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Somos uma organização marxista revolucionária. Procuramos intervir nas lutas de classes com um programa anticapitalista, com o objetivo de criar o Partido Revolucionário dos Trabalhadores, a seção brasileira de uma nova Internacional Revolucionária. Só com um partido revolucionário, composto em sua maioria por mulheres e negros, é possível lutar pelo governo direto dos trabalhadores, como forma de abrir caminho até o socialismo.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

CRISE ECONÔMICA NA EUROPA

Crise econômica na Europa: Burguesias de Grécia, Espanha, Portugal e Itália entram com pacotes de austeridade proposto pela UE e FMI. Trabalhadores reagem ainda mais radicalizados!

O início da crise européia: Grécia

Recentemente na Grécia foi aprovada a medida de austeridade mais dura já vista no país: redução de salários, aposentadorias, terceirizações e privatizações dos serviços públicos e de transportes, tudo em um único pacote aprovado em junho desse ano no parlamento, sob paralisações e protestos violentos contrários ao pacote. Milhões de trabalhadores pararam, milhares chegaram a queimar o Ministério das Finanças em Atenas, e uma multidão tentou impedir a entrada dos parlamentares para a votação de pacote em parlamento, mas foram reprimidos violentamente pela polícia.
 Uma grave crise econômica e social está arrasando o país e debilitando a “estabilidade” política e financeira da Europa. A Grécia em 2008 e 2009 sofreu pesadamente os efeitos da crise econômica de 2008, e milhares de trabalhadores foram às ruas contra os milhões de euros dados aos bancos e às empresas privadas e também contra a retirada de direitos trabalhistas, medidas essas encabeçadas por um governo de direita conservadora. Iludida pela propaganda da frente popular pseudo-socialista, a classe operária da Grécia elegeu em 2009 um governo de frente popular encabeçada pelo Partido Socialista Pan-Helênico (PASOK) com sua maioria no parlamento.
No entanto, o governo de frente popular recém eleito não conseguiu segurar a grave crise econômica e pressionado pela burguesia nacional e pela burguesia dos países imperialistas da União Européia, vem adotando medidas iguais ao do governo anterior, com mais redução de direitos trabalhistas previdenciários e ainda mais empréstimos aos bancos e grandes empresas do país dizendo sinicamente aos trabalhadores que “todos dever ajudar a economia grega a se recuperar”. Em Março e Abril de 2010 a classe trabalhadora da Grécia reagiu mais uma vez em grandes greves com manifestações organizadas pelas duas maiores centrais sindicais do país, e dirigidas pelo Partido Comunista da Grécia (KKE) e pelo Coalizão de Esquerda Radical(SIRIZA), e ainda setores  do próprio PASOK. No entanto o é lamentável as capitulações dessas organizações: Enquanto o PASOK chama os trabalhadores a fazerem “sacrifícios” pelos bancos, o KKE chama o “povo” a se levantar e ao mesmo tempo está comprometido com a democracia parlamentar e com o sentimento nacionalista que confunde ainda mais a classe trabalhadora, e o SIRIZA, apesar de chamar palavras de ordens pela nacionalização dos bancos e das empresas privadas, não chamam essas palavras de ordem nos espaços de organização da classe trabalhadora nem em suas propagandas de massas.
O grande problema das mobilizações operárias na Grécia, assim como em todos os países do mundo, é que não há uma organização operária marxista-revolucinária que leve a cabo a verdadeira tarefa do proletariado grego, que deve ir além da greve e das lutas por manutenção de direitos trabalhistas e nacionalizações de empresas privadas, e sim avançar para um governo direto das assembléias de trabalhadores e para a total planificação da economia como a única saída para a crise grega. Se os operários gregos continuarem a acreditar nas ilusões democráticas, parlamentares e na conciliação com a burguesia grega em prol da “união de todo o povo grego”, serão derrotados e sofrerão ainda mais com a exploração do imperialismo europeu e da burguesia grega, que foi o mesmo destino dos operários argentinos que derrubaram 5 presidentes em 2001.

