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Somos uma organização marxista revolucionária. Procuramos intervir nas lutas de classes com um programa anticapitalista, com o objetivo de criar o Partido Revolucionário dos Trabalhadores, a seção brasileira de uma nova Internacional Revolucionária. Só com um partido revolucionário, composto em sua maioria por mulheres e negros, é possível lutar pelo governo direto dos trabalhadores, como forma de abrir caminho até o socialismo.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Muro de Berlim: ruim com ele, pior sem ele! (novembro/2009)

20 anos depois da queda...
Muro de Berlim: ruim com ele, pior sem ele!

No dia 4 de novembro de 1989, milhões de pessoas foram às ruas porque não aguentavam
mais as hesitações do governo stalinista do SED (Partido da Unidade Socialista) sobre a
reunificação da Alemanha. Durante aquela noite ea té o dia 12, elas destruíram grande parte da estrutura do muro, sonhando com a vida maravilhosa que teriam no capitalismo (a maioria das pessoas já havia
nascido depois da expropriação da burguesia, então nem mesmo imaginava o que era ficar
desempregado, passar necessidade, não ter acesso ao sistema de saúde, pagar escola ou precisar
fazer um aborto ilegal).

Foi a última etapa de várias mobilizações, que começaram em setembro de 1989, logo após
a morte de Eric Honecker. Honecker era um dirigente stalinista linha-dura, que se recusou até o
final a implantar medidas restauracionistas no estilo da Perestroika e da Glasnost soviéticas. Com a
sua morte, os setores restauracionistas do SED e da Igreja começaram a organizar as “manifestações
de segunda-feira”. No SED, a direção caiu na mãos dos restauracionistas, liderados por Gregor
Gysi.
 
Essas manifestações, conforme ficaram maiores, passaram a exigir a unificação com
República Federal da Alemanha, com o retorno do capitalismo. Isso ficou claro na mudança das
palavras de ordem. No começo, o lema das manifestações era “Nós somos o povo”, deslegitimando
o discurso stalinista de que a República Democrática Alemã era uma “democracia popular”. Em
novembro, o que os manifestantes diziam era “Nós somos UM povo”, apontando para a
reunificação.
 
 
O stalinismo desmontado
 
O contexto social disso tudo foi o desmonte da economia planificada da URSS por
Gorbatchev, assim como o movimento reacionário de massas do Solidariedade, na Polônia. O fato
que levou a burocracia da RDA a pensar na reunificação capitalista foi a abertura das fronteiras da
Hungria, em dezembro de 1988. Ela levou milhares de pessoas a usarem a Hungria para fugirem
para a RFA, o que poderia levar a RDA ao colapso. Por isso, foi feito o acordo entre o SED e o
governo da RFA para a unificação a partir de novembro de 1990.
 
Na RDA nunca houve uma revolução socialista. A burguesia foi expropriada em 1949-1953,
após a ocupação soviética que se seguiu à derrota do nazismo. Os trabalhadores nunca tiveram
realmente o poder político nas mãos. Por isso dizemos que o Estado Operário Alemão era
Deformado desde a sua origem.
 
Quando os trabalhadores tentaram avançar até o socialismo derrubando a burocracia, em
1953, chamaram por um governo dos metalúrgicos, como se fosse para contrapor uma categoria
social concreto ao discurso abstrato de que o regime stalinista representava os trabalhadores. Nessa
ocasião (que foi a primeira tentativa incipiente de revolução política), foram esmagados com ajuda
da URSS.
 
O Muro de Berlim foi o maior símbolo do regime stalinista. Foi construído do dia para a
noite em novembro de 1961, porque grande parte dos trabalhadores não suportava as privações do
“socialismo em um só país” e a polícia política (STASI) e acabou fugindo para a RFA. Depois
disso, o regime endureceu cada vez mais.
 
Para se ter uma idéia, 10% da população era X9 da STASI, fazendo parte de sua
folha de pagamento! 
 
