Ainda não tivemos tempo de entender o tamanho da mobilização de hoje, então vamos fazer só alguns comentários mais importantes sobre o que a gente já sabe:
- Com mais de 100 mil pessoas no Rio, 80 mil em São Paulo, 10 mil em Brasília, e atos em mais de 60 cidades, esse foi o maior protesto desde as Diretas Já! E foram muito mais radicalizados, com a ocupação da Esplanada dos Ministérios e da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
- No Rio de Janeiro, o choque teve que recuar várias vezes, dando ao ato características semi-insurreicionais. Apesar dos excessos, a grande maioria dos alvos da violência foi legítima, principalmente a ALERJ, uma das instituições mais odiadas do Estado. Temos que defender esse tipo de violência, diante dos setores pacifistas do movimento.
- Isso representa um ascenso histórico no país, em plena democracia parlamentar. Parece que, finalmente, o Brasil está se sincronizando com as lutas que estão acontecendo em todo o mundo, contra os efeitos da crise mundial.
- Uma comparação útil que pode ser feita é com o Egito em 2011. Por causa da fragmentação extrema provocada pela reestruturação do capitalismo da década de 1970, o movimento organizado dos trabalhadores não consegue direcionar ideologicamente, nem mesmo organizar a mobilização. Em vez disso, surgem formas de organização territorial, que têm uma capacidade de luta muito grande, mas não conseguem sustentar uma organização popular permanente.
- Por causa disso, a grande maioria das pessoas protestando vem para os atos com uma consciência política muito atrasada, sem conseguir formular objetivos para o movimento nem entender quais caminhos devem ser tomados. Uma expressão disso foi a queima da bandeira de partidos que sempre estiveram nos movimentos, como o PSTU. Outra foram as várias vezes em que foi cantado o Hino Nacional, dos latifundiários e senhores de escravos. Pior ainda, quando os bombeiros chegaram pra apagar o incêndio e foram aplaudidos. Isso expressa uma despolitização muito perigosa, e que pode ser manipulada pela direita.
- As correntes de esquerda devem tentar formular objetivos claros para o movimento, mas sem perder de vista que o processo de reconstrução do movimento dos trabalhadores depois da derrota que foi a destruição da URSS vai ser longo, e que não temos que esperar resultados imediatos.
- No momento, além da luta pela redução das passagens, o tamanho das manifestações coloca diretamente a necessidade de uma perspectiva política. Além da nossa propaganda permanente pela necessidade do partido revolucionário, temos que direcionar a revolta contra os aumentos e a repressão policial.
Ainda vamos discutir com os companheiros de São Paulo e das outras cidades mas, aqui no Rio de Janeiro, para nós esse movimento tem que ter uma perspectiva política clara, que já tem sido formulada pelos manifestantes, e que abriria a possibilidade de questionar toda a situação causada pela preparação dos megaeventos: Fora Cabral!
QUEM SOMOS NÓS
- Coletivo Lênin
- Somos uma organização marxista revolucionária. Procuramos intervir nas lutas de classes com um programa anticapitalista, com o objetivo de criar o Partido Revolucionário dos Trabalhadores, a seção brasileira de uma nova Internacional Revolucionária. Só com um partido revolucionário, composto em sua maioria por mulheres e negros, é possível lutar pelo governo direto dos trabalhadores, como forma de abrir caminho até o socialismo.
segunda-feira, 17 de junho de 2013
A polícia é derrotada na maior manifestação desde as Diretas Já!
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A direita, setores tucanos, democratas e viúvas da Ditadura estão querendo sequestrar o movimento para o que eles acham que seria uma revolução contra o governo do PT. Já começam a levantar bandeiras de Impeachment de Dilma. Não vai colar. Esse é um balão de ensaio que pode levantar um pouco, e quando murchar, acaba refletindo na desmobilização completa do movimento original, que tem raízes mais municipais, estaduais. As bandeiras contra o executivo federal não devem ser encaminhadas para esse lado, senão vira derrota da mobilização, para alegria do PT e sua aliança governista. Cuidado com esse viés da direita, porque eles tão vindo com tudo por esse lado. Já vejo nas redes sociais.
ResponderExcluirLuiz Guilherme M.Moraes, Rio
Sem falar que o grupo "anonymous", que está se colocando na linha de frente na divulgação pelo facebook. No entanto, esse "grupo" ta divulgando o movimento contra as passagens associando com a luta contra corrupção, contra a tal "PEC 37", que a própria divulgou chamando manifestação contra. Claro, não falo isso esquecendo da recente adesão deles à campanha pela redução a maioridade penal. Claro, a luta é contra a impunidade né? Contra os politicos corruptos e também contra a juventude trabalhadora que é perseguida pela lei.
ResponderExcluirClaro, não esqueçam também dos cartazes pluriformes "CONTRA O AUMENTO DAS PASSAGENS! CONTRA OS IMPOSTOS! ABAIXO A IMPUNIDADE"
Dá vontade de perguntar: como se é contra o aumento das passagens feita pelos empresários, se é contra a taxação de impostos sobre esses mesmos empresários e ao mesmo tempo é contra a impunidade e favor do Estado Penal pedindo mais punição generalizada?
*A própria GLOBO ta divulgando contra a PEC 37
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirA análise do CL é boa, porque não tapa os olhos (e nem poderia fazê-lo) à "geleia geral". Há os partidos e os movimentos que, desde o primeiro momento, apoiaram e apoiam a luta pelo passe livre. Mas também há muita despolitização e confusão ideológica. O sujeito que grita "fora partidos!" -no caso, PSTU e PCB- enquanto está embrulhado na bandeira nacional (!) é um fascista, mas (ainda) não sabe.
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