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Somos uma organização marxista revolucionária. Procuramos intervir nas lutas de classes com um programa anticapitalista, com o objetivo de criar o Partido Revolucionário dos Trabalhadores, a seção brasileira de uma nova Internacional Revolucionária. Só com um partido revolucionário, composto em sua maioria por mulheres e negros, é possível lutar pelo governo direto dos trabalhadores, como forma de abrir caminho até o socialismo.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Eleições 2014: a farra da farsa eleitoral (Denise Oliveira)


Reproduzimos mais um texto da companheira Denise, nesse ela faz um balanço realista da onda conservadora depois dos atos de junho.


Eleições 2014: a farra da farsa eleitoral





Vamos fazer uma análise real do que foi o processo eleitoral de 2014, sem mentirmos para nós mesmos, sem procurarmos desculpas esfarrapadas, e principalmente sem colocar a culpa, apenas da falta de clareza política da maioria da população brasileira?

Pois bem, o desenho desse processo eleitoral, iniciou no ano passado, no que se passou a denominar Jornadas de Junho/Julho-2013. Ali, a população mostrava-se ansiosa por mudanças, indignada com os gastos na preparação da Copa do Mundo, da falta de respostas as suas principais demandas como saúde e educação. A essa população, foi dado sim, repressão. Pela primeira vez, as grandes massas populares, que até então viam bomba de lacrimogêneo sendo atirada trabalhadores grevistas(aqueles que atrapalham o bom encaminhamento das coisas), ou a truculência policial apenas nas favelas(local de bandido), puderam sentir nos seus próprios olhos, como as demandas sociais são tratadas há séculos pelo “donos do poder”.

Eram manifestações coxinhas, sim..a grande maioria que ocuparam as ruas do Brasil inteiro, não eram militantes de partido algum, eram pessoas, simples mortais, cobrando do governo tido, ou dito dos trabalhadores, uma resposta para todas as suas demandas.

A mídia corporativo-burguesa fez o seu trabalhinho sujo, criminalizando todas as manifestações. A esquerda, se percebendo fora do controle desse movimento, já que a palavra chave, foi SEM PARTIDO, tratou logo de juntar-se a mídia e ao governo, para atacar, os blacks blocks e todo movimento anarquista, que mais do que presente, esteve na linha de fogo o tempo todo.Neste aspecto, as esquerdas falharam feio, não citarei denominações partidárias, porque se faz desnecessário.

Dentro dessa dicotomia, entre anseios populares, governos e partidos ditos de esquerda, a extrema direita, reacionária, encontrou seu espaço. Estamos falando de uma população pouco politizada, que quer mudanças, que precisa se ver representada, que acredita no voto como fonte dessa representatividade, e foi aí, que os partidos de esquerda...TODOS ELES, a meu ver, deram um mole enorme.... É claro, que a intenção era mesmo calar a população.

Em fevereiro de 2014, o RJ, ainda se rebelava. Aconteceu o triste incidente com o Jornalista/Cinegrafista da Rede Bandeirantes. Não ouvi da mídia, em nenhum momento, crítica a rede de televisão que não capacitou com segurança seu trabalhador, e também pouco vi da esquerda pressão para que a Bandeirantes, fosse minimamente culpabilizada por colocar um trabalhador sem equipamentos de segurança, para cobrir um ato contra o aumento das passagens. Não vi, em momento algum, a esquerda questionar a força demasiada da polícia, com suas bombas de lacrimogêneo, sobre os manifestantes. Mas , vi a esquerda apontando o dedo para os black blocks e todo movimento anarquista, ajudando a criminalizar mais ainda os anseios populares. Vi, o deputado, dito como o mais progressista de todos, assinando a CPI sobre os black blocs, que culminou, nesse ano, na perseguição e prisão de manifestantes, inclusive dos meus amigos e colegas de trabalho, Pedro, Filipe e Rebeca, entre outros 26 manifestantes, e inúmeras invasão à privacidade de todos que estivemos nas ruas, exigindo transformações sociais.

Então veio a Copa, e todos foram torcer pro Brasil e ver jogos.Nós, os chatos de plantão, continuamos a gritar “não vai ter copa”, o que na verdade acabou não tendo mesmo, já que para garantir os jogos, o poder teve que montar um esquema surreal de proteção aos estágios...Ora bolas, no país do futebol, o lacrimogêneo ser a moeda de maior valor para que a paixão nacional fosse enfim vivida, por uma elite branca e estrangeiros...e o povo ficou de fora de novo.

A Copa acabou, o Brasil perdeu de 7 a 1 e a inflação chegou a galope. E cadê as ditas mudanças tão esperadas pelo povo? Veio na forma de campanha na manutenção da farsa eleitoral, que mantêm a farsa democrática. No leque, os piores candidatos na bandeja de opções. Propostas, planos de governo, nenhum...baixaria, e baixaria...os desejosos pelo poder, fingindo serem inimigos uns dos outros...e a direitona ultra reacionária, conservadora e podre acenou com essa tal mudança. Ué, se é pra mudar, num cenário aonde todos são iguais, então mudamos as caras dos candidatos. Foi aí que deu um nó na cabeça da esquerda. Jair Bolsonaro, o rei da cretinice, o mais votado para deputado estadual no RJ, o racista do Luiz Carlos Heinze, o mais votado como deputado federal , no RS. Tiririca, o segundo mais votado em SP. Aliás SP, ainda manteve sem questionar o governador Alkimin, mas conhecido com Picolé de Chuchu e o rei das bicas secas.

E lá vem a esquerda esquizofrênica, dar chiliquito...”como pode???”

Pode, sim...pode porque essa esquerda caviar, não quer nada de luta, não quer nada de mudança, não quer nada que a aborreça...Ficar encastelados em gabinetes, sindicatos burocráticos, universidades conservadoras, barzinhos de classe média é bem mais agradável que encarar e abraçar a verdadeira classe trabalhadora. Que horas as bandeiras vermelhas flamularam e vieram pra rua, junto com o povo trabalhador? Em que horas vimos ditas bandeiras vermelhas nas desocupações das favelas Metro Mangueira (janeiro de 14), ou Oi Telemar(abril de 14)? Nos atos contra a Copa, durante a Copa? Ao lado dos trabalhadores que ousaram fazer greves na Copa?Eu vi sim, a esquerda correr da polícia, mesmo sem ter havido uma bomba de lacrimogêneo sequer, no Grito dos Excluídos de 2014.Isso eu vi!
Pois é esquerda esquisita, agora agüenta...e não venha colocar a culpa na despolitização do povo não, porque, a vocês, é também muito agradável, que essa massa despolitizada se mantenha assim, afinal, vocês não querem revolução coisa nenhuma...No máximo um gabinete com ar condicionado, ou um sindicato pra mamar nas tetas.

O povo respondeu, da mesma maneira do que no não vai ter copa. Também não teve voto..e nesse ponto a massa fez bonito...o governador eleito em primeiro turno foi o voto branco/nulo. É, vocês ficaram com uma batata quente na mão, apóia a política neoliberal rosa-bebê do PT, ou parte pro voto nulo??? A maioria, que tanto fez para abafar as lutas dos trabalhadores, na ânsia de partir pra campanha eleitoral, veio agora, na maior cara de pau declarar voto nulo. Esquerda cretina, ninguém mais acredita em você.
A massa que foi pra rua em 2013, deu ser recado. Pezão 4.332.623 votos;Boycote(nulos, brancos e abstenções) 4.335.328... e no governo federal.
Na esfera federal, a Dilma levou, no sufoco, mas levou. Resultado ainda parcial: Dilma 54.447.455 e Aécio 51011.272.. Boyocote 30.098.004.
O povo mostrou que podem até não ser o supra sumo da consciência política, mas essa esquerda que nos freia, levou uma lambada das mais gostosas vista, por até hoje... E que venha a rua, afinal “ O lacrimogêneo é o meu pastor, a falta de ar não me faltará”!


Por: Denise Oliveira/ outubro de 2014

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Manifestação de solidariedade à resistência curda


Hoje, cerca de vinte e cinco ativistas demonstraram sua solidariedade à Resistência Popular Curda no Rio de Janeiro. Mesmo num dia e horário de difícil acesso, o ato foi uma importante ação simbólica de apoio a esse processo.

Além da faixa, foi distribuído um panfleto de divulgação da luta do povo curdo e conversado com os transeuntes sobre esse processo de ressitência.

Um ato internacional de solidariedade está sendo articulado para o sábado. Aqui do Brasil (Rio de Janeiro) mandamos nosso recado para a luta curda!

Nossa solidariedade é internacionalista! Nossa luta é global!

Viva à resistência popular curda!

Foto: Hoje, cerca de vinte e cinco ativistas demonstraram sua solidariedade à Resistência Popular Curda no Rio de Janeiro. Mesmo num dia e horário de difícil acesso, o ato foi uma importante ação simbólica de apoio a esse processo.

Além da faixa, foi distribuído um panfleto de divulgação da luta do povo curdo e conversado com os transeuntes sobre esse processo de ressitência.

Um ato internacional de solidariedade está sendo articulado para o sábado. Aqui do Brasil (Rio de Janeiro) mandamos nosso recado para a luta curda!

Nossa solidariedade é internacionalista! Nossa luta é global!

Viva à resistência popular curda!
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sábado, 25 de outubro de 2014

Sobre as eleições e o segundo turno


Alguns integrantes do Coletivo Lenin não se sentiram contemplados pela posição adotada pela organização sobre o segundo turno das eleições. Por isso, se fez necessário escrever este documento que apresente uma alternativa coerente ao voto crítico no PT nas atuais eleições.
É importante dizer que este documento representa a posição de uma parte minoritária da organização, que respeita a posição da maioria e a reconhece como tal; mas faz uso do direito democrático de expor suas divergências para que debates importantes como esses não se restrinjam ao espaço interno da organização.


Começar pelo começo.

