Um
conluio de Estado, organizado pelo Poder Executivo, alicia TRJ, TRT,
Polícia Militar e Delegacia de Repressão à Crimes de Informática
da Polícia Civil (DRCI) na repressão e perseguição política à
manifestantes, lideranças de categorias grevistas e movimentos
sociais no Rio de Janeiro.
Desde as
manifestações de junho de 2013, antes mesmo de se tornarem de
massas, a máfia apoiadas pelas milícias paramilitares e ligada ao
PMDB instalada no Governo e na Prefeitura do Rio, já vinha
perseguindo de forma criminosa os estudantes e trabalhadores
manifestantes, e posteriormente ampliou-se a perseguição aos
professores , garis, servidores e operários do COMPERJ grevistas,
através de agentes da PM e delegados da Policia Civil com o apoio de
alguns juízes reacionários do TRJ e do TRT, como o juiz Flávio
Itabaiana e o Delegado Alessandro Thiers da DRCI, todos ligados aos
interesses dos governos do PMDB-RJ de Cabral-Pezão-Paes.
Máfia do PMDB que governa o Estado e o Município do Rio de Janeiro |
Inicialmente em
2013, usavam da PM e do serviço secreto da P2-PMERJ para criar
falsos flagrantes e falsos testemunhos além de instalação de
provas forjadas para obter prisão imediata de manifestantes e
professores grevistas entre junho de 2013 e fevereiro de 2014. Nessa
época, o jovem sem-teto e catador de lixo Rafael Braga foi a
primeira vítima da repressão, preso e julgado por supostamente
"portar artefato explosivo", que no entanto era uma garrafa
de Pinho Sol(produto de limpeza).
Foi também em
Setembro de 2013, na manifestação de mais de 60 mil pessoas em
defesa da greve dos professores estaduais e municipais contra o
governo, que mais de 100 pessoas foram presas, entre professores e
apoiadores, e levados para a prisão de Bangu, na zona norte do Rio
de Janeiro. Logo a maioria dos presos foram soltos por não haver
qualquer embasamento jurídico para as prisões da PM. No entanto o
companheiro Jair Baiano, da Frente Internacionalista dos
Sem-Teto(FIST), foi mantido em cárcere até o fim de 2014, e solto
apenas após uma campanha inicia pela FIST, FARJ e Coletivo Lenin
junto com o advogado popular André de Paula, que conseguiu
desmascarar em juízo as falsas provas e testemunhos da PM.
Mas o pior da
repressão veio a tona após a manifestação massiva do Rio contra o
aumentos das Passagens, em fevereiro de 2014, quando morreu o
cinegrafista da Rede Bandeirantes. Na época muitas fotos e imagens
mostravam um projétil da PM atingido ao cinegrafista, vindo à tona
inclusive um depoimento de um jornalista da Globo ao vivo que
denunciava este evento mas que foi retirado do site oficial da
emissora. Rapidamente a PM e a Policia Civil reuniram provas
suspeitas para prender dois garotos, supostamente black-blocs.
Naquele momento, um advogado muito suspeito, que anteriormente
defendeu milicianos acusados pela CPI das Milícias no Rio(
organizada pelo PSOL e que resultou na prisão de muitos policiais e
parlamentares milicianos), apareceu para defender os garotos, e aí
começou através dele uma serie de denuncias que supostamente
"ligavam" parlamentares do PSOL como Marcelo Freixo e
Renato Cinco, além de sindicatos progressistas como SEPE e
SINDISPETRO-RJ e movimentos sociais como FIST, supostamente como
financiadores dos "atos de vandalismo e violencia black-block"
pela cidade do Rio. Essa foi a primeira tentativa armada do Governo
Cabral/Pezão de perseguição de partidos de esquerda, sindicatos e
movimentos sociais.
Então, após uma
ampla campanha corporativa de toda a mídia burguesa contra as
manifestações, criando uma comoção pública pelo cinegrafista
morto na Central do Brasil com o objetivo de desgastar o apoio do
povo do Rio às manifestações, veio a público pela Rede Globo, com
direito a matéria especial no Fantástico e no JN, a "investigação"
da DRCI da Policia Civil do Rio, comandada pelo Delegado reacionário
Alessandro Thiers, que revelou todo um inquérito contra professores
grevistas e manifestante de Junho de 2013 à Fevereiro de 2014. Nesta
"peça de investigação", na verdade uma grande armação
do Governo, eles coletaram gravação de telefone, fotos de
encontros, mensagens de e-mail, Facebook e Whatsapp, pelos quais
estudavam os movimentos e partidos de esquerda integrantes do Fórum
de Lutas do Rio de Janeiro e posteriormente a Frente Independente
Popular (FIP- racha do Fórum de Lutas organizado pelo MEPR com os
grupos anarquistas) .
