes a atuar contra todas as outras correntes do partido.

- Causa Operária, racha do lambertismo, também fez entrismo, mas bem menor que as outras.  
Os posadistas, que continuaram a existir, como corrente do PT, mas muito pequena.

A participação no PT se comprometeu a partir da Frente Brasil Popular, em 1989. Como CO foi contra, eles foram expulsos no mesmo ano. A CS foi expulsa em 1992, por ser contra a posse de Itamar depois do Fora Collor.


6° Ciclo: 1989-2003

Durante todo um período, a questão principal para os trotskistas era estar ou não no PT (e qual a política a adotar em relação ao PT). Nesse período de refluxo generalizado e destruição da URSS e seu campo, a fragmentação das correntes trotskistas se acelera cada vez mais, gerando as correntes que vemos hoje (LBI, Rebento, FT-VP, POR, POM, LOI, LER, CST, MES, LSR, LQB etc), geralmente em setores marginais do movimento, fazendo oposição na CUT e na UNE. A CS vira PSTU e se torna o maior partido que se reivindica trotskista no Brasil e o terceiro maior no mundo (2200 militantes em 2002, hoje cerca de 1500). 

Então, todas as outras correntes têm a política do PSTU como referência de oposição, como é até hoje.

Ponto de discussão: você conhece essas orgs e suas políticas?


7°Ciclo: 2003-

O refluxo se acentua qualitativamente com o governo do PT. O governo leva a uma resolução da questão do PT para quase todas as correntes (inclusive é o motivo do racha da DS com o SU). Ao mesmo tempo, a política do PSTU de romper com a CUT e a UNE coloca mais essa polêmica entre as orgs, que continuam se fragmentando a partir dos rachas anteriores (MR, LC, EMPT, LM, CRQI etc).  A formação do PSOL, em que muitas dessas correntes participam, leva a uma divisão entre as mais à direita e as mais extremistas.

Ponto de discussão: o que fazer a partir da fragmentação atual? Como responder às polêmicas atuais à luz dos outros ciclos?


Sugestões de leitura:

Na Contracorrente da História. Fúlvio Abramos e Dainis Karepovs. Ed. Brasiliense. Reproduzido no site da LER: http://www.ler-qi.org/spip.php?rubrique157


À Esquerda da Esquerda. Murilo Leal. Ed Paz e Terra. Livro sobre o POR(T)

História das Tendências no Brasil. Antônio Ozaí da Silva. Proposta Editorial.

O PT e os marxismos da tradição trotskista. Antonio Ozaí da Silva. http://www.espacoacademico.com.br

/000/0trotskismo.htm
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domingo, 16 de dezembro de 2012

Sobre as correntes da oposição bancária (MNOB e FNOB)


Seguindo a sugestão do leitor e companheiro Luiz Guilherme, nós tiramos a caracterização sobre o MR do corpo do artigo (onde ela estava deslocada e parecia um ataque gratuito) e colocamos nos comentários, pra explicar a nossa visão sobre essa corrente, sobre a qual não tínhamos falado ainda aqui no blog.


Sobre as correntes da oposição bancária (MNOB e FNOB)

No começo do mês, aconteceu o V Encontro da Frente Nacional de Oposição Bancária, em Porto Alegre. Nós não pudemos participar do encontro junto com o Bancários de Base/SP, por problemas logísticos, mas vamos aproveitar a ocasião para falar um pouco sobre a situação das duas correntes nacionais de oposição na categoria.

Desde 2003, quando recomeçaram as greves de bancários depois de mais de dez anos de massacre neoliberal, o PSTU e outros grupos regionais romperam com a burocracia petista (na maioria dos sindicatos, existiam chapas únicas com todo mundo junto) e fundaram em 2004, em Xerém, o Movimento Nacional de Oposição Bancária (MNOB).

O MNOB foi fundamental para sustentar a greve de 2004, feita contra a orientação da Articulação (que queria aprovar o acordo de 8,5%). Mas o grande problema do movimento é que, por causa da ameaça constante de demissão nos bancos privados, a maior parte da categoria dificilmente conseguia fazer greve, e com isso não pôde ver na prática que é a Artsind. Isso deixava a grande maioria da base dos sindicatos isolada em relação à oposição. Por isso, depois de grandes encontros em 2004 e 2005, o MNOB começou a entrar em crise, já que não conseguiu ganhar a direção de nenhum sindicato, o que era um passo necessário para polarizar com o PT nacionalmente.

