QUEM SOMOS NÓS

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Somos uma organização marxista revolucionária. Procuramos intervir nas lutas de classes com um programa anticapitalista, com o objetivo de criar o Partido Revolucionário dos Trabalhadores, a seção brasileira de uma nova Internacional Revolucionária. Só com um partido revolucionário, composto em sua maioria por mulheres e negros, é possível lutar pelo governo direto dos trabalhadores, como forma de abrir caminho até o socialismo.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Balanço do ato no Rio de Janeiro contra o imperialismo

Balanço do ato no Rio de Janeiro contra o imperialismo
Para a felicidade de Obama e Dilma, governistas e Conlutas Desarticularam o Movimento!


            Desde a chamada para as manifestações contra a presença de Obama no Brasil, realizada na reunião do dia 16 de março no SINDIPETRO-RJ, na qual estavam presentes as mais diversas organizações de esquerda, das mais combativas às mais centristas e reformistas, ficou claro que uma manifestação anti-imperialista contra Obama na Cinelândia não era o foco das organizações governistas, nem do PSOL (incluindo as suas correntes pseudo-trotskistas) ou do PSTU. Em uma clara tentativa de sabotar o ato, fazendo dele apenas algo para se dizer que “ao menos tentamos”, as correntes majoritárias do PT (antes de Dilma mandar o partido se retirar da organização e não tomar parte no ato), além do PCdoB e PSOL, fecharam acordo para que a concentração no domingo ocorresse na Glória, bem longe da Cinelândia, onde Obama estaria. Mas pior ainda foi o PSTU, que dividiu o movimento puxando um ato em separado na sexta (18), e convocando a concentração de domingo (20) para o Largo do Machado, a 8 quilômetros da Cinelândia!

            Frente à indisposição desses setores, nós do Coletivo Lenin nos juntamos à Liga Comunista, à FIST e à RECC, e formamos uma frente combativa em torno do compromisso de no domingo marchar em direção à Cinelândia ou até onde fosse possível, mesmo que as capitulação e indisposição das direções de correntes governistas e não-governistas predominassem, traindo a luta. Assim, estivemos dispostos a intervir no domingo numa frente única contra a presença de Obama no Brasil, sem capitular às políticas majoritárias de divisionismo, do oportunismo e do social-pacifismo da “esquerda” eleitoral e sindical tradicional.


Sexta-feira: social-pacifismo e voluntarismo

            Na sexta-feira, estivemos presentes no pequeno ato da Candelária (cerca de 200 manifestantes) chamado pelo PSTU em conjunto com outras organizações de esquerda, enquanto a CUT e a CTB boicotavam e se “preparavam” para domingo. Ao chegar ao consulado Norte-Americano, a manifestação foi duramente reprimida pela polícia, que havia recebido apoio e orientação dos aparatos de repressão imperialistas para organizar a “segurança” da cidade. Muitas das prisões e revistas foram efetuadas por oficiais majores, capitães e tenentes da PM, mostrando claramente a posição de serviçais do imperialismo do alto-comando da PM do Rio.
          Infelizmente, o voluntarismo de algum membro do ato (que de forma irresponsável jogou um coquetel molotov em direção ao consulado) forneceu a desculpa necessária para a reação da PM, resultando em 13 prisões arbitrárias, além de desmobilizar a base e dar argumentos para as organizações de esquerda serem difamadas pela Rede Globo e demais órgãos da imprensa burguesa. Mas tão ruim quanto o voluntarismo de quem jogou o explosivo, sem se preocupar se isso seria uma ação isolada (ao invés da expressão de uma real disposição do ato para o enfrentamento), foi o social-pacifismo do PSTU, que passou os dias seguintes fazendo declarações públicas sobre a necessidade dos atos serem pacíficos e contra a violência em manifestações, como a declaração do assessor do partido Rodrigo Noel, que informou à imprensa: “Por tradição, fazemos manifestação e não concordamos com qualquer tipo de violência. Não queremos desmoralizar nossos atos”.

Esse tipo de linha só serve para desarmar e deseducar os militantes dos movimentos sociais, deixando-os totalmente despreparados para atos radicalizados ou em que ocorra forte repressão e enfrentamento. Obviamente, não apoiamos ações isoladas e irresponsáveis como a do companheiro que jogou o molotov (chamado pelo PSTU de “infiltrado”), pois esse tipo de ação tenta substituir a necessidade de mobilização e preparo das massas pela força de vontade individual. Mas isso não significa contribuir para a concepção pacifista que marcou a repercussão da prisão dos 13 manifestantes, que chegaram a ser levados para presídios e casa de detenção (no caso do menor de idade). Exigimos a retirada de todas as acusações contra os presos políticos (que apenas na segunda, após a partida de Obama, receberam habeas corpus). Não à criminalização dos movimentos sociais! Abaixo a repressão policial! Contra o voluntarismo irresponsável e o social-pacifismo!