Os sucessivos planos econômicos da burocracia, por não serem controlados
democraticamente pelos trabalhadores, eram cada vez mais fora da realidade, e reduziam o nível de
consumo do povo. Assim, durante a década de 1980, a economia da RDA ficou estagnada.
Isso tudo prova que a política da burocracia de construir economias planificadas isoladas e
sem controle operário só levaria à ruína dos Estados Operários. Por isso, os trotskistas defendíamos
a necessidade de uma revolução política, que derrubasse a burocracia e colocasse o poder
diretamente nas mãos dos trabalhadores, através de conselhos operários.
 
Desde 1953, houve várias tentativas de revolução política no Leste Europeu. Mas,
infelizmente, por causa da destruição da Quarta Internacional, em 1951-1953, elas não tiveram
direções conseqüentes e acabaram sendo derrotadas. Foi o caso da Hungria e da Polônia, em 1956,
da Tchecoslováquia em 1968 (a Primavera de Praga) e da Polônia em 1970.
 
Por causa dessas derrotas, os trabalhadores nunca conheceram nenhuma alternativa ao
capitalismo que não fosse o regime stalinista. Por isso, quando começaram a se mobilizar nos anos
1980, identificavam socialismo com stalinismo, e por isso esses movimentos giraram à direita.
 
Assim, se tornaram agentes diretos da restauração do capitalismo.
 
 
Porque defendemos essa merda?
 
Por tudo o que já falamos, é fácil ver que a vida na RDA (e nos outros Estados Operários
burocratizados) era uma porcaria, e os trabalhadores não tinham nenhum poder político na
sociedade. Então, porque defender algo assim?
 
É simples: a volta do capitalismo ainda seria pior! O Estado Operário excluía a burguesia do
poder, mesmo que esse poder fosse exercido pela burocracia. Mesmo assim, era muito mais fácil
derrubar a burocracia do que derrubar uma classe social enraizada na produção. Isso ficou provado
no caso da Hungria, em 1956, quando o movimento quase desmontou o Partido stalinista em poucos
dias.
 
Como a burguesia não estava no poder, foi possível criar uma economia planificada, mesmo
que burocraticamente. As empresas não eram mercadorias, porque não podiam ser vendidas ou
compradas. A produção não era voltada para o lucro. Assim, não havia desemprego, todos tinham
todos os direitos trabalhistas e sociais. As mulheres tinham acesso a todos os setores da economia, o
trabalho doméstico foi, em grande parte, socializado, e o aborto foi legalizado.

Isso era socialismo? CLARO QUE NÃO! Só pode existir socialismo se toda a economia for
controlada pelos trabalhadores, e com alta tecnologia. Ou seja, expropriar a Microsoft, o Google, e
várias outras empresas em escala mundial. Por isso, não é possível socialismo em um só país.
 
Para usar conceitos filosóficos, o capitalismo já tinha sido negado, mas ainda não tinha sido
superado. Por isso, a economia planificada era incompleta, e precisava do controle operário. Como
a economia era uma mistura incoerente de capitalismo e planificação, a partir de um determinado
momento (anos 1970), ela se tornou até mesmo mais ineficiente do que a economia dos países
imperialistas. O crescimento cada vez menor da economia dos países do Leste Europeu (em parte
determinado pela incapacidade da economia planificada de incorporar a informática e a
microeletrônica ) piorou as condições de vida dos trabalhadores, e foi a gota d´água que levou as
massas à contra-revolução.
 
 
Os pseudotrotskistas que capitularam ao imperialismo
 
Ao contrário dos stalinistas que consideravam aquele regime o melhor que a humanidade
pode conseguir na Terra, e dos maoístas e anarquistas que igualavam a RDA com um país colonial
(como se a URSS explorasse o país, o que é desmentido por todos os dados econômicos), nós
trotskistas reconhecemos a importância fundamental da abolição do capitalismo, ao mesmo tempo
em que lutamos pela derrubada da burocracia e pela extensão da revolução.
 
