QUEM SOMOS NÓS

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Somos uma organização marxista revolucionária. Procuramos intervir nas lutas de classes com um programa anticapitalista, com o objetivo de criar o Partido Revolucionário dos Trabalhadores, a seção brasileira de uma nova Internacional Revolucionária. Só com um partido revolucionário, composto em sua maioria por mulheres e negros, é possível lutar pelo governo direto dos trabalhadores, como forma de abrir caminho até o socialismo.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Depois do III Congresso do PSOL, o que fazer?

Os militantes do PSOL devem estar muito putos, sem saber o que vai acontecer com o seu partido.

É lógico que estamos falando dos militantes que querem que o PSOL seja um partido para lutar pelo socialismo, e não dos burocratas que vivem à base de gabinetes, que estão comemorando agora o resultado do congresso.

Mas, porque os militantes do PSOL com consciência revolucionária estão tão revoltados?


O balanço do III Congresso

Foram inscritas quatro chapas para o Congresso, que terminaram com as seguintes votações:

Chapa 1 (MES/CST)                             77 votos
Chapa 2 (MTL - racha do MES)            67 votos
Chapa 3 (Enlace/CSOL/LSR)                46 votos
Chapa 4 (APS/TLS/racha do Enlace)   139 votos

Sobre as correntes, podemos dizer o seguinte:

- o MES (Movimento de Esquerda Socialista) forma com a CST (Corrente Socialista dos Trabalhadores) o "centrão" do PSOL. Eles fazem várias críticas à direção oportunista do partido, mas sempre recuam para manterem as boas relações com eles. O MES mesmo fazia parte da direita do PSOL, e esteve no congresso passado com o MTL defendendo a candidatura da Marina Silva. A CST, por conta das suas capitulações, tem perdido uma leva de militantes para a LSR, como qualquer um militante do PSOL sabe.

- o MTL (Movimento Terra e Liberdade) e o racha do MES (que mantém a mesma política do congresso anterior, de emblocar com o MTL) são a corrente reformista mais à direita. São eles que defendem abertamente que Marina Silva (ex-PV, que teve como vice o dono da Natura e serviu de auxiliar da candidatura Serra nas eleições passadas) seja a próxima candidata do PSOL. Marina Silva saiu do PV não por diferenças políticas, e sim porque quer um partido que esteja sob o seu controle.

- o bloco de esquerda CSOL (Corrente Socialismo e Liberdade) - LSR (Liberdade, Socialismo e Revolução) e Revolutas tem sido quem mais luta contra a direitização do PSOL. Dentro desse bloco, existem muitos militantes honestos e com consciência da necessidade da revolução. Mais à frente, vamos discutir com mais calma a política deles. A novidade foi que o Enlace saiu de cima do muro, onde estava desde 2005, e se alinhou com a esquerda do PSOL, diante da descaraterização que eles querem impor ao partido.

- a APS (Ação Popular Socialista) e a TLS (Trabalhadores na Luta Socialista), junto com o racha do Enlace, formado por sindicalistas do antigo MUS (Movimento de Unidade Socialista), são a corrente reformista dominante no PSOL, e reivindicam abertamente o "programa democrático e popular" do V Encontro do PT (sobre o programa democrático e popular, leia o nosso artigo:

http://coletivolenin.blogspot.com/2009/04/polemica-o-petismo-e-o-governo.html

).

Eles conseguiram eleger Ivan Valente, da APS, como o presidente do partido.

Foi justamente a Chapa 4 que conseguiu a formulação que fechou a maior polêmica do Congresso, sobre a política de alianças.

Cada vez mais, vários setores políticos burgueses estão entrando no PSOL, por falta de espaço nos partidos tradicionais. Foi o caso de Jorge Periquito (PRTB), que tentou filiar o seu grupo em Minas Gerais. Ele depois foi expulso pelo PSOL, mas continua usando a legenda de forma fraudulenta.

Foi o caso do Senador Randolfe Rodrigues, da APS do Amapá, que está filiando em massa no seu estado, no "melhor" estilo Articulação", e, usando esses métodos, ganhou o Congresso estadual, defendendo alianças nas eleições de 2012 com PV, PDT, PCdoB, PTB e PSDC!

Foi o caso do Rio de Janeiro, onde foi votado no Congresso estadual que o PSOL vai se aliar com o Gabeira (PV), que apoia o grupo de César Maia, o responsável pelo desvio de dinheiro faraônico da Cidade da Música. 

