QUEM SOMOS NÓS

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Somos uma organização marxista revolucionária. Procuramos intervir nas lutas de classes com um programa anticapitalista, com o objetivo de criar o Partido Revolucionário dos Trabalhadores, a seção brasileira de uma nova Internacional Revolucionária. Só com um partido revolucionário, composto em sua maioria por mulheres e negros, é possível lutar pelo governo direto dos trabalhadores, como forma de abrir caminho até o socialismo.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

A extrema-direita toma as manifestações e prepara o clima para o golpe


Ontem foi um dos momentos mais sombrios da história do Brasil. Só tem comparação com a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, que preparou o golpe de 1964.

Na quinta-feira, dia 13/06, as manifestações no Rio e em São Paulo romperam com um longo período de refluxo nas lutas, causado pelo esvaziamento dos movimentos pelo PT e pela repressão brutal da preparação para os megaeventos. Dezenas de milhares de pessoas foram às ruas contra o aumento da passagem.

A imprensa, até quinta, chamava de vândalos e baderneiros todos os manifestantes, não pôde mais contornar a popularidade dos atos, e passou a fingir que defendia a luta. Mas sempre com cuidado de separar os "pacíficos" dos "baderneiros", para impedir a radicalização da luta.

Ao mesmo tempo, a Veja, o Globo e a Record começaram a tentar influenciar os movimentos, com o objetivo deles virarem porta-vozes das campanhas da direita tradicional, que sempre tem tentado voltar ao governo para melhor parasitar a máquina do Estado: pela redução da maioridade penal (= filho de pobre ser preso mais cedo), contra a corrupção (quem diz que é a favor?), e a mais importante de todas:  CONTRA OS PARTIDOS.

Assim, os partidos de esquerda, que iniciaram as lutas, começaram a ser atacados dentro dos atos. Estava preparado o caminho para transformar o movimento num novo Fora Collor, uma picaretagem totalmente controlada pela mídia.

Até a segunda-feira, as manifestações ainda tinham um conteúdo político claro, que estava se ampliando para a luta contra os desmandos dos governos estaduais e municipais, além da questão do transporte. O último suspiro foi no Rio de Janeiro, com a ocupação da ALERJ e o enfrentamento com a PM.

Mas a estratégia da mídia deu certo: já na terça-feira, em São Paulo, o PCR foi atacado publicamente, o que foi muito elogiado pela Globo. Em São Paulo, um dos estados mais de direita do país, a grande massa que nunca tinha ido num ato (o tamanho das passeatas triplicou de quinta pra terça) começou a repetir toda a propaganda golpista da mídia, chamando os militantes de partidos de mensaleiros e exigindo o impeachment de Dilma (= que Michel Temer assumisse).

Tudo isso com a bandeira verde amarela da Casa de Orleans e Bragança sendo assumida como símbolo dos atos, e o odioso Hino Nacional dos latifundiários e senhores de engenho. Como a grande maioria da direção do PT é de brasileiros, isso foi simplesmente uma versão reciclada da campanha anticomunista de que a esquerda é antinacional e está a serviço de estrangeiros (do ponto de vista da direita, Cuba, Venezuela etc).

Isso foi só o começo.

Depois que todos os governos recuaram e anunciaram a anulação do aumento (sempre pagando a diferença às empresas com dinheiro que iria pra saúde ou educação), os atos de quinta se transformaram em comemorações com centenas de milhares de pessoas, a maioria esmagadora pautada pela direita.

O MPL de São Paulo teve a atitude mais honesta entre todas as organizações, saindo do ato e rompendo com o movimento de extrema-direita que estava na rua. Nós vamos defender que o Fórum de Lutas contra o Aumento faça o mesmo.

Os cartazes que vimos foram um capítulo à parte, desde "Joaquim Barbosa para presidente", "contra a corrupção", "Dilma sapatão", "em defesa da vida e contra o aborto", até símbolos de todos os partidos, incluindo o PSTU, PSOL, PCB e PCO, riscados.

