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Somos uma organização marxista revolucionária. Procuramos intervir nas lutas de classes com um programa anticapitalista, com o objetivo de criar o Partido Revolucionário dos Trabalhadores, a seção brasileira de uma nova Internacional Revolucionária. Só com um partido revolucionário, composto em sua maioria por mulheres e negros, é possível lutar pelo governo direto dos trabalhadores, como forma de abrir caminho até o socialismo.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Ucrânia, da insurreição ao golpe (Carlos Serrano Ferreira)


 Reproduzimos aqui o excelente texto do companheiro Carlos Serrano Ferreira


Ucrânia: da insurreição ao golpe

Carlos Serrano Ferreira 

O golpe se consolidou hoje na Ucrânia. Tenho alertado desde o início deste processo que nessa ex-república soviética não ocorria um processo revolucionário, ao contrário do que diz a mídia internacional, como atestam os depoimentos dos mais variados setores organizados da esquerda naquele país, de anarquistas aos comunistas. A confusão se relaciona ao caráter de massas do movimento dos primeiros momentos. Contudo, isto não basta para definir um processo revolucionário, como provam os movimentos de massas que levaram ao poder Mussolini ou Hitler. Para ser algo mais que uma insurreição – que pode ser tanto progressista como reacionária – deve entrar na conta o sentido dessas manifestações e suas direções.

O processo ucraniano começou como uma insurreição de massas e se tornou ao longo do tempo, com seu esvaziamento e captura pelos setores de ultradireita, um golpe, que alcançou um ponto alto na queda de Yanukovich hoje, mas que não tende a se esgotar nisto. Para entender os fatos de hoje e o caráter do processo é preciso voltar atrás no tempo.

Com o fim da URSS a Ucrânia se tornou independente e passou por processos sociais e econômicos muito parecidos com as demais ex-repúblicas soviéticas: destruição e desorganização econômicas que ampliaram as desigualdades sociais e ampliaram a pobreza das massas e permitiram que setores secundários do antigo aparato estatal se aproveitassem para se apropriar dos espólios do Estado em desmoronamento e enriquecessem. Estes são conhecidos como oligarcas. As privatizações que lhes fizeram a riqueza foram um escândalo só e totalmente corrompidas. Estes grandes monopolistas que florescem através de suas relações com o aparato estatal e por meio de negócios escusos. Contudo, como o Estado não pode garantir o funcionamento dos negócios de todos os oligarcas, as disputas em torno ao controle do Estado de cada um dos “clãs”, e esta tem sido a marca da história ucraniana desde 1991, como ocorreu em 2004, na chamada “Revolução” Laranja, e agora novamente.

A principal líder do maior partido oposicionista (Batkivshchyna) a ex-primeira-ministra Yulia Timoshenko é um dos exemplos dos oligarcas, tendo sido presa em 2001 e em 2011 por seus negócios escusos. Ela emergiu através de um golpe contra as finanças do Estado, em parceria com o então primeiro-ministro, hoje também preso nos EUA, Pavlo Lazarenko, especulando com o preço do gás russo e em parceria com o chamado clã de Dnipropetrovsk, liderado pelo então presidente Kuchma. Ela entrou em desgraça quando Kuchma passou a se relacionar com outros clãs locais, incluindo o clã de Donetsk (do sudeste do país). Este é encabeçado pelo homem mais rico do país e um dos cinqüenta mais ricos do mundo, acusado de ligação com a máfia, Rinat Leonidovych Akhmetov, um dos grandes patrocinadores do Partido das Regiões, de Viktor Yanukovich, que é de Donestk.

A “Revolução” Laranja se assemelhou às outras revoluções coloridas, particularmente ser uma disputa entre setores oligárquicos emersos do aparato estatal. Isto se repetiu novamente agora, nos eventos do chamado EuroMaidan, de fins de 2012 e início de 2013.

Sobre a disputa entre estas frações da oligarquia incidem as potências imperialistas, apadrinhando cada setor em sua disputa geopolítica e para colonizar economicamente este país, com algumas das terras mais férteis do mundo e com um razoável parque industrial no Leste. Timoshenko se aproximou da UE e dos EUA, enquanto outra fração, ligada aos interesses industriais e da oligarquia do sul e leste se aproximaram naturalmente da Rússia.

Contudo, até as portas da assinatura do Acordo de Associação com a UE, houve uma convergência das oligarquias em torno ao mesmo. Mas, as pressões moscovitas, através de um embargo; a crise econômica – para qual a UE não a oferecia nenhum tipo de saída – e os próprios termos do acordo levaram ao recuo presidencial e ao adiamento do mesmo. Os termos do AA significavam o fim das relações econômicas com a Rússia e as outras ex-republicas soviéticas participantes da União Aduaneira, principal destino das exportações ucranianas, principalmente industriais, mas também das importações, como do gás russo. Mas, não só isso: significaria a desindustrialização do país, que se tornaria uma enorme fazenda fornecedora de produtos primários para a Alemanha; e os custos de adequação às normas da UE seriam de insustentáveis 165 bilhões de euros (em Portugal 165 mil milhões de euros).

O tamanho do retrocesso atingiria em cheio as oligarquias do sul e do leste, financiadores do Partido das Regiões. Não só isso: atingiria a base eleitoral principal desse partido, a população dessas duas regiões. Pela história ucraniana, sendo sempre dividida entre o Leste e o Oeste, tornou-se muito diferente: as partes leste e sul, mais industrializadas, são ligadas culturalmente e linguisticamente à Rússia; a parte norte e oeste são mais agrárias e de língua ucraniana. Do ponto de vista econômico a associação com a UE seria terrível, e para a oligarquia do Sul e do Leste seria um suicídio. O embargo russo só deixou isto claro.