Antes de mais nada, é importante dizer que não temos qualquer preconceito em relação à participação em eleições burguesas e também em relação a qualquer posição que possa ser tomada nestes períodos, desde que esteja submetida a alguns requisitos classistas básicos, como independência política e financeira, defesa dos interesses da classe trabalhadora e propaganda da necessidade de romper com o capitalismo.
Nas eleições atuais, não é uma exceção. Mas hoje, talvez especialmente nos dias de hoje, é preciso manter os pés no chão. Precisamos ser realistas quanto à consciência da classe trabalhadora da qual fazemos parte e para a qual nos dirigimos diariamente, mas precisamos também saber, que é nas horas mais tenebrosas, que se torna mais imprescindível nos mantermos fiéis aos mínimos princípios que achamos fundamentais.
Dois perigos principais precisam ser combatidos na hora de tomar decisões. Um deles é o dogmatismo, que disfarçado de ortodoxia, traz fórmulas prontas para os problemas da realidade e não permite uma análise dialética da realidade para tentar chegar na resposta que melhor represente o interesse da classe trabalhadora. O outro é o impressionismo, que eleva aspectos pouco relevantes ao nível de “últimas gotas d’água”, simplesmente para justificar o vai e vem de posições miraculosas que irão salvar a classe trabalhadora do último inimigo inventado da ordem do dia.
Tentaremos não cair em nenhum dos dois extremos; resgatando a posição clássica, baseada na independência de classe e na confiança na única força capaz de fazer frente ao capital: a classe trabalhadora organizada. Enquanto ao mesmo tempo tentamos dialogar com as questões colocadas pela classe trabalhadora, que apesar de muitas vezes se restringirem a pragmatismo, são também um dos aspectos mais importantes na hora de tomar de posições.


O princípio classista nas eleições

As eleições não são nada mais além de mais uma das maneiras da classe dominante manter o seu controle sobre a classe trabalhadora. Não é preciso ser marxista para saber que é tudo um jogo de cartas marcadas. De alguns em alguns anos, empresas, a grande mídia, bancos criam um circo. Uma alegoria de democracia. Eles fazem suas apostas em figuras públicas que julgam mais carismáticas para ocuparem os cargos no Estado que só serve a eles próprios. Ganha o candidato que receber mais dinheiro de campanha e souber usá-lo melhor como promovendo escândalos midiáticos contra os outros candidatos, comprando horário eleitoral extra, pagando pessoas para ficar panfletando e comparecer em falsos comícios. A única democracia que existe nas eleições é entre as diferentes facções da burguesia, que se divertem, como viciados apostando em cavalos de corrida. A classe trabalhadora, maioria esmagadora da população de qualquer país escolhe apenas com qual molho vai ser cozida por mais alguns anos.
Por isso, defendemos que a denúncia do sistema eleitoral deve ser o carro chefe de qualquer campanha séria de uma organização que se pretenda ser parte da vanguarda da classe trabalhadora. Alimentar qualquer tipo de ilusão no voto ou em candidato x ou y é um erro básico de propaganda revolucionária. Perder isso de vista pelo oba-oba do circo das eleições significa muitas vezes uma derrota maior que receber zero votos nas urnas.
Sobre o financiamento de campanha, é óbvio que se qualquer partido se mantivesse realmente fiel, tanto no discurso como na prática, a esse princípio básico de não deixar de lado a denúncia do sistema eleitoral comandado por grandes empresas e bancos e a necessidade de acabar com o capital, nenhuma grande empresa ou banco iria financiar tal campanha. Logo o financiamento público acaba sendo uma consequência da propaganda revolucionária feita corretamente nas eleições.
É necessário defender uma nova maneira de fazer democracia, coletiva e classista. Não precisamos de senhores engravatados para falarem em nosso nome. Todos nós da classe trabalhadora, a juventude, os trabalhadores desempregados, as donas de casa, e todos os grupos sociais oprimidos pelo Estado, somos mais do que capazes de resolver coletivamente nossos problemas, de comandar nossas empresas e bancos, nossas escolas e nossas ruas, de proteger nossos companheiros e companheiras. O Estado que tenta nos enganar dizendo que governa em nosso nome e para nós, só faz mentir. Sua existência, com polícias assassinas, altos impostos, descaso com saúde e educação, desemprego, falta de casa, e toda a mentira de que a sua própria existência é necessária, não nos serve para nada. Defendemos uma nova sociedade, onde todo indivíduo possa comandar a política de todos os locais que lhe dizem respeito. Defendemos uma democracia muito diferente daquela que temos nas nossas câmaras e congresso, nos nossos palácios governamentais.  Esquecer disso, é fazer uma concessão ao Estado, que não estamos em condições de fazer. Esquecer de denunciar o Estado e todos os seus crimes, só porque estamos em época de eleição é um erro que não tem volta.
Algumas organizações de esquerda, fiéis ao princípio de não financiamento burguês de suas campanhas (mesmo que nem sempre), acabam muitas vezes por esquecer da necessidade de se ter uma campanha eleitoral centrada na denúncia do sistema eleitoral. Isso como já foi dito, é entrar no jogo dos banqueiros e empresários, um jogo que não é nosso, um jogo que só temos a perder. Disputar votos com candidatos milionários com campanhas milionárias é dar murro em ponta de faca, pois é uma luta contra o capital, num terreno que não temos a menor vantagem. A única arena que temos chances de vencer é aquela que podemos contar com a força da classe trabalhadora, a força de ser a maioria e de entender como nenhuma outra classe o funcionamento da sociedade, já que somos nós que a fazemos funcionar.
Nada temos contra a tática dos militantes de organizações e partidos de esquerda, que minimamente entendem o papel do Estado, e se candidataram para fazer propaganda revolucionária no horário eleitoral gratuito dos meios de comunicação burgueses, e para aproveitar a comoção que a burguesia consegue impor à classe trabalhadora em épocas de eleição para promover uma posição classista. Mas fazer uso dessas oportunidades, deixando a denúncia do capitalismo e da sua “festa da democracia” para segundo plano; fazer isso para disputar votos com banqueiros e empresários, propagandeando um capitalismo mais humano, ou um Estado para todos, é perder energias à toa, um luxo que não podemos nos dar.


A necessidade do diálogo com as condições atuais

O voto nulo talvez seja a posição mais revolucionária perante as eleições. Ou simplesmente o ato de não votar por si só. Este último talvez seja um pouco mais complicado, já que o voto é obrigatório e não votar pode gerar algumas complicações legais. Sendo obrigado a votar, a posição mais revolucionária de um indivíduo da classe trabalhadora talvez seja o voto nulo. A maneira mais prática de dizer não diante de um sistema eleitoral que só serve para legitimar um Estado que nada tem a oferecer à classe trabalhadora. Seria correto dizer, que numa eleição burguesa que ocorresse num país numa situação pré-revolucionária (possibilidade real da classe trabalhadora organizada destruir o Estado), a abstenção nas eleições seria a maioria.
A desilusão com o voto é um indício de que a classe trabalhadora está num estágio de consciência que compreende que a única posição perante o Estado que se apresenta para nós é lutar contra ele para destruí-lo. No entanto, assim como qualquer avanço de consciência, isso também é um processo. Não se pode exigir que a classe trabalhadora simplesmente tenha uma compreensão súbita do papel do Estado na sociedade, simplesmente pare de votar e faça a revolução; caso fosse assim, estaria tudo muito bem.
É preciso saber dialogar com as necessidades imediatas da classe trabalhadora como um todo, dando respostas para essas necessidades, que apontem para um caminho, que por sua vez, deixe cada vez mais claro a necessidade de lutar por uma nova sociedade. As organizações que defendem o voto nulo por princípio simplesmente não levam isso em consideração e exigem da classe trabalhadora a aceitação de uma posição revolucionária, sem levar em consideração a condição em que vivem os trabalhadores e trabalhadoras e o momento história em que vivemos.
Infelizmente essas necessidades, não são “Onde vamos atacar primeiro para tomar o poder?” ou “Qual setor devemos socializar primeiro, o agrícola ou o energético?”. Não estamos numa situação revolucionária. A pouca vanguarda organizada que existe no Brasil não consegue ser uma alternativa de gestão do Brasil. Essa é a mais dura verdade.
A maioria dos trabalhadores e trabalhadoras sente na pele diariamente a falta de hospitais e escolas, o cansaço, a violência, a falta de dinheiro e todos os outros tantos males que a burguesia nos deu de presente. E são bombardeados diariamente por propaganda com resposta para todos esses problemas, pela TV, pela religião, pela família. “Seja um trabalhador exemplar, trabalhe duro e subirá na vida!” É contra essa propaganda que devemos atuar, apresentando uma alternativa real e coerente a toda essa baboseira, dialogando, propondo e aprendendo, sem chegar com uma posição pronta e exigir a aceitação porque ela é “correta”. Na hora das eleições não é diferente.
Vote consciente. Conheça seus candidatos. Cobre deles. Você é responsável pelos eleitos. Vote em mim, eu sou a mudança. Vote em mim, vou continuar melhorando sua vida. Não vote em fulano, ele é corrupto. Não vote em cicrano, ele é comunista... blá blá blá. São essas as piadas asquerosas repetidas todo santo dia de época de eleição. Mas, como já disse, a esquerda não consegue apresentar uma alternativa coerente a essa propaganda. Nós não temos força para dizer “Chega. Calem a boca. Faremos do nosso jeito agora!” e ser escutados em todo o Brasil. O que fazer nesse cenário? O que fazer para aumentar nossas fileiras e começarmos a poder ser ouvidos, não na TV, nem só nas eleições, mas nas fábricas, escolas, ruas e em todo canto? O que dizer para os poucos que ainda nos escutam e para os que procuram por uma resposta além das mentiras diárias?
Antes de tentar formular essa resposta, gostaríamos de explicar porque a tática pronta de voto crítico no PT ou do voto nulo não nos contempla, e para não deixar passar em branco vamos falar um pouco do PSDB também.

PSDB: fantasma de um passado distante, mas nunca esquecido.

É até difícil escolher por onde começar a falar do PSDB. Decidimos colocar esse trecho no documento, porque acreditamos que uma parcela considerável da classe trabalhadora acredita que o PSDB é uma alternativa melhor do que o PT. Apesar de acharmos que o PT não é muito diferente do PSDB, essa avaliação é a mais distante da realidade possível.
No cenário que já descrevemos, onde a classe trabalhadora não possui uma referência real na esquerda organizada, é natural que ela se volte (principalmente no segundo turno, onde é um ou outro) para os candidatos, onde cada um promete mil e uma maravilhas. Um desses candidatos é Aécio.
Essa parte do documento se destinará unicamente às pessoas que vêem no candidato tucano uma saída para o caos sempre presente na nossa vida, sem saber direito o que representa o PSDB.
O PSDB e o PT possuem projetos diferentes de gestão do Estado. O primeiro segue a cartilha do que chamamos de neoliberalismo. Em poucas palavras, podemos dizer que o neoliberalismo se caracteriza pela mínima intervenção do Estado na economia, ou seja, deixar o bicho correr solto no mercado financeiro e na maneira que as empresas tratam seus trabalhadores, não ter nenhuma medida que assegure mínimos direitos necessários para a classe trabalhadora, como aqueles garantidos pela CLT. Como o Estado não pode intervir na economia, o Brasil fica ainda mais aberto às grandes multinacionais e aos desejos dos patrões. Logo se trata também de uma privatização em massa de todo e qualquer serviço social, como saúde, educação, e como vem sendo dito, provavelmente até as prisões.