A expansão da crise a ameaça ao projeto imperialista da UE

Com a crise na Grécia, a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, convocou em maio de 2010 todos os governos dos países imperialistas da EU e o FMI a fazerem um pacote de 135 bilhões de euros para salvar a economia grega. Ela enfrentou duras críticas, além de perder popularidade em seu governo, mas deixou bem claro em seus discursos recentes que a crise na Grécia ameaça todo um “projeto” para Europa e se a economia grega quebrar de vez será a primeira “peça do dominó”. O primeiro-ministro grego, George Papandreou, aceitou o plano em 2 de maio. Esse plano visa salvar os bancos e empresas privadas gregas, e conseqüentemente o governo, porém a Grécia terá que pagar a dívida de quase 140% do PIB até 2014 e para isso impostos aumentarão 10% em todos os setores da economia, reduzir o salário e demitir milhares de funcionários públicos além de privatizar empresas públicas de energia e telecomunicações. É claro que os trabalhadores não ficaram felizes em ter que carregar este fardo, chamado de “sacrifício pela união do povo grego”, e como dito anteriormente, milhões de trabalhadores estão reagindo contra as medidas, demonstrando claramente a insatisfação com o pacote aprovado em Junho de 2011 que visa justamente dar continuidade aos empréstimos do FMI e do banco central europeu.
Porém, o “dominó” já caiu, e as economias da Espanha, Portugal e Itália gravemente afetadas pela crise de 2008 com desempregos recordes, estão também por um fio. O governo do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) do presidente José Luis Zapatero, da Espanha, já anunciou em maio de 2010 medidas de “contenção” da crise econômica agravada pela crise na Grécia, com grandes índices de inflação e de dívida externa e pública (11% do PIB) e taxa de desemprego em 20% da população (com maioria de emigrantes desempregados). Ano passado mais uma vez a veterana classe trabalhadora na Espanha, que já enfrentou até o exército fascista de Franco entre 1936 e 1939, se mobilizou contra essas medidas saindo às ruas com cerca de 2,5 milhões de trabalhadores do setor público e privado, atendendo ao chamado de vários sindicatos dirigidos por uma frente conjunta entre o PCE e outros partidos “socialistas”.
As mesmas medidas estão sendo tomadas pelo novo governo conservador de Aníbal Cavaco Silva em Portugal. O país da “Revolução dos Cravos” hoje tem seus trabalhadores como mão de obra barata dos países imperialistas, possuindo uma indústria muito fraca, e economia baseada em turismo e exportação de produtos agrícolas, assim como Grécia e a parte sul da Itália. Portugal vem passando pelos mesmos problemas econômicos e sociais da Grécia, e essas medidas de austeridade são muito parecidas com as do governo grego, e igualmente incluem corte de salários do setor público, aumento de impostos em vários setores, redução de direitos, reformas trabalhistas e na previdência para aumentar o tempo de trabalho e diminuir o “custo” do trabalho, planos de privatizações de serviços públicos, além do clássico empréstimo aos bancos e empresas privadas e o juramento sagrado ao imperialismo europeu e o FMI de que irá pagar a dívida externa nem que seja açoitando os trabalhadores e espremendo cada centímetro da mais-valia de suas forças de trabalho.
Já a Itália, oitava economia do mundo que é governada pela máfia legalizada de Berlusconi, vem sofrendo uma grave desaceleração econômica, muito acentuada pela dívida de 120% do PIB acumulada por 20 anos. Berslusconi porém foi rápido e já anunciou em agosto desse ano um pacote destruição de direitos históricos trabalhistas, através de um plano de privatizações de empresas estatais, aumento de impostos, reforma previdenciária com aumento do limite de aposentadorias, além de dar fim aos décimos terceiros. Nunca se viu na Itália tamanho plano de austeridade! Não foi por mero formalismo que a chanceler da Alemanha parabenizou a mafiosa saída de Berlusconi para a crise na Itália: jogou todo o peso da crise nos ombros dos trabalhadores.
Os governos dos países imperialistas da UE, com medo de ver ruir o seu “grande projeto” do bloco econômico e do euro, já injetaram junto com o FMI quase 1 trilhão de euros em “fundos” para “salvar” as economias dos países periféricos da União Européia. A grande verdade é que a burguesia imperialista da Alemanha, França e Inglaterra estão com um medo de não só ver ruir a UE e os seus esforços de dominação dos países periféricos nos últimos 20 anos, mas também sabem do que é capaz a classe trabalhadora européia quando se organiza para lutar.
 O imperialismo sabe que essa crise pode se agravar e abrir um leque de possibilidades para o futuro, que inclui a saída revolucionária à crise que pode ser empreendida pelo experiente e histórico proletariado europeu. A burguesia e os governos da Europa sabem que a Grécia, Espanha e Portugal além de vários países do leste europeu são, como dizia Lenin, os elos mais fracos da corrente da opressão capitalista. As recentes demonstrações de força dos trabalhadores da Europa reforçaram ainda mais esse medo das burguesias européias de que a corrente possa quebrar, e como disse a chanceler da Alemanha, Ângela Merkel, começar a queda do primeiro dominó.