As chapas 1 e 3 eram contra as alianças por fora da Frente de Esquerda (PSTU e PCB), e a chapa 2 era a favor do "liberou geral". A solução foi a proposta da chapa 4, onde as alianças devem ser autorizadas pelo Diretório Nacional - onde a APS e o MTL têm maioria!

Portanto, o III Congresso foi mais um passo adiante na direitização do PSOL, que se transformou desde 2004 num "PT fora do PT".
 
Além disso, a questão mais importante para que está no movimento, a unidade do PSOL no movimento sindical, foi jogada para segundo plano e adiada para uma Conferência Sindical em 2012. Até o momento, os militantes do PSOL estão divididos entre a Intersindical, a Unidos Pra Lutar e a CSP-CONLUTAS.


E agora?


Como já falamos, existem muitos militantes de base que não querem ver o PSOL se transformar num mini-PT. A maioria desses militantes têm feito movimentos dentro do partido, como o "PSOL sem Gabeira", e stão lutando nos congressos contra a direção. Mas a luta não pode ser vitoriosa sem a clareza de qual estratégia seguir. Por isso, vamos fazer algumas considerações sobre a luta dentro do PSOL.

O CCI, que foi a organização que veio antes do Coletivo Lênin, foi formado no final de 2006, por militantes que romperam com o PSTU por causa das posições do PSTU contrárias à defesa da URSS e de Cuba, por defenderem uma intervenção real do partido na luta contra as opressões específicas e por serem contra a ruptura com a CUT.

Naquele momento, o PSOL estava com a candidatura da Heloísa Helena, totalmente despolitizada, contra a legalização do aborto, as ocupações do MST e copiando os agumentos do PSDB contra Lula. Por isso, avaliamos que não existiam  condições para fazer entrismo no PSOL. Para nós, que somos trotskistas, o entrismo não é uma questão de princípio, e sim uma tática que podemos adotar ou não, dependendo da situação.

Por quê?

Em alguns casos as organizações revolucionárias são tão pequenas que precisam entrar em partidos maiores, mesmo que sejam reformistas, para ganhar os militantes honestos que estão nesses partidos com a intenção de lutar pelo socialismo.

Mas isso não tem como acontecer em todas as situações. Precisa haver um clima político de radicalização que empurre a base para posições que ultrapassam o programa reformista do partido em que está.  Por exemplo, vejam como o revolucionário norte-americano James Cannon definiu as condições que levaram o grupo trotskista da época, o WP, a entrar no Partido Socialista americano:

Uma nova geração de trabalhadores e elementos jovens, sem manchas pela responsabilidade das traições do passado, haviam sido sacudidos e despertados pelo tremendo impacto dos eventos mundiais, especialmente a derrota do movimento operário alemão com a vinda do fascismo ao poder. Um novo vento soprava nesta velha e decrépita organização da Social-Democracia. Estava se formando alí uma ala esquerda, manifestando o impulso de um grande número de pessoas para encontrar o programa revolucionário. Pensamos que isto não podia ser desconhecido porque era um fato, um elemento da realidade política norte-americana. (...) Pelo contrário, tínhamos a obrigação de ajudar este incipiente movimento no Partido Socialista a encontrar o caminho correto.

(A História do Trotskismo Norte-Americano)

Existem duas atitudes diferentes frente ao PSOL, representadas pela CSOL e pela LSR. A CSOL considera que o PSOL é um partido estratégico, ou seja, é o PSOL que pode dirigir a revolução brasileira.

Como nós explicamos em A Crise do PSOL e da Frente de Esquerda,

http://coletivolenin.blogspot.com/2010/04/crise-do-psol-e-da-frente-de-esquerda.html

pelo fato do PSOL ser formado por setores reformistas e por militantes e pequenos grupos revolucionários, num momento de lutas decisivas, ele vai acabar rachando. Por isso, é ilusão imaginar que o PSOL como um todo pode cumprir um papel revolucionário, ou que os oportunistas como o Martiniano Cavalcanti, Randolfe Rodrigues, Milton Temer e outros vão aceitar um programa revolucionário votado em congresso.

O ponto forte da LSR é justamente fazer essa crítica. A LSR diz para a sua base que está fazendo entrismo no PSOL, para poder construir um partido revolucionário. Com a sua atitude de luta, a LSR tem ganho muitos militantes que querem lutar pela revolução, porque outras correntes têm recuado.