Se ainda não dá pra ver o problema nisso, imagine que você é um membro de um grupo que não possui força política na atual sociedade. Há outro grupo que, para ganhar mais dinheiro, precisa que você ganhe menos e tenha cada vez menos acesso a lazer, cultura, saúde, educação, etc.; só que esse grupo possui toda a força política e o aval do Estado para fazer o que quiser. Pois é, é exatamente isso que acontece no capitalismo, e é elevado ao extremo no neoliberalismo.
Essa política de privatizar serviços públicos, não intervir na economia para criar mais empregos, e fazer valer direitos trabalhistas, favorecer os mais ricos e ferrar os mais pobres sem qualquer freio; deu tão errado no Brasil, mas tão errado, que boa parte da classe trabalhadora ainda hoje não vota mais no PSDB porque sentiu na pele a piora da qualidade de vida na época do FHC, viu o lixo que é o seu projeto para o Brasil, e sem precisar nem de propaganda da esquerda para entender isso, passou a odiar profundamente essa corja.
E ainda tem mais, em aliança com Aécio, estão os setores mais reacionários da política brasileira. Desde seguidores de Olavo de Carvalho e Rodrigo Constantino (cavaleiros alados na luta contra o demônio comunista que é o PT), até apoiadores explícitos da ditadura militar que torturou e assassinou milhares, como Bolsonaro; e também aqueles que usam religião para pregar o ódio aos grupos com diferentes orientações sexuais, religiões de origem africana, como Marco Feliciano, Silas Malafaia, Everaldo, etc. Essas alianças, repercutidas no congresso nacional abrem portas para a criação de leis que podem piorar cada vez mais a condição de vida dos trabalhadores e trabalhadoras, como a redução da maioridade penal, que já vem sido discutida amplamente por essa frente reacionária.
Se você se incomoda com a postura do PT, quando o aumento do salário mínimo é inferior ao da inflação; quando escuta mais um novo escândalo de corrupção, quando escuta o absurdo dos altos impostos, quando vê que não tem saúde, educação, saneamento básico e moradia para toda classe trabalhadora. Nós também nos indignamos, mas é preciso dizer que o PSDB não é a solução. As coisas irão piorar com Aécio a frente do Estado, simplesmente pelos princípios que ele, junto com o os aliados que são o que há de pior na política, defendem. Salários não precisarão ter pisos, porque tudo ser negociado entre patrão e empregado, inclusive cortes salariais. É possível que os impostos não aumentem mais (porque abaixar certamente não irão), mas teremos cada vez mais escolas e universidades privadas, hospitais públicos privatizados, SUS mais abandonado ainda do que já estão e por aí vai, fim dos mínimos programas de assistência social, aumento do desemprego, aumento da inflação, fim da Caixa Econômica e Banco do Brasil (bancos minimamente públicos, cuja uma das funções é financiar programas sociais) como já anunciou Armínio Fraga, seu ministro da fazenda. Pra resumir, definitivamente não estaremos em melhores mãos, como a propaganda Tucana e os artistas da Globo querem te fazer acreditar.
Em relação à corrupção, você pode ter certeza que ela não vai acabar. Deve ser difícil de acreditar nisso, mas, ao contrário do que brada a direita reacionária raivosa, o PT não inventou a corrupção. A corrupção é simplesmente o principal meio dos ricos comprarem o Estado para terem seus desejos atendidos. Os principais críticos da corrupção hoje são aqueles que já estiveram e ainda estão envolvidos com fraudes e venda de favores por baixo dos panos. Para ver isso, basta lembrar de que a rede Globo apoiava a ditadura. Porque será que isso aconteceu? E quanto aos processos de sonegação de imposto que esta empresa enfrenta entra ano, sai ano. Basta ver também a tão falada construção do aeroporto em Minas Gerais por Aécio, que passou direto para a família dele. Mensalão do PSDB, muito antes do PT chegar ao governo. Privatizações em empresas de grande porte, como a Vale e as TELE’s por preços literalmente de banana, completamente abaixo do mercado. Sem falar nas alianças e campanhas financiadas, que voltarão para cobrar seu preço, caso o PSDB retorne ao Governo. Esse argumento da corrupção foi aquilo que a grande mídia (simbolizada pela rede Globo, principalmente) escolheu para atacar um partido só porque não o quer mais no Governo, ou será que ainda alguém acredita que é coincidência o “grandiosíssimo” e “malvado” escândalo de corrupção da PETROBRAS ter vindo à tona justamente em época de eleições.
Esse documento não é para defender o PT, como algumas organizações sentem obrigação de fazer em época de eleições. Todos os problemas que a classe trabalhadora sente com o PT no Governo são reais. A corrupção também existe, porque ela é intrínseca ao capitalismo. Mas, mais uma vez, não podemos nos iludir e achar a mudança para um regime mais reacionário, tão corrupto e capacho da burguesia quanto o PT é a solução. Caso Aécio ganhe, a mudança virá e podemos garantir que será pra pior.


PT: a ilusão de uma esquerda desesperada

Qualquer trabalhador se emociona com a história de criação do Partido dos Trabalhadores, inclusive nós reconhecemos a importância de sua fundação, um partido que conseguiu reunir a maior parte da vanguarda classe trabalhadora e se tornar uma verdadeira referência nacional de massas. Isso tudo num momento crucial que foi o fim da ditadura militar.
Muita coisa aconteceu desde essa época. Muitos anos se passaram. Principalmente aqueles de 2002 até 2014. 3 mandatos consecutivos do PT na presidência. Como reconhecemos a importância da criação desse partido, agora que o tempo já é outro, precisamos dizer o que ele se tornou.
O PT passou por um processo muito grande de mudança desde a sua criação. Para não demorarmos nesse debate, basta dizer que o partido sempre foi formado por correntes (grupos) que estavam juntos sob a mesma bandeira. Com o passar do tempo, uma corrente que defendia aliança com a burguesia para poder reformar o Brasil, já com financiamento de empresas (desde antes de Lula ser eleito pela primeira vez), conseguiu prevalecer em relação aos outros grupos. Essa corrente prevalece até hoje e se chama Articulação.
Com a eleição de Lula, e a saída dos grupos menores do partido (que deram origem mais tarde ao PSTU e PSOL, por exemplo), o PT ficou a cargo da sua ala mais a direita e de outros grupos menores que continuam lá até hoje. As alianças de campanha que o partido precisou fazer para conseguir eleger um presidente, tanto com a burguesia, quando com os seus lacaios (como o PMDB) fez com o PT fosse perdendo cada vez mais a influência da sua origem em prol da criação do seu projeto de Governo. No fim desse processo, o PT passou de um partido operário de massas para um partido legitimamente burguês, defensor da ordem capitalista, com influência e apoio parcial das massas.
O projeto de sociedade do PT não é diferente daquele do PSDB em sua essência, pois nenhum dos dois quer acabar com o capitalismo, nem entrar em conflito com o capital. No entanto o projeto de Governo é bastante diferente. O PT colocou em prática um governo que podemos chamar de populista, que inspira a confiança da classe trabalhadora com discursos nacionalistas contra os patrões, concedendo para parecer coerente, alguns mínimos direitos para a classe trabalhadora; mas que continua a defender o capitalismo sem questionamento atrás da cortina. Esse projeto de governo também pode ser visto como um projeto de conciliação entre as classes: O PT sem dúvida nenhuma é submetido aos interesses do capital, mas precisa do apoio popular para continuar no Governo.
Aí é que entram as diferenças com o PSDB. Por exemplo, o PT não pratica mais privatizações em massa, como o PSDB, mas continua repassando bens e serviços públicos para a iniciativa privada (privatização de portos e aeroportos, EBSEH, PROUNI, implementação das parcerias público-privadas, etc.); e ao mesmo tempo toma medidas que minimamente melhoram as condições de vida da classe trabalhadora, como o bolsa família, o próprio PROUNI, cotas universitárias, aumentos salariais reduzidos (mas ainda sim, aumentos), programa Mais Médicos.
Essa política econômica foi incrivelmente melhor para o capital do que aquela do PSDB. Isso porque os bancos e empresas podiam continuar fazendo o que sempre fizeram e tendo lucros recordes na história do Brasil, enquanto o Governo conseguia manter a juventude (através da UNE, UBES) e a classe trabalhadora (através da CUT) sob controle com algumas concessões mínimas e propaganda ideológica. Isso é o motivo principal do porque a maior parte da classe trabalhadora ainda se identifica muito com o PT.
Por mais que a vida da classe trabalhadora tenha melhorado em alguns aspectos econômicos, e não podemos negar isso, o PT ainda mantém a sociedade na estagnação do capital. Nada foi feito pelo SUS, que continua tão precário como sempre foi. A educação pública, principalmente do nível superior continua restrita a uma parcela muito pequena (7%) da juventude; e ao invés de avançar na estatização de universidade privadas (nem sequer quando estas vão à falência), o PT foi responsável pelo maior repasse de verba da história para as empresas privadas de educação (através do PROUNI e crédito direto). O PT é responsável pela repressão de atos de ruas, com a polícia e greves com corte de ponto (atos de junho no ano passado, na época da Copa, greves das universidades federais de 2012, de carteiros e petroleiros, e outras tantas categorias). Apoia as UPP’s no Rio de Janeiro. Há poucos meses, mais 2 aeroportos foram entregues a iniciativa privada, dentre eles o Galeão do Rio de Janeiro, um dos maiores do país. A especulação imobiliária, incentivada pelos megaeventos, patrocinados pelo Governo, que tornou o Rio de Janeiro uma das cidades mais caras do mundo para se viver e que foi responsável pela maior onda de remoções da história, Aldeia Maracanã no RJ, Pinheirinhos em SP, etc.
Poderíamos continuar a lista, mas esses exemplos são só para deixar claro que o PT não é uma alternativa para uma sociedade melhor e mais justa. Poderia até ter sido, mas nunca se tornou. São para mostrar que em qualquer momento, se a burguesia exigir um aperto maior da classe trabalhadora, o PT não vai piscar duas vezes antes de abandonar qualquer resquício do populismo que ainda resta no seu Governo e obedecer.
Essa parte do texto é uma crítica direta à tática de que é correto defender voto crítico em Dilma no segundo turno, por conta de uma falsa polarização da sociedade em torno de PT x PSDB. Muitos argumentos foram apresentados pelas organizações que defendem essa posição, desde balanços da conjuntura internacional miraculosos que levam a defender o PT nas eleições, até que a CIA derrubou o avião de Eduardo Campos para tornar possível o segundo turno, etc.
Esse é o impressionismo que falamos no início do texto. É extremamente fácil se deixar levar pela empolgação dos acontecimentos recentes, ainda mais quando temos a extrema direita colocando as asinhas de fora e a Globo batendo no PT todo dia com o Jornal Nacional super imparcial que já julgou o caso da PETROBRAS sozinho.
Mas aos companheiros que defendem essa posição, eu pergunto: Qual é esse golpe que está sendo colocado em prática pela direita e pelo imperialismo? Qual milícia está se formando para matar a presidenta? Toda a propaganda contra o PT está dentro do regime legalista burguês; mesmo regime que o PT nunca levantou sequer um dedo para criticar?
Como as condições internacionais são diferentes de que quando, por exemplo, George Bush era presidente nos Estados Unidos, com uma guerra por petróleo a cada esquina?
Como o Brasil se desalinhou com a política norte americana? Foi quando ameaçou invadir a Bolívia quando houve rumores de estatização da PETROBRAS em solo boliviano que faz papel de multinacional lá e arranca as riquezas dos trabalhadores e trabalhadoras da Bolívia? Ou quando enviou tropas para o Haiti?
Como o Brasil está num cenário mais reacionário agora? Será que nunca existiu direita antes? Será que só agora nas eleições estão sendo covardemente assassinados trabalhadores e trabalhadoras LGBTT’s?  Só agora há pressão da direita para baixar a maioridade penal? A Globo e o resto da mídia só agora começaram a falar mal do PT?
É dito que o PT só chegou na presidência com a ajuda do imperialismo e agora que o imperialismo quer supostamente tirá-lo, temos que impedir? Por quê? Que jogo é esse que temos que tomar um lado, mas não ganhamos nada quando algum vence? O que temos a ganhar com a vitória do PT?
O que acontece é o sentimento de frustração por constatar que a direita ainda tem peso no Brasil e a esquerda não consegue crescer, nem se unificar. Nesse túnel escuro, aparece o PT com a lanterna na mão, encarnado numa caricatura de esquerda. E algumas organizações de esquerda acham correto ficar supervalorizando e até inventando argumentos para justificar para poder seguir o caminho da salvação do PT sem consciência pesada.
Não é difícil, nas condições que vivemos, se desesperar e deixar de acreditar na força da classe trabalhadora em luta. Mas voltamos a reiterar que o poder da classe trabalhadora não depende de quem está no Governo. Essa força é a única possível de fazer frente ao estado burguês. Se perdermos isso de vista agora, estamos alargando o fundo do poço que nos encontramos, sem tentar fazer nada para sair dele.




