Sobre linchamentos e a Ku Klux Klan
Ho Chi Minh (1924)
É um fato conhecido que a raça negra é a mais oprimida e explorada
da família humana. É um fato conhecido que a expansão do capitalismo e a
descoberta do Novo Mundo tiveram como resultado imediato o renascimento da
escravidão, que foi, durante séculos, um flagelo para os negros e uma
vergonha amarga para a humanidade. O que talvez nem todos saibam é que,
depois de 65 anos da chamada emancipação, os negros americanos ainda suportam
sofrimentos morais e materiais atrozes, dos quais o mais cruel e horrível é o
costume do linchamento.
A palavra "linchamento" vem de Lynch. Lynch era o nome de um fazendeiro na Virgínia, um latifundiário e juiz. Valendo-se dos problemas da Guerra da Independência, ele tomou o controle de todo o distrito em suas mãos. Ele infligiu o castigo mais selvagem, sem julgamento ou processo legal, a monarquistas e tories (conservadores). Graças aos comerciantes de escravos, à Ku Klux Klan, e outras sociedades secretas, a prática ilegal e bárbara do linchamento está se espalhando e continua nos Estados da União Americana. Tornou-se mais desumana desde a emancipação dos negros, e é especialmente dirigida para os últimos...
De 1899 a 1919, 2.600 negros foram linchados, incluindo 51 mulheres e meninas e dez ex-soldados da Grande Guerra.
Entre 78 negros linchados em 1919, 11 foram queimados vivos, três queimados após terem sido mortos, 31 de tiro, três torturados até a morte, um esquartejado, um afogado, e 11 condenados à morte por outros meios.
Geórgia lidera a lista com 22 vítimas, Mississippi segue com 12. Cada um tem também três soldados linchados a seu crédito. Dos 11 queimados vivos, o primeiro Estado tem quatro e o outro, dois. Dos 34 casos de linchamento sistemático, premeditado e organizado, ainda é a Geórgia que ocupa o primeiro lugar, com cinco. Mississippi vem em segundo, com três.
Entre as acusações contra as vítimas de 1919, notamos: uma de ter sido um membro da League of Non-Partisans (agricultores independentes); uma de ter distribuído publicações revolucionárias; uma de expressar a sua opinião sobre linchamentos livremente demais; uma de ter criticado os confrontos entre brancos e negros em Chicago; uma de ter sido conhecida como líder da causa dos negros; uma de não ter saído do caminho e, assim, ter assustado uma criança branca que estava em um automóvel. Em 1920, houve cinquenta linchamentos e, em 1922, vinte e oito.
Estes crimes foram todos motivados pela inveja econômica. Ou os negros da região eram mais prósperos do que os brancos, ou os trabalhadores negros não se deixavam explorar completamente. Em todos os casos, os principais culpados nunca foram incomodados, pela simples razão de que eles sempre foram incitados, incentivados, estimulados, e então protegidos por políticos, financistas e autoridades e, sobretudo, pela imprensa reacionária...
O lugar de origem da Ku Klux Klan é o sul dos Estados Unidos. Em maio de 1866, após a Guerra Civil, jovens se reuniram em uma pequena localidade do Estado do Tennessee para a criação de um clube. Um passatempo. Esta organização recebeu o nome de "kuklos", palavra grega que significa "clube". Para americanizar a palavra, ela foi transformada em Ku Klux. Então, para ficar mais original, Ku Klux Klan.
Depois de grandes convulsões sociais, a opinião pública fica naturalmente inquieta. Torna-se ávida por novos estímulos e inclinada ao misticismo. A KKK, com sua vestimenta estranha, seus rituais bizarros, os seus mistérios e seu sigilo, irresistivelmente atraiu a curiosidade dos brancos nos Estados do Sul e tornou-se muito popular.
Consistia, no começo, apenas num grupo de esnobes e ociosos, sem finalidade política ou social. Elementos astutos descobriram nela força capaz de servir às suas ambições políticas.
A vitória do Governo Federal tinha acabado de libertar os negros e torná-los cidadãos. A agricultura do Sul - privada de sua mão de obra negra, estava sem mãos. Ex-proprietários foram expostos à ruína. Os Klansmen proclamaram o princípio da supremacia da raça branca. A sua única política era antinegra. A burguesia agrária e escravista viu na Klan um agente útil, quase um salvador. Eles deram toda a ajuda que estava ao seu alcance. Os métodos da Klan variavam da intimidação ao assassinato ....
A Klan está, por muitas razões, condenada a desaparecer. Os negros, tendo aprendido durante a guerra que são uma força, se unidos, já não estão permitindo que seus parentes sejam espancados ou assassinados impunemente. Eles estão respondendo a cada tentativa de violência por parte da Klan. Em julho de 1919, em Washington, eles se levantaram contra a Klan e uma turba selvagem. A batalha se desenrolou na capital durante quatro dias. Em agosto, eles lutaram durante cinco dias contra a Klan e uma turba em Chicago. Sete regimentos foram mobilizados para restaurar a ordem. Em setembro, o governo foi obrigado a enviar tropas federais para Omaha para acabar com conflitos semelhantes. Em vários outros Estados, os negros se defendem com não menos energia.