Diante de um Estado Operário Deformado sob ameaça de contra-revolução, os trotskistas
devem defender o Estado incondicionalmente, e ao mesmo tempo agitar as palavras de ordem
transitórias da revolução política. Ou seja, armamento dos trabalhadores para defender o Estado,
luta contra os setores socais restauracionistas, fim dos privilégios da burocracia, e principalmente a formação de conselhos de trabalhadores que podem ser os embriões de soviets. A defesa das
liberdades democráticas também é correta, mas só quando ela não virar um instrumento para
organizar os setores pró-capitalistas.

 
A nossa política, então, é de FRENTE ÚNICA com a burocracia ou com a sua ala (ainda)
contrária à restauração do capitalismo.
 
Foi exatamente o contrário do que fizeram os restauracionistas involuntários, no SU (antiga
DS/PT, hoje Enlace/PSOL), LIT (antiga CS/PT, hoje PSTU, MES, CST, MR etc, etc), CIO (hoje
divididos entre SR/PSOL e Esquerda Marxista/PT), Causa Operária, O Trabalho, entre outros.
Eles, depois de terem apoiado (junto com Margareth Tatcher, João Paulo II e Ronald
Reagan) o Solidariedade, na Polônia, e de terem emblocado com Osama Bin Laden durante a
ocupação soviética no Afeganistão, foram mais além. Defenderam a democracia e a reunificação da
Alemanha, que foi a forma encontrada pelo imperialismo para anexar o antigo Estado Operário. Ou
seja, abriram mão de qualquer critério de classe ou social, e deitaram e rolaram no discurso dos
EUA! “Esqueceram” a posição clássica de Trotsky, no seu livro proibido Em Defesa do Marxismo:
“Stálin derrubado pelos trabalhadores, é o caminho para o socialismo; Stálin derrubado pela
burguesia, é a contra-revolução que triunfa”, e que por isso mesmo Trotsky foi contra a palavra de
ordem de “Abaixo Stálin”.
 
Essas correntes são culpadas diante da História, por terem passado abertamente ao campo da
social-democracia na hora em que era mais necessário ser comunista. Depois da derrota na RDA, e
da reunificação em novembro de 1990, veio o fim da URSS e o resultado dessa contra-revolução foi
a maior ofensiva da burguesia em toda a sua história, o fim dos direitos dos trabalhadores e a total
desorganização do movimento operário (que até alguns intelectuais passaram a questionar se existe
ou não!), no momento de decomposição do sistema!
 
O lindo resultado da restauração do capitalismo no que hoje é a parte oriental da Alemanha
está aí pra quem quiser ver. A volta do desemprego, a perseguição contra os imigrantes, a
surgimento de vários grupos neonazistas, a destruição do sistema de saúde e de educação. E uma
desindustrialização gritante (que é a base social da barbarização). Nem todo o dinheiro da RFA
conseguiu equacionar os problemas surgidos com o retorno do capitalismo, o que criou uma grande
tensão regional na Alemanha, além de preconceito da parte ocidental, que não quer levar a parte
oriental “nas costas”. E isso depois de vinte anos!
 
 
Pela defesa dos Estados Operários existentes atualmente
 
Ao mesmo tempo, os pseudotrotskistas se recusam, pelo mesmo motivo da democracia, a
defender os Estados Operários deformados existentes (China, Cuba, Coréia do Norte e Vietnã), o
que os tornará, em poucos anos, cúmplices das próximas contra-revoluções. A tarefa da defesa dos
Estados Operários é uma das maiores para os comunistas. Como disse Trotsky: “quem não souber
defender as conquistas existentes nunca será capaz de novas conquistas”! Sobre a caracterização
desses países, escrevemos o livreto A Queda do Muro de Berlim e o Fim da União Soviética.
 