Domingo: direções traidoras impedem manifestação de avançar até Cinelândia

            Apesar da forte repressão e do aparato policial, dos presos políticos de sexta-feira, e ainda o fato de CUT/PT terem desistido de participar do ato por pressão do governo Dilma, foi mantida a manifestação de domingo. Como já falamos, inicialmente a concentração foi propositalmente rachada, com concentrações em lugares distintos e distantes, mostrando a indisposição dessas diversas direções em construir um “Fora Obama” forte e combativo. Mesmo assim, estavam presentes de 500 a 600 pessoas, muito mais gente que na sexta. Parte disso foi graças à sensibilização de muitos militantes do PSTU e PSOL após as prisões arbitrárias de sexta. Mas infelizmente, essa insatisfação não foi suficiente para romper com o social-pacifismo de suas direções. Vimos claramente que poderíamos ter dado a volta pela praça do Passeio Público para chegar à Cinelândia, mas a  manifestação foi orientada para uma perigosa armadilha ao seguir pela Rua do Passeio (do outro lado da bifurcação criada pela praça), onde a direção do ato parou a marcha no meio da rua, mesmo ela estando inicialmente livre.

O argumento foi que haveria um “banho de sangue” se a marcha seguisse da rua até a Cinelândia. Uma desculpa que não nos convenceu. Estava claro que o comando do ato, composto pelo PSTU, PSOL, PCdoB e MST, propositalmente orientou a marcha para esse beco sem saída (pois logo em seguida a rua foi fechada pela polícia) com o intuito de prontamente dispersar os militantes de suas organizações, usando essa falsa argumentação do “banho de sangue”. Quem certamente ficou feliz com essa traição foram Sérgio Cabral e Dilma, que devem ter aplaudido a forma como as direções dos movimento sociais “aprenderam a lição” na sexta e não se atreveram a ir muito longe no domingo.

            Porém, nem todos abaixaram a cabeça e voltaram para casa. Nesse momento, a Frente Única contra a presença de Obama no Brasil, criada pelo CL, LC, FIST e RECC antes do ato, já na perspectiva de que haveria uma traição desse tipo, polarizou a marcha com a voz e a vontade política de seus militantes, questionado publicamente as direções traidoras e chamando todos os militantes presentes para continuar a marchar até a Cinelândia antes que a Cavalaria da PM nos cercasse de vez nas duas entradas da rua.  Para dialogar com os militantes do PSTU e PSOL, aos quais pertenciam boa parte dos presos de sexta, puxamos a palavra de ordem “Para os presos libertar, precisamos avançar”, mostrando para a base desses partidos as contradições políticas das suas direções que acataram a mensagem de Cabral e da PM.

Em resposta, fomos hostilizados por alguns dirigentes partidários, mas nada que nos fizesse parar. Em pouco tempo, graças a essa capitulação da direção do ato, a cavalaria da PM fechou a rua. Dessa forma, para evitar que sua base rachasse diante da crise, a direção do PSTU chamou os seus militantes de volta para a sua sede alegando que “tudo o que podia ser feito já tinha sido feito”. Enquanto isso a maior parte das outras organizações optaram por seguir a orientação de dispersar a manifestação imposta pela CSP-Conlutas, CTB, PSOL e MST.


Apesar dos pelegos, para o CL, LC, FIST e RECC a luta continua!

            Apesar das direções traidoras terem dispersado a manifestação, concretizando todas as avaliações e previsões, graças à real vontade de algums grupos em levar a cabo uma manifestação anti-Obama e anti-imperialista, conseguimos chegar na Cinelândia.

            Nós do Coletivo Lenin, junto com a Liga Comunista, a Frente Internacionalista dos Sem-teto, e a Rede de Estudantes Classistas e Combativos, mostramos nossa disposição e coerência política com aquilo que propomos como Frente Única: “Vamos caminhar hoje até onde pudermos contra Obama e o Imperialismo!” (Confira abaixo o manifesto da Frente Única Contra a Presença de Obama no Brasil). Também na Cinelândia encontramos outras organizações políticas como o Morena-CB e o PCR, dispostas assim como nós a passar pela barreira política das direções pelegas e a protestar diante da barreira policial montada em volta do Theatro Municipal.

            Conseguimos assim defender os presos políticos diante da mídia burguesa e popular (enquanto o PSTU e PSOL deixaram essa tarefa para seus advogados e para a lei burguesa); denunciamos e combatemos a repressão policial do Estado; e ainda denunciamos e exigimos a expulsão das tropas imperialistas dos Estados Unidos, ONU e OTAN da Líbia, Iraque, Afeganistão e Haiti, com palavras de ordem como: “Fora já, fora já daqui, Obama da Líbia e Dilma do Haiti!” e “Estão no mesmo saco, Obama e caveirão. Libertem nossos presos e abaixo a repressão!”