Conforme o MNOB foi diminuindo, o PSTU, que sempre foi desproporcionalmente maior que as outras forças (CST, Oposição Operária, LBI etc), passou a ter um controle cada vez maior sobre o movimento, e começou com a sua prática tradicional de aparelhar.  Como nós não espalhamos o discurso antipartido como outras correntes fazem, vamos deixar bem claro o que entendemos como aparelhamento:

- as reuniões não tinham periodicidade, só eram convocadas quando o PSTU queria
- algumas posições eram reproduzidas direto do PSTU ou da CONLUTAS, sem serem aprovadas no MNOB, passando o rodo nos grupos menores
- as chapas para eleições sindicais eram formadas direto pelo PSTU, sem consulta a outros setores, que muitas vezes dividia o MNOB em duas chapas na mesma eleição

Isso levou, à ruptura de todas as outras correntes, no encontro de Brasília, em 2007, com o argumento de que o PSTU defendia a participação nos fóruns da CONTRAF (confederação nacional dos trabalhadores do ramo financeiro). Aliás, nesse ponto o PSTU estava certo!

A partir de 2007, o MNOB passa a ser na prática a corrente do PSTU na categoria. Ao mesmo tempo, os sindicatos do Maranhão (dirigido pelo PSOL) e de Rio Grande do Norte (em que a direção tinha recém rompido com o PSTU) se juntaram com outras associações (AFBNB - Associação de Funcionários do Banco do Nordeste, AEBA - Associação dos Empregados do Banco da Amazônia, ANBERR - Associação Nacional dos Beneficiários do Reg e Replan/CEF) e coletivos como o Bancários de Base/SP, Bancários de Base/RS e UCS/PE, por fora do MNOB, mas ainda sem romper com ele publicamente.

A ruptura só aconteceu em 2010, quando eles formam a FNOB. O conteúdo da ruptura fica claro: é uma ruptura de aparato, defendendo uma oposição sectária e de aparato contra a CONTRAF. É importante ver que o sindicato do Rio Grande do Norte, dirigido pelo MR, é a maior força na FNOB.

O MR (Movimento Revolucionário) é um racha de 2007 do PSTU, que tem como característica principal levar até as últimas consequências as políticas centristas e/ou burocráticas do PSTU. Ao mesmo tempo em que falam de política revolucionária nos sindicatos, a atuação deles é baseada em reivindicações econômicas imediatas, como pode ser visto facilmente pelo site do sindicato dos bancários do Rio Grande do Norte.


Mas isso não quer dizer que a FNOB não serve pra nada. Ela tem vários militantes históricos da categoria, e provavelmente está presente em mais estados que o MNOB. Numa situação em que ainda não existe nenhuma corrente com um programa classista, que combine as lutas imediatas com palavras de ordem que rompem com o sistema (incorporação imediata dos terceirizados, formação de comissões de empresas nos bancos privados, transformação da PLR em aumento de salário, estabilidade nos bancos privados etc), devemos participar dos fóruns da FNOB e do MNOB, sempre que existirem trabalhadores de base neles. Assim, podemos ajudar na construção das campanhas deles e dar mais passos para construir uma corrente com um programa socialista.


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sábado, 15 de dezembro de 2012

Renovar pela Luta: Boletim para a Conferência Educacional da APEOESP


Reproduzimos aqui um dos boletins da Renovar pela Luta, que éuma corrente sindical dos professores de São Paulo, formada pelo Espaço Socialista e militantes independentes.Nós temos acordo com ela, porque ela corretamente liga a questão da educação com a necessidade da luta contra o capitalismo.


Boletim Renovar pela Luta
Edição Especial - V Conferência Educacional da APEOESP - nov./2012

renovarpelaluta.blogspot.com.br
renovarpl@yahoo.com.br


Por uma nova Educação a serviço dos trabalhadores e seus filhos


Últimas medidas dos Governos Estadual e Federal

- reajuste salarial insuficiente e parcelado em 4 anos!
- divisão das férias!
- terceirização/privatização de ensino técnico precário!
- precarização de salários, da contratação (categoria “O”) e da situação das escolas!
- plano de carreira meritocrático!
- intensificação da cobrança, trabalho e assédio moral sobre os professores!
- escolas de tempo integral/atribuição por perfil!
- reestruturação curricular do ensino médio!
- ensino médio inovador – jovem de futuro!
- municipalização (Fundeb)!

A essência dessas medidas é privilegiar/favorecer alguns, em detrimento da maioria, numa política educacional que precariza, hierarquiza e estratifica redes de ensino, escolas, professores e
alunos, com:
- escolas de “periferia” como local de contenção de problemas sociais (violência, miséria, drogas);
- escolas mais centralizadas com educação um pouco melhor (vitrines);
- monopólio de educação qualificada por escolas privadas, visando lucro, vendendo-a como
mercadoria, gerando reserva de postos de trabalho qualificados às elites.

Trata-se de um processo de hierarquização/estratificação da educação, transformada em mercadoria – e não em direito social de todos –, justificado pela individualização de questões sociais, expressa na ideologia/discurso/política do mérito, o sucesso/fracasso e desempenho individual como causa e solução dos problemas. Na prática, intensifica trabalho e cobrança sobre professores, mantém a precarização e o caos social. Passamos por um momento de investimento mínimo x cobrança máxima, ligado a políticas mundiais neoliberais (FMI, ONU), baseadas na redução de custos sociais do Estado, deslocando recursos às empresas, de várias formas: formação de mão de obra precária e de baixo custo; obras (Rodoanel, Copa, Olimpíadas); empréstimos e isenções; parcerias público-privadas e privatizações de serviços públicos (Educação, Saúde, Moradia). O governo federal recusa-se a investir 10% do PIB em Educação (investe menos de 5%), mas desloca 49% aos juros de dívidas internas e externas.