A necessidade da reconstrução do movimento operário e de uma nova direção revolucionária

Embora o combativo proletariado europeu esteja se levantando contra a crise e contra os governos, o maior empecilho para vencer a crise ainda continua: Não há uma direção revolucionária nos movimentos operários em cada país, seja o país imperialista ou explorado pelo imperialismo. A crise de direção, depois do fim da URSS, se aprofundou e se transformou numa crise de consciência da própria classe, que hoje não vê perspectivas para o socialismo, juntamente com a diminuição dos quadros de vanguarda que atuem com políticas e táticas revolucionárias com níveis de organização nacional e internacional. Dessa forma, o movimento operário na Europa e no mundo continuará a ser derrotado se continuar dirigido por organizações compromissadas com as burguesias e com a democracia burguesa, sempre levando o proletariado para o caminho da conciliação de classe e do nacionalismo.
Muitos movimentos espontâneos, como o da juventude imigrante na Inglaterra em luta contra a falta de perspectiva social, contra a opressão e o racismo da polícia (mais informações (http://coletivolenin.blogspot.com/2011/08/declaracoes-sobre-inglaterra.html), não possuem direção política clara orientada taticamente e estrategicamente pelo socialismo, e o movimento hoje retrocede em formas de ludismo ou ataques contras forças produtivas, e em alguns casos até formas lumpens de ataque aos próprios trabalhadores, deixando claro a falta de uma direção socialista capaz de educar a juventude da classe operária na perspectiva do socialismo. Porém vemos claramente nesse exemplo de mobilização dos jovens proletários imigrantes o medo da burguesia européia de uma explosão ainda maior no ânimo das massas. O primeiro ministro da Inglaterra, David Cameron, mobilizou não só milhares de policiais como também o exército do Reino Unido e promoveu a prisão de 1,5 mil manifestantes incluindo jovens de 11 a 17 anos, deixando bem claro qual é o papel do Estado e de suas instituições militares e judiciais na “manutenção da ordem” contra qualquer mobilização proletária, e com isso dando o “exemplo” para as outras burguesias nacionais e governos da EU de como atuar em casos de revoltas das massas.
Porém o mais perigo é o espectro do fascista e reacionário que ronda a Europa e no mundo. Com a falta de uma direção operária e de movimento operário organizado, organizações fascistas e xenófobas estão se fortalecendo na Europa, promovendo ataques e perseguições a trabalhadores imigrantes.  Algumas organizações de extrema-direita já chegam a ter bancadas grandes em parlamentos, como na França e na Dinamarca, nesta ultima onde o governo é declarado de extrema-direita, chegou fechar as fronteiras pra imigrantes e diminuir o visto de permanecia a estrangeiros mesmo essa atitude sendo contraditório com os pactos e acordos da própria UE.
Com essa mudança na conjuntura política e econômica internacional sob a perspectiva de uma nova crise econômica global e o fortalecimento da extrema-direita, fica claro que somente a criação de uma nova Internacional Comunista revolucionária, baseada na experiência histórica e no programa revolucionário original da III e da VI internacionais, poderá responder de forma real e eficaz a esse novo período que se passa, para cumprir então o papel de direção internacional num novo levante revolucionário contra o capitalismo financeiro ou imperialista. Ao mesmo precisaremos em escala nacional vencer não só o oportunismo social-democrata, mas também o sectarismo e o divisionismo infantil de incontáveis pequenos grupos de esquerda, criando novas seções nacionais que deverão reunir a vanguarda revolucionária do movimento operário de cada país sob um programa revolucionário transitório para o socialismo, diferente das propostas de reformas e “melhorias” que vem sendo propostas e praticadas pelos partidos sociais-democratas, socialistas e trabalhistas desde o século XIX, até os PCs degenerados pelo stalinismo e ainda algumas correntes pseudotrotskistas oportunistas que reivindicam a IV.
Ainda que seja uma tarefa árdua, a única saída para a classe trabalhadora é pela porta da revolução mundial para o socialismo, como resposta para as crises econômicas e às opressões sociais e devastações ambientais geradas pelo capitalismo financeiro global. Não há outra solução: ou socialismo ou barbárie.

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