A Rússia se aproveitou e estendeu a mão à Yanukovich e abriu os cofres e usou sua principal arma: o preço do gás. Esta reaproximação com a Rússia e a negação do AA com a UE levou à revolta popular nas regiões norte e oeste do país, que já se acumulava contra a fração oligárquica governante, pela incapacidade de superar a crise econômica e pelos laços com a Rússia, com quem estas regiões queriam se afastar. Somem-se a isto as ilusões de progresso que as frações oligárquicas ligadas aos EUA e à UE disseminavam sobre um possível acordo com o bloco imperialista europeu. Como a Grécia e Portugal e outros países do Leste mostram, não passam do que são, meras ilusões. Mas, quando as idéias ganham as massas, como já dizia Marx na introdução a sua “Crítica à filosofia do direito de Hegel”, elas se tornam forças materiais.

O primeiro a ficar claro, então, é que nunca houve uma maioria pró-UE em toda a Ucrânia, como mostram as pesquisas do instituto de pesquisa independente ucraniano Research & Branding Group (R&B): apenas 46% nacionalmente apoiavam o acordo com a UE, sendo majoritário o apoio apenas no norte e oeste. Da mesma maneira, o EuroMaidan só era apoiado majoritariamente nessas regiões, enquanto era rejeitado pela maioria esmagadora do leste e sul, que apóiam esmagadoramento a União Aduaneira da Rússia.

O segundo é que o EuroMaidan se moveu desde o início por bandeiras pouco claras, que se materializavam por uma progressiva rejeição ao governo e sua fração oligárquica, mas regressivamente não ao conjunto da oligarquia; uma rejeição à aproximação com o imperialismo russo, mas em defesa de um acordo que estabeleceria a colonização do país pelo o imperialismo europeu e teria conseqüências ainda mais devastadoras para a economia e o povo ucraniano; em nenhum momento esteve colocado como pauta nada que envolvesse direitos dos trabalhadores ou posições de classe. De fato, essa confusão serviu unicamente para que com o tempo a fração oligárquica oposicionista ligada aos imperialismos estadunidense e alemão passagem a dirigir as manifestações em favor de seus próprios interesses, seqüestrando o movimento insurrecional e convertendo-o num golpe.

Assumiram a direção então o partido de Timoshenko (ligado ao imperialismo estadunidense), o UDAR do ex-boxeador Vitali Klitschko, ligado à Alemanha, e o Svoboda (que até alguns atrás se chamava Partido Nazista da Ucrânia). Klitschko nem mesmo tem moradia fixa na Ucrânia, mas mora na Alemanha, e seu partido foi criado e financiado pelos conservadores alemães da democracia cristã, que salivam com as possibilidades de saquear as riquezas ucranianas. O líder do Svoboda, Oleh Tyannybok é um fascista conhecido, anti-semita e russófobo raivoso.

Destas três forças, o setor mais organizado e com mais militância é o partido fascista, que deu a tônica nos últimos tempos. A derrubada da estátua do Lênin, festejada pela grande mídia mundial foi perpetrada pelos membros do Svoboda e rejeitada por 70% da população de Kiev, sendo apoiada por apenas 13%, como mostra a pesquisa da R&B.

Mas, há inclusive mais forças nessas manifestações, existindo claro alguns militantes de esquerda, mas que são ultra-minoritários e não dão de forma nenhuma a dinâmica do movimento. Há inclusive um setor que, junto aos militantes do Svoboda, foram os responsáveis centrais pelos distúrbios violentos e quebra-quebras incendiários, e que se intitula apenas de “A Direita”. Este setor é contrário aos acordos com a UE e à Rússia, considerando o Svoboda muito recuado e estão no movimento para desestruturar o regime e tomar o poder.

Hoje a insurreição capturada pelas oligarquias se confirmou enquanto golpe, com um impeachment relâmpago. Isto é o resultado de um acordo das duas frações oligárquicas, temerosas com o crescimento do desafio dos fascistas nas ruas. Afinal, o crescimento do fascismo é um fato por todo o Leste Europeu, como a ascensão do Jobbik húngaro demonstra. Os resultados reacionários para o povo ucraniano já podem ser sentidos: além da libertação da oligarca Yulia Timoshenko; as ameaças de pogrom contra judeus crescem e o rabino Moshe Reuven Azman já sugeriu aos judeus que deixem o país; o afastamento completo do acordo de ajuda russo, que tinha ótimas condições; e a UE sinaliza com a liberação do empréstimo do FMI acertado em 2011, que se baseia em draconianas contrapartidas, como a subida em 40% do preço do gás para as residências, o que levaria de imediato no inverno ucraniano milhares de desempregados e aposentados à morte, pois não teriam condições de pagar suas contas de calefação.

Porém, o jogo não terminou. Não se sabe como os fascistas atuarão, se continuarão em seus planos de desestabilização, mas tudo indica que sim. O setor “A Direita” já anunciou em comunicado à Reuters que continuará com as manifestações. Tentarão se aproveitar do vazio de poder. Não está descartada nem mesmo a volta de Yanukovich nas próximas eleições de 25 de maio, apesar de que os golpistas provavelmente o impedirão de concorrer, senão o prenderem. A guerra civil parece mais longe, mas a divisão do país, ao menos da Criméia, de maioria russa e onde está a importante base naval russa do mar Negro é possível. Vladislav Surkov, conselheiro do Kremlin que esteve por trás dos intentos das regiões separatistas da Geórgia Abkházia e Ossétia do Sul foi visto andando por Kiev e Criméia. O cenário é ainda incerto. Só é certo que o povo ucraniano sairá pior do que entrou nessa espiral de caos (1).

(1) Para saber mais sobre os aspectos históricos, as forças políticas principais do EuroMaidan e os interesses das várias potências na crise ucraniana, veja meu artigo que sairá na edição de março de História & Luta de Classes, intitulado “A Batalha pela Ucrânia”.


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quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Dossiê Grande Mídia: A queda da máscara.


Avram Noam Chomsky, professor estadunidense publicou certa vez a famosa lista com 10 estratégias da mídia para manipulação das massas.
1- A ESTRATÉGIA DA DISTRAÇÃO.

2- CRIAR PROBLEMAS, DEPOIS OFERECER SOLUÇÕES.