Delegado Alessandro Thiers, da DRCI. |
Essa peça de
inquérito do DRCI ( instituição da polícia civil agora conhecida
no meio da esquerda do Rio como novo DOPS!) foi a base para uma serie
de prisões em massa ocorridas na final da Copa do Mundo em junho de
2014, com mandados de busca e apreensão e acusação de vários
militantes por "formação de quadrilha ou bando armado".
Mais de 26 pessoas tiveram prisão decretada. Até mesmo a Sininho,
que foi capa da Veja e que já estava há muitos meses afastada dos
movimentos sociais do Rio devido à exposição midiática, foi presa
em Porto Alegre pela Policia Civil e trazida para Bangu no Rio, tudo
com uma cobertura sensacionalista da Rede Globo. Muitos militantes
conseguiram escapar da escalada repressora, mas os que foram presos
foram libertadas um mês depois apenas por habeas corpus concedido
pelo juiz progressista Siro Darlan. Porém mesmo libertados, 23
militantes ainda responderiam ao processo baseado no inquérito da
DRCI. Ficaram presos somente Fabio Raposo e Caio Silva.
Juiz Flavio Itabaiana da 27ª Vara do TJ do Rio. |
O Juiz progressista
Siro Darlan foi uma pedra no sapato do Governo reacionário do PMDB,
mas facilmente substituído pelo reacionário Flávio Itabaiana. Com
este novo desembargador, fechado com os organismos de repressão do
governo, a DRCI mais uma vez atacou. Usando um artigo do habeas
corpus de Ciro Darlan que sujeitava a liberdade dos presos ao passo
de não promoverem mais manifestações de rua, os delegados da DRCI
expediram ordem de prisão para 3 militantes, Igor Mendes do MEPR, a
Sininho e a Karlayne da FIP, que estiveram presentes num encontro
dos movimentos sociais na Praça da Cinelândia em defesa da
libertação de Caio Silva e Fabio Raposo.
Desde de dezembro de
2014, mais de 23 pessoas estão sendo perseguidas baseadas no
inquérito da DRCI, sendo que Igor Mendes do MEPR se encontra preso
junto com Caio Silva e Fabio Raposo, e Sininho e Karlayne são
tratadas como foragidas pela nova polícia do política do governo
do PMDB.
Presos políticos no tribunal do Juiz do PMDB Flavio Itabaiana |
Greves dos
professores, greve dos garís e greve dos operários terceirizados da
Petrobras no COMPERJ: um histórico de repressão e de luta.
Além da perseguição
aos movimentos e protagonistas das manifestações contra o aumento
das passagens no Rio, entre junho de 2013 até dezembro de 2014
(ultima prisão política do Igor Mendes do MEPR), a PM, o DRCI e o
TRT também trabalharam juntos na tentativa de destruir as greves
organizadas pela base de varias categorias desde 2013.
Após junho 2013, no
embalo das manifestações, estourou a greve dos professores do
Estado e do Município do Rio de Janeiro. Desde o inicio, foi uma
greve com muita adesão de uma base de professores extremamente
revoltados com as péssimas condições de trabalho nas duas redes de
ensino. Dessa forma, essa veio a ser no rio a primeira categoria cuja
base atropelou a direção do sindicato(SEPE), então formados pelo
PSOL e PSTU e alguns militantes do PT. A greve dos professores
mobilizou milhares de profissionais, que desde o inicio fizeram
grandes manifestações na Presidente Vargas e na Rio Branco, e
também desde o inicio reprimidos pela PM de forma violenta. Essa
repressão teve no fim o mesmo efeito das manifestações em junho de
2013, apenas aumentou ainda mais adesão e o apoio do povo à greve,
e levando também os servidores da saúde a entrarem em greve junto
com os professores, culminando com uma grande manifestação com pelo
menos 60 mil pessoas em setembro de 2013, cujo fim foi uma violenta
repressão da PM, manifestação essa também infestada de P2 do
serviço secreto da Secretaria de Segurança Pública. Como o governo
não recuou depois de mais de 3 meses de greve, deu força para a
direção do SEPE, composta pelo PSOL e PSTU, manobrar uma assembleia
e assim desmontar a greve no auge da luta. No entanto, durante esta
greve, os investigadores da DRCI, liderado pelo Delegado Thiers,
estavam muito atentos aos professores e estudantes anarquistas e
maoistas que se organizavam também na FIP, apenas capturando imagens
e grampeando dados das redes sociais.
