Nota do Movimento Hora de Lutar
Imagens de protestos têm estampado as manchetes dos mais variados jornais durante o último mês. Após uma década bastante morna em termos de lutas, os trabalhadores e jovens da Tunísia, Egito, Argélia, Líbia, entre outros, têm deixado claro que, enquanto houver opressão e exploração, vai haver resistência e luta. E isso logo após um final de ano em que a Europa, através de greves gerais na França, Espanha, Grécia e Portugal, demonstrou que os trabalhadores não estão dispostos a pagar a conta da crise econômica gerada pelos banqueiros e empresários em sua busca desenfreada por lucros.
E, apesar da grande mídia fazer parecer que essa realidade de greves gerais, passeatas radicalizadas e manifestações de milhões é parte de uma realidade muito distante da nossa, a juventude da cidade de São Paulo tem mostrado o contrário nas últimas semanas.
No dia 27 de janeiro, cerca de 3 mil estudantes ocuparam as ruas de São Paulo para resistirem ao mais novo ataque do prefeito tucano, Gilberto Kassab. A mobilização, que contou com a presença de diversas entidades estudantis e foi encabeçada pelo Movimento Passe Livre (MPL), exigia a diminuição da passagem de ônibus, que o PSDB fez ir para abusivos R$3,00, como forma de agradar as empresas que bancam suas campanhas e sustentam o partido.
Mas como a prefeitura não quer abrir mão do aumento, apostando na desmobilização pela qual passa o movimento estudantil nos últimos anos, no último dia 17 cerca de 400 estudantes, em conjunto com trabalhadores ligados ao Sindicato dos Metroviários de SP, se dirigiram até a sede da Prefeitura, exigindo uma reunião com Kassab.
Queima de uma catraca em frente à prefeitura |
Apesar de pacífica, a manifestação foi brutalmente reprimida pela Guarda Municipal e pela PM, que deixaram claro seu papel de cães-de-guarda do Estado dos patrões. No meio da confusão, até mesmo dois vereadores do PT apanharam e levaram gás de pimenta na cara. Kassab deixou claro qual seu recado aos estudantes e trabalhadores: não tentem interferir nos lucros da burguesia.
10 PMs se juntaram para espancar um manifestante |
Apesar da brutalidade com que foi recebido esse retorno dos estudantes paulistas às ruas, não podemos nos deixar abater! O movimento estudantil de SP deve fortalecer sua luta, rodando ainda mais escolas e faculdades, fazendo plenárias nas bases com todos aqueles dispostas a lutar, sejam da ANEL, UNE, UBES, etc. e, acima de tudo, tentar estender mais ainda a luta aos trabalhadores do metrô e, principalmente, dos ônibus. Como demonstra a experiência do ME carioca, por mais que os estudantes consigam o passe livre e irrestrito para poderem frequentar a escola, locais de estudo e de lazer, tão logo o movimento se enfraqueça, essa conquista será retirada: hoje o passe no Rio de Janeiro é extremamente restrito, está sob constante ameaça de mais cortes e as passagens não param de subir.
Apenas quando as empresas de transporte estiverem nas mãos dos trabalhadores, controladas por assembleias democráticas, é que o passe estudantil poderá estar seguro de cortes.
Por isso, dizemos aos bravos companheiros de São Paulo: continuem a luta pelo passe livre, busquem aumentar ainda mais a aliança com os trabalhadores, e lutem para que as empresas estejam nas mãos de quem trabalha, e não de quem lucra com o trabalho alheio!
E defendemos que essa deve ser a mesma meta dos estudantes cariocas no próximo dia 28 de março, quando além de declararmos toda solidariedade ao ME paulista contra a repressão policial, devemos dizer bem alto: se o passe livre não rolar, a cidade vai parar!
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