Esta política liga-se ao sistema social capitalista em crise estrutural, que se mantém e se valoriza cada vez
mais às custas dos trabalhadores, sociedade, meio-ambiente, gerando crise, caos, miséria, violência e barbárie social crescentes.

A Educação faz parte da sociedade, compartilha seus conflitos e contradições. As causas e soluções do caos nas escolas estão muito além de seus espaços internos, pois fazem parte de problemas sociais mais amplos, que demandam políticas sociais que intervenham na miséria, violência, drogas, criminalidade, etc;
mudanças na sociedade como um todo, buscando um sistema sob controle social, a serviço de interesses/necessidades sociais e humanas, e não a serviço e sob controle do capital, das empresas e, do
mercado.


Por um movimento político/social amplo em defesa de outro projeto de Educação Pública de qualidade para todos

É urgente construirmos um movimento político/social amplo (como no Chile) contra o projeto/política
educacional/social do(s) governo(s) e capital(is), e não apenas contra seus aspectos isolados, como arrocho
salarial, mérito ou bônus.

A direção da APEOESP (ArtSind/CUT/PT) não atende essa necessidade, pois: 1) tem acordo com a política educacional vigente, ainda que não admita, pois, na prática não mobiliza a categoria; 2) usa a estrutura sindical para fins pessoais (de burocratas) e/ou partidários (construção da corrente e/ou partido),
secundarizando o movimento e as necessidades dos professores.

Além disso, as maiores correntes de oposição que atuam na APEOESP, mesmo contrapondo-se à política vigente, não atendem às necessidades existentes, já que limitam-se a um sindicalismo imediatista, contrapondo-se a aspectos isolados/restritos dos ataques dos governos, em busca de reformas/melhoras, sem combater a raiz dos problemas, que é o capital em crise, que não permite reformas expressivas.
Também priorizam o uso político-partidário das estruturas do sindicato, secundarizando o movimento e necessidades dos professores. 


Os principais setores de oposição acomodam-se à imobilidade da ArtSind e ao sindicalismo tradicional. A distância da categoria e ausência de iniciativa são notáveis, pois criticam a ArtSind, mas não realizam prática realmente distinta e independente, que mobilize a categoria.

Nós do Renovar Pela Luta! consideramos que só poderemos nos contrapor ao projeto educacional/social do(s) governo(s) e capital(is), envolvendo a sociedade como um todo (alunos, pais, trabalhadores) num movimento político/social em defesa de outro projeto de Educação e sociedade, que envolva e transcenda demandas isoladas da categoria, em busca de uma Educação Pública de qualidade para todos, voltada à formação de indivíduos críticos, competentes, conscientes, capazes de intervir na sociedade capitalista em
crise estrutural - que compromete a própria existência humana -, em busca de uma sociedade livre, auto-determinada, baseada no controle social da produção, nos interesses sociais e humanos, e não do
mercado e do capital. A concepção e prática do Renovar Pela Luta! distingue-se das demais
correntes sindicais e políticas ao seguir nesse sentido, como mostram nossas propostas e ações concretas:

- campanhas de denúncia/esclarecimento do projeto educacional dos governos, por vários meios de comunicação, como faixas, cartazes, boletins, cartas abertas, carros de som, internet (Facebook, listas de e-mail), questionários, reuniões de discussão/formação sindical e política;

- apoio, participação, envolvimento, integração de professores, alunos, comunidade e demais trabalhadores nas assembleias, atos, lutas, encontros, reuniões e atividades sindicais do movimento;

- acompanhamento, denúncia, medidas contra problemas nas escolas como abusos, pressões, ameaças, assédio moral e violação de direitos, estimulando e respaldando grupos de resistência nas escolas;

- atos e campanhas específicos, por exemplo, contra a responsabilização de professores pelos problemas educacionais como forma de não investimento em Educação Pública, inclusive com atos nas D.E.s;

- apoio, interação e solidariedade concreta a lutas dos trabalhadores contra a política neoliberal (greve dos CorreiosCorreios, funcionalismo público federal, ocupação “Novo Pinheirinho” do MTST, campanha contra a usina Belo Monte e morte dos Guarani-Kaiowá, morte massiva da população negra residente na periferia);

- desenvolvimento de atividades artísticopolítico-culturais, como estímulo ao desenvolvimento de iniciativas e produções autônomas e livres, alternativas ao caos educacional/social prevalecente nas escolas,
favorecendo a integração entre militantes, professores, estudantes, comunidade, movimentos distintos, etc.