Por conta disso, estamos desarmados diante do fascismo que se aproxima em todos os
países, e se nenhuma perspectiva de revolução social nas próximas décadas. É uma realidade
amarga que estamos expressando, mas não adianta tapar o sol com a peneira. Hoje, a nossa tarefa
maior é assegurar a continuidade do comunismo, através da refundação da Quarta Internacional,
para que as próximas gerações possam ter a teoria e a prática do marxismo quando puderem utilizálo
novamente na luta pelo poder!
 
 
Pós-escrito: as posições da Liga Espartaquista em 1989-1990
 
Nós consideramos que a Tendência Bolchevique Internacional (TBI) representa a
continuidade do trotskismo nos dias de hoje, justamente porque ela soube defender a URSS na
época da contra-revolução.
 
A TBI é um racha da organização internacional dirigida pela Liga Espartaquista (dos EUA).
 
A TBI rompeu em 1983, por causa do regime burocrático que tinha surgido no espartaquismo desde
o final da década de 1970, e por causa da capitulação cada vez maior da LE ao stalinismo.
 
A LE tende a confundir a frente única militar com a ala da burocracia contrária à restauração
do capitalismo com o apoio à burocracia. Por isso, no Afeganistão, em 1979, falaram que o
Exército Soviético iria expropriar a burguesia, quando ele estava lá justamente para apoiar uma
frente popular contra o golpe dos fundamentalistas armados pelos EUA.
 
A posição clássica do trotskismo é reconhecer que a burocracia tem um caráter dual, ou
seja, ao mesmo tempo em que é uma casta que tem interesse na restauração do capitalismo (pra
virar burguesia, passando a ter a propriedade dos meios de produção), ela precisa defender (com
seus próprios métodos) a economia planificada, sobre a qual ela se apóia para existir.
 
A política dos espartaquistas é uma forma de pablismo, porque considera que a burocracia
pode defender os Estados Operários com os métodos revolucionários da classe trabalhadora
. Se isso
fosse verdade, a única tarefa dos trotskistas nos Estados Operários burocratizados seria pressionar a
burocracia, para impedi-la de restaurar o capitalismo.
 
Na Alemanha, essa capitulação chegou a um ponto ridículo.
 
Tanto a LE como a LQI (racha dos espartaquistas de 1996, que tem a LQB como sua seção
brasileira) dizem que o SPAD (Partido Espartaquista dos Trabalhadores Alemães) lutou pela
revolução política durante a dissolução da RDA. É uma forma de afirmarem que a sua corrente teve
um papel de destaque na história mundial.
 
Vamos aos fatos:
 
Os companheiros chegaram na RDA no dia 27 de outubro de 1989 – uma semana antes da
Queda do Muro. Por si só, já fica claro que era impossível mudar a orientação do movimento de
massas. Ainda mais com um grupo que nunca chegou a ter mais de 70 pessoas.
Além dessa avaliação absurda – de que era possível uma revolução política – os
companheiros do SPAD ainda conduziram o processo capitulando à direção do SED (já na mão dos
restauracionistas), usando a palavras de ordem de “Unidade com o SED”.
 
Por exemplo, o maior ato que o SPAD ajudou a organizar foi em 3 de janeiro de 1990, em
Treptow, com cerca de 300 mil pessoas. Dois dias antes, uma estátua em homenagem aos soldados
soviéticos que libertaram a Alemanha do nazismo tinha sido vandalizada. O SED ajudou a convocar
o ato. Essa manifestação mostrava, ao mesmo tempo, que havia um sentimento contra a restauração
em grande parte da sociedade, e que esse sentimento precisava se transformar em consciência e
organização. Isso porque não existia luta de massas correspondente ao tamanho do ato.
O SPAD, na sua convocatória, não criticava o SED, que foi quem levou a RDA à crise. Fez
como a CONLUTAS faz aqui no Brasil; deixa de criticar a direção da CUT, sempre que tenta fazer
uma atividade com ela!
 
