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Somos uma organização marxista revolucionária. Procuramos intervir nas lutas de classes com um programa anticapitalista, com o objetivo de criar o Partido Revolucionário dos Trabalhadores, a seção brasileira de uma nova Internacional Revolucionária. Só com um partido revolucionário, composto em sua maioria por mulheres e negros, é possível lutar pelo governo direto dos trabalhadores, como forma de abrir caminho até o socialismo.

domingo, 9 de novembro de 2014

Dialética, Ciência e Luta de Classes (Liga Comunista)


Reproduzimos aqui este brilhante artigo teórico dos companheiros da LC



Dialética, ciência e luta de classes

Dialética é a ciência das leis gerais do movimento tanto do mundo exterior quanto de seus reflexos no pensamento. A dialética parte do princípio de que todas as coisas estão em um processo contínuo de mudança. A diferença entre o pensamento comum e o pensamento dialético é a diferença entre uma fotografia e um filme. O pensamento vulgar, inclusive entre a militância  de esquerda, trabalha com conceitos como moral, liberdade, capitalismo, Estado, considerando-os como abstrações fixas, presumindo que capitalismo é igual a capitalismo, moral é igual a moral, Estado é igual a Estado,... O pensamento dialético analisa todas as coisas e fenômenos em suas mudanças e contradições permanentes que alteram objetiva e subjetivamente a todo o universo e que tais processos de mudanças podem converter escravidão em liberdade, jovialidade em velhice, ou seja, os fenômenos em seus opostos.

Nesta mudança permanente as etapas já percorridas se apresentam sobre novas formas. Os fenômenos não se repetem pura e simplesmente. Sobre isso, uma das mais famosas lições onde o discípulo, Marx, supera seu mestre, foi escrita logo na primeira frase da obra “O 18 Brumário de Luis Bonaparte”:

“Hegel observa em uma de suas obras que todos os fatos e personagens de grande importância na história do mundo ocorrem, por assim dizer, duas vezes. E esqueceu-se de acrescentar: a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa”. (12/1851 - 03/1852).

Aqui se verifica as diferenças entre a dialética de Hegel e a de Marx, para quem a história não andava em círculos e era motorizada pela luta entre as classes. Os fenômenos históricos mundiais podem se repetir, mas quando o fizerem expressarão retrocessos ou avanços da luta de classes.

Este desenvolvimento ocorre por saltos, por soluções de continuidade. O combustível desse processo são os impulsos contraditórios internos, a transformação da quantidade em qualidade, o choque de forças e tendências distintas agindo sobre determinado fenômeno, no interior de um organismo ou no seio de uma sociedade.

O CARÁTER DIALÉTICO DO UNIVERSO

Esta mudança constante é inerente a todo o universo, das mais elementares partículas até as galáxias. Como todo desenvolvimento da vida, da natureza, da matéria, da história e do pensamento humano, como tudo, também o nosso sistema solar realiza um movimento em espiral, em vortex, que é a figura geométrica que melhor descreve esta mudança.

A animação do músico DJ Sadhu: “The helical model - our solar system is a vortex” é revolucionária porque rompe com a ideia heliocêntrica, de um sol parado em torno do qual orbitam os planetas. Inspirado no modelo do sistema solar ele chega a conclusão fundamental de que toda a vida se processa em vortex e não apenas em ciclos de rotação. Mas, nem o Sol se move em linha reta, nem os planetas orbitam em círculos relativamente simétricos ou helicoidais, como na animação, mas sim em elipses de inclinações distintas.

