Declaração da Juventude em Luta, a nova corrente classista do movimento estudantil, atuante na UFRJ, na UERJ e na UNIRIO
CARTA
ABERTA AOS COLETIVOS E MILITANTES INDEPENDENTES QUE CONSTROEM A
GREVE
ESTUDANTIL
Companheiros e companheiras;
A greve das Universidades Federais já é, sem dúvida, a maior dos
últimos dez anos. Essa luta, que se espalhou para outros setores do
funcionalismo público e impulsionou também a greve estudantil, já faz sentir
suas primeiras consequências para o avanço do movimento. A instalação do
Comando Nacional de Greve Estudantil, no dia 18 de junho, foi o fórum mais
plural já realizado pelo movimento estudantil desde 2003.
Comando de
Greve Estudantil: um passo importante.
O fato de esse comando de greve
ter se construído por fora das estruturas engessadas da UNE e também por fora
do projeto particular do PSTU, a ANEL, mostra que a base estudantil está
preocupada com reivindicações concretas e não apenas com a artificial e
burocrática guerra de entidades à qual já se tentou reduzir o movimento
estudantil.
Sem dúvida, trata-se de um
grande avanço.
É necessário que esse avanço se
materialize em um salto de qualidade no movimento com a conquista de
reivindicações concretas dos estudantes em um horizonte de retomada do
movimento estudantil combativo organizado principalmente em fóruns unitários.
Para isso, é
necessária uma atuação firme no sentido de se garantir que esse novo fenômeno
esteja oxigenado pela democracia de base e livre da asfixia da burocratização.
Nesse sentido, a atuação conjunta de diversos coletivos antiburocráticos é mais
do que necessária; é, antes de tudo, urgente para que se garanta o avanço do
movimento.
Um balanço necessário
Porém, o que
se viu na instalação do Comando de Greve Estudantil foi uma prática perigosa e
capaz de ameaçar o avanço do movimento.
Alguns companheiros denunciam que houve a prática de se tratorar
alguns ativistas da base para que os mesmos não tivessem acesso aos ônibus e
vans e, consequentemente, não estivessem presentes no Rio de Janeiro.
Durante muitos anos se criticou os fóruns da UNE porque neles a
UJS/PCdoB tenta impedir estudantes da oposição de serem ouvidos pela base. Por
isso, durante suas falas, fazem manifestações gestuais ou vaias sistemáticas
para impedir que os mesmos possam falar. Porém, surpreendentemente, instalado o
Comando de Greve dos Estudantes, houve por parte de correntes que compõem a
Oposição de Esquerda na UNE e também por parte do grupo majoritário da ANEL
atitude semelhante durante as falas que não lhes convinham. O certo seria permitir
todas as falas e fazer manifestações apenas após o seu término, garantindo assim
a democracia do movimento.
Além disso, no início da assembleia, foi votado que após as
falas de todos os delegados, dez intervenções seriam destinadas ao restante do
plenário. A mesa, contudo, representando os interesses das correntes
majoritárias, não se esforçou minimamente para garantir esse tempo, impedindo
que quem não se sentisse contemplado pelas falas dos delegados tivesse espaço
na assembleia.
Não bastasse
tudo isso, ainda foi aplicado o trator na sistematização das propostas, o que
gerou um documento construído a partir de acordos entre as correntes políticas
hegemônicas pelas costas do plenário e sem levar em conta as pautas que os
delegados trouxeram da base e expressaram em suas falas. Desse modo, o espaço de defesa das propostas se transformou
unicamente em um palco de briga entre a ANEL e a direção majoritária da UNE,
deixando para segundo plano as demandas reais estudantis.
São práticas
que impedem os grupos menores de se expressarem e são capazes de engessar o
movimento afastando-o da base, degenerando-o em um movimento de acordos entre
as forças hegemônicas diante dos quais os delegados têm apenas o papel de
legitimação. É a velha burocratização sendo colocada em prática tanto dentro da
UNE quanto fora dela.
É preciso superar a burocratização
Apesar das investidas
burocráticas, a greve está apenas começando e a instalação do Comando de Greve
dos Estudantes é algo progressivo que pode alcançar vitórias. Os velhos métodos
não estão enraizados nesse espaço e podem ser superados de forma a se recuperar
o movimento para um caráter combativo e construído pela base.
Por uma greve de vitórias construída pela base.
Por esse
motivo, chamamos todos os estudantes independentes e os coletivos que não se
submetem à lógica da polarização entre aparatos, para uma intervenção conjunta,
desde a base do movimento até a sua expressão no Comando de Greve. Para que se
construa, desse modo, um movimento que expresse as reivindicações reais e
necessárias do movimento e que se contraponha à prática burocrática da disputa
por aparatos e da política do trator. Esse é o único caminho para se construir
uma greve vitoriosa e colocar o movimento em um patamar muito mais avançado.
Como
contribuição da Juventude em Luta para a construção deste movimento, levantamos
as seguintes demandas:
- PASSE LIVRE, BANDEJÃO,
MORADIA, CRECHE E XEROX GRATUITOS EM TODOS OS CAMPI! BOLSA DE ASSISTÊNCIA
ESTUDANTIL DE ACORDO COM AS DEMANDAS DOS ESTUDANTES!
- POR UM DEBATE URGENTE EM FAVOR
DO FIM DO VESTIBULAR! EXPANSÃO COM QUALIDADE DA EDUCAÇÃO PÚBLICA E ESTATIZAÇÃO
DA EDUCAÇÃO PRIVADA, AMBAS SOB O CONTROLE DOS TRABALHADORES E DOS ESTUDANTES!
- PELA INCORPORAÇÃO DO SETOR TERCEIRIZADO NA LUTA GREVISTA POR DIREITOS, BUSCANDO O FIM DA TERCEIRIZAÇÃO COM A CONTRATAÇÃO IMEDIATA DESTES TRABALHADORES!
- CONTRA O MACHISMO, O RACISMO E
A HOMOFOBIA, E QUALQUER OUTRO TIPO DE OPRESSÃO!
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