O SPAD concorreu nas eleições de 1990, que foram quase um plebiscito sobre a
restauração. Conseguiu apenas 800 votos, que junto com os 2500 da Esquerda Unida (um bloco de
propaganda de vários setores que eram contra a restauração do capitalismo), foram os únicos à
esquerda do SED. Isso mostra, de novo, como o sentimento anti-restauração era difuso e o quanto
era preciso lutar para organizá-lo. Ou seja, o quanto a RDA estava longe de uma revolução
política!
 
Não adianta tapar o sol com a peneira: as massas foram para as ruas com um sentimento
anticomunista.
E o melhor que poderia ser feito era resistir, mas sem alimentar ilusões. O máximo
que esteve ao alcance do SPAD foi criar alguns conselhos de operários e soldados – uma ação
heróica, mas ainda insuficiente.
 
E mais: a política de “passar a mão na cabeça” da burocracia teve um preço trágico para a
LE. Em 1992, a companheira Martha Phillips foi assassinada por militares na Rússia. Aconteceu
isso porque mesmo depois do golpe de Boris Ieltsin, em agosto de 1991, a LE teimou em tentar
procurar uma fração anti-restauracionista dentro do Exército russo (já expurgado de todos os
comunistas).
 
O GIVI (Grupo Quarta Internacional) estava discutindo com a TBI na época, mas ainda
acreditava na possibilidade de regeneração da LE. Diante dessa loucura toda, os companheiros
entraram na TBI.
 
Não estamos falando tudo isso para queimar ou ridicularizar os companheiros da LQI e da
LCI (atual corrente internacional dirigida pela LE). Nosso objetivo é insistir na tese de Lênin e
Trotsky: O PARTIDO NÃO SE IMPROVISA! E é por isso que, mesmo sabendo que nas próximas
décadas não será possível fazer revolução, que nos dedicamos no dia-a-dia à construção dos
instrumentos que serão necessários quando o momento chegar: o Partido Revolucionário dos
Trabalhadores e a Quarta Internacional refundada.
 
[13/08/1961] ~ [09/11/1989]
 
Homenagem do Coletivo Lenin em memória da República Democrática Alemã,
derrubada pela contra-revolução há 20 anos atrás.

5 comentários:

  1. Quando os senhores tratam da necessidade de apoiar aquela ala da burocracia interessada objetivamente em preservar o Estado Operário isso me lembra Trotsky em "O Programa de Transição": se a facção Butenko , restauracionista, assumisse o controle da burocracia, os trotskistas deveriam se colocar momentaneamente ao lado das barricadas stalinistas oferecendo um apoio crítico. Isto é, uma aliança tática, mas que não deixa de denunciar os desvios oportunistas e pequeno-burgueses do stalinismo.

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  2. "Por conta disso, estamos desarmados diante do fascismo que se aproxima em todos os
    países, e se nenhuma perspectiva de revolução social nas próximas décadas. É uma realidade
    amarga que estamos expressando, mas não adianta tapar o sol com a peneira. Hoje, a nossa tarefa
    maior é assegurar a continuidade do comunismo, através da refundação da Quarta Internacional,
    para que as próximas gerações possam ter a teoria e a prática do marxismo quando puderem utilizálo
    novamente na luta pelo poder!"

    Exato! É a crise de direção. Ou seja, a crise de perspectiva revolucionária, a desmobilização dos trabalhadores que dura já há mais de 20 anos. E isso tem origem na própria contrarrevolução stalinista. Digo contrarrevolução no sentido da burocracia ter desmobilizado a classe operária e oprimido a sua livre iniciativa. Isso tudo fez com que a inexistência de um partido ou um movimento trotskista deixasse de oferecer uma alternativa que superasse tanto a burocracia quanto a restauração capitalista.

