As eleições do próximo mês
de outubro acontecem num cenário muito diferente das de 2012. A grande mudança
foi o novo ascenso, desde junho do ano passado, que encerrou um período de quase
duas décadas de estagnação do movimento da classe trabalhadora no Brasil.
O governo do PT com partidos tradicionais da classe dominante impôs
medidas duras de repressão para garantir os lucros bilionários com a Copa, e vai
fazer o mesmo até as Olimpíadas de 2016. Vivemos debaixo de uma onda de prisões
políticas sem precedentes desde a ditadura. O bloqueio do bairro da Tijuca, no
Rio de Janeiro, com o cárcere privado de mais de 500 manifestantes, e dos
próprios moradores do bairro, durante a final da Copa, mostrou que os partidos
da burguesia são capazes de rasgar as mínimas garantias legais da Constituição
para impedir as lutas contra as consequências dos megaeventos. E essas
consequências têm sido remoções de comunidades inteiras, as UPPs, que escondem o
tráfico, enquanto militarizam mais ainda as favelas, o aumento absurdo dos
alugueis e passagens.
A direita tradicional (DEM-PSDB) tenta jogar a
culpa de todos os problemas do país no governo do PT. Na verdade, durante o
governo FHC, a situação ainda era pior, e toda a demagogia deles tem só um
objetivo: acabar com os pequenos programas sociais desenvolvidos pelo PT, e
entregar de vez o governo ao capital financeiro. A vitória deles
significaria uma piora ainda maior das condições sociais.
Pior
ainda, a identificação feita pela direita tradicional e pela mídia golpista
(Globo, Veja etc) do PT com a esquerda e o socialismo abriu espaço para um
crescimento de setores da extrema-direita. Eles são saudosistas da ditadura,
fundamentalistas religiosos, defendem o linchamento de negros, e atacam qualquer coisa que represente uma conquista
feita pelo movimento social. Um dos fatores que facilita o crescimento
desse setor é a rendição sem luta de grande parte da
esquerda.
Conforme o tempo passa, os sucessivos governos do PT
não resolvem nenhum problema estrutural do país. Não garantem moradia digna, não
garantem saneamento em boa parte do país, não garantem terra para os sem-terras,
não destroem as instituições racistas, como as várias polícias militares, não
garantem mais nem o próprio direito à manifestação. O desgaste do governo
e seus aliados, que foi mostrado a partir do começo do ascenso,
vai levar à volta da direita tradicional ao governo, mais cedo ou mais
tarde, e a um fortalecimento das tendências golpistas da
extrema-direita.
Por isso, é necessário ultrapassar os limites do
regime atual do Brasil, uma democracia burguesa que não eliminou os resquícios
da ditadura e que, na verdade, nunca existiu na favela. O problema não é
simplesmente do PT, todas as tentativas de mudar a sociedade pela via eleitoral
fracassaram. Uma mudança real exige o fim do sistema em que os grandes
empresários controlam o Estado e a economia, ou seja, o capitalismo. A mudança
radical só pode ser feita nas ruas, e através da violência popular organizada. A
história mostra que foi com revoluções socialistas, como na
Rússia, em Cuba ou na China, que os trabalhadores conseguiram conquistar, terra,
trabalho e paz. Ao mesmo tempo, temos que aprender com a experiência das
revoluções do século XX, e saber que o socialismo não existir sem um
governo direto dos trabalhadores, através das suas organizações de
luta.
Vale a pena votar?
Muitas das milhares de pessoas que
foram às ruas desde junho do ano passado chegaram à conclusão de que a
democracia parlamentar que existe no Brasil é um sistema corrupto, que nunca vai
servir para o povo. E eles estão certos.
Então, a chegada das eleições
coloca um problema a ser resolvido por todos os que querem mudar radicalmente a
sociedade: qual é a melhor opção para aumentar a consciência política dos
trabalhadores, boicotar as eleições ou participar delas?
O
maior argumento dos defensores do boicote é o de que os trabalhadores já
superaram a ilusão nas eleições, então seria a hora de defender diretamente o
boicote eleitoral e a revolução.
Na verdade, essa proposta é que é uma
ilusão. A explosão popular de junho desapareceu muito rápido. Mesmo no auge,
ainda existia muita confusão sobre política entre os manifestantes, o que
permitiu que os atos fossem dirigidos pela direita durante alguns dias. Se
tivesse acontecido um salto na consciência política da grande maioria do povo,
teriam sido criadas novas organizações e movimentos, e alguns dos existentes
teriam se fortalecido muito. Não foi isso o que aconteceu. Apesar do ascenso,
ainda existe uma despolitização muito grande entre os trabalhadores.
