Medico cubano vaiado e chamado de "escravo" por médicas brasileiras |
À
vinda dos médicos estrangeiros, principalmente cubanos, as entidades
profissionais de médicos brasileiros sustentaram que seria descumprir a lei
permitir que eles atuassem no Brasil sem prestar o revalida, exame de
reconhecimento do diploma estrangeiro. Associado a isso, foram colocadas
diversas dúvidas sobre a capacidade desses profissionais.
No
Brasil, a medicina é uma profissão elitizada, geradora de status e,
consequentemente, reservada quase que exclusivamente para estudantes da
elite. Para sustentar esse status, uma
estrutura social e jurídica utilizada constantemente para filtrar o acesso aos
cursos de medicina e também ao exercício da profissão. Tanto é assim que hoje é
mais fácil para um pobre cursar medicina na Bolívia ou em Cuba do que cursar
medicina no Brasil. Porém, o revalida é uma barreira para que esses excluídos
da profissão elitista possam exercer a profissão.
O
Revalida é um exame aplicado sem calendário definido, com alto grau de
desorganização e questiona sobre temas tão “rodapé de página” que, de acordo
com teste realizado pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo, menos de
3% dos médicos formados no Brasil conseguiriam aprovação. É na verdade, um
engodo para se manter uma reserva de mercado nas mãos da elite que pode estudar
de forma integral durante quase dez anos sem precisar trabalhar e nem se
preocupar como próprio sustento.
Porém,
o pior ainda estava por vir. O ódio de classe e de raça explodiu quando
chegaram ao Brasil os primeiros médicos cubanos. Para a elite racista do
Brasil, médico deve ser uma profissão exclusiva para quem não tenha “cara de
empregada doméstica”, como afirmou a jornalista Michelina nas redes sociais. Ou
seja, para os brancos. A burguesia reacionária quicou quando viu centenas de
médicos negros chegarem ao Brasil para atuar e, não por coincidência, começou a
dizer abertamente que o Brasil estava importando escravos, um inegável insulto
aos trabalhadores cubanos.
Além
de tudodisso, há nessa campanha um forte perfil anticomunista. O pavor da elite
é que a vinda dos médicos cubanos deixe ainda mais escrachado que a
expropriação da burguesia em Cuba e a planificação da economia criou condições
para se criar uma medicina muito desenvolvida e fazer avançar todos os
indicadores sociais. Para isso, a elite
já está armada com a campanha da ditadura da grande imprensa oligopolizada e
também com um programa dos Estados Unidos, que oferece facilidades para os
médicos cubanos que desertarem da brigada de solidariedade.
O
Programa dos Estados Unidos oferece entrada livre em território americano,
permissão para exercer a profissão nos Estados Unidos e diversas outras
facilidades para que médicos desertores das brigadas de solidariedade cubana.
Porém, esse programa tem sido um grande fracasso, pois dos mais de 80.000
médicos que cuba já enviou ao mundo desde 1996, menos de 2% desertaram. Um
número insignificante, se levarmos em conta que o programa conta com aparato do
governo americano, centenas de funcionários e apoio da grande mídia burguesa de
todo o mundo. Porém a ditadura da grande imprensa, que filtra as informações
que lhes convém, está sempre a postos para fazer um grande alarde em torno de
um único profissional que decida ir para os Estados Unidos.
No
Brasil, se um dos médicos desertar, espera-se que a Rede Globo dê a isso uma
grande repercussão. É uma cortina de fumaça para tentar desviar o foco e não
debater os avanços da saúde cubana e o exemplo que as brigadas de solidariedade
são para o mundo. Isso já ficou evidente
em diversas situações como, diante da falência do sistema de saúde americano,
os bombeiros que adquiriram doenças respiratórias nos resgates das vítimas do
11 de setembro de 2001, tiveram que viajar até Cuba para conseguirem
atendimento médico e remédios. Igualmente, quando houve um surto de varíola no
Brasil, em 1986, foram as vacinas cubanas que possibilitaram controlar a
situação.
A
pseudo-esquerda (PSTU e algumas correntes do PSOL) que, frequentemente ,
defende as mesmas posições que o imperialismo e a burguesia tentando argumentar
com uma suposta “defesa dos trabalhadores” anda afirmando que é contra o
programa mais médicos por defender direitos trabalhistas. Isso é uma
falsificação. Nós somos contra os pesquisadores do CNPQ não terem direitos
trabalhistas, mas nem por isso somos contra os programas dos quais esses
pesquisadores participam. Além disso, existem diversos aspectos que permanecem
da Revolução de 1959 que fazem com que em Cuba existam mecanismos para se
evitar o aprofundamento de desigualdades sociais, a formação de profissões
elitizadas e o fortalecimento da burguesia. São situações que a pseudo esquerda
jamais se esforçará para entender.
Nós
reconhecemos que o Mais Médicos é uma pequena concessão do governo aos
moradores do interior do Brasil que o Brasil dos grandes centros não conhece, e
que esse programa não resolverá os problemas estruturais da saúde brasileira.
Porém, a contradição entre ou o Mais Médicos ou resolver os problemas
estruturais não existe, e é um artifício utilizado pela direita e pseudo
esquerda para atacar o programa movidos por motivações inconfessáveis.
Defendemos
sim o Mais Médicos, e para alem deste programa defendemos que haja bolsas para
o curso de medicina com o objetivo de sustentar os filhos de trabalhadores para
que eles possam exercer a dedicação integral que o curso exige. Reivindicamos
também uma forte ampliação de vagas nos cursos de medicina como parte de um
projeto pela ampliação e universalização (com o do vestibular!) das universidades
publicas em todas as regiões do país , principalmente naquelas onde há carência
de médicos, com a aplicação de cotas raciais de acordo com o percentual da
composição étnica de cada região.
Dessa forma, a falta de médicos
para o atendimento da população trabalhadora no interior do Brasil e nos
grandes centros urbanos está ligado diretamente à elitização do ensino público
superior da escola de medicina, entre outras carreiras profissionais como
engenharia e direito, e também à péssima qualidade da educação básica e média
nas escolas publicas de todo o Brasil que é onde estão a maioria dos filhos da
classe trabalhadora, e que a solução para a falta de médicos será:
·
Estatização
de todos os hospitais e universidade privadas e ampliação dos hospitais públicos;
·
Utilização
de 100% dos recursos do Pré-Sal para saúde,educação e moradia;
·
Pela
fim do vestibular, com universalização e ampliação das universidades.
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