Somente a mobilização, organização e luta concreta da população trabalhadora no sentido da superação do
capitalismo, por uma sociedade baseada na igualdade, liberdade e auto-determinação humana, podem eliminar o caos e barbárie social, estabelecendo o controle social e aproveitamento coletivo e sustentável da produção sóciohistórico-tecnológica, legada pela humanidade até hoje.

Cabe a todos nós assumirmos esse “desafio e fardo” do nosso “tempo histórico”!

Se você compartilha nossas ideias e práticas, entre em contato, participe, construa

trabalhadores e seus filhos!
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quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Modificada a data do VII Congresso da FIST: 13/01


Convidamos a todos para o VII Congresso da FIST, que acontecerá no dia
13/01/2013 (domingo), das 8h às 21h, no SindiJustiça, Trav. do Paço,
nº 23 - 13o andar - fundos da Igreja São Jose, proximo ao Forum.


*Programação:*

9h às 12h – Mesa de abertura com as entidades.

12h30 – Palestra da Campanha “O Petróleo Tem que Ser Nosso”.

12h30 às 13h – Palestra sobre remoções e despejos com André de Paula.

13h às 14h – Almoço

14h às 18h – Relato das ocupações e julgamento dos recursos das ocupações
desligadas de nossa entidade.

18h às 21h – Momento cultural e festa de encerramento, quando cada um
deverá trazer algo de comer ou beber.

 Saudações fraternas,

Frente Internacionalista dos Sem Teto


P.s.: A reunião preparatória para o evento acontecerá no próximo dia
06/01/2013, às 16 horas na sede da FIST, Avenida Presidente Vargas,
590/702.

Solicitamos contribuição dos Sindicatos e Entidades para ajudar nas
despesas do Congresso que está orçado em R$ 4.000,00, entre ônibus
fretados de Campo Grande, Niterói, além de passagens avulsas,
pagamento das quentinhas e pagamento de R$ 400,00 para os funcionários
do Sindicato que trabalharão nesse dia.
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domingo, 9 de dezembro de 2012

Fórum contra o aumento da passagem


Eduardo Paes, o prefeito dos empresários e dos bancos, já anunciou mais um ataque a população trabalhadora da cidade do Rio de Janeiro. Está previsto em mais um dos seus decretos criminosos, um aumento da passagem no dia 02 de Janeiro.

Mais uma tática para fazer o povo engolir mais fácil os desaforos de um governo assassino e corrupto. A população ainda vai estar festejando o Ano Novo, e vai receber esse presentão. A passagem que já custa absurdos R$2,75, vai passar para R$3,05.

Ainda assim, há uma saída. Muitas correntes dos movimentos sociais do Rio de Janeiro, principalmente do setor estudantil, estão compondo um fórum permanente para a luta contra o aumento da passagem. E mesmo com o Governo e os milionários dando risada da cara do povo, ainda podemos mostrar que a classe trabalhadora tem o poder de cancelar essas medidas criminosas que só servem para limitar cada vez mais os direitos de quem é pobre. Precisamos nos organizar para lutar e barrar esse aumento da passagem. Deixar claro, de uma vez por todas, que estamos fartos de ser humilhados e que não vamos mais aceitar desaforos como esse.

O Coletivo Lenin e a Juventude em Luta têm intervido nos atos; como o último ato por exemplo, que ocorreu no dia 29/11 na Avenida Rio Branco do Centro da Cidade e contou com a presença de quase 500 pessoas. Além disso estão acontecendo atividades de propaganda, formação, e plenárias para organizar o fórum. A última foi no dia 06/12.  A próxima atividade está marcada para o dia 17/12, às 18h30min, no IFCS (campus da UFRJ), localizado no Largo São Francisco de Paula, no centro da cidade, próximo a praça Tiradentes.

Nosso material de agitação pode ser conferido nesse link.

E na página do facebook do fórum.

As plenárias e atos são de caráter aberto. Basta ser contra mais esse abuso do Governo com os trabalhadores e estudantes, estar disposto a lutar contra o aumento da passagem para se lançar nessa caminhada por um sistema de transporte de verdade, sob controle dos trabalhadores
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sábado, 8 de dezembro de 2012

Considerações sobre o PT (Nova Dialética)


Reproduzimos aqui esse artigo do blog do companheiro Tejo, militante trotskista do PCB. Nós fundimos as duas partes em uma, e reproduzimos aqui nosso comentário sobre uma crítica que ele faz ao CL.


Considerações sobre o PT - I


Temos necessidade de rótulos. E isso não é ruim, na medida em que nos ajude na tarefa de compreender o mundo. O problema é quando o rótulo se torna mais importante que a coisa rotulada; é quando o significante não corresponde mais ao significado, mas nos recusamos a disassociá-los. É aquele trecho do "Romeu e Julieta" de Shakespeare: se "rosa", a flor, tivesse outro nome, continuaria exalando o mesmo perfume. Poderíamos chamá-la de qualquer outra forma. Mas se "rosa", o termo, se refere para nós àquela flor que exala perfume, não podemos chamar assim aos, digamos, cactos. Que, mesmo chamados de "rosas", continuarão verdes, ásperos e espinhosos.

