Na
noite da quinta-feira 14 de junho a polícia militar prendeu 26
estudantes da UNIFESP (Universidade Federal de são Paulo) de Guarulhos,
que realizavam um ato pacífico dentro do campus da Universidade (segue
ao final relato dos acontecimentos por uma estudante que estava no
local). Já no sábado anterior 43 estudantes haviam sido detidos ao serem
removidos da reitoria onde estavam ocupados em protesto contra as
precárias condições da universidade.
Mas
dessa vez a repressão foi longe demais: os estudantes detidos estão
sendo levados pela Polícia Federal diretamente para a penitenciária (o
“cadeião” de Pinheiros), sem sequer terem fixada a fiança. Além disso,
os estudantes estão sendo acusados de “formação de quadrilha”, pois
alguns deles seriam reincidentes da detenção anterior.
Não
vemos o mesmo rigor da Polícia Federal quando se trata de figuras como
Carlos Cachoeira, Demóstenes Torres, Marconi Perillo, etc. Qual será a
quadrilha que causa mais prejuízo ao país?
Os
estudantes não são criminosos, são ativistas que estão em luta contra a
degradação da educação universitária, nas mãos do governo Dilma. A
situação da UNIFESP é calamitosa: faltam salas de aula, refeitório,
laboratório, verbas, moradia estudantil, etc. Essa situação é resultado
do projeto de reforma universitária (REUNI) dos governos Lula/Dilma, que
retiram verbas da educação pública para entregar aos empresários da
educação privada (PROUNI). Esse método é coerente com o programa geral
do governo, que gasta uma porcentagem ínfima com a educação e destina
praticamente metade do orçamento ao pagamento da dívida pública aos
especuladores.
Para
garantir a aplicação desse programa que beneficia os empresários,
banqueiros e especuladores, o governo precisa impedir toda contestação
organizada. O governo não pode fazer nenhuma concessão aos
trabalhadores, porque isso comprometeria os seus planos de concentrar os
gastos públicos em favor de interesses particulares. Por isso as greves
e movimentos reivindicatórios têm sido tratados como caso de polícia.
A
repressão ataca indiscriminadamente, por mais que as reivindicações
sejam justas, como é o caso da atual greve dos professores, funcionários
e estudantes das universidades federais. A resposta para as
reivindicações tem sido o autoritarismo, a brutalidade policial, as prisões
arbitrárias, processos judiciais e administrativos, etc. A “democracia”
mostra a sua verdadeira face: a liberdade de expressão está garantida,
desde que não se expresse aquilo que realmente importa.
Chamamos
a todas entidades do movimento estudantil, sindical e popular e todas
as organizações da classe trabalhadora a construir uma luta unitária
pela liberdade dos presos políticos! Os estudantes da UNIFESP não podem
ficar isolados e precisam de todo apoio. A repressão que ataca um setor
do movimento ataca a todos! Somente através da luta unitária poderemos
barrar os ataques contra os direitos e as condições de vida dos
trabalhadores!
Liberdade para os presos políticos!
Contra a repressão aos movimentos sociais!
Pela retirada dos processos contra os estudantes perseguidos!
Pelo atendimento de todas as reivindicações dos grevistas!
Por uma universidade pública, gratuita e de qualidade a serviço dos trabalhadores!
Espaço Socialista
Relato
de aluna da UNIFESP sobre a ação policial VIOLENTA que culminou na
prisão de 26 ESTUDANTES que serão encaminhados para PENITENCIARIAS em
breve:
"Hoje
levaram mais 26 estudantes da UNIFESP pra delegacia federal, na lapa.
Em menos de uma semana essa é a segunda vez que a PM entra no campus de
humanas ao mando de um prof. e da reitoria pra reprimir a nossa greve
que já dura mais de 80 dias.
Fui
uma dos 46 estudantes detidas na semana passada por causa da ocupação
da diretoria acadêmica do campus, tentaram nos calar com um termo
circunstanciado, nos deram um chá de cadeira de 12 horas, passamos fome,
dormimos no chão e recebemos ameaças de ficarmos presos até a
audiência, mas não conseguiram.. e dessa vez agiram com MUITO mais
violência..
Hoje
foi feito uma assembleia intercampi e depois disso teve um ato no
terminal Pimentas, perto da faculdade. Quando os alunos voltaram ao
campus perceberam que o Diretor Acadêmico, Marcos Cezar, estava em sua
sala e queriam explicações sobre o truculenta atitude de colocar a tropa
de choque pra prender a gente semana passada, como ele não saiu,
começaram a gritar palavras de ordem como: FORA MARCOS CEZAR.
Um
prof., que não apoia o Movimento Estudantil chamou a polícia militar,
alegando que íamos reocupar a diretoria, essa já chegou agressiva e
ameaçou uma aluna que estava gritando: FORA PM DO CAMPUS, com as
seguintes palavras: "Se vc gritar mais uma vez a gente vai descer a
borracha". Dito e feito. A laisy gritou e 3 policias a pegaram, deram
borrachadas e a colocaram dentro do camburão. Nisso começou a confusão e
foi chamado mais reforços policiais, esses chegaram com bombas de gás
lacrimogêneo e balas de borracha.
Tentaram
dividir os alunos em dois grupos e sitiaram o campus, os alunos que
tentaram se esconder nos fundos da faculdade foram pegos, algemados,
colocados dentro de um onibus municipal e levados pra delegacia federal.
Algumas pessoas foram atingidas pelas balas.
Os
que foram presos ficaram cerca de 40 minutos presos sozinhos no campus
com a Polícia militar, pois tiraram algumas pessoas do campus e
trancaram o portão da faculdade, quase que um cativeiro dentro de um
espaço público
Estou
no 1° ano da faculdade.. já fui detida junto com meus colegas do M.E da
UNIFESP ,semana passada, por reivindicar que essa MERDA de REUNI seja
algo melhor.
Agora
meus colegas e companheiros foram agredidos, humilhados e estão na
delegacia de novo. A mídia está nos abafando e ninguém nos apoia, não
sei mais pra quem gritar. Como esperado, a midia burguesa não relata os
verdadeiros fatos e criminaliza os estudantes.
É
preciso nos manter unidos, apoiando os estudantes agredidos e
denunciando a repressão. Peço para que, de forma individual ou coletiva
(movimentos, entidades, instituições de direitos humanos) se
solidarizem, ajudem a divulgar os fatos, precisamos de todo apoio
possível, inclusive de advogados.”
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