Assembleia dos professores grevistas filiados ao SEPE Setembro de 2013 |
A primeira greve
vitoriosa veio de onde menos se esperava. Em pleno carnaval do Rio,
em Fevereiro de 2014, estourou a mais bela, combativa e heroica greve
do Rio dos últimos 15 anos: a greve dos garis. Depois de mais de 5
anos de perdas de direitos, benefícios e salários defasados e mais
de 30 anos sem greve, os garis atropelaram o sindicato pelego da UGT,
com a direção formada por políticos da PTB e que compõe a base
aliada do governo municipal e estadual do PMDB. Também desde o
início a greve foi considerada ilegal pelo TRT do Rio, em conluio
com a prefeitura. Mas em uma semana de muita luta e resistência, os
garis aprenderam a fazer uma comissão de greve organizadora e
independente do sindicato pelego, sindicato este que tentou manobrar
e impedir a greve, fizeram piquetes organizados em três turnos
sempre seguidos de manifestações diárias desde a sexta feira de
carnaval até o sábado depois da quarta-feira de cinzas na maioria
das gerências da Comlurb do Rio, enfrentaram a tropa de Choque, o
serviço secreto da P2 da PM infiltrado na greve, a PM que os forçava
a trabalhar na marra como no tempos dos escravos, a perseguição de
supervisores e gerentes, mensagens por SMS ameaçando demissões, a
difamação da Globo, do sindicato, da Comlurb e da Prefeitura, todos
que afirmavam que eram apenas 300 "rebelados ligados a
interesses político-partidários". Mas a repressão e as
negativas de negociações da prefeitura apenas fez aumentar o número
de garis que aderiram à greve. No fim, após um carnaval sem sistema
de recolhimento de lixo, com uma cidade com montanhas e mais
montanhas de lixo e a possibilidade de chuva iminente, a prefeitura
cedeu e concedeu os 37% de aumento de salário que corrigia a
defasagem de 5 anos, além de aumento nos vales de alimentação e o
retorno do anuênio. Mas logo após o fim da greve vitoriosa dos
garis, muitas lideranças de base que compuseram a comissão
organizadora da greve passaram a ser perseguidos pela Comlurb com
transferências para gerencias distantes dos locais de moradias além
de outras perseguição política com assédio moral dentro da
empresa. Nessas condições, partidos como PSTU e PSOL que nunca
estiveram na greve durante o carnaval, conseguiram cooptar alguns
membros da comissão de greve e representantes da base da categoria,
que viram nesses partidos uma espécie de apoio. Essa greve serviu de
exemplo para os trabalhadores do Rio e do Brasil, e abriu uma série
de greves de diferentes categorias que se rebelaram contra o
sindicato e que tocaram greves por reajustes acima da inflação
durante todo o ano de 2014.
Manifestação dos garis durante a heroica e vitoriosa greve no carnaval de 2014 |
Em março 2015 mais
uma vez os garis entram em greve para reivindicar um reajuste de 7,7%
correspondente a inflação, contra os 3% defendido pela prefeitura.
Mais uma vez ocorre uma semana de greve, sem apoio dos sindicatos,
sem recolhimento de lixo, desde o inicio considerada ilegal pelos
juízes da panelinha do PMDB no TRT, e com muita perseguição
dentro e fora da empresa com um aparato policial da PM ainda mais
organizado para impedir os piquetes nas gerencias da Comlurb. Mas
ainda sim, mais uma vez a greve saiu vitoriosa com a afirmação do
reajuste acima da inflação. No entanto a perseguição após a
greve foi ainda mais intensa. O Delegado Alessandro Thiers, a frente
da DRCI, assim como fez com os militantes dos movimentos de junho de
2013 a junho de 2014, expediu intimações para todas as lideranças
da greve, com a acusação de "Formação de Quadrilha e Bando",
e infelizmente esses trabalhadores vão passar a responder processo
criminal.
Por fim, estourou a
greve dos trabalhadores terceirizados do Comperj, complexo
petroquímico em construção para a Petrobras, em Fevereiro de 2015.
Com a intensa campanha da burguesia pró-imperialista contra a
Petrobras, através das investigações de agentes da PF do Paraná
e do MP com apoio do Juiz estrelinha da Globo Sérgio Mouro e a ampla
campanha de desestabilização promovida pela Globo e pela Veja, a
Petrobras simplesmente paralisou muitos contratos de serviços com
empresas terceirizadas, sendo uma delas a empresa responsável pela
construção do Comperj. Assim a empresa terceiriza passou para as
costas dos trabalhadores a crise gerada pela burguesia para paralisar
a Petrobras, e fez os operários passarem 3 meses sem receber salário
e sem receber o 13º de 2014, além já ter demitido milhares de
trabalhadores sem dar baixa na carteira e sem rescisão, e que agora
se somam aos 15 mil desempregados do polo industrial petroleiro da
Rio de Janeiro.