3- A ESTRATÉGIA DA GRADAÇÃO.

4- A ESTRATÉGIA DO DEFERIDO.

5- DIRIGIR-SE AO PÚBLICO COMO CRIANÇAS DE BAIXA IDADE.

6- UTILIZAR O ASPECTO EMOCIONAL MUITO MAIS DO QUE A REFLEXÃO.

7- MANTER O PÚBLICO NA IGNORÂNCIA E NA MEDIOCRIDADE.

8- ESTIMULAR O PÚBLICO A SER COMPLACENTE NA MEDIOCRIDADE.

9- REFORÇAR A REVOLTA PELA AUTOCULPABILIDADE.

10- CONHECER MELHOR OS INDIVÍDUOS DO QUE ELES MESMOS SE CONHECEM.


Caberia aqui uma breve explicação sobre cada uma dessas estratégias. Cada um que já assistiu o Jornal Nacional ou um programa qualquer com um genérico de Wagner Montes, poderia muito bem identificar todos ou quase todos os itens da lista acima. No entanto, somente uma nos interessa nesse momento: a de número 2.
A estratégia número 2, também conhecida como mecanismo “problema-reação-solução” vem sendo colocada em prática da maneira mais sem vergonha e cara de pau pela imprensa nos últimos dias.
É absolutamente mórbido assistir a mídia conseguir transformar um assunto tão triste como a morte de um trabalhador num espetáculo de circo. No entanto, não é nada além do esperado. A grande mídia nada mais é que um grupo de grandes empresas privadas, interessadas em vender produtos (notícias) para conseguir mais lucro, como qualquer outra empresa no mundo. Além disso, neste caso, fica claro o interesse político que a imprensa, representando os interesses do setor mais reacionário da sociedade, coloca em pauta.
A roupa de bom moço que a rede Globo e seus menores coirmãos colocam não passa de uma grande mentira, um cavalo de Tróia empurrado goela abaixo da população. A solidariedade com a família do jornalista e a defesa da “liberdade de imprensa” são tão incoerentes como um porco voador.
Em relação à liberdade de imprensa. Isso é a maior piada de mau gosto do mundo. Onde existe liberdade de imprensa? Onde os trabalhadores podem expor suas ideias? Onde se pode ter acesso a opiniões diferentes dos grandes magnatas da comunicação? Somente numa parcela minúscula dos meios de comunicação, de mídias independentes ou de imprensa de organizações de esquerda. Fora isso, são esses senhores e senhoras multimilionários que decidem o que devemos assistir e tentam nos ensinar como pensar. Fazem o discurso pela liberdade de imprensa, quando na verdade, essa liberdade nunca vai existir enquanto a imprensa estiver nas mãos de empresas que só querem ganhar dinheiro e garantir seus interesses, mentindo para o resto da população.
O que aconteceu na manifestação de quinta-feira da semana passada era exatamente tudo que a imprensa e a burguesia queriam: um incidente fatal, um tanto duvidoso, tornando mais fácil virar o jogo e tirar a culpa da PM, autora usual de todas as covardias e barbaridades contra os manifestantes, e jogar em cima das organizações e manifestantes que lutam contra as injustiças tão frequentes nos dias de hoje.
A “solidariedade” prestada à família agora é somente vantajoso para a imprensa, pois pode usar de falsos discursos para seus próprios interesses. Onde estava essa solidariedade com o jornalista Sérgio Andrade, que ficou cego após ser atingido por uma bala de borracha da PM de SP no olho esquerdo? E com a família dos presos injustamente ao longo dos atos (onde alguns ainda continuam presos), com o senhor que também drasticamente perdeu sua vida na última quinta, atropelado, enquanto fugia da chuva de bombas da PM, com o manifestante baleado covardemente pela PM no ato contra a copa em SP, com o senhor José Joaquim morto em Manguinhos, quando um PM deu um tiro pro alto para dispersar um ato? E com a família do Amarildo? E com os trabalhadores em greves por simples melhores condições de trabalho? Onde estava a Globo, a Record, a Band e as outras com a sua roupa de bom samaritano?
É triste que este seja o debate principal, quando está em jogo a morte de uma pessoa, de um trabalhador. Infelizmente isso se tornou urgentemente necessário. Se não denunciarmos agora essa corja de mentirosos, eles jogarão as mortes dos nossos contra nós mesmos, enquanto eles são os verdadeiros e únicos responsáveis por essas mortes; pois é muito provável que se as emissoras de rádio e TV providenciassem equipamentos de proteção para eventos, onde sabidamente a polícia joga bombas e atira com balas de borracha, essa tragédia pudesse ter sido evitada.
Talvez seja impossível de expressar aqui o pesar dos amigos e familiares de todos aqueles que tiveram suas vidas tomadas violentamente pelas mãos do Estado, da polícia e das grandes empresas. Nós lamentamos as mortes dos nossos. É um pesar e uma tristeza que perpassa gerações e épocas. É um pesar pelos lutadores contra a ditadura, torturados e humilhados; pelos escravos negros, perseguidos e assassinados por tentarem ser minimamente livres; pelos indígenas, exterminados e desertados de suas próprias terras; é um pesar que se alastra a toda e qualquer pessoa injustamente assassinada pelas mãos daqueles que só pensam em perpetuar a injustiça e a desigualdade para se manterem ricos e no poder.
Não podemos acreditar nunca que aqueles que nunca nos deram atenção lamentam nossas perdas também. Quem dera um capitão do mato ou um senhor do engenho fosse açoitado, toda vez que um escravo fugisse. Quem dera, a dor da tortura ficasse marcada no corpo e na mente dos torturadores. Quem dera toda vez que puxassem um gatilho contra um trabalhador ou trabalhadora que luta por uma vida melhor, tombasse um policial.


Investigação ou inquisição?!