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  3. É isso mesmo, Lena, a tática de frente única com a ala (ainda) não restauracionista da burocracia é uma lição dada por Trotsky no próprio Programa de Transição, e depois reafirmada na sua última obra, o "Em Defesa do Marxismo". A crise e a fragmentação das correntes que reivindicam o marxismo revolucionário deixou os trabalhadores caírem no discurso stalinista de que aqueles regimes eram a realização do socialismo, o que fez com que todos os movimentos contra a burocracia terminassem levando à restauração do capitalismo. E agora estamos penando à vinte anos sem revoluções socialistas e sem mesmo construir partidos revolucionários com influência real na nossa classe. Já existem alguns sinais de mudanças, com as revoltas na América Latina na década passada, agora as revoltas nos países árabes e as lutas nos países imperialistas contra a crise. Mais ainda não houve uma mudança qualitativa, em que os trabalhadores voltem à ofensiva. Para que essa mudança aconteça, precisa acontecer, além das condições objetivas, a intervenção dos comunistas com um programa claramente revolucionário.

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  4. Que bom que vcs deixam o espaço de comentários em aberto, ao contrário de vários "semelhantes".

    Bom, mas até que ponto em um regime fechado , com pressões por todo lado, como o da RDA saberíamos qual era a ala fiel da burocracia a manuntenção do estado operário degenerado?

    Essa classificação de vcs de considerar todos o estados operários degenerados no memso nível é um erro. A china vem adotando reformas liberais, pre mercado ede cooptação ao imperialismo desde de 80 , assim como o outro país asiático que vcs classificam também como estado operário. A RPDR é um caso que sabemos muito pouco sobre, por isso prefiro isola-la...

    Agora, é Cuba que acho que prescisamos trata-la de forma única. Apesar de o país já terem feitos reformas na década de 90, no entanto acho muito dificil que elas tinham a intenção de reestaurar o capitalismo.

    Só que agora isso é diferente.

    Apesar que com Raúl as mudanças podem ser até mais progressistas do que as adotada por Fidel com o fim do "socialismo real", porém as de hoje se acumulam com as de 90 e fazem com que hoje em dia o estado operário degenerado cubano, que não acho que seja tão degenerado assim de acordo com as condições materiais que ilha oferece, esteja mais em perigo.

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  5. Sturt,

    obrigado por debater com a gente. Realmente falta em vários sites e blogs de esquerda essa possibilidade, o que acaba isolando mais ainda as organizações.

    sobre a ala (ainda) não restauracionistana RDA. Para nós, ela era representada por setores de base do partido, e não pela sua direção, como foi a visão da Liga Espartaquista. Foi a própria direção que acabou apoiando a "unificação" da Alemanha.

    você está certo sobre os diferentes "níveis" dos "estados operários deformados". A partir da nossa discussão sobre a questão dos estados, estamos reelaborando sobre isso. Mas ainda não conseguimos concluir o nosso estudo e a nossa produção. Prometemos que assim que ficar pronto, vamos mandar pra você, além de colocar no blog.

    Realmente não é possível colocar Cuba, onde ainda existem organismos de poder dos trbalhadores (os CDRs) e medidas contra a burocratização (por exemplo, não existe parlamento profissional), no mesmo patamar da Coreia do Norte, onde nem mesmo houve uma revolução feita pelos trabalhadores e camponeses, e onde o regime sempre foi controlado pela burocracia militar do partido.

    Sobre o Vietnã, ainda estamos avaliando, porque - como você já viu - existem muito poucas informações sérias.

    A China, na situação em que está, seria ridículo considerar ainda um estado operário. Para nós, é um país subimperialista que está disputando o mercado mundial, principalmente a África.

    O nosso erro foi dogmatismo. No afã de "defender até a última conquista", a gente acabou idealizando o regime chinês, como se ainda estivesse nos anos 1970.

    Defender a China hoje é se prender a uma situação histórica que foi superada há muito tempo. É comparável aos socialdemocratas que apoiaram a Alemanha na Primeira Guerra Mundial, baseados num artigo do Engels de 1893 (mais de 20 anos antes), quando o imperialismo já tinha se desenvolvido e tudo tinha mudado.

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