Na última quarta-feira, a professora de Matemática Cristiane Barreira foi presa por envolvimento sexual com uma estudante de 13 anos. A mãe da menina falou que levou a denúncia várias vezes à escola, mas só semana passada uma atitude concreta foi tomada: a prisão da professora, que pode ter uma pena de 15 a 20 anos, por corrupção de menores e estupro presumido.
Várias questões se entrelaçam nesse caso. Como comunistas, nosso dever é explicar porque a mídia, que tolera que milhares de crianças morram nas cracolândias, fez tanto escarcéu por causa de uma relação que, segundo é admitido por todas as partes, é consensual.
Em primeiro lugar, os meios de comunicação dão tanto destaque a este caso - que só interessa às pessoas envolvidas nele - para "disciplinar" a juventude, ensinando a reprimir a sua sexualidade. E isso é feito no caso, quase sempre, de jovens da classe trabalhadora - porque a burguesia tem o o dieito de transar com quem quiser - num padrão que também se repete, por exemplo, no discurso moralista contra o funk pornográfico.
Assim, fica claro o papel da sexualidade - e de tudo o mais que não signifique trabalhar sem parar - dentro do capitalismo: ela é tolerada, e até estimulada, desde que seja dentro de relações comerciais.
Nós comunistas criticamos a mercantilização do sexo, não como os stalinistas, que querem suprimí-lo mais ainda nas suas ditaduras burocráticas (considerando a sexualidade não-heterossexual como "desvio pequeno-burguês"), e sim porque ela impede que o sexo seja liberado das restrições morais que só servem para aumentar ainda mais o controle sobre os indivíduos.
Além disso, o caso mostra a flagrante homofobia: várias meninas têm casos com professores, e isso tudo teria passado despercebido se Cristiane fosse homem. Aliás, com 13 anos, grande parte d@s adolescentes já tem vida sexual ativa, o que mostra que a hipocrisia da história toda é pelo caso ser homossexual. A homofobia, assim como o racismo e o machismo, só divide os trabalhadores, e cria condições - como nessa situação - para fortalecer o discurso dos setores conservadores que dominam a sociedade. O que é mais verdade ainda logo depois de um segundo turno eleitoral em que ambos os candidatos ficaram na mão de setores evangélicos e católicos fundamentalistas, que se preparam, a médio prazo, para lutar pelo poder.
Finalmente, o caso mostra o papel da legislação reacionária e da intervenção estatal na sexualidade. Mesmo a relação tendo sido consensual, ela é considerada estupro - mesmo que a menina esteja numa idade em que tantos jovens já têm vida sexual. Nós somos contra toda a intervenção da burguesia e de seu Estado na vida pessoal das pessoas. Defendemos a herança revolucionária da própria burguesia, na Revolução Francesa, que ela própria nega hoje em dia, em relação à liberdade individual.
Por isso, defendemos Cristiane e sua namorada contra a internvenção do Estado em suas vidas particulares, e achamos necessário que os meios de comunicação sindicais e do movimento em geral denunciem esse caso de homofobia e repressão sexual a serviço do capitalismo!
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