É preciso dizer ainda mais, sobre a falsidade daquilo que vem sendo apresentado pela imprensa.
- Nenhuma. É importante frisar que NENHUMA prova conclusiva foi apresentada de que foi o suposto manifestante Caio o autor do incidente.
- Não há sequer prova de que o indivíduo acusado esteve no ato.
- Não existe registro da tão falada “confissão” feita por Caio aos jornalistas da TV Globo.
Essas são somente as falsidades colocadas pela mídia golpista. Elas podem ser acessadas em vários sites:
Neste segundo link do portal G1, onde 3 vídeos são listados, qualquer um pode ver que não é possível saber o que houve de fato. No segundo vídeo, Fábio Raposo diz claramente não conhecer o manifestante (que estava de rosto coberto), que supostamente acendeu o explosivo. Como isso é possível, se foi dito que Fábio que identificou o manifestante, como pode ser visto aqui:
Todas as acusações foram apresentadas como verdade única e indiscutível. E não com os seus furos e incoerências que é claramente possível de ver. Não, não é possível saber que o manifestante acendeu o explosivo. Não é possível saber que Caio é o manifestante em questão. Não é possível saber que o objeto passado é o explosivo. Certamente não dá pra saber que se o explosivo é de um morteiro ou uma munição industrial. A confissão não está registrada. Contratar peritos e colocar em aspas não tornam o que foi escrito ou falado verdade. Mas tudo isso já foi posto em rede nacional como verdade. Será que isso tudo é pura ingenuidade ou incompetência da investigação?
Os magnatas da mídia tendem a ter essa mania. Gostam de decidir ao seu bel prazer o que aconteceu, mesmo que seja mentira. É este o papel da mídia. Ele é desempenhado profissionalmente, mas não deixa e não deixará nunca de ser mentiroso. Os supostos suspeitos já foram julgados sem qualquer prova e com uma enorme quantidade de histórias mal contadas. O objetivo aqui não é trazer justiça. É simplesmente arranjar uma desculpa para fechar o cerco em cima dos manifestantes, quaisquer que sejam eles.
Uma questão simples agora. A investigação obviamente foi tendenciosa. Mas e se ela não fosse? Será que haveria outra linha a ser perseguida, tão coerente quanto à versão oficial da polícia? Vejamos:
Fábio Raposo está sendo defendido por um advogado envolvido com milícia. Será que isso é coincidência? Será que esse tal Fábio era realmente o manifestante nas imagens? Será que ele não poderia estar sendo pressionado, como ele afirma no vídeo do link anterior? Ou até mesmo pago para assumir essa culpa, visto que possui ligações com advogado ligado a organizações criminosas? Quanto a mais nova e badalada testemunha que também identificou Caio e que coincidentemente é jornalista da TV Globo? Será que ele poderia estar sendo ameaçado de perder o emprego ou estar sendo subornado (ou os dois) para confirmar a versão oficial?
E se o explosivo tivesse sido lançado pela PM? É realmente assim tão certo que o explosivo é de fabricação comum, encontrado em qualquer loja de fogos? Uma olhada na seguinte matéria pode mostrar que uma linha de investigação completamente oposta poderia ser seguida:
No link acima, há uma foto do artefato, que certamente não é um morteiro comum. Há também um vídeo onde um repórter da Globo afirma ter sido a PM que lançou o explosivo. E isso foi simplesmente esquecido. Por que isso aconteceu? É possível ver no vídeo que após o jornalista Santiago ser atingido, a PM continuou lançando bombas, como fez também no caso do atropelamento do outro manifestante. Será que a polícia que agride feridos com bombas seria incapaz de lançar um explosivo em pleno ato? Será que a polícia não poderia ter infiltrado alguém na manifestação para corroborar a sua atual versão?
As perguntas acima não se pode dizer que apontam para a verdade. Mas todos esses questionamentos não podem ser respondidos. E nunca serão se esses jovens forem condenados somente com as “provas incontestáveis” recolhidas até agora. A polícia e a grande mídia não são imparciais. Perseguem a versão e empurram ela para nós como verdadeira para conquistar seus próprios interesses. A verdade, no entanto, é que nos atos que a polícia não interveio, não houve nenhuma fatalidade, nenhum incidente violento. Mas isso não foi divulgado pela Globo, ou por outra emissora de TV. O compromisso dessa corja com a verdade entra em último na lista de prioridade da investigação e divulgação de notícias, isso se conseguir entrar.
Pedimos a todos os companheiros e companheiras de luta que dispuserem de imagens que contradigam a “versão oficial” do incidente do último ato, que divulguem. Que não deixem a Globo e o resto da mídia fazer o que quiserem sem enfrentamento, sem uma mínima resistência. Precisamos lutar juntos contra essas condenações cada vez mais despropositadas, que só visam silenciar a luta da população.

A “solução” milagrosa

Uma pergunta ainda está sem ser respondida claramente. O mecanismo descrito no início do texto de problema-reação-solução já foi descrito nas suas duas primeiras partes. O problema aconteceu, ou talvez de fato tenha sido criado. A imprensa fez toda a sua propaganda para gerar uma reação contra o problema. E a solução?
E agora, com toda a pressa do mundo, a solução é apresentada pelo Estado e endossada pela mídia como um presente vindo dos céus para os cidadãos de bem do Brasil: A Lei antiterrorismo.
Não se espante se isso te traz para uma época de algumas décadas atrás, pois esse era exatamente o mesmo raciocínio empregado por generais e torturadores na época da ditadura para desarticular qualquer forma de luta contra as podridões do Estado.
Os empresários e banqueiros do Brasil viram uma grande demonstração de força do povo no ano passado, ainda que desorganizada e despolitizada em sua maioria. Vimos, com reflexos ainda nesse ano, na desocupação da favela da Mangueira, que a população das favelas começou a se mobilizar significativamente contra o Estado. Pensar em perder as rédeas da situação é aterrorizador pra quem é acostumado a viver em mansões, enriquecendo a custa do sangue e suor alheio.
É para isso quer serve a nova lei, defendida inclusive pelo próprio PT, que pode enquadrar em até 35 anos de prisão um manifestante que desagrade o poder público e os empresários. É mais uma tentativa inescrupulosa de retirar o mínimo de poder que a classe trabalhadora conseguiu conquistar com as manifestações do ano passado e concentrar tudo novamente nas mãos de algumas dúzias de milionários.