A palavra "linchamento" vem de Lynch. Lynch era o nome de um fazendeiro na Virgínia, um latifundiário e juiz. Valendo-se dos problemas da Guerra da Independência, ele tomou o controle de todo o distrito em suas mãos. Ele infligiu o castigo mais selvagem, sem julgamento ou processo legal, a monarquistas e tories (conservadores). Graças aos comerciantes de escravos, à Ku Klux Klan, e outras sociedades secretas, a prática ilegal e bárbara do linchamento está se espalhando e continua nos Estados da União Americana. Tornou-se mais desumana desde a emancipação dos negros, e é especialmente dirigida para os últimos...
De 1899 a 1919, 2.600 negros foram linchados, incluindo 51 mulheres e meninas e dez ex-soldados da Grande Guerra.
Entre 78 negros linchados em 1919, 11 foram queimados vivos, três queimados após terem sido mortos, 31 de tiro, três torturados até a morte, um esquartejado, um afogado, e 11 condenados à morte por outros meios.
Geórgia lidera a lista com 22 vítimas, Mississippi segue com 12. Cada um tem também três soldados linchados a seu crédito. Dos 11 queimados vivos, o primeiro Estado tem quatro e o outro, dois. Dos 34 casos de linchamento sistemático, premeditado e organizado, ainda é a Geórgia que ocupa o primeiro lugar, com cinco. Mississippi vem em segundo, com três.
Entre as acusações contra as vítimas de 1919, notamos: uma de ter sido um membro da League of Non-Partisans (agricultores independentes); uma de ter distribuído publicações revolucionárias; uma de expressar a sua opinião sobre linchamentos livremente demais; uma de ter criticado os confrontos entre brancos e negros em Chicago; uma de ter sido conhecida como líder da causa dos negros; uma de não ter saído do caminho e, assim, ter assustado uma criança branca que estava em um automóvel. Em 1920, houve cinquenta linchamentos e, em 1922, vinte e oito.
Estes crimes foram todos motivados pela inveja econômica. Ou os negros da região eram mais prósperos do que os brancos, ou os trabalhadores negros não se deixavam explorar completamente. Em todos os casos, os principais culpados nunca foram incomodados, pela simples razão de que eles sempre foram incitados, incentivados, estimulados, e então protegidos por políticos, financistas e autoridades e, sobretudo, pela imprensa reacionária...
O lugar de origem da Ku Klux Klan é o sul dos Estados Unidos. Em maio de 1866, após a Guerra Civil, jovens se reuniram em uma pequena localidade do Estado do Tennessee para a criação de um clube. Um passatempo. Esta organização recebeu o nome de "kuklos", palavra grega que significa "clube". Para americanizar a palavra, ela foi transformada em Ku Klux. Então, para ficar mais original, Ku Klux Klan.
Depois de grandes convulsões sociais, a opinião pública fica naturalmente inquieta. Torna-se ávida por novos estímulos e inclinada ao misticismo. A KKK, com sua vestimenta estranha, seus rituais bizarros, os seus mistérios e seu sigilo, irresistivelmente atraiu a curiosidade dos brancos nos Estados do Sul e tornou-se muito popular.
Consistia, no começo, apenas num grupo de esnobes e ociosos, sem finalidade política ou social. Elementos astutos descobriram nela força capaz de servir às suas ambições políticas.
A vitória do Governo Federal tinha acabado de libertar os negros e torná-los cidadãos. A agricultura do Sul - privada de sua mão de obra negra, estava sem mãos. Ex-proprietários foram expostos à ruína. Os Klansmen proclamaram o princípio da supremacia da raça branca. A sua única política era antinegra. A burguesia agrária e escravista viu na Klan um agente útil, quase um salvador. Eles deram toda a ajuda que estava ao seu alcance. Os métodos da Klan variavam da intimidação ao assassinato ....
A Klan está, por muitas razões, condenada a desaparecer. Os negros, tendo aprendido durante a guerra que são uma força, se unidos, já não estão permitindo que seus parentes sejam espancados ou assassinados impunemente. Eles estão respondendo a cada tentativa de violência por parte da Klan. Em julho de 1919, em Washington, eles se levantaram contra a Klan e uma turba selvagem. A batalha se desenrolou na capital durante quatro dias. Em agosto, eles lutaram durante cinco dias contra a Klan e uma turba em Chicago. Sete regimentos foram mobilizados para restaurar a ordem. Em setembro, o governo foi obrigado a enviar tropas federais para Omaha para acabar com conflitos semelhantes. Em vários outros Estados, os negros se defendem com não menos energia.