Mas temos que ser claros: a política da direção da LSR não é orientada para uma ruptura entre revolucionários e reformistas. A LSR ficou no PT até 2003, quando o PT já estava governando para os empresários em boa parte do Brasil.

A corrente internacional de que a LSR faz parte, o Comitê por uma Internacional dos Trabalhadores (CIT) foi formada pelo grupo que é a sua atual seção inglesa. Este grupo, que era conhecido por Tendência Militante, e hoje se chama Partido Socialista, ficou dentro do Partido Trabalhista inglês desde a década de 1950 até 1995 - mais de quarenta anos de entrismo!

A explicação é simples. Ted Grant, trotskista sulafricano que formou o Militant e é até hoje a maior referência teórica e política da CIT, defendia que os trabalhadores necessariamente vão passar por uma etapa de radicalização sob hegemonia da socialdemocracia antes de chegarem a posições revolucionárias. Como ele disse em Problemas do Entrismo:

Sob condições de crise e luta, haverá uma renovação de todo o movimento trabalhista. (...) Sob tais condições, uma forte corrente reformista de esquerda ou até mesmo centrista, com base de massas, seria formada no Partido Trabalhista (...) Se houver uma ala marxista, ou mesmo uma forte fração trabalhando neste meio, poderão se estabelecer as bases para o desenvolvimento de um partido revolucionário. Uma oportunidade semelhante vai reaparecer em novas circunstâncias. Esta é a justificativa histórica para a política de entrismo.


Ou seja, até que aconteça um ascenso, o correto seria ficar junto com a socialdemocracia, esperando as suas bases avançarem pela esquerda. Por essa concepção, a direção da LSR não romperia com o PSOL até que acontecesse um ascenso de massas, ou seja, até que fosse tarde demais!
 
Assim, toda a política da LSR está voltada a formar uma frente dos vários grupos de esquerda para lutar dentro do PSOL, mas sem uma perspectiva para fora do partido, onde também existem vários militantes que querem construir um partido revolucionário.

Justamente por ter uma perspectiva de longo prazo dentro do PSOL, a LSR não levanta palavras de ordem transitórias no movimento, que iriam levar a uma ruptura com a burocracia sindical do PSOL.

Por isso, também, a LSR acaba recuando sempre que a sua política coloque em risco a unidade do PSOL, como fez ao aceitar Plínio como candidato. Toda a defesa que a LSR e a esquerda do PSOL fazem da Frente de Esquerda está ligada a essa política de unidade com os reformistas, que acaba criando essa frente com programa rebaixado. Por isso, somos contra qualquer bloco eleitoral ou no movimento com um programa que tente "contemplar" reformistas e revolucionários.

Nós não somos sectários. Sabemos que existem vários militantes que querem lutar pela revolção no PSOL, muitos na LSR. Propomos aos companheiros, como um passo para construir um partido revolucionário, como alternativa ao bloco com os reformistas dentro do partido e à Frente de Esquerda, que levantem um programa transitório no movimento, com o qual possa haver uma unidade entre os revolucionários.


 
- formação de comitês de moradores na luta contra as remoções racistas provocadas pela Copa e pelas Olimpíadas!

- todo apoio à ocupação de terras e prédios públicos!

- criar comissões de empresas, unindo trabalhadores efetivos e terceirizados, que defenda a diminuição da carga horária sem a redução de salários até o fim do desemprego.

- frente eleitoral sem setores reformistas (como a APS e o MTL), que agite um programa transitório e defenda um governo direto dos trabalhadores!


- criar um partido de tendências revolucionárias, com centralismo democrático!

Um comentário:

  1. Bem...como militante do PSOL (independente no congresso estive proximo do CSOL)vejo o atual momento do Partido com certa preocupaçao. Sem duvida no momento que vivemos o PSOL ainda é a melhor alternativa para acumular forças e manter o dialogo com setores da populaçao. Infelizmente setores do Partido veem como alternativa para aumentar esse contato ataves de mandatos. Mandatos esses que se obtidos devem ser alcançados atraves de trabalho militante com alianças programaticas e nao aliancas opoirtunistas. Papel lamentavel teve a APS que prestou se ao papel de advogado do Randolfe que nem dignou se a apresentar se para defender sua'politica'mandando apenas seus 30 delegados. Parabens pela analise sensata!!!! Gostaria de fazer apenas uma ressalva: colocar Milton Temmer no mesmo saco que Martiniano e Randolfe è no minimo equivocado podemos nao ter a mesma concepcao de esquerda que ele mais chama lo de oportunista......

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