Precisamos nos unir!

É claro que se a lei for aprovada, vai fazer pouca diferença em relação à maneira que o Estado e polícia agem. O mais importante é derrotar tanto a lei antiterrorismo, quanto o próprio Estado e a polícia através da organização da classe trabalhadora e da sua participação tanto nas manifestações de rua, quanto nos espaços de decisão democrática que organizam as manifestações, como o Fórum de Lutas do Rio de Janeiro.

 Convocamos todas as pessoas, que enxergam as contradições de uma sociedade injusta a compor essa luta contra o Estado. Ela será árdua e difícil, mas a vitória é, acima de tudo, possível. E depende de nós fazer com que ela se torne real.
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terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

NOTA DE REPÚDIO À VIOLÊNCIA DA POLÍCIA MILITAR (Fórum de Lutas contra o Aumento/RJ)


O Fórum de Lutas repudia a brutal violência cometida pela Polícia Militar do Rio de Janeiro que vitimou várias pessoas na manifestação do dia 06 de fevereiro de 2014. Uma tropa que mostrou seu caráter de inimiga da população atirou bombas químicas contra manifestantes absolutamente desarmados que reivindicavam o direito a um transporte público, gratuito e de qualidade para os trabalhadores e a juventude. Muitas pessoas se feriram. Um senhor, ao tentar fugir das armas químicas da PM, foi atropelado por um caminhão e veio a falecer. Muitos jovens foram agredidos covardemente e, como se isso não bastasse, a PM, efetuou diversas prisões arbitrárias.

Nos solidarizamos com a família do cinegrafista Santiago Andrade, vitimado na batalha de rua provocada pela PM e que, infelizmente, veio a falecer. Esse caso tem sido explorado pela grande imprensa de forma irresponsável em mais uma tentativa de criminalizar as manifestações. Trata-se de um verdadeiro circo armado com o objetivo desesperado de angariar legitimidade para seguir reprimindo as manifestações e iniciar uma caça às bruxas contra militantes, partidos e demais organizações da esquerda. Reafirmamos que a Polícia Militar do Rio de Janeiro, por sua ação inaceitável, é a verdadeira responsável por esse e todos os acontecimentos trágicos do dia 06 de janeiro. Os governos federal, municipal e estadual também são responsáveis, pois comandam a barbárie militar e não toleram que os trabalhadores e a juventude questionem suas políticas nas ruas. Por esse motivo, os governos têm interesses em acobertar as mentiras e os crimes praticados pela PM.

O trágico acontecimento da morte do jornalista Santiago Andrade também é responsabilidade dos patrões, donos do oligopólio das comunicações. A categoria dos jornalistas é explorada ao extremo. Esses profissionais são enviados para coberturas arriscadas sem os mínimos equipamentos de proteção. Além disso, têm suas vozes sufocadas na medida em que os fatos registrados precisam passar pela censura dos interesses dos donos dos grandes impérios jornalísticos. Defendemos a total democratização dos meios de comunicação, com transferência da propriedade dos grandes meios para os coletivos independentes pertencentes aos movimentos sociais de trabalhadores para que a população possa, de fato, ter acesso à verdade dos acontecimentos e não a versões fantasiosas movidas por interesses políticos e econômicos dos donos do oligopólio das comunicações existente no Brasil, verdadeiro resquício da ditadura.

O Fórum de Lutas lembra que, consideradas também as manifestações do ano passado, já são muitas as vítimas graves da violência policial contra manifestantes. Um jovem de São Paulo chegou e perder um olho. Outro jovem, baleado com três tiros de arma letal disparados pela PM, segue em estado grave. No ano passado, dois jovens de Minas gerais morreram ao cair de uma ponte devido a vôos rasantes dos helicópteros da PM durante as manifestações. Como já era esperado, nenhum dos policiais envolvidos nesses crimes foi punido. Ao contrário, porém, diversos manifestantes foram presos injustamente sendo o caso mais grave o do morador de rua Rafael Vieira. Vítima da violência policial e da conivência do Judiciário, segue preso sem ter praticado crime algum.

A responsabilidade da Polícia pelos acontecimentos trágicos ocorridos nas manifestações é tão evidente que nas duas passeatas anteriores à do dia 06 de fevereiro, não havia grande efetivo da polícia e, consequentemente, não houve nenhum tipo de acontecimento indesejado pela sociedade. A Polícia Militar é a verdadeira provocadora e, como tal, deve ser afastada das manifestações. Importante lembrar que a Polícia Militar do Rio de Janeiro tem a prática de infiltrar seus agentes secretos no meio das manifestações para provocar fatos trágicos, como por exemplo, o lançamento de um coquetel molotov durante manifestação em 2013. Tudo isso como tentativa desesperada de justificar a única resposta que os governos autoritários têm para o povo: repressão e violência. O que eles não sabem é que o povo já não se submeterá mais a essa política criminosa.

O Fórum de Lutas é solidário a todas as vítimas da violência policial, tanto nas manifestações como nas favelas e periferias e defende o fim do massacre que sofre a população pobre, negra e trabalhadora. Defendemos também o total direito à manifestação. Protestar não é crime. FORA A POLÍCIA DAS MANIFESTAÇÕES, FAVELAS, COMUNIDADES E PERIFERIAS!!

Rio de Janeiro, 11 de fevereiro de 2014.
Fórum de Lutas do Rio de Janeiro


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quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Copa do Mundo: trotskistas sulafricanos falam sobre a edição de 2010


Reproduzimos aqui o balanço que os companheiros do WIVP (Partido de Vanguarda Internacionalista dos Trabalhadores), uma organização trotskista sulafricana, fizeram sobre a Copa de 2010. Qualquer semelhança não é mera coincidência. Faz parte do nosso dever internacionalista trocar experiências e divulgar as lutas dos companheiros, principalmente porque ainda existe infelizmente muito desconhecimento da esquerda brasileira e mundial sobre a luta de classes na África.