Esses jogos terminológicos costumam confundir muito na política, quando se dá ao nome mais importância que à prática concreta. Olhem a sopa de letrinhas partidária brasileira: "democracia", "popular", "social" etc. abundam nas siglas, sem que haja a menor correlação fática entre o nome e a práxis. Daí se banaliza o conceito: muda-se o nome e, como a rosa de Shakespeare, o partido continuará sendo a mesma coisa. O "Partido Democrático Popular" é o mesmo "Partido Social Popular", que... em nada se diferencia do "Partido Popular da Democracia Social". As combinações são infinitas.

O lulodilmismo também se insere na tradição de estelionato terminológico. Por ser "Partido dos Trabalhadores", pensou-se (eu inclusive, em 2002) que o PT governaria, oras, para os trabalhadores. Ledo engano: não foi apenas o governo da reforma da previdência, da cooptação dos movimentos sociais, da lei de falências pró-banqueiros, das PPP's, da manutenção dos leilões do petróleo; foi também o governo em que o tema da flexibilização dos direitos trabalhistas voltou à ordem do dia. Por um lado uma tradição com raízes na classe operária, com afinidade com o campo progressista internacional; por outro a prática fomentadora do Capital -financeiro principalmente- e o reconhecimento, na figura de Lula, por parte de Obama, de ser "O Cara". Eis armada a confusão em corações e mentes. Causa estranheza, mas apenas para aqueles que não compreendem o caráter do bonapartismo.

Durante algum tempo, fiquei inclinado a considerar acertada a análise do governo petista como sendo uma frente popular. É como a Liga Bolchevique Internacionalista o define, por exemplo. Mas há problemas nessa caracterização. A frente popular consiste no enfrentamento ao fascismo mediante a conciliação entre partidos operários e burgueses, formulação através de Dimitrov a partir do VII Congresso da Internacional Comunista. Foi o giro do stalinismo à direita, após a fase ultraesquerdista do terceiro período:

The new perspective [i.e., a frente popular] called for wide-ranging and frankly class collaborationist alliances. It sought to defeat fascism by building electoral coalitions between Communists, Social Democrats, and pro-capitalist liberals (...)

Apud Paul Le Blanc e Kunal Chattopadhyay, "Workers' United Front: Against Fascism and Reformism". É diferente portanto da frente única, alianças com organismos de massa reformistas e socialdemocratas, mas sempre no campo operário.

Caracterizar o lulodilmismo como uma frente popular pressupõe, portanto, o colaboracionismo entre setores operários e burgueses. Que a burguesia está no governo, não há dúvidas; a dúvida surge quando é preciso apontar setores operários no governo. Aceitemos que haja setores da classe trabalhadora na sua base de sustentação, como a CUT e a CTB, por exemplo. Não importa agora se são cooptados e/ou se representam a aristocracia sindical- veremos isso a seguir. Basta que aceitemos, por ora, essas centrais como elementos operários de apoio ao governo. Vejamos: apoiar o governo não significa ter participação e, muito menos, ter influência nele. Vale dizer: a frente popular, por ter como característica a colaboração de classes, requer atuação ativa dos atores envolvidos; o papel coadjuvante pode ser lançado a um lado ou outro, mas de modo cambiante, conforme a situação concreta. Se os setores operários governistas vão a reboque, não se pode falar em frente popular. É evidente que em toda e qualquer frente popular a classe trabalhadora sairá prejudicada: colaborar com a classe dominante jamais ajudará a classe dominada. Daí Trotsky dizer (aqui):

Os teóricos da Frente Popular não vão, no fundo, além da primeira regra da aritmética, a da adição: a soma dos comunistas, dos socialistas, dos anarquistas e dos liberais é superior a cada um dos termos desta soma. No entanto, a aritmética não é suficiente neste caso. É necessário utilizar, no mínimo, a mecânica: a lei do paralelogramo de forças verifica-se inclusive na política. A resultante é, como se diz, tanto menor quanto mais as forças divergem entre si. Quando os aliados políticos puxam em direções opostas a resultante é igual a zero. O bloco dos diferentes agrupamentos políticos da classe operária é absolutamente necessário para resolver as tarefas comuns. Em determinadas circunstâncias histórias, onde um bloco como este é capaz de arrastar para si as massas pequeno-burguesas oprimidas cujos interesses são próximos dos do proletariado, a força comum de tal bloco pode mostrar-se muito maior que a resultante das forças que o constituem. Ao contrário, a aliança do proletariado com a burguesia, cujos interesses, no momento atual, nas questões fundamentais, formam um ângulo de 180 graus, não pode, via de regra, mais que paralisar a força revolucionária do proletariado.