Nessas condições, uma campanha pelo boicote ajudaria a espalhar as ideias
conservadoras de que "política é tudo a mesma coisa", "não adianta fazer nada"
etc.
Para nós, do Coletivo Lênin, é muito melhor se apoiar em
candidaturas que estejam participando das lutas e denunciando a farsa que é
acreditar que as eleições podem transformar radicalmente a sociedade. Vão
existir quatro candidatos de partidos à esquerda do PT nessas eleições, mas nem
todos eles merecem o nosso apoio.
- O PSOL vai ter como candidata
Luciana Genro. Em várias cidades, o PSOL vai se aliar com partidos da direita, e
a própria Luciana aceitou financiamento da Gerdau e da Taurus em campanhas
eleitorais anteriores.
- O PSTU tem tido uma visão bizarra sobre a
situação política do país, muitas vezes se confundindo com a direita nas
críticas ao PT e nos ataques aos Black Blocks, o que é um reflexo da suas
posições internacionais proimperialistas
Voto crítico no PCB! Mauro Iasi presidente! Vote Edmilson
Rosário (RJ) e Mário Medina (SP) para deputados federais!
As candidatura independentes e de denúncia do regime nessas eleições são as do PCB e do PCO.
O
centro da campanha do PCB vai ser a defesa do Poder Popular, ou seja, do poder
alternativo dos trabalhadores e outras classes oprimidas, sem a burguesia. O PCB
está denunciando a falsa polarização PT-PSDB e está participando de todas as
lutas dos trabalhadores.
O PCO tem como centro da sua campanha a defesa do governo dos trabalhadores da cidade e do campo, além de defender abertamente o fim da polícia e a formação de autodefesas armadas dos trabalhadores, uma reivindicação contra um dos pilares do Estado capitalista.
Isso não significa que não temos críticas
ao PCB e ao PCO. O PCB, muitas vezes, mantém frentes com o PSOL por causa de uma
política errada de "unidade da esquerda", muitas vezes passando por cima da delimitação programática necessária.
Já o PCO, no último período, confundiu os protestos contra a Copa despolitizados, vindos de setores de classe média, com protestos legítimos, de movimentos dos trabalhadores, contra as consequências da Copa, e chegou a atribuir a derrota da seleção brasileira na Copa a uma campanha da direita.
Além disso, os dois partidos estão longe de serem o partido revolucionário de que os trabalhadores precisam, e um dos motivos é o regime de ambos, que não garante plenamente o direito de tendência. Mesmo
assim, os dois têm sido importantes pontos de apoio para as lutas.
Devido a nossa maior afinidade política e atividade conjunta com o PCB, chamamos a votar Mauro Iasi para presidente. E defendemos o voto ou no PCO ou no PCB para governador, senador e deputados estaduais.
Pela primeira
vez, nós do Coletivo Lênin vamos lançar um candidato, o companheiro Edmilson Rosário (5026), através de uma cessão de legenda do PSOL. Ele é militante do
movimento popular na cidade do Rio de Janeiro há quase vinte anos. A candidatura
vai estar a serviço da luta contra o genocídio do povo negro, contra as UPPs,
pelo fim da Polícia Militar, e em defesa de um sistema de transportes público,
com tarifa zero e controlado pela população.
Em São Paulo, vamos apoiar o
companheiro Mário Medina (5084), da corrente Resistência Popular Revolucionária/PSOL. Ele é militante do movimento estudantil e a sua campanha
vai levantar as reivindicações pelo salário mínimo do DIEESE (R$ 2.750,00), fim
do serviço militar obrigatório e fim da Polícia Militar, entre
outros.
Também em São Paulo, tem as candidaturas da organização Liga Comunista pela legenda do PCO, com os companheiros Antonio Junior (2919) para Dep. Federal e Levi Sotto (29290) para Dep. Estadual. Ambos são militantes e operários metalúrgico e da construção civil, e já estão iniciando a campanha defendendo a justa redução da jornada de trabalho sem redução de salário e contra as demissões que estão acontecendo nas indústrias de SP.
Nós não temos ilusões em ganhar algum mandato. A nossa campanha
não é financiada por grandes empresas, e sim autossustentada. Para nós, o
importante não é ganhar votos, e sim transformar a própria campanha numa
ferramenta para impulsionar e popularizar as lutas e explicar pacientemente aos
trabalhadores a necessidade da revolução socialista e do partido revolucionário.
Participe com a gente dessa luta contra o regime e para transformar a
consciência dos trabalhadores!
Nenhum comentário:
Postar um comentário