A velocidade de translação da Terra em torno do Sol é de aproximadamente 107 mil quilômetros por hora. Além deste, a Terra faz outro movimento, o de rotação em torno de seu próprio eixo, levando 24h para uma volta completa a uma velocidade de aproximadamente 1.666km/h. Por sua vez, o Sol gira em torno do centro da nossa galáxia, a Via Láctea, a cerca de 900.000 km/hora. [ 1 ]
A forma espiralada, em vórtice, representa uma infinidade de fenômenos, como ocorre inclusive com a nova tabela periódica dos elementos químicos. Também se nota esta forma em muitas configurações biológicas, como, na disposição dos galhos das árvores, no arranjo do cone da alcachofra, do abacaxi, no desenrolar da samambaia, na sequência do DNA, na concha de um caracol, em um ciclone, ... Desde a antiguidade gregos e indianos trabalham com fórmulas matemáticas deduzidas de formas espiraladas da natureza denominada a partir de 1202 de sequência de Fibonacci [ 2 ]. Mas, assim como os charlatães do passado criaram o "darwinismo social" para justificar a opressão capitalista, no presente, outros charlatães, os criacionistas deturpam esta descoberta para negar a seleção natural, tentando identificar a sequência de Fibonacci com a pseudociência chamada "Design Inteligente" para apontar que a natureza segue uma "lógica do criador".

DIALÉTICA IDEALISTA E DIALÉTICA MATERIALISTA

A filosofia predileta das classes dominantes na antiga Grécia era a metafísica, impulsionadas por Parmênides e seu discípulo Zenão (515 - 450 a. C.), que pregavam que a essência do ser é imutável, eterna e indivisível e as mudanças só acontecem na superfície, na aparência, desprezavam assim o efeito do tempo, da velocidade e do movimento. Em contraposição aos metafísicos, Heráclito foi o pensador dialético mais radical da Grécia Antiga. Para ele, os seres não têm estabilidade alguma, estão em constante movimento, modificando-se. É dele a famosa frase “um homem não toma banho duas vezes no mesmo rio”, porque nem o homem nem o rio serão os mesmos. A síntese da doutrina heraclitiana está na expressão "tudo flui", em grego, Pánta Rheî.

A lógica de Aristóteles (384-324 a. C.) ou lógica formal toma como ponto de partida fenômenos e objetos imutáveis. Aristóteles foi o principal discípulo de Platão (428-427 a. C.) para quem as ideias ou formas residiriam no mundo inteligível, fora do tempo e do espaço, e não no mundo sensível ou material. A lógica idealista foi prostituída pela escolástica e converteu-se na filosofia dominante no feudalismo servindo de justificativa ideológica ao clero e pela monarquia. [ 3 ]

A influência da Revolução Francesa no modo de pensar do mundo capitalista inspirou a lógica dialética de Hegel (1770 - 1831) que estuda os fenômenos a partir de sua origem, mudança e desintegração. Hegel, em sua obra "Lógica", estabeleceu uma série de leis: mudança de quantidade em qualidade, desenvolvimento através de contradições, conflito entre conteúdo e forma, interrupção da continuidade, conversão da possibilidade em inevitabilidade. A obra de Hegel apontava uma ruptura com o pensamento metafísico estático aristotélico mas não com o idealismo platônico, ele trabalhava com as sombras ideológicas como sendo elas a realidade final. Para Hegel a dialética apoiava-se no postulado idealista da “identidade dos contrários” (popularmente entendido como “os opostos se atraem”). Para ele, a natureza verdadeira e única da razão e do ser que são identificados um ao outro e se definem segundo o processo racional que procede pela união incessante de contrários – tese e antítese – numa categoria superior, a síntese.

Inspirados pelo surgimento do proletariado fabril assalariado e sua luta contra o capital, Marx e Engels superaram o idealismo hegeliano e salvam a lógica dialética de suas contradições românticas, apoiando-se no postulado materialista da “unidade dos contrários”, onde as coisas, aparentemente estáveis, bem como os seus reflexos mentais em nosso cérebro, os conceitos, passam por uma série permanente de transformações, de ascenso e de declínio. Sobre a relação dialética entre a vida material e o seu reflexo no pensamento humano temos o postulado famoso de Marx:

A Torre de Tatlin, em homenagem
a III Internacional, São Petersburgo, 1920
"Na produção social de sua existência, os homens entram em relações determinadas, necessárias, independentes de sua vontade, relações de produção que correspondem a um dado grau de desenvolvimento de suas forças produtivas materiais. O conjunto destas relações de produção constitui a estrutura econômica da sociedade, a base real sobre a qual se ergue uma superestrutura jurídica e política e à qual correspondem determinadas formas de consciência social. O modo de produção da vida material condiciona o processo de vida social, política e intelectual em geral. Não é a consciência dos homens que lhes determina o ser; ao contrário, seu ser social determina sua consciência. Em um certo estado de seu desenvolvimento, as forças produtivas materiais da sociedade entram em contradição com as relações de produção existentes, ou, o que não é mais que a expressão jurídica disso, com as relações de propriedade no seio das quais se haviam movido até então. De formas de desenvolvimento das forças produtivas que eram, estas relações transformam-se em seus entraves. Abre-se então uma época de revolução social. A mudança na base econômica subverte mais ou menos lentamente, mais ou menos rapidamente toda a enorme superestrutura. Quando consideramos tais subversões, é preciso distinguir sempre a revolução material que pode ser constatada de modo cientificamente rigoroso — das condições de produção econômica e as formas jurídicas, políticas, religiosas, artísticas ou filosóficas, em suma, as formas ideológicas sob as quais os homens tomam consciência deste conflito e o levam até o fim. Da mesma maneira que não se julga um indivíduo pela ideia que ele faz de si próprio não se deve julgar tal época de subversão por sua consciência de si mesma; ao contrário, é preciso explicar esta consciência pelas contradições da vida material, pelo conflito que existe entre as forças produtivas sociais e as relações de produção. Uma formação social só desaparece depois de se terem desenvolvido todas as forças produtivas que ela pode conter jamais novas e superiores relações de produção a substituem antes que as condições materiais de existência destas relações tenham eclodido no próprio seio da velha sociedade. Eis porque a humanidade não formula jamais senão problemas que pode resolver, porque, se olharmos mais de perto, vemos sempre que o próprio problema só surge onde as condições materiais para resolvê-lo existem ou, pelo menos, estão em vias de aparecer."(Prefácio de Contribuição para a Crítica da Economia Política, 01/1859).

Em contraposição a um filósofo da moda entre os socialistas de sua época chamado Eugene Dhuring, que atacou duramente a dialética de Marx, Frederich Engels escreveu o "Anti-Dhuring" onde definia assim as contradições do movimento:

"Certamente, desde que nos limitemos a focalizar as coisas como se fossem estáticas e inertes, contemplando-as isoladamente, cada uma de per si, no tempo e no espaço, não descobriremos nestas coisas nenhuma contradição. Encontrar-nos-emos com determinadas propriedades, umas comuns e outras diferentes e até mesmo contraditórias entre si, mas que não encerram uma contradição verdadeira uma vez que esta se encontra distribuída entre diversos objetos. Nos limites desta zona de observação podemos aplicar o método vulgar da metafísica sem nenhum perigo. Mas a coisa é diferente se quisermos focalizar os objetos dinamicamente, acompanhando-os em sua mobilidade, vendo-os transformar-se, viver, e influir uns sobre os outros. Ao pisar neste terreno, cairemos imediatamente numa série de contradições. O próprio movimento, por si mesmo, é uma contradição; o deslocamento mecânico de um lugar para outro somente pode ser realizado por estar um corpo, ao mesmo tempo, no mesmo instante, num e noutro lugar e também pelo fato de estar e não estar o corpo ao mesmo tempo no mesmo local. A sucessão continua de contradições desse gênero, ao mesmo tempo formadas e solucionadas, é precisamente o que constitui o movimento... E, se o simples movimento mecânico, a simples mudança de um para outro lugar, contém uma contradição, suponha-se então a série de contradições que estarão contidas nas formas superiores de movimento da matéria, e, em particular, na vida orgânica e na sua evolução. Vimos atrás que a vida consiste, precisamente, essencialmente, em que um ser é, no mesmo instante, ele mesmo e outro. A vida não é, pois, por si mesma, mais que uma contradição encerrada nas coisas e nos fenômenos, e que se está produzindo e resolvendo incessantemente: ao cessar a contradição, cessa a vida e sobrevem a morte. Vimos também como, no próprio mundo do pensamento, não poderíamos estar livres de contradições, como, por exemplo, a contradição entre a capacidade de conhecimento do homem, ilimitada interiormente e a sua existência real, no seio de um conjunto de homens, cujo conhecimento é limitado e finito exteriormente. Essa contradição, no entanto, se resolve na sucessão infinita, pelo menos para nós, das gerações, num progresso ilimitado." (1877) [ 4 ]