Mesmo derrotados de antemão, os setores operários, em qualquer frente popular, participam em igualdade (ou semiigualdade, que seja) formal. Por sua vez, o grau e o teor da colaboração dependerão, como dito, da situação concreta. Parece-me, então, que os setores operários da base de apoio ao governo têm papel muito mais que secundário, sendo verdadeiros figurantes nos rumos da vida política. Ao contrário, portanto, dos apadrinhados do BNDES, da FEBRABAN, Eike Batista et caterva. Quanto aos setores sociais do campo, também não recebem melhor tratamento do lulodilmismo, vide a pouca influência do MST que, aliás, não é de hoje tem demonstrado sinais de descontentamento com o governo. Afinal, "a reforma agrária não faz parte da pauta do governo Dilma, não faz parte da política do PT" ("Reforma Agrária parada: governo federal assentou apenas 6 mil famílias em 2011", aqui).

Pode-se alegar, então, em socorro da tese da frente popular, que há partidos operários na base de sustentação. Mas também no viés puramente partidário a tese não se sustenta- salvo se considerarmos PCdoB, PSB e PDT partidos operários. Mas tanto em conteúdo programático (o PCdoB inclusive, que, apesar do nome "comunista", defende em seus documentos um nacionaldesenvolvimentismo rasteiro) quanto, principalmente, na prática, são partidos socialdemocratas, senão social-liberais, que é nada mais nada menos que o neoliberalismo mitigado. A socialdemocracia é a ala esquerda do capitalismo, e isso significa ainda ser capitalista. Há sectarismo em dizer isso? Em absoluto, basta que se recorde Lênin em Que fazer?:

(...) o problema coloca-se exclusivamente assim: ideologia burguesa ou ideologia socialista. Não há meio-termo (pois a humanidade não elaborou uma "terceira" ideologia; e, além disso, em uma sociedade dilacerada pelos antagonismos de classe não seria possível existir uma ideologia à margem ou acima dessas classes). Por isso, toda diminuição da ideologia socialista, todo distanciamento dela implica o fortalecimento da ideologia burguesa.

O partido que não traz a radicalidade, mas, ao contrário, propõe melhorias e reformas é um partido do sistema. Como tal, não pode ser operário, sendo o sistema burguês. Na sociedade dividida em classes, ficar em cima do muro é endossar a classe dominante. Isso não quer dizer, naturalmente, que não haja revolucionários sinceros ainda dentro de tais partidos. A insistência na legenda, porém, é mostra -eu falo em revolucionários sinceros- de descolamento da realidade, às raias da ingenuidade. Não basta sinceridade se o método, a ferramenta, é ruim.

Há o caso das correntes entristas. Revolucionárias, ainda que em tese, disputando internamente a organização reformista. Seria o caso da Esquerda Marxista (corrente brasileira da IMT de Alan Woods) e a "O Trabalho", da qual aliás a EM é dissidência, ambas dentro do PT. Mas não me parece decididamente o entrismo trotskyano, e sim sua degeneração pablista. Em todo caso: possuir algumas tendências revolucionárias não faz de um partido revolucionário. Também aqui a influência das correntes revolucionárias/ operárias é mínimo, para que se pudesse dar outra caracterização ao PT.

Se não há participação da classe trabalhadora, ou se há de forma meramente infinitesimal, não estamos diante de uma frente popular. É um governo pura e simplesmente de direita. E tal definição se estende ao partido que está à testa, o PT. Considerá-lo um partido operário é absurdo; um "partido burguês operário", ou "operário burguês", como chegou a defender o Coletivo Lênin (aqui), é de uma teratologia gritante (tal como seria um "Partido Capitalista Comunista" ou "Comunista Capitalista"). A melhor caracterização, penso eu, é a da Liga Comunista: partido burguês com influência de massas ("O caráter de classe do PT e a tarefa dos revolucionário", aqui).

É evidente que a caracterização do PT como um partido burguês com influência de massas é adequada. Jamais, desde sua origem, foi concebido como uma partido socialista revolucionário; o que havia -e isso é coisa bem diferente- eram tendências revolucionárias, mas jamais a ponto de constituirem um todo homogêneo, e mesmo essas tendências eram minoritárias. Lincoln Secco ("História do PT. 1978- 2010", Ateliê Editorial), nesse sentido, destaca "que o PT surgiu de pelo menos seis fontes diversas", a saber: o novo sindicalismo, Igreja Católica, egressos do MDB, intelectuais liberais, organizações trotskystas (fazendo entrismo) e remanescentes da luta armada. Esse balaio de gatos não poderia dar boa coisa, culminando com a adesão pura e cabal à direita ao longo dos anos 90 com a ascensão do grupo de Lula e Dirceu e a submissão acrítica à institucionalidade burguesa.

Ter influência de massas, porém, dá um plus (ou um "plus a mais", sic, como dizia um professor meu, promotor de justiça) ao PT, uma vantagem em relação aos demais partidos burgueses. Afinal, essa influência de massas habilita o PT a implementar ataques à classe trabalhadora que a direita tradicional (sem tal influência) não conseguiria. A Reforma da Previdência de 2003 é só um exemplo. Com os movimentos sociais manietados, encontra o caminho livre, ao contrário do que se daria sob o demotucanato.