E agora? O que fazer? Em quem votar?

Espero que tenha ficado claro que esse texto foi uma tentativa de fazer uma análise da conjuntura política do Brasil, sem perder o foco das eleições, que é um bom exemplo dessa conjuntura. Então nossa posição principal em relação a essas questões: “O que fazer? Em quem votar?” é a que descrevemos antes como a posição classista nas eleições.
É preciso dizer, em tempos de eleições mais do que nunca, que o voto não muda o mundo nem a vida. Ser um eleitor consciente faz parte da velha fábula do cidadão exemplar que tentam nos empurrar goela abaixo desde que aprendemos a falar. O voto nessas eleições é uma parte mínima da nossa vida política, provavelmente a menor de todas elas. Melhorias concretas nas condições de vida, direitos conquistados, serviços públicos melhores e gratuitos não dependem nem nunca dependerão do candidato que for eleito. Dependem da luta e da organização da classe trabalhadora, da nossa classe contra o Estado, contra banqueiros e empresários que nos atacam diariamente. Há política para além do voto. Há política nos sindicatos, nos CA’s, DCE’s e grêmios, nos locais de trabalho, estudo, moradia e principalmente nas ruas. Por isso, pedimos, antes de pedir voto pra alguém, que você não perca as forças, não perca as esperanças, que continue se organizando, continue lutando por uma sociedade melhor, mais justa e mais livre, uma sociedade socialista.
Dito o principal, as eleições ainda vão acontecer do dia 26 de Outubro e nós ainda somos legalmente obrigados a votar. Apresentamos os argumentos necessários para afirmar que o voto não é mais importante. Mas o que fazer na hora que estivermos na urna?
Nossa posição para o voto do segundo turno é semelhante a do PSOL, com a diferença de denunciarmos o sistema eleitoral antes de sugerirmos como votar.
Por tudo que apresentamos, pedimos que não se vote no PSDB, por tudo aquilo que esse partido representa. Por defender os interesses da burguesia até as últimas consequências, como fez Fernando Henrique Cardoso. Por conta de toda a reação e o retrocesso de vida que estão reunidos ao redor de Aécio Neves. A volta da direita não representa nenhuma alternativa para um Estado melhor, nem para uma economia melhor, e muito menos para uma sociedade melhor. Votar na direita é votar errado, sempre e em qualquer situação. Votar na direita é uma concordância simbólica com tudo que está de errado no mundo e a permissão para que tudo isso continue e piore ainda mais. É um verdadeiro retrocesso.
Aos companheiros e companheiras que votam nulo porque chegaram na conclusão que o problema é o estado ser dos ricos e patrões e não o candidato que ocupa a presidência, pedimos que continue votando nulo. Não seremos nós que pediremos a você para votar no PT. Por mais crítico que esse voto possa ser, não seremos nós que pediremos para votar num partido que está do outro lado da trincheira e que nunca , depois que chegou ao governo, demonstrou nenhuma intenção de atacar aqueles com quem fizeram aliança, nossos verdadeiros inimigos.
Aos companheiros e companheiras que se identificam com o PT porque o PT apresentou um projeto de Governo, cuja única política para a classe trabalhadora não é apertar até não poder mais. Que considera que os avanços sociais e as pequenas melhorias econômicas foram importantes para a condição de vida da classe trabalhadora, favorecendo a própria organização da classe, e/ou que simplesmente lembra da época do PSDB no Governo e acha que votar no PT é uma forma crítica de manter o PSDB longe por mais 4 anos, porque nunca mais quer o fantasma dessa cambada de volta; nós também não diremos pra você votar nulo. Já que não foi possível a esquerda apresentar uma verdadeira alternativa classista que contemplasse a classe trabalhadora, durante ou por fora das eleições, não seremos nós que vamos dizer que está errado votar no único partido que representa uma mínima resistência à direita mais reacionária do Brasil no segundo turno.
Por isso, para resumir, dizemos:

Não saia das ruas e nem abandone as lutas! As melhorias de vida e vitórias acontecem lá!
Nessas eleições não tem voto certo, mas tem voto errado. Não vote Aécio!



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terça-feira, 21 de outubro de 2014

O porquê de votar em Dilma (Joycemar Tejo)


Reproduzimos aqui a nota do companheiro Tejo, com que temos acordo.


O porquê de votar em Dilma

Inicialmente, deixo registrado que formalizei meu desligamento dos quadros do PCB-RJ, como militante e dirigente partidário. Faço isso em respeito ao centralismo democrático, evitando assim uma contradição pública com a posição oficial do Partido -voto nulo- para o segundo turno das eleições presidenciais de 2014.

Vejamos. Em 2006 e 2010, fui um severo adversário do voto dito "crítico" nas candidaturas do PT no segundo turno, mas me submeti à decisão do Partido. Em razão disso, a princípio, talvez o voto nulo hoje em 2014 viesse a, finalmente, me contemplar. Mas fica evidente, para quem quer que analise e observe a realidade brasileira, que a conjuntura em 2006 e 2010 não era tão grave quanto hoje. Em 2006 e 2010 o PT possuía larga vantagem diante dos adversários do PSDB. Os tucanos eram adversários fáceis, sua base de sustentação, conservadora como sempre mas mais tímida. Nesses cenários, o voto nulo por parte da esquerda revolucionária seria pertinente: marca-se posição e denuncia-se o lulismo (agora lulodilmismo), sem que se facilitasse as coisas para os tucanos. Em 2014, a situação é diferente: aquilo que há de mais reacionário e atrasado na sociedade brasileira perdeu a timidez e ganhou a luz do dia. Os corifeus da extrema-direita têm cada vez mais espaço nas mídias tradicionais (a web ainda é uma trincheira), o Congresso recém-eleito é o mais reacionário das últimas décadas, a luta de classes tem cada vez mais passado às vias de fato (vide a violência física contra militantes de partidos de esquerda e movimentos sociais nas "jornadas de junho" de 2013), sedes de partidos e movimentos de esquerda têm sido invadidos pelo Brasil (PSTU no Rio etc.), candidatos ligados a causas sociais (LGBTT etc.) são atacados durante a campanha eleitoral, são praticados atos terroristas -como há poucas semanas no hotel em Brasília- por desequilibrados influenciados pelo discurso de ódio dos Bolsonaros etc. etc. etc.

Ora, justamente esses fascistas estão na base de apoio da candidatura de Aécio. O Clube Militar ter granjeado seu apoio ao PSDB, para "interromper a sovietização do país" (1), é outro de inúmeros sintomas. Isto é: não é que Dilma seja comunista. Longe disso. Mas o anticomunismo está é com Aécio.

Dois exemplos, muito sintomáticos.

Em encontro recente, em discurso, Dilma faz referência à reeleição de Evo na Bolívia. Os presentes bradam por uma "América Latina socialista", ao que a presidente responde, "menas" (2). Não poderíamos esperar resposta diferente, claro. Mas alguém consegue imaginar algo sequer parecido envolvendo Aécio e sua plateia?

O que nos leva ao exemplo seguinte. Encontro de artistas pró-Aécio. Entre o presentes, Coronel Telhada da ROTA e Lobão, falando em "golpe comunista" e "atmosfera stalinista" (3).

O anticomunismo mais histérico está com Aécio, portanto, e votar nulo nesse cenário é uma temeridade.