Trabalhadores do Comperj em greve na Ponte Rio-Niteroi |
Os 3 mil
trabalhadores restante, junto com alguns dos demitidos, então
começaram o movimento de greve, e atropelaram o sindicato pelego da
Força Sindical que supostamente os representava enquanto
terceirizados, reivindicando 10% de reajuste e a baixa na carteira e
o pagamento da rescisão dos demitidos. Muitos grevistas passaram a
se organizar com o apoio do Sindspetro-RJ que é dirigido por uma
fração de esquerda do PT, pelo PSTU e correntes do PSOL. Nesta
greve eles enfrentaram as milícias paramilitares da região do
Comperj que atuaram em conjunto com o PMDB contra a greve, inclusive
chegou a ter trabalhador grevista assassinado por essa tropa de
mercenários. Mais uma vez o TRT prontamente apoiou o governo contra
a greve, julgando-a como ilegal e "abusiva", assim como os
garis.
No entanto desta
vez, os operários tomaram a medida mais radical contra essa
arbitrariedade dos juízes do TRT: Fizeram uma marcha que saiu do
meio da Ponte Rio-Niterói até a sede do TRT no centro do Rio, e lá
ficaram ocupando até que suas reivindicações fossem atendidas,
enfrentando inclusive Tropa de Choque do governo, tropa já
amplamente conhecida como os "Robocops do Pezão". No fim,
a greve saiu parcialmente vitoriosa, pois conseguiu um reajuste de
7,13% para os 3 mil trabalhadores ainda em operação, mas não
conseguiu reverter as demissões e conseguindo no máximo o pagamento
das rescisões de contrato e dos FGTS após a liberação das
carteiras de trabalho presas pela empresa terceirizada.
Lições da
repressão no Rio de Janeiro
De 2013 para 2015, o
governo PMDB do Rio tem se tornado mais violento contra os movimentos
sociais organizados e movimentos grevistas em geral. Também cresceu
assustadoramente o militarismo e a violência da PM das UPPs nas
favelas, inclusive com cerceamento da liberdade de expressão e
cultural dos moradores, além de ter até PM controlando a presença
de estudantes nas escolas públicas. Mas o mais revoltante foram os
casos de sumiços e assassinatos de moradores, geralmente negros e
pobres, como os casos Amarildo, Cláudia, o dançarino DG e este ano
o menino Jesus que foi morto no feriado de páscoa. Está em curso um
verdadeiro genocídio negro nas favelas, ao mesmo tempo que acorre o
crescimento da criminalização e repressão aos movimentos sociais
organizados.
Com o apoio do TRE,
TRJ, do MP, além do trabalho de repressão física da PM em conjunto
com a nova DRCI da Polícia Civil para enquadrar como "bando"
ou "quadrilha" os movimentos sociais organizados, será
necessário à esquerda no Rio dar um novo salto de qualidade e
recriar uma Frente Única para tocar as lutas em conjunto, como foi o
Fórum de Lutas em 2013, mas ainda mais organizado. É ainda mais
necessário estar atento à política de monitoramento dos serviços
de inteligência da PM e da Polícia Civil que constantemente estão
utilizando gravações de telefone, mensagens de Facebook e Whatsapp
para supostamente formar "provas" para inquéritos
policiais visando a criminalização de militantes de esquerda
organizados em grupos, movimentos, partidos e sindicatos de esquerda.
Para além disso,
nós do Coletivo Lenin, integrante da Frente Comunista dos
Trabalhadores, acreditamos que é necessário a criação e uma
Frente antifascista e antigolpista no Brasil, para barrar as novas
investidas golpistas do Imperialismo no Brasil e na América Latina,
cujas novas tropas e agentes para a desestabilização dos governos
alinhados com o bloco Russo-Chinês são grupos neofascistas,
supostamente liberais-economicos mas de natureza política
reacionária antioperária e anticomunista, caracterizados como
movimentos “apartidários” no mesmo estilo das “revoluções
laranjas” ocorridas em diversos países do Leste Europeu, Oriente
Médio, África e Ásia. Devemos estudar os movimentos dos serviços
de repressão, e comparar seus movimentos com os que ocorreram antes
e depois dos golpes no Egito, Ucrânia ou mesmo o Paraguai, apara
estarmos um passo a frente da burguesia e seus instrumentos de
repressão.
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