Superexploração – sinta, está aqui!
Mostramos como o imperialismo é o maior beneficiado pela Copa do Mundo de 2010

A mídia capitalista fez uma campanha de 6 anos, pra convencer a classe média e a classe trabalhadora dos benefícios da Copa do Mundo de 2010 na África do Sul. Os esforços que os imperialistas fizeram para promover a copa do mundo são bem parecidos com quando eles instigam os sentimentos nacionalistas numa população para apoiarem o fascismo. Dirigentes da COSATU (Confederação Sindical da África do Sul) participaram do comitê organizador da copa, dando a cobertura perfeita para os imperialistas espoliarem o país em plena luz do dia. Apesar de milhares de trabalhadores se endividarem para comprar ingressos (parcialmente como resultado do apoio dos dirigentes da COSATU à copa), mesmo assim os capitalistas não conseguiram lotar os estádios. O SACP (Partido Comunista Sulafricano) e sua tendência na direção da COSATU tentaram impor uma “paz social” durante a copa do mundo, mas foram derrotados pelos trabalhadores em greve no serviço público municipal, portos e ferrovias. Os dirigentes do SACP não foram totalmente derrotados, eles ainda adiar/impedir a greve geral contra os aumentos de energia (o ataque pesado à classe trabalhadora representado por um aumento de 34% nas tarifas entrou em vigor em 1° de julho, apesar de uma reunião marcada entre os capitalistas, o governo e dirigentes sindicais no dia 14 de julho para “negociar”).

A primeiro ponto que podemos aprender com a copa do mundo é que, em geral, quando os capitalistas tentam vender alguma coisa, eles vão “pintá-la de cor de rosa”, exagerando as suas qualidades, até terem o dinheiro em mãos. Depois disso, quando surgirem sentimentos negativos, os capitalistas também vão ganhar dinheiro com isso. Assim, a seleção primeiro foi pintada como favorita, alguns jogadores foram até mesmo comparados a Einstein. Os mesmos capitalistas que não se importavam com a forma como os trabalhadores chegam em casa do trabalho num sistema de transporte público totalmente inadequado, de repente se tornaram os “campeões” do transporte público, criando um sistema de transportes especial (com ajuda dos seus lacaios, o governo sul-africano) de ônibus a cada 5 minutos e trens a partir de 2 da manhã, para que os capitalistas pudessem garantir o lucro de bilhões com a copa. A bandeira nacional foi promovida como um símbolo de “unidade da nação”. Nós mostraremos aqui que a bandeira nacional na verdade representa os interesses capitalistas imperialistas, e que existe uma divisão fundamental na sociedade entre a classe trabalhadora, a maioria, e um punhado de capitalistas.


Contando os custos

Uma estimativa conservadora dos custos é de cerca de 100 bilhões de rands (moeda da África do Sul). Nós chegamos a este número assim: O projeto
Gautrain (um megaprojeto de transporte ferroviário) custa estimadamente R35 Bilhões (o custo inicial era de R5 bilhões). Os 5 estádios novos custam cerca de R3 bilhões cada, um total de R15Bi. Os 5 estádios reformados juntos custam mais R5 bi. O orçamento nacional e provincial para estradas foi de R17bi em 2004-5; se estimarmos que um aumento “real” o teria dobrado no período até 2010, isso nos leva a R34 bi para 2009-2010; mas o orçamento real foi de R49 bi, mais R15 bi para o ano passado. Uma estimativa conservadora sobre estradas e transportes para o período dos 6 anos passados, devido à copa, é, assim, de mais R20 bi. A reforma dos aeroportos custa mais R6 bi. Devemos somar mais R15 bi se considerarmos a construção de um novo terminal no aeroporto OR Tambo e do novo aeroporto em Durban. Se somarmos o custo dos novos hotéis e flats, muitos dos quais ainda estão vazios, e que foram construídos sob o pretexto do aumento dos turistas em 2010, assim como a rede de ônibus “rápidos” quase toda vazia, a construção de acampamentos de torcedores, a reforma de várias instalações para as seleções (a maioria sem uso), a reforma das instalações médicas próximas aos estádios (como a unidade médica de R50 milhões do hospital Somerset), os novos ônibus para cada uma das 32 seleções, podemos ver que o custo total é de bem mais de R100 bi.

O estádio Athlone foi reformado ao custo de R400 mi, e usado somente por um dia, durante a copa.

Enquanto a maioria dos hospitais públicos não têm os medicamentos essenciais para tuberculose, doenças cardíacas, diabetes etc, as novas unidades médicas de 2010 para os milionários do futebol continuam em grande parte vazias e com os estoques cheios. Leva meses para marcar uma operação, mas todas as operações marcadas para os dias dos jogos da copa foram adiadas nas instalações que os gângsteres da FIFA acharam por bem destinar exclusivamente para as divas do futebol.

Milhões de camisas bafana bafana T-shirts, vuvuzelas e bandeiras da África do Sul, fabricadas nos campos de trabalho escravo imperialistas dos EUA na China, foram vendidas para as massas a dez vezes o seu preço real. As massas não só se sacrificaram para pagar os altos preços dos ingressos como, dentro dos estádios, e acampamentos para torcedores, eram forçadas a pagar o triplo do preço da comida que já é cara.

Considerando o custo real de uma moradia (e não os preços superinflacionados) como R40 000, seria possível construir 2,5 milhões de casas novas, o que tornaria possível acabar com a falta de moradia em 6 anos; foi uma escolha consciente manter as massas em estado de desespero e sem teto para manter um clima de preços altos especulativos, com os bancos como principais beneficiários (através do seu controle sobre a terra, as empresas de construção e as altas taxas de juros dos aluguéis). Os maiores acionistas de todos os bancos locais são os parasitas que controlam os bancos imperialistas, principalmente em Wall Street, Londres, Paris e Berlim.