Novamente: não é que o PT seja esquerda. Mantenho a minha definição, a de partido burguês com influência de massas (4). Não acredito que seja necessário, a essa altura do campeonato -já se vão 12 anos de PT no poder- explicar e denunciar as práticas e opções desse partido. Causa-me vergonha alheia a tentativa de alguns amigos, colhendo dados, números e estatísticas para "provar" os êxitos do PT governo.

O que justifica o voto em Dilma, hoje em 2014, não é eventual "melhora" do PT. Não é que o PT tenha melhorado; a oposição de direita é que piorou muito. Portanto o voto hoje é justificado, como não foi em 2006 e 2010.

A melhor análise que li sobre o momento é a da Liga Comunista. Evocando um antigo texto de Trotsky (5), deixa claro que não se trata de escolher o "mal menor". Veneno e um tiro de pistola não são "males menores" um em relação ao outro; ambos são fatais. Contudo, pergunta Trotsky, entre um inimigo que nos envenena diariamente, e outro prestes a nos alvejar com a pistola, contra qual nós nos voltaremos primeiro? O inimigo com a pistola, é claro, e, diz corretamente a LC, o inimigo com a pistola -portanto o inimigo imediato- é Aécio (6).

O PT tem realizado e continuará realizando as contrarreformas, evidentemente- desde a da Previdência em 2003- mas é o inimigo envenenador; diariamente uma pequena dose, até o óbito. Mas a própria natureza do instrumento, veneno, permite que se resista; é uma ação demorada, gradual, e os melhores organismos podem resistir à sua ação. Já o tiro de pistola, não. Vai direto ao ponto, sem chance de defesa. Isto é, as contrarreformas que o PT tem realizado, o PSDB realizará numa velocidade ainda maior. E amplamente amparado pelo Parlamento que, repito, é o mais reacionário das últimas décadas. Aécio já anuncia que reduzirá a maioridade penal, por exemplo, e já se especula em seu ministério excrescências como Ronaldo "Fenômeno" e Armínio Fraga (que já disse que, em sua eventual gestão como ministro da Fazenda, não sabe o que "sobrará" dos bancos públicos, adiantando assim a ofensiva neoliberal em doses cavalares que se avizinha) (7). E pensem na situação internacional, América do Sul por exemplo. Serão Brasil de Aécio e Colômbia contra os "bolivarianos".

Votar nulo nesta situação não é uma opção, como foi em 2010 e 2006. Principalmente quando sabemos que estas eleições serão resolvidas na margem de erro. Os parcos (há que reconhecer) votos que os partidos de esquerda, PCB, PSOL, PSTU e PCO tiveram podem definir o resultado. E votar nulo é abrir as portas para o pior cenário. É facilmente verificável que o voto nulo, nestas eleições, tem defensores basicamente naqueles que o sustentam desde o início, isto é, a turma do "eleição é farsa" (como se não soubéssemos disso), ou naqueles que se baseiam em critérios moralistas pequeno-burgueses (baixaria da campanha, nenhuma das propostas contempla etc.). Não sendo o caso de principismo anarcoesquerdista ou de moralismo pequeno-burguês, resta a alternativa, temerária, quase suicida, do "venha quem vier". É claro que os comunistas estaremos na oposição "venha quem vier"; mas se é possível escolher o inimigo, por que não fazê-lo? Um milionésimo que seja de diferença pode ser, às vezes, a única vantagem que resta, e há que aproveitar essa vantagem.

O fato é: um dos dois será eleito presidente. O voto nulo não mudará isso, salvo na fantasiosa expectativa de que determinado número de votos nulos possa anular a eleição, o que dependeria de uma conjuntura que não corresponde à realidade de hoje e, é claro, do entendimento da Justiça Eleitoral. Portanto, queira-se ou não teremos ou PT ou PSDB. Se há um milionésimo de diferença que seja, não faz sentido, diante dessa inevitabilidade, desprezar essa diferença.

Voto Dilma, portanto. E no dia primeiro estarei na oposição como tenho estado há uma década.



notas

(1) http://www.valor.com.br/eleicoes2014/3725746/clube-militar-diz-que-aecio-pode-interromper-sovietizacao-do-brasil

(2) http://noticias.terra.com.br/eleicoes/dilma-rousseff/sob-gritos-de-america-latina-socialista-dilma-diz-menas,c08a8d233eb09410VgnVCM10000098cceb0aRCRD.html

(3) http://www.cartacapital.com.br/politica/em-ato-pro-aecio-lobao-e-globais-dizem-temer-2018nova-ditadura2019-6373.html

(4) http://www.novadialetica.com/2012/10/consideracoes-sobre-o-pt-i.html - http://www.novadialetica.com/2012/11/consideracoes-sobre-o-pt-ii.html

(5) https://www.marxists.org/archive/trotsky/germany/1931/311208.htm

(6) http://lcligacomunista.blogspot.com.br/2014/10/declaracao-da-lc-no-2o-turno-das.html

(7) http://www.viomundo.com.br/denuncias/o-que-arminio-fraga-que-seria-ministro-da-fazenda-num-governo-aecio-disse-sobre-os-bancos-publicos.html

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Eleições 2014 – PARA IR ALÉM DO VOTO (Reage Socialista - Coletivo Fundador)


Reproduzimos aqui a declaração dos companheiros do RS-CF, com a qual temos acordo


Eleições 2014 – PARA IR ALÉM DO VOTO

A eleição presidencial no Brasil passou a ser vivida como se estivéssemos diante de um drama real, quando a polarização entre dois projetos de poder do capital passou a ser tratada como se fosse a disputa de dois projetos distintos de sociedade.

Na verdade, são, Aécio e Dilma, operadores de um plano internacional, a que o PT aderiu de modo relativamente envergonhado e o PSDB assume sem vergonha nenhuma, por se tratar da sua natureza mesma.

A diferença entre eles se dá no caminho que percorreram: O PSDB, criado para sustentar a proposta de associação com o capital internacional; o PT capitulando diante do pragmatismo, renunciando ao seu radicalismo e optando por um comportamento dócil, naquela ocasião, 2002, muito útil a um capital que voltava a viver sucessivas crises e não conseguia domar as crescentes pressões de massa.

Mas, no essencial, são dois projetos semelhantes.

 Enquanto o PSDB privatizou empresas públicas no governo de FHC, o PT faz concessão de portos, aeroportos, estradas, pontes, estádios de futebol e petróleo; mantendo a política do PSDB, o PT desmonta o Sistema Único de Saúde e o entrega para a iniciativa privada, através agora de figuras jurídicas inconstitucionais, como empresas públicas, a exemplo da EBSERH, impondo a todos os hospitais federais a lógica do mercado e do lucro; se o PSDB provocou a estagnação das Universidades Públicas, o PT promove o empresariamento e a mercantilização delas, mantém e alimenta as Universidades privadas, através do PROUNI, acolhendo todas as práticas da anti-educação que essas universidades exercitam – inclusive o não pagamento do salário dos professores  –  estimulando o ensino à distância e os cursos precarizados; quando o PSDB emenda a Constituição Federal para tornar ilegal a ocupação de terras improdutivas por parte dos sem-terra, o PT convive com esta emenda durante 12 anos, sem qualquer iniciativa para revogá-la, compartilhando do retrocesso na reforma agrária; enquanto o PSDB distribuiu dinheiro para os Bancos, através do PROER e de taxas de juros que beiravam a casa dos 20%, o PT faz renúncias fiscais sucessivas a favor da grande indústria, abre o BNDES para empréstimos subsidiados aos grandes grupos econômicos e usa o dinheiro público para financiar empreendimentos em parcerias público-privadas, para os agentes privados administrarem e colherem os lucros; o PSDB promoveu a aumento do desemprego e a precarização do trabalho, mas a elevação da taxa de emprego do PT se deu a custa de perdas de direitos trabalhistas, enquanto para os desempregados se ofereceram inúmeros estímulos ao sonho pequeno-burguês de que todos podem se tornar patrões, através do empreendedorismo, que na verdade é a difusão da fantasia ideológica, combinada com o subemprego disfarçado; enquanto o PSDB “arrochou” o salário dos trabalhadores, o PT assiste imóvel à alta dos preços de todas as mercadorias, principalmente os alimentos, cujos aumentos foram todos – da carne às verduras, do pão às frutas – acima da taxa de inflação oficial.É verdade: o PT reagiu à crise de 2008 diferentemente do que fez o PSDB na crise de 1999. Investiu, reduziu a taxa de juros e manteve o poder de compra dos salários. Andou na contramão do receituário do FMI. Mas em compensação deu aos empresários várias vezes mais do que proporcionou aos trabalhadores, através das renúncias fiscais, dos empréstimos do BNDES, das parcerias público-privadas e de novas concessões.


Mas o grande capital, diferentemente de alguns, tem consciência de que o que é semelhante não é igual.Por isto, diante do aprofundamento da crise que se prenuncia, com sinais claros nas taxas de crescimento baixíssimas do Brasil e na queda dos saldos da balança comercial, precisa de operadores, na Presidência da República, que estejam dispostos a cortar na carne do serviço público, reduzir fortemente os gastos sociais, e fazer caixa para cobrir as necessidades que se colocarão para as empresas e o mercado.
O grande capital viu o exemplo dos países cujas reservas financeiras públicas estavam baixas, como Portugal, Itália, Espanha e Grécia, e que não tiveram meios de salvar suas empresas. Ele quer que os recursos públicos sejam usados tal como nos Estados Unidos, na França, na Inglaterra e na Alemanha: não para melhorar as condições dos pobres e da classe média, mas para socorrer as empresas em falência ou para financiar os abutres que usam o dinheiro público para aumentar seus patrimônios em manobras oportunistas em tempo de crise.

O grande capital no Brasil quer nova reforma da previdência, novas privatizações, mais penetração da lógica e dos interesses privados na saúde e na educação; quer menos gastos sociais e mais recursos para os seus próprios negócios ameaçados em tempo de vacas magras.

Isto é um limite a que a sobrevivência do PT não permite chegar, ainda que não seja verdade que o PT não possa ultrapassá-lo. Sim, porque a história não se escreve nem pelo Estado nem pela vontade dos personagens. Escreve-se pela sociedade civil e suas lutas. Neste sentido, o PT no poder, proximamente, caso reeleito, pode ultrapassar este limite – uma vez a luta dos trabalhadores no Brasil continue no baixo patamar de organização e mobilização em que se encontra.

