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Somos uma organização marxista revolucionária. Procuramos intervir nas lutas de classes com um programa anticapitalista, com o objetivo de criar o Partido Revolucionário dos Trabalhadores, a seção brasileira de uma nova Internacional Revolucionária. Só com um partido revolucionário, composto em sua maioria por mulheres e negros, é possível lutar pelo governo direto dos trabalhadores, como forma de abrir caminho até o socialismo.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Abaixo à repressão! Contra a polícia assassina e racista e a mídia empresarial que criminalizam as lutas!

 
Nas últimas semanas, a polícia começou uma operação de criminalização sem precedentes na democracia parlamentar, caracterizada principalmente pela prisão de cinco pessoas identificadas com a tática dos Black Blocks e, desde terça-feira, dia 03/09, pela determinação do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro da proibição do uso de máscaras nas manifestações.
 
Durante uma manifestação chamada de Baile de Máscaras, na frente do Teatro Municipal, várias pessoas foram detidas, algumas até mesmo que não estavam usando máscaras. A imprensa empresarial, principalmente a Rede Globo, em toda a sua cobertura criminalizou os manifestantes, chamando eles de "mascarados".
 
Foram feitas acusações caluniosas, como a de formação de quadrilha, que poderia ser aplicada corretamente só no caso do próprio governo estadual, com o miliciano Pezão e outros bandidos, como Sérgio Cabral e o Professor Uoston.
 
O Rio acompanha a cidade de Recife, que foi a primeira a criminalizar o uso de máscaras em manifestações, há mais ou menos duas semanas. O uso de máscaras é uma medida mínima de proteção dos manifestantes contra a violência policial, já que os porcos fardados costumam marcar a cara das pessoas para ameaçar depois.
 
A polícia alegou que encontrou objetos que poderiam ser usados como armas contra as pessoas. Como todos deveriam saber, o uso de instrumentos para a autodefesa contra a polícia, que geralmente não usa identificação nos atos, é uma forma totalmente legítima e correta de ação, sem nenhum objetivo criminoso, como, por exemplo, ganhar licitações fraudadas de linhas de ônibus ou dar o patrimônio público para as empresas fantasmas do especulador Eike Batista.
 
Inclusive a polícia acusou um dos supostos integrantes do Black Block de pedofilia, porque ele, segundo o Jornal Hoje, tinha fotos de crianças no computador! De acordo com esse critério, praticamente todo mundo poderia ser acusado de pedófilo. Isso para não falar na possibilidade real das fotos terem sido simplesmente plantadas no computador, prática mais do que comum usada pela polícia criminosa contra os manifestantes.
 
Qualquer um que faz parte dos movimentos sociais há algum tempo, sabe que todas essas técnicas covardes são usadas pela polícia sempre que possível para dividir e desarticular o movimento e amedrontar os manifestantes que lutam por causas justas. Ultimamente, no entanto, a repressão aos atos tem sido mais frequente e mais covarde, compondo um cenário que mostra uma crescente fascistização da sociedade, debaixo de formas democráticas, enquanto se preparam os megaeventos e o crescimento econômico do capitalismo no Brasil começa a desacelerar. Nessa nova fase, os revolucionários devem estar muito mais preparados.
 
O fato de que muitos dos presos foram identificados pela Internet mostra o quanto é perigoso o uso do Facebook para a organização das manifestações. Como já falamos antes, os novos meios de comunicação prestam uma ajuda insuperável, mas eles devem ser usados para divulgar as lutas, enquanto a organização deve continuar a ser presencial, o que dificulta a infiltração policial e a espionagem, e mantém o segredo do que não pode ser divulgado publicamente.
 
É preciso não esquecer que a polícia que reprime na rua é a mesma polícia que extermina a população negra e pobre na favela, a mesma polícia que faz parte das milícias, que tortura, mata e dá sumiços em milhares de Amarildos da Baixada à Zona Sul, do Centro à Zona Oeste do Rio (e nos outros estados do Brasil também). É preciso não se esquecer disso para não se esquecer da necessidade cada vez mais urgente de se auto defender destes bandidos, nas ruas e favelas. Só assim, se organizando coletivamente poderemos defender nossos direitos de se manifestar e de viver.
 
Dessa forma, temos que saudar a tática dos Black Blocks, que é a primeira experiência de autodefesa do movimento em muitos anos. Além da importância da organização de autodefesa, os black blocks trouxeram de volta para dentro do movimento o debate real sobre ações radicalizadas do movimento; (coisas que muitas organizações só defendem no papel). Essas ações, na maioria das vezes, são ferramentas fortes na luta contra o Estado, seja pela diminuição das passagens, seja pela derrubada do Cabral. Apesar de excessos que aconteceram (como atacar pequenos comerciantes e pontos de ônibus), achamos importantes e justos as ações políticas que aconteceram em alguns atos.
 
Temos críticas a serem feitas, mas, ao invés de criminalizar e atacar os Black Blocks por causa de nossas discordâncias, como fazem algumas organizações oportunistas e pacifistas, fazendo coro com a polícia e a Globo, temos que propor maneiras de avançar.
 
Para nós, os Black Blocks para funcionar melhor, evitar a infiltração de P2 e alguns excessos, deveria ser uma autodefesa de massas e uma expressão das passeatas. Para isso é necessário fazer parte da comissão de segurança dos atos, em conjunto com os movimentos que organizam as lutas.
 
Infelizmente, muitos setores dos blacks blocks não enxergam essa necessidade. Isso se dá por causa da maioria de seus integrantes se alinharem com um discurso anarquista que não vê a necessidade de organizar coletiva e centralizadamente os manifestantes nos atos, que muitas vezes é contra lutar ao lado de partidos políticos, mesmo que da classe trabalhadora; e que enxerga as ações radicalizadas com um fim em si próprio, o que leva muitas vezes a achar que um ato só é vitorioso quando há enfrentamento com a polícia.
 
É preciso lembrar que a falta de interesse em seguir deliberações dos espaços democráticos não é uma crítica dirigida somente contra o black block. Muitas organizações e partidos políticos muitas vezes, nas quais o movimento mais precisava de união e força, como no ato da final da copa das confederações, simplesmente não compareceram ao ato, ignorando a deliberação de uma assembléia de mais de 2000 pessoas.
É preciso entender que a nossa tarefa mais importante no momento é derrotar a repressão brutal contra os movimentos organizados. Para isso, precisamos da união de forças de todos os sindicatos, todos os movimentos populares e estudantis e todas as organizações políticas da esquerda combativa contra as medidas fascistas dos governos. O que está em jogo é o direito à manifestação de todo o povo! Juntos somos fortes!

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