Uma posição do Coletivo Lênin que é praticamente única na esquerda é a nossa defesa da teoria do colapso do capitalismo, elaborada por Rosa Luxemburgo.
Para nós, Rosa não é apenas um retrato a ser reproduzido nas datas “tradicionais”. Várias de suas teses foram rechaçadas pelas correntes reformistas, porque levavam, na prática, a um confronto direto com as burocracias e a burguesia.
Mas o que fez todos os pelegos mais atacarem a revolucionária foi a sua teoria do imperialismo, exposta em A Acumulação do Capital, de 1913. Este livro despertou uma onda de ataques tão grande que até hoje ele é considerado “maldito” pela quase totalidade das organizações e intelectuais que se reivindicam marxistas.
Segunda essa teoria, o capital, para crescer, deve vender as mercadorias que representam a mais-valia, ou seja, o sobre-trabalho. Para isso, não pode se basear na venda das mercadorias para os trabalhadores (que só contam com o seu salário) ou para os próprios empresários (senão, a mais-valia seria consumida, sem se acumular). Para existir uma expansão da produção, é necessário que exista um mercado não-capitalista (de pequenos produtores de mercadorias).
No tempo de Rosa, grande parte da Terra ainda vivia numa economia camponesa. Então, a projeção que ela fez era de que o imperialismo significava este impulso do capital para absorver todos esses mercados. E que, quando eles tivessem se esgotado, seria impossível continuar a reprodução do capital, levando o sistema ao COLAPSO.
Obviamente, todos os reformistas de ontem e de hoje precisam dizer que o capitalismo pode durar eternamente. Se o sistema estiver caminhando para o colapso, a revolução socialista vai passar a ser uma necessidade da sobrevivência da humanidade, e não algum “ideal” de “justiça”, que pode ser adiado para o futuro distante.
Ao mesmo tempo, Lênin e os bolcheviques por motivos diferentes, foram contra a teoria de Rosa, o que os levou a vários erros na avaliação da crise do capitalismo.
A explicação disso é que, durante os primeiros anos do bolchevismo na Rússia, eles tiveram que polemizar com as correntes chamadas populistas, que negavam que o capitalismo pudesse se desenvolver naquele país.
No calor da polêmica, muitos bolcheviques adotaram as análises de Tugan-Baranowsky e Hilferding (que eram da direita da social-democracia), defendendo que as crises eram provocadas pela desproporção entre os diferentes ramos de produção e que, por isso, o capitalismo podia se desenvolver indefinidamente, sem ter nenhum problema real com a questão da expansão do mercado.
O Colapso do Capitalismo Hoje
Manifestação de sem-tetos em São Paulo
Por isso, desde a publicação da teoria de Rosa, eles passaram a atacar a sua FORMA (a idéia de um colapso rápido), para negar o seu CONTEÚDO (a idéia de que o capitalismo vai se auto-destruir). Na verdade, o que o período aberto por volta de 1965-1970 (quando as principais sociedades camponesas que restavam, na América do Sul, na Ásia e na África, foram absorvidas pelo mercado mundial capitalista) mostrou é que o colapso do sistema é através de uma DEPRESSÃO CRÔNICA da economia real, como foi provado pelo jovem Kautsky, com uma argumentação um pouco diferente, em sua obra Teorias das Crises, de 1901.
Ou seja, desde a década de 1970, estamos vivendo numa CRISE ESTRUTURAL, que nada mais é do que a DECOMPOSIÇÃO DO CAPITALISMO. Essa decomposição toma a forma de:
- desindustrialização em escala mundial,
- desemprego em massa,
- financeirização da economia (porque o mercado real está esgotado),
- queda na taxa de lucro real,
- diminuição dos trabalhadores na produção.
Ao mesmo tempo, essas circunstâncias levam parte da população a VOLTAR A RELAÇÕES DE PRODUÇÃO PRÉ-CAPITALISTAS, como o trabalho por conta própria, a semi-escravidão (que voltou a crescer a partir da década de 1980) ou a parceria. Assim, o capitalismo tem destruído a sua própria base material (a grande indústria), levando a uma regressão de toda a sociedade. Isso inclui a volta de ideologias reacionárias, como o irracionalismo (pós-modernismo), o fundamentalismo religioso, a falta de expectativa de futuro etc.
Por isso, a expressão “socialismo ou barbárie” NÃO É uma figura de linguagem! Se a revolução socialista continuar sem ser feita, o futuro que nos espera é a regressão da sociedade e a destruição da nossa civilização. Isso é o que nenhum reformista pode admitir!
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