Entretanto, o PT não pode, neste momento, assumir, com a burguesia, o compromisso de ir além na sua subserviência, sob pena de perder o que lhe resta de argumento eleitoral e de base político-ideológica. Além de não convencer os grandes capitalistas que dizem abertamente que “Dilma e o PT não têm mais nada o que dar”.3. É isto que em grande parte explica a surpreendente queda de Marina Silva e a migração maciça de seus votos para Aécio Neves. Ela, no primeiro momento, naquele instante de consternação, apareceu como uma candidata viável e nisto carreou para si a vontade difusa de um voto contra o PT. Mas ao longo de suas aparições, sua aparência de extração popular, apesar dos esforços em se disfarçar, e sua insistência em falar de política social acabaram por despertar a insegurança no eleitorado burguês, no eleitorado pequeno-burguês expandido com os incentivos ao empreendedorismo e no eleitorado conservador que, no vácuo da esquerda e no servilismo do PT, cresceu enormemente no Brasil.

Este eleitorado abandonou a candidata que, como dizia a propaganda do PSDB, repetida de hora em hora, na rádio e na TV, era “a Dilma com outra roupa”. Seu esforço para se transmudar em autêntica candidata da burguesia não foi suficiente para convencer o amplo eleitorado conservador cultivado à sombra da cumplicidade do PT e da pequenez da esquerda – nossa pequenez. Este eleitorado conservador não deseja apenas desbancar o PT, como quer aparentar, mas principalmente colocar em movimento um novo plano, capaz de, liderado pelos interesses dos principais grupos econômicos, fazer avançarem não só os lucros, mas também concepções reacionárias, como a rejeição à ação coletiva e organizada da classe trabalhadora, seja em partidos, seja em sindicatos, a ampliação do Estado penal que pune, em última instância, a pobreza, a criminalização do aborto, a repressão aos movimentos sociais,  o incentivo à homofobia, os preconceitos de gênero e de cor que servem à exploração do trabalho, à dominação, e se desenvolvem no ambiente discriminatório do mercado e dos interesses do capital.

Também não devemos esquecer que há em curso na América Latina uma luta anti-imperialista, que se tem manifestado no não alinhamento às políticas dos países centrais, onde se inclui o não pagamento da dívida externa. Internamente, têm sido feitos enfrentamentos a grandes interesses, como no caso da regulação dos meios de comunicação, nas limitações impostas às taxas de juros e de lucro de alguns setores, na estatização de diversas empresas, especialmente aquelas ligadas à extração de recursos naturais e minerais, e na resistência às praticas gerencialistas no setor público. Vale dizer, tudo o que o PT não fez. É certo que não se trata de socialismo, nem de efetiva  revolução cidadã, como se apregoa nesses países. Contudo, são constrangimentos e perdas impostas ao capital internacional. Além disto, paira no ar o risco de que estes processos avancem e se desdobrem em algo mais consistente. Daí porque frea-los faz parte do projeto mais imediato da classe dominante.

Mas o PT não pode se declarar disponível para conduzir o Brasil a este papel de subimperialismo.

Este plano conservador, que reemerge com todas as forças e anima os reacionários de todas as dimensões, certamente inclui o realinhamento do Brasil, que, a despeito da vacilação constante em que pendula, entre os acordos bilaterais e a aliança continental da UNASUL/MERCOSUL, e apesar da criminosa intervenção no Haiti, hoje não se assume, como se assumiu com FHC: um país subordinado à divisão econômica, política e militar dos EUA. Nesta subordinação, que retornará com o PSDB, se dará seguramente, aliás com gosto, o apoio para que se conspire contra e finalmente se ataque militarmente os países latino-americanos que ora questionam a dominação imperialista. Certamente para isto haverá o pretexto  de “combate aos países produtores de drogas”, a política orientada pelos EUA, em que os militares terão papel relevante.

4. É nestas condições que somos chamados a votar, no dia 26 de outubro. Diante de uma circunstância em que não somos determinantes, mas determinados; em que não pautamos a política para a burguesia, mas somos pautados por ela; nestas condições não é nem lúcido, nem verdadeiro que defendamos como acertado e revolucionário o voto nulo ou nossa abstenção.

Como dissemos no primeiro turno, o voto nulo, tanto quanto o absenteísmo, o não comparecimento, enfim o não-voto, todas estas formas podem ser válidas e boas – uma vez que, nós, da esquerda, tenhamos condições de apresentar uma perspectiva imediata que inspire confiança e empenho por parte da classe trabalhadora.

Infelizmente, por hora, a esquerda socialista não tem isto a oferecer.

Precisamos construí-la. Para isto, não devemos ajudar a que mais dificuldades se criem para os nossos movimentos e que a chama reacesa do conservadorismo se espalhe, como a simples possibilidade da eleição de Aécio Neves já demonstrou capacidade.

Também não temos uma posição em princípio de que o agravamento das dificuldades é sempre e inevitavelmente negativo. Muitas vezes a adversidade e a supressão de esperanças vãs servem de incentivo e impulso para o enfrentamento.

Mas também para que isto ocorra é necessário que as mínimas condições de enfrentamento existam.  Não é o que temos. Nossos resultados eleitorais, somados, que, como sabemos, são uma medida da aceitação de nossas propostas, do alcance de nossas palavras e da capacidade de nossas ações, exibem uma fragilidade como em nenhum momento da história conhecemos.

Por isto, não para o PT e sua candidata, mas contra Aécio e tudo que ele conduz, representa e é capaz de fazer, votaremos na Dilma.

Não sem reafirmar que tudo o que tememos não será evitado com a reeleição e a manutenção da presidenta, se não nos reunirmos, para trabalhar diariamente – não apenas em eventos e eleições – na organização e formação política, refazendo os passos e o caminho que os nossos teóricos mais consistentes e profundos nos deixaram como herança e aprendizado.

Outubro de 2014.

Reage Socialista – Coletivo Fundador
Coletivo Praxis Vermelha

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sábado, 18 de outubro de 2014

Solidariedade com a revolução curda! Ato dia 27/10, às 14h!




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Na segunda-feira, dia 27, vai acontecer, na frente do Consulado da Turquia (Praia de Botafogo, 288, bloco B, sala 1405), às 14h, uma manifestação em solidariedade à revolução curda. Os curdos enfrentam a ameaça dos fundamentalistas islâmicos da organização paramilitar Estado Islâmico, e ao mesmo tempo os ataques da Turquia, que quer esmagar a revolução com sangue. Nesse momento é fundamental a nossa demonstração de solidariedade internacionalista, como já está sendo feito em vários países!

Os curdos são uma população de cerca de 50 milhões de pessoas, que representam a maior nação sem Estado do mundo. Eles estão divididos entre a Turquia, a Síria, o Iraque e o Irã, e sofreram repressão violenta na sua luta pela independência em todos esses países. Atualmente, as mudanças provocadas no Oriente Médio desde a Primavera Árabe abriram novas possibilidades para a luta de libertação nacional do povo curdo. No Iraque, existe um governo autônomo curdo, dentro do Estado criado pela invasão americana em 2003.

Já em Rojava, que é o Curdistão sírio, está acontecendo uma verdadeira revolução socialista, dirigida pelo PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão). O PKK foi formado em 1978, sob a direção de Abdullah Öcallan, como um partido maoísta. Alguns anos depois, começou a luta armada contra a Turquia. Na época, era uma organização muito autoritária, com um forte culto à personalidade do seu dirigente, e métodos brutais, como alistamento forçado, assassinato de civis e lavagem de dinheiro do tráfico de drogas para financiar o partido.

 Em 1999, Öcallan foi preso e, na prisão, influenciado pela derrota provisória da luta armada do PKK e pelo fim da União Soviética, começou a fazer uma autocrítica profunda das suas concepções políticas. Através de leituras do anarquista Murry Bookchin, a direção do PKK, e depois todo o partido, passou a defender uma teoria chamada de confederalismo democrático. Ou seja, eles defendem a criação de um poder popular formado por uma confederação de cidades, cada uma controlada por assembleias de bairro.

Ainda dentro da autocrítica, o PKK se tornou uma organização feminista. Ao lado do seu braço armado, a YPG (Unidade de Defesa Popular), foi criado um braço armado só de mulheres, a YPJ (Unidade de Defesa Feminina). A importância da YPJ é tão grande que foi uma mulher, Meisa Ebdo, que dirigiu a resistência armada contra o Estado Islâmico na cidade de Kobanê. Nos cantões (as cidades autônomas), existem estruturas femininas paralelas em todos os níveis.

O confederalismo também é uma resposta aos conflitos étnicos do Oriente Médio. Cada assembleia de bairro em Rojava elege três representantes para a assembleia geral da cidade, sendo que pelo menos uma deve ser mulher, e os representantes são divididos em um curdo, um turco e um sírio cristão. Não por acaso, membros das minorias religiosas sírias, como os cristãos e muçulmanos xiitas e sufis, têm se refugiado em Rojava, para fugir da violência religiosa.

Isso não significa que o PKK mudou completamente, existem vários relatos de que ainda está presente o autoritarismo na prática da organização, e muitas dessas mudanças ainda não foram realmente incorporadas pelo partido, mas parece claro que existiu sim uma mudança.

O fato que colocou o PKK nas manchetes de todos os jornais do mundo foi a proteção que eles ofereceram aos refugiados yazidis. Os yazidis são uma religião milenar. Eles cultuam o Anjo Pavão, que segundo a religião deles, foi punido por Deus pelo seu orgulho, e foi para o inferno antes de se arrepender. Por causa da semelhança entre esse mito e o diabo no cristianismo e no Islã, os yazidis são considerados satanistas pelo Estado Islâmico, e são assassinados através de crucificação e decapitamento.

Na sua marcha genocida, o Estado Islâmico já matou mais de 10 mil pessoas nos últimos meses. Recentemente, eles se declararam como o Califado, ou seja, o governo mundial de todos os muçulmanos, e governam as regiões que controlam com uma interpretação ultrarrigorosa da Sharia, a lei religiosa islâmica, criada na Idade Média.

Como Trotsky explicou, as tarefas das revoluções burguesas, como a separação entre Estado e religião, direitos iguais para as mulheres, democracia e independência nacional, só podem ser realizadas na era do imperialismo através de revoluções socialistas. A revolução curda é a segunda revolução socialista do século XXI (a primeira foi a do Nepal, traída pela sua direção maoísta), e merece todo o nosso apoio, como parte da luta pela reconstrução do movimento comunista!


