QUEM SOMOS NÓS

Minha foto
Somos uma organização marxista revolucionária. Procuramos intervir nas lutas de classes com um programa anticapitalista, com o objetivo de criar o Partido Revolucionário dos Trabalhadores, a seção brasileira de uma nova Internacional Revolucionária. Só com um partido revolucionário, composto em sua maioria por mulheres e negros, é possível lutar pelo governo direto dos trabalhadores, como forma de abrir caminho até o socialismo.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Social-pacifismo: a ideologia que desarma os trabalhadores

Balanço do Coletivo Lenin sobre o processo de luta da ocupação "Guerreiros Urbanos"

Há cerca de um mês atrás, dezenas de famílias sem-teto ocuparam um prédio do INSS há anos abandonados, no bairro de Santo Crito, próximo ao Centro do Rio de Janeiro. A ocupação, que foi despejada em menos de 12h, foi batizada de "Guerreiros Urbanos".

Nós do Coletivo Lenin avaliamos que, desde a eleição de Eduardo Paes (PMDB) para a prefeiruta da cidade, a política antes levada à cabo pelo Governador Sérgio Cabral (também PMDB) de repressão à sem-tetos, camelôs e moradores de favelas se intensificou consideravelmente. Essa intensificação começou em 2009 com a "Operação Choque de Ordem" e ganhou força com a escolha do Rio para sediar as próximas Olimpíadas/Copa do Mundo. Desde então, a prefeitura e o governo do estado, com o aval de Lula e do PT, têm usado de tudo que é desculpa para reprimir os trabalhadores pobres de maioria negra do Rio de Janeiro. É o "Projeto Porto Maravilha", são os depejos nas favelas após as fortes chuvas de abril, são as UPPs e por aí vai...

O ano de 2010 pode ser resumido em uma palavra para o chamado "movimento popular carioca": porrada. Um número de famílais trabalhadoras difícil de calcular, mas que facilmente ultrapassa a casa das centenas, já foi removida das favelas onde moravam e dos prédios que ocupavam como moradia, mesmo que precária.

É nesse conjuntura reacionária que se insere o despejo-relâmpago da Guerreiros, realizado pela Polícia Federal com a ajuda de PMs de uma UPP próxima. E pensar que o deputado Marcelo Friexo do PSOL quer "UPP para todos"!

O movimento sem-teto organizado do Rio, entretanto, não se deixou abalar por essa derrota. Hoje de manhã uma nova tentativa de ocupação ocorreu, dessa vez na rua Mem de Sá, na altura da Praça da Cruz Vermelha, no coração do Centro do Rio (mais uma vez o prédio ocupado pertencia ao INSS, que "coleciona" prédios abandonados com a intenção de contribuir com a especulação imobiliária). Para garantir que não houvesse outro despejo, um ato "em defesa do movimento sem-teto e pela moradia" foi convocado praticamente para o mesmo horário e local da ocupação, sendo rapidamente direcionado para o prédio ocupado.

Ao longo do ato, os militantes do Coletivo Lenin lá presentes tentaram romper com o clima pacifista dos manifestantes, que faziam questão de "avisar" a polícia, através de palavras de ordem, que não queriam "guerra" nem "briga". O resultado foi um brutal massacre, com direito a spray de pimenta na cara dos manifestantes, um estudante ferido por uma bala de borracha no pescoço e até mesmo crianças machucadas pelos PMs que invadiram o prédio após dispersar os presentes (não sem antes tacar uma bomba de gás lá dentro, como forma de satisfazer seu apetite por violência e repressão).

Apenas após a PM e os policiais federais partirem para a agressão é que os presentes puxaram palavras de ordem como "Polícia assassina, chega de chacina". Ironicamente, a mesma que nossos militantes no local tentaram puxar no início do ato, sendo rapidamente suprimidos pelo resto dos manifestantes.

O massacre levado à cabo pela polícia contra o movimento sem-teto nessa manhã deixa algumas importantes lições, que de novas não tem nada, diga-se de passagem.

Primeiro, por mais que adimiremos a disposição e a coragem dos "Guerreiros Urbanos", não achamos que o momento é de se lançar em "aventuras" para conquistar novas ocupações, ainda mais em locais repletos de delegacias e batalhões da polícia. A atual conjuntura de repressão por parte do Estado, combinado com a desmobilização que assola as ocupações do Rio deixa apenas uma tarefa para o movimento: defender suas conquistas e se rearticular. Por isso, temos defendido a criação de um Comitê de Resistência, capaz de garantir a continuidade das ocupações existentes e a reaticulação do movimento. A cada derrota que sofremos, nossa desmobilziação aumenta, e se continuarmos nos lançado nesse tipo de aventura, em breve não sobrará ninguém para proteger as ocupações que conquistamos no passado. Reconhecer isso, entretanto, não nos impede de estar lado a lado dos companheiros da "Guerreiros" levando porrada da PM em um processo de resistência. É, antes, reconhecer que massacres como o de hoje poderiam ser evitados se estivessemos nos dedicando às tarefas impostas pela conjuntura atual.

EE por falar em evitar o massacre, é mais do que necessário dizer: a polícia é inimiga dos trabalhadores! Ela serve ao Estado e à lei dos patrões, e desde a origem foi criada para reprimir quem se oposse à "ordem" das classes dominantes. Assim, de nada adianta tentarmos evitar um confronto previsto pela repressão desde o primeiro momento em que a ocupação occorreu, muito menos tentarmos nos respaldar na Constituição dizendo que "o desepejo é ilegal". Por mais que mandatos judiciais e coisas do tipo possam ser utilizados para auxiliar nossa luta, temos que ter algo claro: ao tomarmos um prédio e expropriarmos uma propriedade privada, ESTAMOS QUEBRANDO A LEI, mesmo que essa lei não esteja no papel. O quanto mais cedo os companheiros do movimento aprenderem essa lição, mais habilitados para conquistar vitória estaremos. E isso inclui os camarados do PSOL pró-UPP e os militantes do PSTU que defendem as greves policiais por aumentos de salários e etc. Não devemos, em momento algum, defender a melhoria das "condições de trabalho" (ou seja, de repressão), dos jagunços dos patrões!

É necessário armarmos desde cedo os trabalhadores com a consciência de que o confronto é inevitável e a úncia maneira de garantir vitoriais reais e duradouras. Fingirmos que está tudo bem, desde que tenhamos alguns advogados ao nosso lado, é preparar a derrota de cada sem-teto envolvido no processo. É garatir que, quando a hora do confronto chegar, a polícia dos patrões nos derrotará com a maior facilidade do mundo!

Assim, dizemos:
Pela imediata construção de um Comitê de Resistência dentro do movimento sem-teto, capaz de articular as ocupações e preparar sua defesa no próximo período;
contra o social-pacisfismo que desarma os trabalhadores e prepara sua derrota, a polícia e o Estado são nossos inimigos e devemos nos preparar para derrotá-los!

COLETIVO LENIN/RJ

Nenhum comentário:

Postar um comentário