Depois das grandes mobilizações do mês passado, que conseguiram se
manter, numa escala menor, mesmo depois da direita ter parado de tentar
insuflar e influenciar o movimento, as direções da CUT e das outras centrais
sindicais (Força Sindical, CTB, CGTB, NCST, UGT, CSB e CSP-CONLUTAS) se
reuniram e marcaram o dia 11/07 com um Dia Nacional de Lutas. As reivindicações
são:
- Reduzir o preço e melhorar a qualidade dos transportes coletivos;
- Mais investimentos na saúde e educação pública;
- Fim do fator previdenciário e aumento das aposentadorias;
- Redução da jornada de trabalho;
- Fim dos leilões das reservas de petróleo;
- Contra o PL 4330, da terceirização;
- Reforma Agrária
Como todos sabemos, a maioria dessas centrais só existe no papel e é
controlada por partidos de direita. A própria CUT, que já foi a maior central
sindical da América Latina, está totalmente burocratizada e sob controle das
várias correntes do PT, que atrelam os sindicatos ao governo. Por que eles
teriam interesse em organizar essa luta?
A resposta é que centenas de milhares de pessoas foram às ruas, grande
parte delas trabalhadores sindicalizados. Se as centrais não fingissem que
querem lutar, poderiam ficar ainda mais desacreditadas diante das categorias.
Essa também é a explicação da maioria das reivindicações ser muito vaga. Tudo
isso é uma estratégia para canalizar e desviar o movimento.
A CSP-CONLUTAS, que é a central mais combativa de todas essas, se
adaptou a essa armação dos pelegos, e não está denunciando o papel das outras
centrais que, com exceção da CUT (que, apesar de tudo, organiza greves e lutas,
mesmo que com reivindicações rebaixadas e métodos burocráticos), são fantasmas
e a favor dos patrões.
Vendo todo esse cenário, alguns grupos estão dizendo que tudo isso é uma
farsa, mas não tem nenhuma proposta do que fazer em relação a isso. Diferente
da ridícula "greve de Facebook" que foi convocada para o começo do
mês, vão acontecer lutas reais no dia 11, apesar da grande maioria ser sem a
ampla participação dos trabalhadores, pelo fato da maioria dos sindicatos serem
muito burocratizados.
A nossa atitude, então, deve ser a de tentar ultrapassar os pelegos
dentro do próprio Dia de Lutas! Temos que ajudar na mobilização de todas as categorias, marcar
assembleias, fazer de tudo para que esse dia não seja só "pra inglês
ver", colocando em movimento milhões de trabalhadores. Essa é a maneira de
revitalizarmos o movimento, e de impedirmos que os pelegos continuem a desviar
e derrotar as lutas.
Ao mesmo tempo, temos que dar uma alternativa às reivindicações
rebaixadas e vazias que eles estão defendendo. Temos que resgatar as bandeiras
que foram levantadas pelos movimentos de esquerda durante as lutas de junho,
principalmente as que se chocam diretamente com o sistema capitalista e o
governo:
- Estatização do sistema de transportes e tarifa zero, financiada por
impostos progressivos!
- Nacionalização do Pré-Sal e 100% dos seus lucros para a Saúde e a
Educação! Por uma PETROBRAS 100% pública e estatal, sob
controle dos trabalhadores.
- Pela redução da jornada de trabalho, sem redução de
salários, para acabar com o desemprego.
- Que os trabalhadores cuidem da sua própria
segurança.Pelo fim da polícia violenta e racista!
- Apoio às lutas dos camponeses pela terra!
Olá amigo, bom dia.
ResponderExcluirUma dúvida, como funcionaria a penúltima reivindicação citada:
"Que os trabalhadores cuidem da sua própria segurança.Pelo fim da polícia violenta e racista! "
Digo...a ideia não é literalmente ACABAR com a polícia e que cada um se defenda de sua maneira certo ? Como seria então ?
Bom texto, bom dia.
Um vários momentos a policia foi extinta e os trabalhadores fizeram sua própria segurança. os crimes diminuiram, como também os motivos que provocam a ocorrencia deles também.
ResponderExcluirDurante a guerra civil espanhola, as revoltas negras nos EUA, durante a guerra civil Russa, revolta da vacina, Canudos, Contestado.
ResponderExcluirNa guerra civil espanhola tinha a "Coluna de ferro", que era uma milícia popular, em sua maioria composta de presidários libertados pela demolição dos presídios durante a revolução. Eles eram altamente disciplinados e grandes combatentes em defesa da liberdade e da revolução, contra o facismo e o Estado. Não houve nenhuma incidencia de crimes ou violações vindo dessa coluna. Pelo contrário, os relatos de estupros, saques, execuções e torturas vinham dos militares e dos fascistas.
aqui um link com um relato de um combatente da coluna de ferro:
http://ccl.yoll.net/colunadeferro.htm
Obrigado pela respostas.
ExcluirDe qualquer forma, vc acha que no Brasil esse modelo ao ser aplicado seria bem sucedido ? Não estou criticando, estou perguntando por dúvida mesmo.
É a primeira vez que vejo alguém propor isso.
Aliás, no nosso País como isso funcionaria, todos os presos seriam libertados ?
ResponderExcluirHaveria algum tipo de controle, tipo...presos por crimes hediondos continuariam presos...ou algo assim ?
ResponderExcluirBem, anônimo, em linhas gerais nós concordamos com o Zé.
Nas condições atuais do Brasil, não existe organização dos movimentos populares suficiente para substituir a polícia por autodefesas armadas formadas pelos próprios trabalhadores.
Então, por que nós levantamos essa palavra de ordem, se ela não pode ser colocada em prática agora? Nós consideramos como uma palavra de ordem transitória, ou seja, que aponta para um tipo de sociedade diferente da que vivemos, uma sociedade socialista. O papel das palavras de ordem transitórias é permitir que os trabalhadores possam testar na prática outra forma de funcionamento da sociedade, diferente do capitalismo.
Por exemplo, já existem autodefesas em alguns movimentos de luta pela terra, mesmo que elas sejam provisórias e sejam mais usadas contra os jagunços. O nosso objetivo é justamente difundir esse tipo de ideias.
Sobre a questão dos criminosos comuns, a experiência das revoluções chinesa, espanhola, argelina e nicaraguense mostra que é possível que um movimento revolucionário dê uma outra perspectiva de vida para os jovens que vieram da classe trabalhadora, mas que acabaram seguindo o caminho do crime.
Não necessariamente seria possível soltar todos os presos (por exemplo, na revolução russa, isso foi feito e deu errado) mas, de qualquer forma, é preciso encontrar alternativas ao sistema prisional, que não cumpre o papel que diz realizar, de reeducar e reintegrar os presos. Na verdade, as prisões no capitalismo segregam os presos pobres os fazem eles entrarem mais fundo ainda na criminalidade.
A solução passa pela reeducação pelo trabalho, mas em cada situação específica isso acontece de uma forma diferente. A nossa perspectiva desde agora não é prever como isso seria, mas denunciar o papel desumano das prisões no capitalismo e nos orientar para uma política contra o crime que tenha como objetivo realmente trazer de volta os presos à classe trabalhadora, o que só pode acontecer juntamente com uma transformação de toda a sociedade.
haha "Bem, anônimo," foi ótimo. Não sei muito bem o motivo de eu ter deixado como "anônimo". Meu nome é Flávius e agradeço muito as respostas.
ResponderExcluirTenho que pensar um pouco sobre o assunto.
valeu!
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