Para os companheiros que queiram saber mais sobre a revolução curda, recomendamos:

www.facebook.com/resistenciacurda

www.rojavareport.wordpress.com (blog oficial de Rojava, em inglês)

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quinta-feira, 16 de outubro de 2014

VOTAR EM DILMA PARA DERROTAR AÉCIO, A DIREITA E A NOVA OFENSIVA DO IMPERIALISMO!(Coletivo Lenin e Liga Comunista)


Este 
panfleto foi feito pelo Coletivo Lenin em conjunto com os camaradas da Liga Comunista-CLQI, e é um pequeno resumo de nossa posição diante deste cenário político eleitoral no segundo turno das eleições burguesas, chamando voto em Dilma/PT contra o candidato Aécio do PSDB, preferido do imperialismo e da direita golpista brasileira. Este panfleto tem como objetivo dialogar diretamente com os nossos companheiros trabalhadores nos variados locais de trabalho onde atuamos no Rio de Janeiro e em São Paulo.

VOTAR EM DILMA PARA DERROTAR AÉCIO,
A DIREITA E A NOVA OFENSIVA DO IMPERIALISMO!


Companheiros, a conjuntura internacional mudou e exige toda nossa firmeza para combater o imperialismo e seus agentes. Após a crise de 2008, EUA e União Europeia perderam mercado para China e Rússia. Desde 2009, os países imperialistas, liderados pelo EUA, estão num contra-ataque para retomar o domínio de regiões como a América Latina. No Brasil, que é o fiel da balança para o domínio no continente, o imperialismo aposta em Aécio Neves do PSDB para obrigar os trabalhadores a pagar um alto custo pela crise imperialista.

Se Aécio derrotar Dilma, imediatamente os trabalhadores vão sofrer uma forte política de arrocho salarial: privatização completas de bancos e empresas públicas, aumento das terceirizações, redução de salários e de direitos trabalhistas históricos, demissões em massa, reduzirá a maioridade penal, aumentando ainda mais a população carcerária com prisões em massa da juventude, e brutal repressão de qualquer oposição dos trabalhadores às políticas impostas pelo imperialismo.

Todavia medidas como foram tomadas pelos governos do PT como a reforma da previdência, os leilões do pré-sal, a ocupação militar dos bairros proletários com as assassinas UPPs no Rio, as privatizações de aeroportos, estradas e PPPs, a ocupação do Haiti pelo Exército brasileiro, a não realização da reforma agrária só contribuem para desmoralizar a luta dos trabalhadores e favorecer a direita, o grande capital e o imperialismo.


Nestas eleições chamamos voto na Dilma/PT para derrotar o candidato preferido do imperialismo, Aécio. Mas acreditamos que somente nossa organização nos nossos locais de trabalho, moradia e estudo, nos mobilizando, com greves e manifestações em defesa de nossos direitos e interesses, que poderemos impedir a imposição dos planos do imperialismo e avançar na luta revolucionária pelo socialismo e por um governo próprio dos trabalhadores que combata o capitalismo e atenda plenamente aos interesses da população trabalhadora.
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domingo, 12 de outubro de 2014

Votar em Dilma para derrotar Aécio, a direita e a nova ofensiva do imperialismo! (Liga Comunista co-assinado pelo Coletivo Lenin)


Reproduzimos aqui a declaração dos companheiros da Liga Comunista, com a qual temos acordo e assinamos como uma declaração comum entre o Coletivo Lenin e a Liga Comunista.


POSIÇÃO DA LC NO 2o TURNO DAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS NO BRASIL

Votar em Dilma para derrotar Aécio, 
a direita e a nova ofensiva do imperialismo!


1. A Liga Comunista deliberou por votar em Dilma em 2014, apesar de sermos contra o programa e os 
governos capitalistas do PT. Nosso objetivo é fazer o que estiver ao nosso alcance para não permitir 
a vitória de Aécio Neves, a candidatura preferencial da direita golpista e da nova ofensiva do 
imperialismo. Nossa mudança de tática em relação a posição que adotadamos nas eleições de 2010 
se deve a nova ofensiva mundial imperialista, cujo ponto de inflexão na America Latina foi o golpe 
de Estado armado pela CIA em Honduras em 2009, seguido pela destituição de Lugo no Paraguai 
em 2012, para não falar nas ações golpistas na Líbia, Egito, Síria e Ucrânia, ofensiva que 
possui uma explícita continuidade na atual disputa eleitoral brasileira. Os EUA desejam ampliar 
de forma qualitativa o controle que possuem sobre o Brasil, que foi relativamente abalado porque 
a crise econômica mundial de 2008 fez com que o país reorientasse seu comercio exterior com a China 
e a Rússia. O aumento do parasitismo dos EUA sobre o Brasil, às custas da super-exploração e 
da liquidação de direitos dos nossos trabalhadores, e a recuperação do governo brasileiro para a 
órbita imperialista contra a influência Russo-China é essencial para a retomada da economia imperialista 
e de seu domínio sobretudo na América Latina. Isso se expressa na mudança do imperialismo em 
relação ao PT de Lula que antes o tratava como "o cara", para agora orientar o atual processo eleitoral 
fraudulento e golpista que assegura o favoritismo de Aécio, cujo principal slogan é "chega de PT!".


2. É isto que está em jogo nestas eleições, é por isso que, diferentemente das eleições passadas, 
o imperialismo está investindo todas suas fichas para escorraçar o PT do governo. A escalada 
golpista ficou evidente em 2014 com atos golpistas em defesa da volta da ditadura militar apoiados 
pelo governo tucano paulista e chegou ao seu ponto alto com a derrubada do avião de Eduardo 
Campos pela CIA para catapultar Marina a uma candidatura que ao final das contas assegurou 
a existência do segundo turno. É por isso também que um governo do PSDB nestas condições
 será muito mais exterminador das condições de vida da população trabalhadora (e também da 
economia nacional) do que foi o governo FHC. Não são os "fantasmas do passado" que tememos, 
mas a ameaça de um futuro muito mais desastroso para o proletariado e suas condições de 
organização política, direito de greve, de manifestação, etc. Por sua vez, o PT nunca chegou 
tão politicamente descapitalizado em um segundo turno como agora, devido não somente 
aos ataques da mídia de direita, mas sobretudo a própria política burguesa dos governos petistas 
que pavimentou o caminho da reação e da sua desmoralização.

3. Se o playboy tucano vencer, de imediato se voltará contra as mais elementares condições 
de vida da classe trabalhadora. E o primeiro ataque já anunciado pela equipe econômica de Aécio 
será o arrocho salarial dos trabalhadores. Armínio Fraga, agente direto do capital financeiro 
especulativo (George Soros), anunciado como Ministro da Fazenda de um futuro governo 
tucano, já disse que os nossos miseráveis salários que mal podem pagar nossas dívidas, estão 
muito altos. Fraga também defende a redução dos bancos públicos como a Caixa Econômica e o 
Banco do Brasil e na sequência, dará continuidade a privatização da Petrobrás iniciada por 
FHC, como exigido pelo grande capital internacional para recuperar a lucratividade perdida com 
a crise de 2008.

4. Também estão firme e entusiasticamente apoiando Aécio tudo que de pior existe 
na política nacional, fundamentalistas evangélicos racistas, homofóbicos e machistas, como 
Malafaia, Feliciano, Levi Fidelix, Pastor Everaldo, defensores da volta da ditadura militar, 
como Bolsonaro; a “bancada da bala”, a mídia golpista (Globo, Veja, Folha de São Paulo,...), 
bancos como o Itaú e o Santander e, por trás de tudo isto, o imperialismo que não se contenta 
com a aproximação do governo do PT com a Rússia e a China, que suplantou os EUA como 
o maior comprador e vendedor de mercadorias para o Brasil desde 2009, e volte a ser um quintal 
dos EUA nos moldes que era antes. Assim como o golpe militar no Brasil em 1964 foi fundamental 
para desencadear a onda genocida das ditaduras militares em toda a América Latina, uma vitória 
da direita no Brasil pode pavimentar o terreno para reestabelecer o controle estadunidense 
sobre Venezuela, Argentina, Bolívia, Equador, Uruguai, hoje governados pela centro-esquerda pró-BRICS.

5. Esta política certamente agravará a crise social, o desemprego, a miséria e a própria resistência das 
massas, contra o quê, a saída de Aécio é a criminalização da juventude. Aécio já declarou que vai reduzir 
a maioridade penal, apontando que o plano da direita para a juventude não é educação, saúde ou 
emprego, mas ampliar o sistema prisional que já é o 4º maior do planeta. Aécio contará a seu favor 
com o Congresso mais reacionária desde 1964 para aprovar as demandas da reação.

6. Dilma e Aécio fazem parte do mesmo sistema voltado a garantir a exploração dos trabalhadores 
e a riqueza dos patrões. Diferente do PSDB, o PT não é um partido tradicional da burguesia, não 
surgiu de dentro do regime, mas das greves operárias do ABC e da militância de esquerda contra 
a ditadura, e por isso a burguesia o trata como um filho bastardo, sob pressão constante para 
instrumentalizá-lo contra os trabalhadores.

7. O PT deixou de ser um partido com base operária e programa reformista burguês na década 
de 1980 para se transformar em um partido burguês com influência de massas, que votam no PT 
justamente temendo perder os programas sociais do Estado. As políticas sociais do PT são 
condicionadas pela manutenção do país como semicolônia exportadora de commodities e por 
isso cada vez mais desindustrializado, onde a economia no máximo patina sem dar um salto 
de qualidade na independência econômica em relação ao imperialismo. Sendo assim, os programas 
sociais se limitam a uma versão ampliada do assistencialismo já estabelecido pelos governos 
neoliberais anteriores como FHC. Por isso, neste aspecto, embora o PSDB ameace restringir os 
programas sociais o que agravaria o quadro de miséria social, o PT não fez mais que manter 
um “sistema de governo o qual, à medida que se nutre da conservação da desgraça, não 
passa de desgraça exercendo o governo.” (K. Marx, Introdução à Contribuição a crítica a 
filosofia do direito de Hegel, 1844). Por isso, as bases sociais de seus governos são tão frágeis.

