Política Ambiental da Frente Popular: cada vez mais queimada!
“O primeiro Plano Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC) estará pronto no final de novembro, segundo o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, e será apresentado na Conferência do Clima da ONU, que será realizada na Polônia em dezembro” (Agência Brasil, 17/11/08).
A princípio, isso poderia parecer uma medida muito progressiva, por parte de um governo “popular”, alinhado com a nova conjuntura internacional aberta com a eleição de Barack Obama, nos EUA. Na verdade, até mesmo alguns grupos ambientalistas muito moderados acharam o projeto insatisfatório. O que levou o próprio ministro a reconhecer que o plano está longe do ideal.
Entre as suas medidas estão o aumento da produção do etanol, de 11% ao ano, e o aproveitamento do vapor gerado pelas fábricas para produzir eletricidade, até uma meta de 20% da produção de energia do país. Além disso, existe a proposta de que o plantio de árvores supere a sua derrubada em 2015.
Se prestarmos atenção, as duas primeiras propostas apenas tentam dar um “complemento ecológico” para o tradicional padrão capitalista de destruição da natureza (no caso, o uso do petróleo e das hidrelétricas). É impossível mudar este padrão sem uma revolução socialista, porque esta mudança destruiria o monopólio do petróleo, exigindo um nível de investimento estatal e privado que arruinaria a taxa de lucros por vários anos.
Já a “brilhante” proposta sobre as árvores esconde que as grandes empresas replantam muito... mas só as espécies que servem de matérias-primas (como o eucalipto, que é o caso mais importante). Destruir toda a biodiversidade para ampliar a monocultura não pode nos tirar da crise ecológica. Aliás, o etanol, que só serve pra “conviver” com o petróleo nos carros, também é um estímulo à monocultura.
Mas, por que o governo Lula insiste numa política ambiental que ele mesmo reconhece que não vai muito longe? Simples, ESSE GOVERNO É UMA ALIANÇA COM OS PARTIDOS DAS GRANDES EMPRESAS (PL, PMDB etc). Por isso, não pode tomar medidas que vão até a raiz da questão ambiental, porque essas medidas só podem ser anticapitalistas.
Nenhum governo conjunto com os empresários pode tomar medidas radicais. Elas incluem: terra para quem nela trabalha! (e não para o agronegócio), expropriação sob controle dos trabalhadores das grandes poluentes, comitês das comunidades atingidas pela destruição ambiental, para lutar contra estes ataques etc.
A Frente Popular no governo, então, ao mesmo tempo em que faz pequenas concessões, como algumas demarcações de terras indígenas, organiza vários ataques ao meio ambiente, para favorecer seus “sócios”, as grandes empresas nacionais e internacionais.
Por exemplo, a liberação dos transgênicos (que não produzem sementes, obrigando os camponeses a ficarem eternamente dependentes da Monsanto) e a Lei de Florestas de 2005, que concede partes da Amazônia para a exploração pelo setor privado. Além de tudo isso, não podemos esquecer que a “reforma agrária” do governo está praticamente parada, o que deixa mais ainda do campo brasileiro nas mãos do agronegócio.
Por isso, a única maneira de impedir que o aquecimento global (que já é irreversível) se torne uma catástrofe para a vida na Terra, é uma mudança radical na forma de produzir. Ou seja, estabelecer uma economia mundial planificada democraticamente pelos trabalhadores. E que, livre da obrigação de dar lucro, possa canalizar a produção e a tecnologia para formas não-destrutivas de metabolismo entre o ser humano e a natureza.
Obviamente, só a criação de um governo direto dos trabalhadores em escala mundial, através de várias revoluções socialistas, pode levar a humanidade a criar este tipo de economia planejada.
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