Essa influência sobre massas, portanto, dá ao PT um poder muito mais nocivo. É como o falso amigo, em quem acreditamos poder confiar; o "amigo" vai nos destruindo insidiosamente e, quando caímos na real, é tarde. Diferentemente do inimigo direto, de quem desde já nada de bom esperamos, e portanto contra o qual já estamos preparados. Eleitoralmente, isso nos leva a uma pergunta retórica: sendo o "falso amigo" PT, pelo exposto, mais prejudicial que a direita clássica, é melhor a vitória desta àquele? Claro que não. Que percam ambos. Os marxistas revolucionários devem combater tanto os inimigos quanto os falsos amigos da classe trabalhadora. Nem um nem outro merecem a menor confiança. Setores progressistas costumam considerar os candidatos petistas como sendo o "mal menor", portanto devendo ser apoiados, "sem ilusões" (sic), nos embates com o demotucanato. Já eu penso que

a sociedade brasileira deve ultrapassar essa cultura deletéria de votar no menos ruim, como se isso fosse melhorar a vida do povo. O voto útil (...) é um instrumento deseducativo, rebaixa a política e tende a consolidar projetos que já perderam há muito tempo o compromisso com as transformações sociais.

("Nota política do PCB-SP sobre o segundo turno em São Paulo", 14/ 10/ 2012. Íntegra aqui).

Avancemos: ter tal influência nas massas dá ao PT claro caráter bonapartista.

O bonapartismo clássico (ou "cesarismo", mas levando em conta a impropriedade do termo, pois, na Roma antiga, tratava-se da disputa entre as facções de cidadãos ricos livres, deixando de fora as grandes massas da população) pode ser caracterizado como um governo, em regra baseados nas forças armadas, geralmente com um líder carismático, servindo como "árbitro" da luta de classes -se colocando acima delas- em um momento de instabilidade institucional. Analisando a França do início dos anos 30, Trotsky ("Bonapartism and Fascism", aqui) coloca a questão, com grifos meus:

Thanks to the relative equilibrium between the camp of counterrevolution which attacks and the camp of the revolution which defends itself, thanks to their temporary mutual neutralization, the axis of power has been raised above the classes and above their parliamentary representation. It was necessary to seek the head of the government outside of parliament and “outside the parties.” The head of the government has called two generals to his aid. This trinity has supported itself on its right and its left by symmetrically arranged parliamentary hostages. The government does not appear as an executive organ of the parliamentary majority, but as a judge-arbiter between two camps in struggle.

A government which raises itself above the nation is not, however, suspended in air. The true axis of the present government passes through the police, the bureaucracy, the military clique. It is a military-police dictatorship with which we are confronted, barely concealed with the decorations of parliamentarism. But a government of the saber as the judge arbiter of the nation – that’s just what Bonapartism is.

(Ainda a propósito do conceito ver, dentre outros, "O fenômeno da 'autonomização relativa do Estado' em Trotsky e Gramsci: 'bonapartismo' e 'cesarismo'", de Felipe Demier, aqui).

Ora: não é exatamente como árbitro da luta de classes que o lulodilmismo se comporta? Lula recebe os sem-terra e coloca bonézinho do MST. Fala in continenti ao agronegócio, e diz que os usineiros são herois. E é aplaudido por ambas as plateias. Serve a Deus e ao diabo, o lulodilmismo, uma vela em cada altar. Lincoln Secco, na obra que cito acima, traz passagens emblemáticas. O grifo é meu:

O Governo também contornou a luta de classes ao internalizar os conflitos sociais no aparelho de Estado, dando ministérios tanto aos representantes do capital quanto (pela primeira vez) aos representantes do trabalho (p.206)

O Governo Lula deu autonomia operacional ao Banco Central, seguindo a expectativa dos investidores do mercado financeiro e de governos estrangeiros, assim o lulismo pode ser definido como a forma política em que se movimenta uma contraditória aliança de classes conquistada pelos valores da estabilidade social e monetária simultaneamente. (p.243)

No mesmo sentido, Antonio Carlos Mazzeo, do Comitê Central do PCB (apud "O PT Como 'partido orgânico' da modernização capitalista brasileira - breves notas", aqui):

O PT transforma-se em Partido da Ordem (do capital) e Lula num líder demagógico de conciliação e cooptação de classe e de caráter bonapartista.

O lulodilmismo, enfim, como árbitro da luta de classes, acima delas, agradando a gregos e troianos. Lula "nunca foi de esquerda", palavras do próprio, e repete orgulhoso que nunca os empresários ganharam tanto quanto em seu governo; ao mesmo tempo fala à classe trabalhadora e distribui medidas compensatórias à vontade.

Aliás: o "bolsa-família" aparece no "18 Brumário de Luís Bonaparte". Com a palavra, Marx:

Dinheiro como dádiva e dinheiro como empréstimo, era com perspectivas como essas que esperava atrair as massas. Donativos e empréstimos- resume-se nisso a ciência financeira do lumpemproletariado, tanto de alto como de baixo nível. Essas eram as únicas alavancas que Bonaparte sabia movimentar. Nunca um pretendente especulou mais vulgarmente com a vulgaridade das massas.