8. Por princípio, nos opomos ao governo Dilma por ser um governo capitalista. Mas além disto, nos 
opomos a política de ocupação do Haiti por tropas brasileiras; a reforma previdenciária (e o fator 
previdenciário); os leilões de privatização da Petrobrás, estradas e aeroportos; a ocupação dos 
bairros proletários pelas tropas federais e o apoio as UPPs. Estas políticas frustram as aspirações 
de libertação nacional e social das massas, e acabam por alimentar o bombardeio ideológico 
reacionário antipetista. No fundo, estas medidas são um tiro no pé que consome o capital político
 do PT e fabrica um sentimento reacionário no eleitorado que migra para a oposição de direita. 
Por exemplo, as chamadas medidas econômicas anti-cíclicas privilegiaram a liberação de crédito 
em detrimento do aumento real dos salários, o que leva ao endividamento da população que não 
podendo continuar infinitamente se endividando se desespera; a constituição de uma base 
governista com as oligarquias burguesas regionais e o apoio a bancada evangélica como a 
indicação de Marco Feliciano para presidir a Comissão de Direitos Humanos desmoraliza ao PT e 
alimenta a oposição fundamentalista que ao final conspira contra o PT; o boicote dos governos Lula 
e Dilma à reforma agrária em favor do agro-negócio só fortalece a reação no campo e o assassinato 
dos dirigentes camponeses e sem tetos; a política distracionista da reforma política e constituinte, 
embelezada pela esquerda petista e pelo PCO, oposta ao atendimento de demandas como o passe 
livre só jogam as manifestações nas mãos da reação que nutre fenômenos como Marina e Alckmin.

O VOTO EM DILMA NÃO É A POLÍTICA PASSIVA DO MAL MENOR,
MAS UMA TÁTICA PARA ENFRENTAR O INIMIGO PRINCIPAL PRIMEIRO,
EM FRENTE ÚNICA COM O INIMIGO SECUNDÁRIO

9. Nossa posição no segundo turno de 2014 não se baseia nem no embelezamento das 
políticas do PT em comparação as do PSDB, nem é uma questão de apoiar o "mal menor", mas 
de uma orientação tática para enfrentar o perigo principal. Como Trotsky explicou em dezembro 1931:

"Nós, os marxistas consideramos Brüning, Hitler e Braun incluído, como partes componentes 
de um único e mesmo sistema. A questão de saber qual deles é o 'mal menor' não tem nenhum 
sentido, porque este sistema, contra o qual estamos lutando tem necessidade de todos estes 
elementos. Mas, esses elementos estão momentaneamente envolvidos em conflitos uns contra 
os outros e o partido do proletariado deve aproveitar esses conflitos no interesse da revolução. 
Há sete notas na escala musical. A questão de saber qual dessas notas é a 'melhor' – si, dó, ré, 
ou sol – é uma pergunta sem sentido. Mas o músico deve saber quando tocar e quais notas 
tocar. A questão abstrata de que é o mal menor – Brüning ou Hitler – também carece de 
todo sentido. É necessário saber qual tecla tocar. Isso está claro? Para os que possuem 
não entenderam vamos citar outro exemplo: Se um dos meus inimigos me obriga a engolir 
pequenas porções diárias de veneno, e um outro inimigo, à espreita em um beco, está 
prestes a atirar diretamente contra mim, então eu vou primeiro tomar o revólver da mão 
de meu segundo inimigo, isso me dará uma oportunidade para se livrar do meu primeiro 
inimigo. Mas isso não significa em absoluto que o veneno é um 'mal menor' em comparação 
com o revólver".

(Leon Trotsky, Por uma frente única operária contra o fascismo,
Carta a um operário comunista alemão, membro do Partido Comunista alemão, 12/1931)

10. Aécio é o inimigo com o revólver. Dilma é o que nos envenena diariamente. Não há alternativa de classe 
para os trabalhadores na candidatura de Dilma, mas nossa frente única com o PT se restringe ao 
combate ao imperialismo e seus agentes e nosso apoio a Dilma para as eleições de 26 de outubro não 
é um cheque em branco para um futuro governo continuísta de Dilma. O segundo mandato tenderá a
 ser mais frágil que o atual e mais suscetível as pressões do imperialismo, de seus aliados burgueses, 
e portanto poderá realizar maiores ataques aos trabalhadores que os governos petistas anteriores 
para saciar os apetites da fortalecida oposição de direita. Sob pressão, o governo Dilma elevará 
o preço dos combustíveis e energia, etc. provocando uma alta inflacionária em cadeia que também 
resultará em arrocho salarial. E, perigosamente, depois de fazer todo o trabalho sujo que seus 
algozes exigiram, perdendo o que lhe resta de capital político entre as massas, corre o imenso 
risco de levar uma patada ainda no meio do mandato via impeachment (um golpe parlamentar fabricado 
pela CIA como os que ocorreram em Honduras, no Paraguai e Ucrânia) pelo Congresso mais 
reacionário já estabelecido desde 1964, segundo o próprio Departamento Intersindical de Assessoria 
Parlamentar (DIAP). Acreditamos que a intensidade e o ritmo dos ataques desferidos por um futuro 
governo do PT contra os trabalhadores dependerá da fragilidade do mesmo diante das pressões e, de 
certo modo, dos vínculos deste com a Rússia e a China. Se aprofunda a atual linha de aproximação, 
é provável que seja menos suscetível às pressões do imperialismo e seus agentes, e, de algum 
modo relativo, se blinde contra os mesmos como vem fazendo Cristina na Argentina. Se continua 
com esta linha de crítica conciliatória em um cenário mais adverso, desencadeará maiores e mais 
profundos ataques ao proletariado e adotará planos de austeridade seguindo a cartilha que 
os amos do norte impuseram a Grécia. Isto será assim, não porque as classes dominantes escravocratas 
chinesas e os mafiosos russos sejam mais favoráveis aos trabalhadores que o imperialismo, mas porque 
sendo menos vulnerável ao imperialismo, menos o governo terá de ceder a seus apetites. 
De nossa parte, combateremos todos e cada um dos ataques desferidos por Dilma ou Aécio contra 
nossa classe, construindo uma oposição operária e revolucionária ao governo burguês de plantão. 
Alguém pode retrucar que a frente única com o PT neste segundo turno só se justificaria se a candidatura 
tucana fosse nazista, se, como nas eleições da Venezuela ano passado, a oposição de direita golpista 
saísse às ruas para atacar o PT com grupos paramilitares (característica do fascismo), todavia, 
não podemos desprezar que a extrema direita e o imperialismo avançam em um crescente desde o ano 
passado, não podemos esquecer dos ataques orquestrados às bandeiras e direito de manifestação das 
organizações de esquerda durante as manifestações de junho de 2013, não podemos desprezar 
as maiores manifestações pela volta da ditadura desde o fim do regime militar ocorridas no Brasil no 
início de 2014 com o apoio da polícia de Alkcmin, nem muito menos o atentado que derrubou e 
matou Eduardo Campos no 13 de agosto passado, e menos ainda podemos perder de vista o potencial 
de todos estes elementos catapultados por um governo Aécio.

11. Há ainda a possibilidade que um golpe político de Estado para expulsar o PT do governo já seja 
efetivado durante o próprio segundo turno ou na apuração eleitoral deste, como vem indicando 
a exploração dos escândalos de corrupção na Petrobrás já denunciada pela LC desde maio. 
Chamamos uma frente única anti-golpista com a CUT, o MST e o PT e denunciaremos toda conciliação 
e aquiescência do próprio PT. A tímida constatação de Dilma na frase da imagem que abre esta 
declaração "Estão dando um golpe e não podemos concordar" expressa a torpeza do PT diante 
do golpismo. Vale lembrar que quando caçaram seus dirigentes em um processo jurídico viciado e 
espúrio o PT nada fez para mobilizar as massas sequer em sua própria defesa, indicando que a 
integração do PT ao reacionário regime burguês brasileiro chega a ao ponto da autofagia.


CRÍTICA A TÁTICA DO VOTO NULO NESTE 2o TURNO
E AUTOCRITICA ACERCA DAS POSIÇÕES QUE ADOTAMOS
NAS ELEIÇÕES DA VENEZUELA E URUGUAI

12. Acreditamos que é um profundo equívoco a tática de chamar o voto nulo neste momento de 
vitória iminente da direita golpista e pró-imperialista por uma margem pequena de vantagem, 
provavelmente por uma quantidade de voto equivalente aos 2 milhões destinados no primeiro turno 
às candidaturas do PSOL, PSTU, PCB e PCO. Neste momento, o voto nulo fará o contrário 
de impulsionar a organização independente das massas contra todas as alternativas burguesas. 
Nesta conjuntura desfavorável para a classe trabalhadora, a tática do voto nulo e de por um sinal de 
igual entre PT e PSDB irá favorecer uma ofensiva imperialista que debilitará muito mais a organização 
independente das massas no Brasil, pondendo contribuir para o "contra-ataque do império" a partir de 
um país que é fiel da balança no continente, projetando um efeito em cascata contra os demais 
governos centro-esquerdistas pelo reestabelecimento do controle político completo do imperialismo 
sobre seu quintal latino americano. Não é por acaso que o PSTU que nos últimos 4 anos adotou de
forma sucessiva uma política internacional pró imperialista, na Líbia, Síria, Egito, Ucrânia, vem ser 
agora o principal defensor do voto nulo no segundo turno entre o PT e o candidato preferencial do imperialismo.

13. Por tudo isto, avaliamos que a tática mais correta neste momento que possibilite o retardo dos 
ataques anti-operários e pró-imperialistas a serem praticados por qualquer um dos dois candidatos, mas 
em ritmo mais acelerado por Aécio é o voto em Dilma, é a luta pela vitória desta última candidatura burguesa. 
O atual chamado do voto em Dilma contra a ameaça da vitória da direita nos remete, por coerência, a
fazer uma autocritica por não termos adotado a mesma tática nas últimas eleições presidenciais venezuelanas
 em abril de 2013 que elegeram Maduro e na posição que tomamos acerca das eleições no Uruguai, motivo 
pelo qual defendemos agora o voto em Tabaré Vazquez. Não temos a menor ilusão de que os governos
 da centro esquerda burguesa latino americanos sejam capazes de realizar uma luta consequente 
contra o imperialismo ou sequer de defender-se. Também sabemos que não será pelo voto depositado 
nestas eleições viciadas e fraudadas que os trabalhadores combaterão os ataques que se avizinham, mas, 
no dia 26 de outubro não podemos simplesmente olhar para o outro lado e se sair com evasivas 
supostamente ortodoxas enquanto o imperialismo dá um passo decisivo para consumar seu golpe político. 
Esta tática nos permitirá simultaneamente combater a candidatura preferencial da ofensiva imperialista e 
preparamos a construção de uma oposição operária e revolucionária de luta por um verdadeiro governo 
operário e dos trabalhadores.

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