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Somos uma organização marxista revolucionária. Procuramos intervir nas lutas de classes com um programa anticapitalista, com o objetivo de criar o Partido Revolucionário dos Trabalhadores, a seção brasileira de uma nova Internacional Revolucionária. Só com um partido revolucionário, composto em sua maioria por mulheres e negros, é possível lutar pelo governo direto dos trabalhadores, como forma de abrir caminho até o socialismo.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Internações compulsórias aos usuários de crack (texto de David Rehem)


O companheiro David Rehem, que já tínhamos publicado no nosso blog, mandou esse texto que fala de como está sendo implantada a internação compulsória no seu estado, a Bahia.

Queremos relembrar que qualquer militante que quiser pode mandar seus materiais para o nosso blog e, se estiverem no campo da política revolucionária, nós publicamos!




Internações compulsórias aos usuários de crack

Onde estão as opiniões das principais vítimas do uso do crack, quais sejam os próprios usuários e as suas famílias?

A única vez que ouvi usuários, ex-usuários do crack e os profissionais que realizam atendimento em clínicas de atendimento, em geral vinculados a alguma religião, estes afirmaram que a internação compulsória não seria a solução, tendo em vista que a tendência geral é que a maioria depois saia e volte ao uso.

Então, se na prática está comprovada que não possuir eficácia real a internação compulsória, então porque está virando moda no Brasil, e chegando agora na Bahia?

Bem, o próprio discurso da representante do governo Wagner (PT-BA), Denise Tourinho (Superintendência de Prevenção e Acolhimento aos Usuários de Drogas e Apoio Familiar – SUPRAD, vinculada à Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos) responde:

“Esse tipo de internação feita em São Paulo será feita aqui também no Centro Histórico. Aqui em Salvador, nós não temos uma cracolândia nos moldes da Estação da Luz (em São Paulo). Temos alguns pontos que têm características parecidas, como por exemplo o Centro Histórico, onde há uma grande concentração com pessoas que vêm até do interior. Não é igual, mas requer intervenções”[1]

O que não é mais implícito e sim explícito na fala da superintendente Tourinho é que a função real dessas internações compulsórias é “limpar” os locais de circulação de turistas, para a Copa do Mundo. Isso não é novidade... Mas, para um leitor despercebido esse discurso pode parecer positivo, afinal de contas esses usuários não possuem condições de decidir por si mesmo. Mas quem é mesmo que define isso?

Historicamente, a classificação de loucos, ‘pertubados mentalmente” etc, seguiu a cruel lógica de que todos e todas que não se encaixassem no padrão estabelecido pela sociedade deveria ser excluída dela, obrigatoriamente. A psicologia travou uma luta, por anos, contra o encarceramento dessas pessoas “não padronizadas” e, por fim, venceu...

Eis que surge o crack, uma droga rapidamente viciante e que destrói o indivíduo fisicamente e mentalmente. A droga serve, então, para as medidas agora tomadas. E, pasmem, aqui na Bahia os centros de internação vão ser os já superlotados Hospitais Gerais, conforma afirma a mesma superintendente na matéria publicada pelo Correio da Bahia, disponível no link já apontado anteriormente.

O que não consigo entender é como esse discurso é facilmente assimilado. Estou falando, inclusive, do lugar de alguém que ainda se encontra em estado de dúvida, por conhecer, muito de perto, as complicações que passa uma família com um usuário de crack, de qual a medida a ser tomada nesses casos. Mas o que não dá para deixar de pensar é que essa solução é apenas tapar o sol com a peneira, ou, como acho que melhor ilustra, jogar as cinzas sob o tapete.

Isso por uma razão óbvia. A internação compulsória não acabará com o problema do tráfico, não acabará com o uso do crack, não acabará com os problemas sociais que muitas vezes levam as pessoas a buscarem refúgio no que é mais barato para matar sua fome, no que é mais barato para se entorpecer e “fugir da realidade”. Pois é muito fácil para um usuário de drogas lícitas que possui R$ 3,00 para gastar em uma cerveja (e olha que normalmente não para na primeira) condenar alguém que usa uma droga que é trocada nas ruas por qualquer coisa; é muito fácil os diversos usuários de cocaína, filhos da burguesia e pequena burguesia, condenar o crack e gastas milhares de reais por mês comprando sua droga e, mesmo perdendo o controle sobre os seus atos, procurando brigas, provocando acidentes, pela certeza da impunidade, não serem condenados a prisão pelo Estado de forma compulsória.

Em uma sociedade que preza o TER em detrimento do SER problemas como o crack serão cada vez mais constantes. A barbárie em que chegou a sociedade capitalistas cria ilusões (principalmente de consumo e muito menos de sobrevivência) que, quando não correspondidas, se convertem na autodestruição, seja pelo uso do crack, seja pelo consumo desregrado, seja pela depressão...

Mais uma vez... Socialismo ou barbárie!
 

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