O país de uma meia duzia...
por Mário Medina
Como diz o ditado: Não existe almoço de graça. Alguém sempre tem de pagar a conta. No Brasil, quem paga a conta da farra dos especuladores, banqueiros e grandes capitalistas é o trabalhador. Via de regra, por aqui os lucros são privatizados e os prejuízos, socializados. Não é que o Brasil seja um pais de ninguém; o Brasil é o pais de uma meia dúzia. Sempre foi assim, e, a depender da pequena elite que gere os negócios por aqui, tudo deve continuar a mesmíssima coisa.
Só mesmo a revolução socialista para livrar o Brasil da barbárie capitalista. Não é exagero algum afirmar isso. O discurso de tom conciliador do PT, essa ilusão reformista difundida por uma outra meia dúzia, só que esta travestida de intelectualidade universitária progressista, evidencia seu fracasso, sua saturação, e pede passagem para alternativas radicais.
Não é qualquer governo que está desferindo duros golpes contra os direitos da população trabalhadora. Estamos tratando de um governo que se diz dos trabalhadores, defendido e tido por velhos pelegos como um governo democrático e popular, orgulho da nação. Contradição maior não poderia haver. Esse governo que está aí é composto por quadros políticos que ha décadas atrás eram a esperança das cabeças mais progressistas.
Pois bem, foi esse governo que passou as MP`s 664 e 665 no congresso. Ou seja, de um governo que se esperava a defesa intransigente dos direitos trabalhista é que saiu o maior dos ataques dos últimos tempos. Dilma só não sofreu impeachment da extrema direita porque continua sendo a opção mais funcional à maioria do conjunto da direita e dos capitalistas.
Talvez FHC não fosse tão eficiente, capaz de tal proeza direitista. Marina e Aécio igualmente. As tendências golpistas dentro da atual gestão refluem à medida que Dilma abre mão de seu programa de campanha em favor dos interesses da meia dúzia patronal brasileira.
Já afirmávamos que Dilma dava os aneis pra não perder os dedos. E vai continuar assim. Esse governo vai ser desmoralizado e sangrado de modo que as chances de Lula em 2018 sejam minimizadas em favor da vitoria eleitoral da direita mais tradicional.
O ascenso da direita no Brasil é inquestionável. Globo e Veja dão a tônica da oposição ao governo Dilma, e, de panelaço em panelaço, uma nova geração de reacionários dorme acreditando que a culpa é só do PT, que o PT é comunista, castrista, bolivariano, etc, etc.
Ora vejam, o mesmo PT, que no dia anterior à votação do projeto que endurece a concessão ao seguro desemprego e às pensões por morte, levou ao ar um programa de TV que se opunha ao PL 4330, da terceirização. É o cumulo da cara de pau. Cinismo pouco não faz mais o estilo da cúpula petista.
No primeiro de Maio da CUT, em São Paulo, Lula subiu ao palco ovacionado pelos capas-pretas da maior e mais representativa central sindical do país, e dirigiu à multidão que ali se encontrava o seu discurso mais à esquerda dos últimos tempos. Natural que ele agora assuma um discurso radicalizado. Acuado pela direita, e até numa tentativa de se descolar da figura mal avaliada de Dilma, Luta tenta tirar o seu da reta. Ele, mais do que ninguém, devia ter ciência do que são capazes os ricaços brasileiros.
Ironia do destino ver Lula dizer agora que a elite brasileira é mal agradecida, que ele cooperou com vultosas quantias via BNDES para que os capitalistas brasileiros se desenvolvessem e batessem recordes de lucros num momento mais favorável da economia mundial. Lula entrou no jogo da democracia burguesa, e agora terá de se ver com as conseqüências cíclicas do sistema. A queda na taxa de lucro dos capitalistas chegou pra levar direitos trabalhistas consigo, e, com Dilma ou sem Dilma, com PT ou sem PT, o ajuste será cobrado pelos abutres. Pobre do povo brasileiro, que agora tem de amargar o desemprego na casa dos 7%, os juros em escalada, os aumentos abusivos nas contas de energia elétrica, a inflação corroendo os defasados salários, etc.
Os tempos são maus, e exigem soluções drásticas. Greve geral já! É hora dos trabalhadores tomarem as ruas contra as barbáries do sistema, com palavras de ordem de transição ao socialismo, com ação direta e protagonismo operário. Ou é isso ou então o Brasil continuará sendo o país de uma meia dúzia.
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