E quando a gente fala em maioria esmagadora, é no sentido literal. Porque a coluna vermelha, formada pelos partidos de esquerda e sindicatos justamente como forma de autodefesa contra a agressão de setores antipartido e fascistas, foi espancada, inclusive com o uso de bombas, pedras e pedaço de pau, ao som de "o meu partido é o Brasil".

Quase todos os nosso militantes foram agredidos fisicamente, inclusive uma jovem que levou um soco fora da manifestação simplesmente por estar usando uma camisa com a foto do Lênin. Tentamos defender as bandeiras do PCB e PSTU, mas a correlação de forças dava toda a vantagem para os provocadores.

Quando falamos em fascismo, não estamos usando nenhuma analogia: isso é exatamente o fenômeno que o Trotsky definiu como "contrarrevolução preventiva", que esmaga as organizações dos trabalhadores em nome da "nação". O que vimos ontem foi a maior manipulação fascista das massas que aconteceu na história desse país.

Depois disso, nós saímos do ato, pra garantir a nossa segurança. O carro de som da esquerda capitulou vergonhosamente, e os militantes abaixaram as bandeiras como preço para serem a suposta "ala esquerda" daquela manifestação. Isso depois de muitos militantes feridos e hospitalizados.

Depois dessa violência, começaram as provocações policiais. P2 infiltrados começaram a atacar escolas, pardais, latas de lixo, o que atraiu a repressão policial digna de guerra civil. Os manifestantes foram caçados durante mais de seis horas no Centro do Rio, sendo que muitos ficaram encurralados no IFCS (Instituto de Filosofia e Ciências Sociais) e na FND (Faculdade Nacional de Direito), ambos da UFRJ.

Quando alguém saía, era caçado nas ruas e preso. Os hospitalizados, a maioria no Souza Aguiar, tiveram que entrar no hospital debaixo de bomba. A violência deixou um número de feridos e presos que, até agora, não temos com certeza.

Mas é um erro grave dizer que se trata de uma repressão policial selvagem contra a manifestação. Além desse aspecto, existe uma coisa muito mais importante envolvida. Quem estava lá viu que a polícia não reagia contra a maioria das depredações contra escolas, lojas e outros alvos sem sentido. Podemos dizer que o trabalho da polícia era coordenado, dentro e fora do ato. A explicação é a seguinte: a direita está apostando em uma escalada de violência, que crie um clima em que a população peça o Exército na rua.

As manifestações, que estão degenerando em violência e saques, não têm mais um conteúdo político progressivo. A grande maioria das pessoas envolvidas entrou nessa semana, expulsou os setores de esquerda que começaram os atos. E está sendo simplesmente massa de manobra da direita e da extrema-direita.

Mas com um agravante: a Globo e a Veja não tem mais controle sobre o monstro que criaram. O que eles queriam era um movimento midiático contra o governo, no estilo dos caras-pintadas. Mas eles soltaram um setor do povo completamente despolitizado, que está canalizando a sua revolta através dos seus preconceitos mais profundos, sempre incitado pelos provocadores policiais. Ou seja, um verdadeiro movimento fascista.

Então, essa massa passou a servir perfeitamente não aos planos eleitorais da Globo e da Veja, mas sim a setores militares diretamente golpistas e abertamente anticomunistas. A manchete de O Globo de hoje, "Sem controle", é o primeiro passo para o golpe. O significado dela é começar a preparar o povo para aceitar um "governo forte" que possa "restabelecer a ordem" diante da violência generalizada. Esse é o próximo passo.

Ainda não temos como saber  qual forma irá tomar o golpe, que vai se voltar principalmente contra o PT, a CUT e o MST, destruindo qualquer espaço democrático e as poucas conquistas sociais ganhas pelo governo, mas que vai atingir todos os setores da esquerda. Não sabemos ser será um golpe militar, se aparecerá uma figura "carismática" "acima dos partidos" (Joaquim Barbosa?), se será através de novas eleições etc.

O que sabemos muito bem é que nesse momento é mais do que nunca a necessidade de todos os setores de esquerda se unam numa frente única antifascista, em defesa dos nossos sindicatos, movimentos e organizações, e contra o golpe da ultradireita que quer derrubar o governo do PT.