            Assim, esse dia ficou marcado por uma profunda experiência política. Ficou claro que as direções conciliadoras são os maiores freios para a luta de classes, por sempre se adaptarem à democracia burguesa e capitularem ao social-pacifismo, se esquivando da luta por fora dos meios legais do Estado. A denúncia das prisões dos ativistas foi muitas vezes usada como válvula para espalhar o social-pacifismo e desarticular o movimento nos momentos mais críticos. Por todos os fatos, mostramos que a nossa política estava correta, e fomos consequentes com ela, desmascarando essas direções traidoras no movimento e evidenciando o valor de uma militância política combativa que não se atém aos valores democratistas dominantes hoje no movimento de massas. Nesse dia, mostramos para boa parte da esquerda e para o líder imperialista presente no Brasil que sim, nós podemos lutar!

Abaixo está transcrito o panfleto distribuído pela Frente Única Contra a Presença de Obama no Brasil.

Vamos caminhar hoje até onde pudermos 
contra Obama e o Imperialismo!

Todos estamos aqui hoje porque dizemos nos opor à presença de Obama no Brasil. Entretanto, alguns parecem ter se esforçado para garantir que os protestos contra o chefe-mor do imperialismo seriam esvaziados. A CUT, Força Sindical, CTB e outras centrais que apóiam Dilma, não colocaram esforço para construir este ato. Achamos que isso tem um motivo político e não que é simples “desorganização”. Já que é Dilma, a chefe do Estado burguês brasileiro, a anfitriã de Obama, os lideres sindicais que apóiam este governo vão fazer de tudo para não “envergonhá-lo” diante do imperialismo. Acreditamos que por nos opormos aos acordos econômicos de Dilma com o imperialismo, não podemos participar dessa sabotagem de dentro do nosso próprio movimento.

De forma parecida, alguns setores da oposição de esquerda tem se limitado ao “calendário oficial” proposto pelos burocratas sindicais para frustrar a luta dos trabalhadores. Além de convocar inicialmente um ato ainda mais distante de onde estará Obama (no Largo do Machado, a 8 quilômetros da Cinelândia!) do que este marcado pelas grandes centrais, a CSP-Conlutas, dirigida pelo PSTU e pelo PSOL, não está tomando nenhuma iniciativa para se opor ao rumo que os burocratas querem dar – um ato “só para não dizer que não fizemos nada” e sem nenhuma ousadia.

Achamos que isso não é o suficiente para demonstrar nossa insatisfação contra o imperialismo, não apenas no Brasil, mas também no Haiti, no Iraque, Afeganistão e no que está sendo feito na Líbia. Se os burocratas que hoje lideram a CUT e outras centrais governistas não querem se chocar contra o governo, apesar dos claros ataques contra trabalhadores e oprimidos, os verdadeiros inimigos do imperialismo deveriam organizar uma medida que coloque outra pauta na mesa. É a isso que nos propomos, já que outros setores de oposição, como PSTU e PSOL não querem lançar uma ação independente dos capachos de Dilma que lideram as centrais.

Existe risco de que hoje essas lideranças nem queiram sair da Glória (concentração do ato marcado pelas grandes centrais, que fica também distante, a quase 2 quilômetros de onde estará Obama), e demais locais de concentração, ou talvez dêem apenas alguns passos, usando como justificativa a repressão policial para nem ameaçar caminhar pela cidade, afastando os manifestantes do chefe imperialista. Achamos que o ato de hoje deve chamar o máximo de atenção inclusive para defender os companheiros de algumas dessas organizações citadas, que foram presos no ato contra Obama na última sexta-feira, e estão até agora presos nas celas do Estado burguês.

Hoje chamamos todos a caminhar até onde pudermos! Nós, membros de uma frente composta por trabalhadores e estudantes classistas, organizações revolucionárias trotskistas, organizações de sem-teto, de favelas e de torcedores independentes, nos opomos aos governistas sindicais e seus satélites, que não querem fazer um ato combativo. Queremos que todos os ativistas honestos caminhem conosco num sinal de oposição firme ao imperialismo, ao capitalismo, ao terrorismo e genocídio de Estado e em repúdio a esta sabotagem. Vamos tentar, ainda que sejamos poucos, a ir até onde for possível.

Fora Obama do Afeganistão, Iraque, Haiti, Líbia e Brasil!
Pela liberdade imediata de todos os presos políticos que lutam contra os assassinos de Estado, inclusive aqueles 13 na justa manifestação da última sexta-feira contra Obama!

Frente Única Contra a Presença de Obama no Brasil

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