Isso aponta quem foram os maiores beneficiários da copa do mundo de 2010. Os números acima não incluem os mais de R20 bi que a FIFA ganha dos seus patrocinadores, os mais de R2 bi das vendas de ingressos, hotéis e franquias, e os bilhões arrancados pelas agências de apostas parasitas. Também não inclui os gastos extras de bilhões para estender a força policial, assim como a maior militarização do aparato repressivo, gastos sob o pretexto da copa do mundo, mas na verdade preparando um punho de ferro para esmagar o descontentamento crescente da classe trabalhadora. Pense somente no trabalho infantil e escravo para os patrocinadores da FIFA, como a Nike e a Adidas, fábricas no Paquistão, China etc.

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O Imperialismo foi o maior vencedor da copa do mundo

Bem antes da torcida parar, os verdadeiros vencedores da copa do mundo, os imperialistas, estão rindo a caminho do banco. Quando novos “gênios do futebol” levantarem um troféu de ouro e ouvirem que são os campeões do mundo, os imperialistas vão estar se felicitando por outro golpe bem executado, e planejarão o próximo (as Olimpíadas?).

As empresas imperialistas de construção (Murray & Roberts, WBHO, Grinaker-
LTA, Group Five, BAM holandesa, Bouygues francesa) foram os principais instrumentos para tirar bilhões, em lucros, da classe trabalhadora. Nós vamos examinar somente uma, mas os princípios são os mesmos para todas. Os principais gângsteres foram a Murray & Roberts (chamada erradamente pelo jornal Workers World News da ILRIG de “sul-africana”). Os principais acionistas da Murray & Roberts são bancos da Wall Street, como JP Morgan Chase, State street, SSB etc. Mesmo Liberty Life, que também é controlada pelo imperialismo, também é acionista da Murray & Roberts. Murray & Roberts tinha uma grande fatia dos contratos de construção de estádios, o Gautrain e outras infraestruturas capitalistas. Em 2008, Murray & Roberts tinha contratos de R30 bi e encomendas de R100bi. Os lucros declarados publicamente da Murray & Roberts em 2009 foram mais de R2 bi (os lucros reais são muito maiores, por exemplo, o fato de que o valor do Gautrain subiu de R5 bi para R35 bi mostra que houve lucros massivos para os capitalistas). Usando 2007 como base, o aumento nos dividendos pagos por eles foi de 69%, e 88%, respectivamente em 2008 e 2009, e isso no período da assim chamada recessão mundial.

Assim, mesmo publicamente, os lucros de uma das empresas imperialistas de construção foram da ordem de bilhões (e não de milhões, como ILRIG, Grupo Internacional de Pesquisa e Informação Trabalhista, uma ONG sulafricana, subestima). Enquanto isso, somente no ano passado, mais de um milhão de empregos acabaram, e houve uma grande perda líquida de postos de trabalho nos últimos seis anos. Mesmo o governo capitalista do CNA admitiu que muitos dos postos fechados não se justificaram mesmo pelos padrões capitalistas; os “campeões da classe trabalhadora”, os dirigentes da COSATU, derramaram apenas lágrimas de crocodilo, enquanto se recusavam a organizar uma resistência unificada contra o ataque dos capitalistas.

Os imperialistas já estão fazendo propaganda sobre assim chamados ataques xenofóbicos depois da copa do mundo; na verdade, eles estão sinalizando que sabem que somente desviaram a atenção das massas por um tempo, e que elas logo entrarão no caminho da resistência, como foi na Grécia e no Quirguistão; os imperialistas estão preparando gangues fascistas para dividir a classe trabalhadora e levantar sentimentos nacionalistas contra os nossos irmãos, escravos negros do resto da África, como instigaram em 2008, na época em que as massas do Zimbábue estavam prestes a derrubar através da revolução o lacaio imperialista Mugabe.

Os maiores beneficiários da copa do mundo de 2010 são os bancos imperialistas. A direção CAN-SACP-COSATU, pelo seu papel na promoção da copa do mundo, não são nada mais que lacaios e agentes do imperialismo. A classe trabalhadora precisa romper com a burguesia, isso significa romper a aliança com os proimperialistas CNA e SACP e construir um partido operário revolucionário como parte de uma internacional revolucionária. Para nós, isso é a refundação da Quarta Internacional.

Superexploração – sinta, está aqui!
Revolução – sinta, está chegando!


2 de julho de 2010

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segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Beijo gay: a Globo virou revolucionária!?

 
Para milhões de pessoas, o beijo entre os personagens Félix e Nico, no final da novela Amor à Vida, da Globo, foi um alívio, uma esperança e um tapa na cara dos fundamentalistas e conservadores em geral. Circularam muitos relatos na Internet sobre pais que se reconciliaram com os filhos, preconceitos quebrados e pessoas de alma lavada.
 
Tudo isso representa uma vontade de resistência de um setor importante da população que sabe o perigo que o país corre com o fundamentalismo religioso.
 
Até aí, é uma reação compreensível.
 
 
Mas...
 
Mas acontece que muitos militantes de esquerda, socialista e que batem no peito pra dizer que são revolucionários passaram os últimos dias praticamente agradecendo à Globo pela cena do beijo. Ou então, para dizer que a cena foi uma conquista do ativismo LGBT.
 
Será que tinham esquecido do papel da Globo como partido da burguesia brasileira, base de apoio da ditadura e do neoliberalismo, agora tentando desgastar o governo do PT pra garantir a volta do PSDB ao Planalto?
 
Será que tinham esquecido que essa mesma novela reciclou vários e vários estereótipos machistas e racistas? Será que não tinham visto que os próprios personagens gays retratados eram caricaturas, além de serem burgueses e brancos?
 
 
Ser contra a Globo é dogmatismo?
 
Pra variar, o caso mais ridículo foi o do PSTU que, através de seu braço estudantil, a ANEL, fez um twittaço (?) "exigindo" que a Globo mostrasse o beijo na novela, já que havia uma pressão por parte de reacionários contra.
 
