Até agora, os governos dos Estados Unidos, Grã-Bretanha e França já se
manifestaram a favor da intervenção militar na Síria. Se ela ainda não
aconteceu, é porque a Rússia e a China estão pressionando, através do Conselho
de Segurança da ONU, porque apoiam o governo de Bashar Al-Assad, e querem
chegar a uma solução negociada entre as potências que mantenham áreas de
influência política e econômica para todas elas.
Ao mesmo tempo, todos esperam que os inspetores da ONU deem o seu laudo
sobe a autoria do ataque com armas químicas que matou mais de 1400 pessoas no
começo da semana. As fotos de crianças mortas sensibilizaram milhões de pessoas
no mundo.
Se formos pensar friamente, é difícil achar que o atentado foi feito
pela ditadura de Assad, que já está ganhando a guerra civil, e que sabe que o
uso de armas químicas seria usado imediatamente como pretexto pelos países
imperialistas atacarem a Síria. O mais provável é que tenha sido um atentado de
falsa bandeira dos setores da oposição diretamente ligados ao imperialismo, ou
seja, o Exército Livre da Síria (ELS) e o Conselho Nacional Sírio (CNS).
Mesmo que a Rússia e a China estejam tentando uma solução diplomática, o
risco de uma intervenção militar é muito grande. Por isso chamamos os
companheiros do PCB, PCO e de todos os setores que são contra isso a
organizarmos juntos uma manifestação no Rio de Janeiro, para popularizar a
solidariedade internacionalista e denunciar mais essa guerra.
A guerra civil na Síria
Bashar Al-Assad chegou à presidência da Síria em 2000, depois de trinta
anos de governo do seu pai, Hafez Al-Assad. O regime do Partido Socialista
Árabe Baath (Ressurreição), que começou em 1963, passou pelo mesmo processo que
o nacionalismo burguês, no mundo inteiro: começou como uma resistência parcial
ao imperialismo para a colaboração com ele, depois do esgotamento das economias
nacionais e o clima político desfavorável aberto com a restauração capitalista
na ex-URSS.
Em março de 2011, seguindo a Tunísia e o Egito, os setores mais pobres
do povo sírio começaram um movimento pela democracia, que foi reprimido
violentamente por Assad. Uma parte do exército sírio desertou, formando o ELS,
com o apoio da Arábia Saudita e do Qatar. Com isso, começou uma lenta
transformação da rebelião popular numa guerra civil, em que os dois lados são
ligados ao imperialismo (como falamos, Assad recebe apoio político e
armas da Rússia e da China).
Pior ainda, como a maioria da população é muçulmana sunita e a família
Assad é alauíta (uma dissidência do xiismo), a guerra civil tomou contornos
religiosos. A maior organização dentro do CNS é a Irmandade Muçulmana, e outros
setores salafistas (ou seja, extremistas sunitas que querem criar um Estado
baseado na Charia, as leis religiosas islâmicas medievais) se incorporaram à
guerra, entre eles a Al Qaeda.
Isso leva as minorias religiosas da Síria (alauítas, xiitas e cristãos)
a apoiarem o governo, não porque concordem com ele, mas porque têm medo de que
a vitória dos setores fundamentalistas leve ao massacre total. O Hizbollah
(Partido de Deus), que está lutando na guerra civil, e o governo do Irã, ambos
xiitas, também apoiam Assad, porque veem que, se os EUA conseguirem um governo
favorável a eles na Síria, o Irã será o próximo alvo.
A atitude do PSTU, do Enlace/PSOL, MES/PSOL e CST/PSOL e MRS, que
defenderam a derrubada do Assad independente de quais forças fossem assumir o
governo é uma capitulação vergonhosa ao imperialismo americano e europeu. Pior
ainda é o caso do PSTU, que exigiu abertamente que os governos imperialistas
armassem a oposição. Eles não têm moral nenhuma para derramar lágrimas de
crocodilo contra a intervenção, e nem têm lugar numa frente única
antiimperialista.
A solução a longo prazo para conquistar a democracia, a separação entre
Estado e religião, os direitos das mulheres e das minorias religiosas depende
da destruição da base do poder da família Assad, ou seja, a expropriação da
burguesia síria e a quebra dos laços com os imperialismos, seja dos EUA, da
União Europeia, da Rússia ou da China. A história mostrou que uma ruptura tão
radical só pode ser feita por uma revolução socialista.
- Contra a intervenção imperialista!
- Nenhum apoio ao governo Assad!
- Pela Federação Socialista do Oriente Médio!
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