A DIALÉTICA É A TEORIA DO CONHECIMENTO DO MARXISMO
Frutos de sua época, da fase senil do capitalismo e da aurora das revoluções sociais proletárias, os revolucionários bolcheviques aprenderam a compreender o ritmo da história, em outras palavras, a dialética da luta de classes.

Lenin se voltou aos estudos de Hegel para combater as tendências empiristas que influenciaram os marxistas no período de refluxo e reação entre a derrota da Revolução Russa de 1905 e a I Guerra Mundial. Este estudo leva ao fundador do bolchevismo a compreender que os continuadores de Marx estavam se convertendo em marxistas vulgares em sua crítica aos idealistas sem mostrar as conexões entre todos e cada um dos conceitos. Neste momento ele reivindica não apenas a crítica externa e rotuladora do pensamento adversário, mas também a "crítica imanente", isto é, a crítica que se apóia nas contradições internas do pensamento criticado (idealista, kantiano, etc.) a fim de desenvolver suas inconsistências internas, de modo a permitir o avanço intelectual. A crítica imanente foi destacada por Marx nos seus primeiros escritos, a partir dos desenvolvimentos de Hegel de uma nova forma de pensamento dialético no qual o pensamento se impulsiona por si próprio. Por fim, em tom de espanto, criticando aos marxistas de então e a si mesmo comenta: “É completamente impossível entender O Capital de Marx, e em especial seu primeiro capítulo, sem ter estudado e entendido a fundo toda a Lógica de Hegel. Portanto, faz meio século que nenhum marxista tem entendido Marx!

Nesta época, ele escreve seus famosos "Cadernos Filosóficos" (comparáveis aos Grundisse de Marx, aosCadernos do Cárcere de Gramisci e ao Cadernos sobre o imperialismo, do próprio Lenin, como estudos de reflexão pessoal de seus autores que preparam enormes saltos em suas elaborações futuras). O fragmento "Sobre a Dialética" (1914-1915) é um balanço deste estudo e postula que:

1. A dialética é a Teoria do Conhecimento (de Hegel e) do marxismo;
2. "A essência do método dialético está na divisão de um todo e o conhecimento de suas partes contraditórias;
3. A condição para conhecer todos os processos dos universo no seu 'auto-movimento', no seu desenvolvimento espontâneo, na sua vida animada, é conhecê-lo como unidade dos contrários. A unidade dos contrários é condicional, temporária, transitória, relativa. A luta entre os contrários excluindo-se mutuamente é absolta, como são absolutos o desenvolvimento e o movimento;
4. O subjetivismo (o ceticismo, a sofística, etc.) distingue-se da dialética, porque para a dialética objetiva a diferença entre o relativo e o absoluto é relativa. Para a dialética objetiva, no relativo está também o absoluto. Para o subjetivismo e a sofística, o relativo é somente relativo, exlcuindo-se o absoluto;
5. O conhecimento humano não é (isto é, não descreve) uma linha reta, mas uma linha curva que se assemelha indefinidamente a uma série de círculos, de um espiral. Todo segmento, porção, pedaço desta curva pode ser mutilado (transformado unilateralmente) para ser apresentado como uma linha reta, independente, inteira, que (escondendo a floresta por trás da árvore) conduzem ao pântano, ao obscurantismo clerical, para obedecer de forma fixa aos interesses das classes dominantes.

O ecletismo teórico e o empirismo conduzem ao impressionismo diante deste ou daquele fenômeno e o impressionismo é um péssimo conselheiro na luta política.