O discurso que Dilma acabou de fazer foi um balde de água fria, confirmando a capitulação do PT diante de toda a pressão da direita. Então, cabe a nós, na base dos movimentos sociais, inclusive a CUT e o PT, a tarefa de levantar a bandeira da resistência.

A nossa responsabilidade histórica nunca foi tão grande. Se repetirmos a omissão da esquerda diante do golpe de 1964, será aberto um longo período de retrocesso e barbárie para o nosso povo e para toda a América Latina.

4 comentários:

  1. Sou a favor da democracia, o retrocesso bate na porta. Se continuar essa onda de protestos que soam de forma vazia, vamos sofrer um violento revez. Estamos todos indignados com esta hipocrisia que paira em nossa política. Acontece que existe um clamor para que haja mudança, mas nem todos que clamam entendem o complexo que é a política. fazer parte, ter parte e tomar parte são coisas totalmente distintas. Tem uma galera que esta fazendo parte dos protestos mas não tomaram parte. Ontem eu fiquei desiludido com o que vi no protesto no que se refere a saber o que de fato esta acontecendo. Vi uma juventude que andava atrás de uma carro que os puxava e repetiam como papagaio de pirata o que os mandavam gritar. De fato foi muito bonito e emocionou muita gente, mas não é o que a mídia esta passando a todo momento. Na verdade o protesto perdeu seu caráter apartidário e se transmutou na busca de uma queda do governo Federal. #eusouDilma Por Reginaldo Cordeiro

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  2. Boa noite camaradas.
    os atos em todo país são desorganizados, despolitizados, indisciplinados e descentralizados.
    O fascismo esta sim impregnado nos movimentos, e como o mesmo sabe dessa bagunça toda, o fascismo tenta disputar a direção disso tudo, se as organizações de esquerda socialistas se retirarem dessas lutas, o fascismo vai ganhar o movimento inteiro com suas reivindicações ultra-nacionalistas. A nossa principal missão agora é disputar a direção desse movimento antes que seja tarde. E outra: mesmo que o fascismo não vença, o governo e a burguesia tão tentando de todo modo frear e acabar com os protestos e isso também é outra derrota. o que todos nós temos que fazer agora é denunciar a ação de grupos fascistas infiltrados ao movimento e trazer a classe trabalhadora para os protestos, proletarizar e politizar o movimento. Fazendo isso todos estes protestos podem sim evoluir pela esquerda. Recuar agora é uma catástrofe e isso só vai dar chance do fascismo crescer. Essa é a analise do PSTU. Mais a qualquer momento podemos mudar. ATÉ +

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  3. Jason,

    quem esteve nos atos de quinta-feira passada viu que a disputa, que mal começou, foi perdida pela esquerda. E agora, com a Globo jogando massas e mais massas reacionárias em movimento, o mais provável é que amanhã ainda seja mais violento contra a esquerda.

    Então, já é tarde demais pra mudar os rumos. A tarefa da esquerda é criar um movimento oposto a esse, independente da burguesia e se apoiando na politização das massas.

    A posição do PSTU, como sempre, é uma capitulação (justificada com a teoria de Moreno sobre as "revoluções de fevereiro") a qualquer movimento de massas, independente do fato dele ser progressivo ou reacionário, com o objetivo aparelhista de "tirar uma casquinha" e ganhar alguns militantes, mesmo se esse movimento seja uma ameaça para os trabalhadores.

    Não por acaso, o PSTU participou do movimento estudantil esquálido contra Hugo Chávez, defende a unidade com todos os setores da oposição cubana, apoiou o golpe de Boris Ieltsin, em 1991, que levou à dissolução da URSS, apoiou a oposição líbia pró-OTAN que derrubou o governo de Khadafi, só pra dar alguns exemplos.

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  4. Abaixo está o link da autocrítica que o Coletivo Lenin fez sobre a avaliação de golpe iminente:

    http://coletivolenin.blogspot.com.br/2013/07/autocritica-sobre-avaliacao-de-golpe.html

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