Qualquer semelhança não é mera coincidência.

Das definições dadas acima, se verifica, naturalmente, que o caso brasileiro não constitui um bonapartismo "clássico". Por exemplo, não há que se falar em instabilidade por luta de classes acirrada, tampouco se verifica uma proeminência dos estratos militares. Isso não afasta, porém, o caráter bonapartista do lulodilmismo. Quando muito, pode-se adotar a definição de semibonapartista, em busca de maior exatidão. Mas fica a crítica de Trotsky aos doutrinários, n'"A revolução traída", sobre como nem sempre os fenômenos sociais têm contornos precisos.

O bonapartismo, como diz Trotsky, representa sempre e em todas as épocas os exploradores. A "imparcialidade" do árbitro é sempre ilusória; representa a interesses bem definidos pois não pode, na sociedade de classes, existir nada que seja de fato "acima" delas. O bonapartismo lulodilmista não é exceção: e basta que se observe qual classe foi a maior beneficiada nos últimos anos (lembrando que já estamos na metade final do governo de Dilma). Quanto aos trabalhadores, migalhas e reformas pontuais.
 
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Vida Longa para o ECLA!


Fonte: Espaço Socialista

O ECLA (Espaço Cultural Latinoamericano), de São Paulo, é um bar e centro cultural que organiza e participa de várias atividades de esquerda. Nós participamos, com eles, do Comitê Antiimperialista, que realizou uma manifestação no Rio de Janeiro contra a recolonização da Líbia. Os companheiros têm sido perseguidos pela prefeitura, que usa uma interpretação linha-dura da Lei do Silêncio pra proibir e multar as atividades deles.

Além disso, as dívidas que o ECLA acumulou podem levar o bar a falir, o que significaria o fim de um importante espaço de resistência cultural e política de São Paulo. Reproduzimos a campanha dos companheiros, nõa vamos poder ir a São Paulo, mas vamos contribuir para que o ECLA continue como alternativa cultural:




Companheir@s, 

O ECLA-Espaço Cultural Latino Americano, nesses últimos 3 anos cumpriu um papel dos mais importantes na luta da esquerda na cidade de São Paulo, estado e no Brasil. Tornou-se símbolo agregador e de resistência dessa luta que travamos contra o capital, que não tem sido fácil.

Claro, sabemos que para sustentar essas posições não é fácil,os frequentes ataques sofrido, com a legislação higienista e comportamental, além dos ataques contra a juventude trabalhadora em particular a negra, atingiu
 o ECLA em cheio.

Sim o espaço já vinha passando por dificuldades e aqueles que constroem o ECLA, também estava pensando como superar essa situação, porém a vida como ela é, no capitalismo, cobra seu preço e até dia 20 e dezembro o ECLA tem uma divida de 20 mil para pagar , esse é o fato, se não, perderemos esse espaço que tem agregado blocos, comitês, saraus,núcleos, coletivos, comunistas, socialistas, anarquistas, militantes , boêmios e tantos outros que tem ousado lutar!

Por isso, para esse dia é importante que todos os grupos que frequentam o ECLA, estejam presente , levando a sua contribuição financeira e idéias que podem ser públicas ou privada (para Vilma e Claudimar), o importante é que todos possam ir e principalmente, como já falei, gastar bastante e contribuir bastante para que possamos permitir que o ECLA viva em nossas lutas e sonho para uma sociedade que tantos desejamos!

DIA 11 DE DEZEMBRO, ÀS 18:00, NA RUA DA ABOLIÇÃO, Nº 244, SÃO PAULO


Para contribuição dos que não irão

ESPAÇO CULTURAL LATINO AMERICANO
Caixa Econômica Federal
Agencia: 3097 - POUPANÇA
op. 013 - Conta número: 3444-3"
CNPJ 12.314.401/0001-03
  
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segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Convite para o VII Congresso da FIST


Convidamos a todos para o VII Congresso da FIST, que acontecerá no dia 16/12 (domingo), das 8h às 21h, no Sindipetro -RJ, Avenida Passos, nº 34, Centro -RJ ( próximo à Praça Tiradentes).

Programação:
9h às 12h – Mesa de abertura com as entidades.
12h30 – Palestra da Campanha “O Petróleo Tem que Ser Nosso”.
12h30 às 13h – Palestra sobre remoções e despejos com André de Paula.
13h às 14h – Almoço
14h às 18h – Relato das ocupações e julgamento dos recursos das ocupações desligadas de nossa entidade.
18h às 21h – Momento cultural e festa de encerramento, quando cada um deverá trazer algo de comer ou beber.

Saudações fraternas,
 

Frente Internacionalista dos Sem Teto


P.s.: A reunião preparatória para o evento acontecerá no próximo domingo, dia 09/12, às 16 horas na sede da FIST, Avenida Presidente Vargas, 590/702.
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