A DIALÉTICA É A LÓGICA DA REVOLUÇÃO PROLETÁRIA

Trotsky afirmava que a dialética era a "álgebra da revolução". Ele afirma de maneira categórica:

“Chamamos nossa dialética de materialista, porque suas raízes não se encontram nem no céu nem nas profundezas da “vontade livre”, mas sim na realidade objetiva, na natureza. A consciência surge do inconsciente, a psicologia, da fisiologia, o mundo orgânico, do Inorgânico, o sistema solar, das nebulosas. Em todos os degraus dessa cadeia de desenvolvimento, as mudanças quantitativas convertem-se em saltos qualitativos. Nosso pensamento – incluindo o pensamento dialético – nada é senão uma das formas de expressão da matéria em modificação. Nesse sistema não há lugar nem para Deus nem para o Demônio, nem para a alma imortal, nem para as normas eternas do Direito ou da Moral. O pensamento dialético que surgiu da natureza dialética do mundo possui, conseqüentemente, um caráter totalmente materialista."

Trotsky também costumava recorrer a figura geométrica do espiral para explicar a expansão e contração da luta do proletariado internacional:

“A política correta de um Estado operário não se reduz apenas à construção econômica nacional. Se a revolução não se expande em nível internacional, seguindo a espiral proletária, dentro dos limites nacionais começará inevitavelmente a contrair-se seguindo a espiral burocrática. Se a ditadura do proletariado não se estender em nível europeu e mundial, começará a marchar rumo à derrota.” (A natureza de classe da URSS, 1933).

Ou das leis gerais da história:

“A força de nossa época é bem maior que a existente em cada um de nós. A espiral da história irá se desenrolar até o fim. Não nos oponhamos a ela. Ajudemo-la com os esforços conscientes do pensamento e da vontade. Preparemos o futuro. Conquistemos, por todos e para cada um, o direito ao pão e o direito ao canto.” (Pravda, Em memória a Serguêi Iessênin, 19/01/1926).

A DIALÉTICA, O PROLETARIADO E A PEQUENA BURGUESIA

Dentro da IV Internacional, Trotsky e a direção proletária do SWP estadunidense realizaram novamente o combate do marxismo contra o ecletismo e o empirismo de um setor pequeno burguês do trotskismo que desprezava a dialética e capitula a opinião pública democrática burguesa, renunciando a defesa da URSS na II Guerra Mundial e se integrando as cruzadas imperialistas contra a Coréia do Norte e Cuba. Para Trotsky:

"Exigir que todo membro do partido esteja familiarizado com a filosofia da dialética, seria, naturalmente, inerte pedantismo. Porém um operário que tenha passado pela escola da luta de classes, obtém a partir de sua própria experiência uma inclinação para o pensamento dialético. Ainda que não conheça esta palavra, está pronto a aceitar o próprio método e suas conclusões. Com um pequeno-burguês é pior. Naturalmente, existem elementos pequeno-burgueses ligados organicamente aos operários, que passam para o ponto de vista proletário sem uma revolução interior. Porém, constituem uma insignificante minoria. A coisa é muito diferente com a pequena-burguesia educada academicamente. Seus preconceitos teóricos já tomaram uma forma acabada, desde os bancos da escola. Por conseguirem aprender uma grande quantidade de conhecimentos, tanto úteis como inúteis, sem ajuda da dialética, acreditam que podem continuar, sem problemas, a viver sem ela. Na verdade, prescindem da dialética somente à medida que não conseguem afiar, polir ou agudizar teoricamente seus instrumentos de pensamento, e na medida em que não conseguem romper com o estreito círculo de suas relações diárias. Quando se vêm confrontados com grandes acontecimentos, perdem-se facilmente e reincidem em seus hábitos pequeno-burgueses de pensamento... A luta contra a dialética materialista expressa, ao contrário, um passado distante, o conservadorismo da pequena-burguesia, a auto-suficiência dos rotineiros universitários... A dialética não é uma chave mestra para todas as questões. Não substitui a análise científica concreta. Porém, dirige esta análise pelo caminho correto, colocando-a a salvo de extravios estéreis no deserto do subjetivismo e do escolasticismo... O treinamento dialético da mente — tão necessário para um lutador revolucionário assim como os exercícios com os dedos para um pianista — exige que todos os problemas sejam tratados como processos, e não como categorias imóveis." (O ABC da Dialética Materialista, Uma Oposição Pequeno-Burguesa no Socialist Workers Party, 15 de Dezembro de 1939).