Só pra começar, twittaço não é método de luta. Não afeta absolutamente nada no mundo real. O mesmo vale para as petições do Avaaz, que inundam a caixa postal do nosso perfil no Facebook (por favor, parem de mandar!).
 
Ainda se fosse método de luta, qual o sentido de uma organização que se reivindica marxista revolucionária ficar fazendo exigências de roteiro de novela a uma empresa imperialista?
 
Nós, comunistas, não devemos nos prender à aparência das coisas, e sim procurar as motivações e ver o contexto e a relação dos acontecimentos com a luta pela vitória da revolução socialista.
 
E falamos isso com orgulho, porque uma das acusações da "esquerda global" contra os que não embarcaram nessa canoa furada foi a de que somos dogmáticos. Isso é o que acontece quando se perde de vista a totalidade: as pessoas passam a celebrar as migalhas que caem da mesa da classe dominante.
 
 
Por que a Globo dá essa visibilidade ao beijo?
 
Logicamente, não tem nada a ver com a luta contra a homofobia. Depois da novela, no Zorra Total, homossexuais são tratados da maneira mais ridícula possível. Mas a Globo, como qualquer empresa capitalista, que explorar o nicho comercial do "mercado rosa", acessível a uma parte dos homossexuais (geralmente homens) de classe média.
 
Então, na verdade, o beijo foi uma jogada de marketing, além de uma tentativa de lavar a cara da Globo e fazer a emissora que passa o ano chamando a gente de vândalo e terrorista parecer "moderna". Se você divulgou o beijo, parabéns, você ajudou a jogada de marketing deles!
 
 
Hegemonia?
 
A maioria do assim chamado "movimento LGBT" (que em grande parte é formado por ONGs financiadas pelo Estado e por empresas privadas), refletindo a sua despolitização, a sua ausência de conteúdo de classe e a sua adaptação ao mercado, não só não critica isso, como ainda apoia e diz que está "lutando por hegemonia".
 
Ao contrário do que dizem os falsificadores profissionais da obra do marxista Antonio Gramsci, como o falecido Carlos Nelson Coutinho, o conceito de hegemonia do proletariado é o complemento do conceito de ditadura do proletariado. A hegemonia é a capacidade de uma classe dominante governar as outras classes por consenso, sem necessidade da violência.
 
É a hegemonia da ideologia burguesa do individualismo, da competição, do carreirismo etc, que faz com que os trabalhadores não se revoltem diariamente em massa contra o sistema. Para Gramsci, essa hegemonia só pode ser derrotada pela hegemonia do proletariado, através de seus próprios meios de comunicação, sustentados pelo movimento.
 
 A ideia de que se deve disputar hegemonia por dentro do Estado ou da mídia foi criada pelos reformistas do PC italiano, copiada pelo antigo PCB, pelo PT e agora pelo PSOL. Várias posições do Gramsci são questionáveis, mas esse erro ele não cometeu, é pura mentira mesmo.
 
 
Organizar os trabalhadores é elitismo?
 
De todas as acusações, a pior é que a esquerda que combate a Globo é "elitista". Mas como assim? A Globo, que faz todas as campanhas ideológicas contra o povo? Se rejeitar a manipulação da Globo for elitismo, então como os companheiros acham que vai ser feita a luta pelo socialismo? Quando o Fantástico defender a revolução?
 
Os movimentos sociais organizam uma pequena minoria da sociedade? Claro, se eles organizassem a maioria, já teríamos o poder ao alcance das mãos. No fundo, esse argumento que diz que a Globo ter passado a cena do beijo foi positivo, uma vez que os movimentos só alcançam uma minoria; revela o ponto de vista de quem, sem esperança na capacidade do movimento alterar a sociedade, tem que procurar por outro setor da sociedade que pelo menos faça alguma coisa.
 
O fato do beijo ter ido ao ar pode ser recebido pela sociedade de várias maneiras diferentes, inclusive negativas. É sim o nosso papel como militantes de politizar essa discussão, colocando no centro dela a condição de vida de lésbicas, gays, pessoas trans e bissexuais da classe trabalhadora.
 
Em vários movimentos populares, como o movimento sem-teto do Rio de Janeiro, várias lideranças são lésbicas ou gays negros. Nós não precisamos da Globo pra mostrar ao povo como defender essas reivindicações. O objetivo da Globo é a falsa inclusão de uma pequena minoria, através do consumo. O nosso é a extensão da luta contra o machismo, o racismo e a homofobia, até mesmo dentro do movimento.
 
Porque só uma mudança radical na sociedade pode tirar o poder de quem se beneficia mais com o preconceito: as Forças Armadas, as cúpulas religiosas, as grandes empresas. Essa mudança radical é a revolução socialista, feita pela classe trabalhadora.
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domingo, 2 de fevereiro de 2014

Cartilha do Fórum de Luta contra o Aumento!


Companheiros, o Fórum de Luta contra o Aumento conseguiu se reconstruir, depois de vários problemas no final do ano passado! Nós temos orgulho de ter contribuído com isso. Agora, como parte da reconstrução, foi criada essa cartilha, que explica com detalhes o funcionamento do Fórum. Ela reflete o acúmulo da discussão sobre organização do movimento no último ano. O Fórum é uma das expressões mais avançadas do ascenso, porque é unificado, democrático e controlado pela base. Isso foi o que permitiu que as bandeiras políticas levantadas por ele (estatização dos transportes sob controle dos trabalhadores e com tarifa zero, fim da Polícia Militar etc) tenham tido destaque nas mobilizações.

Aqui o link da Cartilha:

https://attachment.fbsbx.com/file_download.php?id=1414837825426859&eid=ASsYhDJbvOU1kk4cMfKMFF_s7tRbRaT-0mJ7uO-2eAXgWWhVVEZe3ripOjsb9Ouycuw&inline=1&ext=1391097471&hash=ASvsQvJs_SQF98rO

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