COMPREENDER A DIALÉTICA DA LUTA DE CLASSES
O RITMO DA HISTÓRIA E TRANSFORMÁ-LA

Quando um compositor como Julio Numhauser produz músicas como “Todo Cambia”, imortalizada na voz de Mercedes Sosa, ou quando um profissional de marketing cria um slogan “em 20 minutos, tudo pode mudar” da propaganda da rádio BandNews, empiricamente estão inspirados na dialética da vida.

Assim como todo proletário sabe que não pode trabalhar sem ferramentas e que cada ferramenta cumpre uma função específica na linha de montagem para a qual deve estar bem azeitada, aprimorada, afiada, etc. na luta para derrotar os patrões o proletariado não pode prescindir da dialética como ferramenta. Os trabalhadores precisam dominar o método dialético, fundi-lo a seu instinto de classe para aprimorar suas táticas de luta contra o capital e seu Estado.

A dialética é uma ferramenta essencial para decidir o melhor momento da deflagração de uma greve, a ocupação de uma fábrica, marcação de uma manifestação de rua, para o estabelecimento de táticas militares, eleitorais, frentes únicas, etc. Sem esta ferramenta teórica é impossível analisar o curso da conjuntura internacional ou nacional, da situação política, das classes, dos partidos e das direções, as causas de suas derrotas passadas, as condições contraditórias favoráveis e desfavoráveis em cada momento de seu combate presente para conduzir a luta ao triunfo imediato e à revolução social estratégica.

Notas

1. Sadhu, o criador da animação “The helical model - our solar system is a vortex” vem sendo criticado pelo astrônomo americano Phil Plait pelas falhas em sua representação do deslocamento solar com um certo conservadorismo sectário. É bem verdade que ao contrário do que anuncia Sadhu o movimento de planetas em torno do Sol de sua animação não se realiza em vortex, mas helicoidal, o que é um erro. Também é verdade que o Sol não segue em linha reta em sua orbita pela Via Láctea. Ele é “puxado para baixo” pelo plano central da galáxia e, depois, “puxado para cima”, devido a atração gravitacional. E esse tipo de movimentação não ocorre no eixo horizontal em relação ao centro da galáxia (Plait compara a ideia a um carrossel em que os brinquedos não apenas se movem ao redor do centro e de cima para baixo, mas da esquerda para a direita). http://universoracionalista.org/nao-nosso-sistema-solar-nao-e-um-vortex/ Todavia, os limites da animação de Sadhu acerca do sistema solar não tiram o brilho de suas conclusões e dos desdobramentos de suas ideias, de que toda a vida se move em espiral.

2 http://pt.wikipedia.org/wiki/Sequ%C3%AAncia_de_Fibonacci

3. O papel de dialética no pensamento de Platão é contestado, mas existem duas inter
pretações principais, um tipo de raciocínio e um método de intuição. O primeiro, diz que a dialética de Platão é "o processo de extrair a verdade por meio de perguntas destinadas a abrir o que já é implicitamente conhecido, ou de expor as contradições e confusões de posição de um oponente". De acordo com este ponto de vista, os argumentos contrários melhoraram a partir uns dos outros, e a opinião predominante é formada pela síntese de muitas ideias conflitantes ao longo do tempo. Cada nova ideia expõe uma falha no modelo aceito, e a substância epistemológica do debate se aproxima continuamente da verdade. http://pt.wikipedia.org/wiki/Plat%C3%A3o#Dial.C3.A9tica

4. http://www.marxists.org/portugues/marx/1877/antiduhring/cap12.htm

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